A metafisica do belo

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A METAFíSlCA DO geco DE ARTHUR SCHOPENHAUER UNIVERSIDADE DE SAO PAULO Reitor: prof. Dr. Jacques Marcovitch Vice-Reitor: prof. Dr. Adolpho ar 151 to view nut*ge José Melfi FFLCH FACULDADE DE FILO Prof. Dr. Francis Hen Silva Queiroz FFLCH/USP S HUMANAS Diretor: rof. Dr. Renato da CONSELHO EDITORIAL DA HUMANITAS Presidente: Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento (Filosofia) Membros: Profa. Dra. Lourdes Sola (Ciências Sociais) Prof. Dr. Carlos Alberto Ribeiro de Moura (Filosofia) Profa. Dra. Sueli Angelo Furlan (Geografia) Prof. Dr. Elias Thomé Saliba (História) Profa. Dra.

Beth Brait (Letras) endas LIVRARIA HUMANITAS/DISCURSO Av. prof. Luciano Gualberto, 315 Cid. universitária 05508-900 São paulo sp Brasil Tel. : 3818-3728 / 3818-3796 e-mail: pubfflch@edu. usp. br http://www. fflch. usp. br/humanitas Capa: TURNER, J. M. W. late a aproximar-se da costa, cerca de 1835-1840. Óleo sobre tela, 102 x 142 cm. Londres: The Tate Galiery. Reproduzido de: BOCKEMÜHL, M. J. M. W. Turner: o mundo da luz e da cor. Kóln: Benedikt Taschen, 1993. Elisa Garcia de Grandi CRR 3608 8239 Barboza, Jair A metafisica do belo de Arthur Schopenhauer / Jair Barboza. São Paulo: Humanitas / FFLCH / USP, 2001. 46 p. Originalmente apresentada como Dissertação (Mestrado – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1995). ISBN 85-7506-012-0 1. Schopenhauer, Arthur 2. Platao 3. Kant, Immanuel 4. Artes 5. gelo l. Título CDD 193. 7 Este trabalho recebeu o apoio financeiro da FAPESP H UMANITAS FFLCH/USP e-mail: editflch@edu. usp. br Tel. / Fax: 3818-4593 Editor responsável Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento Coordenação editorial, projeto Ma Helena G. Rodrigues C] MTb n. 28. 40 Capa Diana Oliveira dos Santos Diagramação Marcos Eriverton Vieira Revisão autor/Claudenice Vinhote Costa Sumário Abreviaturas Introdução . 1 C] A Efetividade 1 . 1 A representação 1. 2 Princípio de razão do devir e corpo 1. 3 Sensação e percepção . 2 C] Vontade e Idéia 2. 1 Transição para o Em-si 2. 2 AS Idéias 15 17 26 „ 29 29 2. 2 As Idéias , 3 C] Idéia e Negação da Vontade . O modo de conhecimento estético — Genialidade Genialidade e loucura Os sentimentos do belo e do sublime Hierarquia das Arquitetura Escultura e pintura Poesia 6 NATALIA MARUYAMA 5 OA Música 5. Linguagem direta do Em-si 5. 2 Música e mundo . Conclusão . Bibliografia „ . BIBLIOGRAFIA 43 53 3. 1 53 3. 2 . 65 3. 3 70 3. 4 764 . 93 4. 1 93 4. 2 101 4. 3 . 114 125 . 125 • 133 137 . 143 Schopenhauers Sámtliche Werke (SW), 7 Bande, Wiesbaden, F. A. Brockhaus, 1972. Edição de Arthur Hübscher. G W = Uber die vierfache Wurzel des Satzes vom zurreichenden Grunde, S Edição de Arthur Hübscher. G W — Uber die vierfache Wurzel des Satzes vom zurreichenden Grunde, SW l. = Die Welt als Wille und Vorstellung, SW II.

Erg. = Die Welt als Wille und Vorstellung, Band II (Ergánzungen), SW III. E N p – Die beiden Grundprobleme der Ethik, SW IV. = Uber den Willen in der Natur, SW IV. Parerga und Paralipomena, 1/11, SW VIVI. HN Schopenhauer, A. Der Handschriftliche Nachlass, 5 Bande, München, Deutscher Taschenbuch, 1985. Edição de Arthur Hübscher. KdU Kant, l. 2Kritik der UrteilskraftC]. In: Werkausgabe, Suhrkamp, 1990, v. X. INTRODUÇÃO Introdução As linhas que se seguem propõem o exame da metafísica do belo de Arthur Schopenhauer.

Metaphysik des Schõnen é uma expressão do própno filósofo e delimita um projeto de compreensão daquilo que tem sua realidade para além do fenômeno, aparecendo aos olhos de um sujeito, puro, como beleza artística ou natural, expressivas de uma Idéia. Não designa o conhecimento de entidades extramundanas, que ultrapassam os fenômenos, ao contrário, é uma meditação que se pretende ancorada no solo firme da experiência, recorrendo a conteúdos intelectuais que mostram algo, intu(vel, atrás da natureza, que a possibilita.

O princípio de razão ([]nada é, sem uma razão pela qual éC]) a tudo explica, todavia encontra o seu limite na resposta ao por que (Warum) das coisas, não fornecendo o que (Was) das mesmas; é quando entra em cena o meta físico, suprime sua explicação e penetra na compreensão intuitiva do núcleo daquilo ue é físico; ora, a metafísica do belo de Schopenhauer será justamente a que se aterá tética para o ín metafísica do belo de Schopenhauer será justamente a que se aterá à abertura estética para o íntimo das coisas, que apontará os arquétipos brilhosos dos quais a realidade fenomênica é turvado éctipo.

A estética propriamente dita é pensada por ele mais relacionada a normas para o bem-fazer artístico (fadadas, sempre, ao insucesso, pois se até hoje ninguém se tornou um nobre caráter pelo estudo da ética, do mesmo modo nunca se produziu um gênio pelo estudo da estética). Quando lecionava em Berlim, no ano de 1820, alertava os seus alunos: [::]Estética ensina o caminho através do 10 J AIR BARBOZA qual o efeito do belo é atingido, dá regras à arte, segundo as quais ela deve produzir o belo.

Metafisica do belo, entretanto, investiga a essência íntima da beleza, tanto em relação ao sujeito, que possui a sensação do belo, quanto em relação ao objeto, que a ocasiona[::]. * Mas nossas linhas querem ir além do mero exame de uma metafísica; ao mesmo tempo adotam um eixo: a Idéia, o belo enquanto negação da Vontade.

Como a arte é Clexposição e Idéias0, isso implica que a abordagem dela será o principal satélite a girar em torno desse eixo; ela será mostrada, nos seus diversos ramos, como negação da Vontade, de modo que ao final ficará claro para o leitor como o gênio é o correlato do asceta, como toda genuína vivência do belo é um momento beatífico, de iluminação. Ao lado disso, queremos ainda evidenciar que o autor de O Mundo… onstrói a sua metafísica trilhando as sendas abertas por Kant na primeira parte da Crítica da Faculdade de Juízo, mormente por via das noções de gênio e sublime, de modo ue sua filos Crítica da Faculdade de Juízo, mormente por via das noções de gênio e sublime, de modo que sua filosofia do belo sai da terceira crítica como um galho do tronco. Já Nietzsche delineia alguns dos pnncpais conceitos do seu pensamento aproveitando-se de uma oposição, por assim dizer, criativa a Schopenhauer. ? o caso da arte como excitante da vontade de potência, da afirmação desta vontade pelo belo, da possibilidade de uma existência trágica: conceitos estabelecidos, nos seus traços marcantes, por inversão de teses de O Mundo… Quanto à disposição dos cap[tulos, a medida em que a Idéia é representação independente do principio de razão, fez-se mister tratarmos do dela, do fenômeno, da representação submetida ao princípio de razão, daí o capitulo 1 dedicado ? * SCHOPENHAUER, A. Metaphysik des Schbnen. Múnchen: Piper, 1985. p. 37. Edição de Volker Spierling a partir das Philosophische Vorlesungen (1820).

INTRODUÇAO efetividade. Não é, todavia, suficiente tratar da efetividade para se ter acesso à Idéia, requer-se ainda a exposição do método que Schopenhauer adota para estabelecer o conceito de Vontade nquanto Em-si do mundo, do qual provêm as Idéias, ditas Datos originários da VontadeCl; daí, então, a justificativa para o capítulo 2, que trata da transição para o Em-si cósmico e, em seguida, do retorno para o fenômeno através da Idéia. É assim que se aplana definitivamente o terreno para adentrarmos, pelos capitulos 3, 4 e 5, no objeto desta dissertação, a qual privilegia o terceiro livro de 0 Mundo…. * * Este texto foi originalmente concebido como dissertação de mestrado * * * Este texto foi originalmente concebido como O Mundo… dissertação de mestrado, defendida na USP. A meus primeiros eitores, severos e benevolentes, os meus agradecimentos: Maria Lúcia Cacciola, Franklin Leopoldo e Silva, Osvaldo Giacóla Jr. 13 C]Ernst ist das Leben, heiter ist die Kunstn. Séria é a vida, jovial é a arte. SCHILLER EFETIVIDADE 1 A Efetividade CIO mundo é minha representação[]. Eis a frase de abertura de O Mundo…

Ponto de partida de uma filosofia concebida na juventude, mais precisamente entre os 20 e 26 anos de idade, com ela, Schopenhauer pretende desviar-se de duas correntes filosóficas, ao seu ver falhas e dogmáticas, explicativas da marcha do conhecimento. De um lado o realismo C] abrangendo aterialistas, eleatas, espinoseanos, pitagóricos, escolásticos e filosofia chinesa do YKing 1 C], que coloca o objeto como ponto de partida e dele deduz o sujeito, seu efeito; de outro o idealismo, representado por Fichte 2, que coloca o sujeito como ponto de partida, dele deduzindo o objeto, por sua vez efeito.

De ambos estes erros, opostos entre si, diferencia-se o nosso procedimento toto genere, conquanto não partimos do objeto nem do sujeito, mas da representa -o como primeiro fato (Thatsache) da consciênci rimeira fundamental, Schopenhauer, pois, é a representação como primeiro fato da onsciência.

Representação a ter por forma primeira e mais essencial a divisão em objeto e sujeito; mas divisão não no sentido de novamente, pelas portas do fundo, reintroduzirse a teoria de que objeto e sujeito sejam partes tiradas uma da outra, como pretendiam fazê-lo realista e idealista, e sim de que há uma nítida fronteira demarcando a ambos, portanto há domínios diferentes, irredutíveis: onde começa o objeto termina o sujeito, onde começa o sujeito termina o objeto. Contudo, de uma outra perspectiva, um termo não pode ser pensado sem o outro. estas duas metades são… nseparáveis, mesmo para o pensamento, pois cada uma delas tem sentido e existência apenas para e através da outra; são e cessam de ser conjuntamenteC]. 3 Ser- objeto significa ser conhecido por um sujeito. Ser-sujeito significa ter um objeto. Estamos diante de uma ligação analltica. Acontece que, em certo momento, Schopenhauer equipara as noções de ser-objeto e ser-representação: C]Ser-objeto para um sujeito e ser nossa representação é o mesmo[::]. Ora, por que fazer pender a representação para um lado se há um outro imprescindível que a define, o sujeito? É que o registro muda. A principio o fato primeiro e mais essencial de que há uma consciência que representa. Mas, examinando-o mais de perto, descobre-se quatro classes de sub-representações, a elas correspondendo quatro figuras específicas do princípio de razão: é exatamente no âmbito dessas classes que funciona a sinonímia ser-objeto/ser- nossa-representação.

Entretanto, questione-se: (a) se ser-objeto significa ser-noss ser-objeto/ser-nossa-representação. Entretanto, questione-se: (a) se ser-objeto significa ser-nossa-representação, cuja forma é o princípio de razão, (b) e, ainda, se ser-objeto significa ser- onhecido-por-um-sujeito, então por que o princípio 3 aw#26. G 27. de razão não é sinônimo de sujeito, Indicando-se assim a pluralização do mesmo, ou seja, quatro classes de sujeito correspondendo a quatro classes de representação?

Argumentação perigosa. Se isto acontecesse, uma interferência para o futuro pano de fundo da unidade da Vontade, angular no pensamento do filósofo, estaria criada. Seria uma pluralização do sujeito que não se coaduna com o que chamará de apuro sujeito do conhecimentoü, C]suporte do mundoü, guardando em si a unidade originária da Vontade. ? como se, implicitamente, a nidade da Vontade e o puro sujeito do conhecimento atuassem de antemão na teoria do conhecimento, proibindo Schopenhauer de apontar no primeiro livro de O Mundo… quatro classes de sujeito, embora admita quatro figuras do princípio de razão… Muito pelo contrario, o sujeito C]não está no espaço nem no tempo, está sempre, indivisível, em cada ser que representa[::]. 5 Dai podermos designar o princípio de razão de forma da consciência, em vez de correlato absoluto do sujeito. 1. Principio de razão do devir e corpo Em função deste livro, interessa-nos, num primeiro momento, figura do principio de razão do devir, na medida em que as representações por ele regidas, as intuitivas, servirão de contraste para melhor com reendermos a noção de Idéia, núcleo da metafisica do belo sch contraste para melhor compreendermos a noção de Idéia, núcleo da metafisica do belo schopenhaueriana; além do que, toda outra classe de representações, de algum modo, reporta-se a esta primeira, já que C]todo o mundo da reflexão estriba sobre o intuitivo como o seu fundamento do conhecera. W 48-9) 18 J AIR g ARBOZA Na sua acepção, a mais global, o princípio de razão reza que DNihil st sine ratione cur potius sit, quam non sito (nada e, sem uma razão pela qual é), fórmula tomada de empréstimo a Wolf. 6 Ele, princípio, pode explicar tudo no mundo fenoménico, porém não é passível de nenhuma explicação e nem necessita, tal exigência implicando já a pressuposição dele e de sua validade.

Procurar uma prova especial para o princ[pio de razão é uma absurdez que denota ausência de clareza de consciência (Besonnenheit) Quem exige para ele uma prova, isto é, apresentação de um fundamento, já o pressupõe como verdadeiro, sim, baseia a sua exigência justamente sobre essa pressuposição. E assim cai no círculo que exige uma prova do direito de exigir uma prova. 7 O princípio de razão do devir, especificamente, fornece as razões das representações intuitivas, em constante vir-a-ser.

Constituem-no o tempo, o espaço e a causalidade. Aproveitou- se de Kant as formas dos sentidos externo e interno somadas à categoria de causalidade (as outras sendo rejeitadas como Cljanelas cegasC). Porém, à diferença do filósofo de Kbnigsberg, ocorre uma fisiologização contundente dos elementos do conhecer, e o a priori da filosofia transcendental transforma-se em inatismo, o entendimento em cérebro. PAGF 151

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