Psicologia organizacional

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Em estágios temporais, pode-se destacar as teorias ditas fusionais, calcadas na Escola de Relações Humanas, cuja meta era integrar o “lado umano” do trabalhador na cadeia produtiva. Neste texto estarei preocupado em traçar uma linha imaginária entre a modernidade e a pós-modernidade do saber psicológico, somando tudo isso à configuração contemporânea do trabalho e das próprias organizações, pois não haveria nenhum sentido em desconect Swipe to view next page desconectar esse conjunto de fatores de constituição das teorias de organização e da psicologia organizacional.

Assim, em primeiro lugar, vou traçar algumas rápidas características do discurso moderno a propósito das referidas teorias e, m seguida, descrever algumas das principais características da chamada pós-modernidade e do tipo de pensamento que ela procura inaugurar. Em sintonia com isso, vou tentar traçar algumas das novas fronteiras que a psicologia organizacional tem à sua frente, fronteiras que demandam dela novos olhares, novos esforços e novos desafios. O discurso moderno: a sociedade do trabalho O período de emergência dos discursos da sociedade do trabalho compreende os séculos XIX e XX.

A noção de “sociedade do trabalho” se forma nesse momento. Em que consiste tal noção? A noção de sociedade do trabalho refere-se à sociedade ocidental erigida sob três pontos principais (Ghiraldelli Jr. , 2000). O primeiro é a empresa industrial privada ou estatal (cujo modelo é a fábrica), que, apartada do esquema familiar de produção (que predominou principalmente na Idade Média), procura organizar a produção a partir de critérios de racionalidade e funcionalidade instrumentais.

O segundo ponto é o trabalhador assalariado, o qual se via livre tanto de subserviências aos antigos senhores feudais quanto livre dos meios de subsistência, ou melhor, alienado e tais meios, tendo, como obrigação a venda da sua própria força de trabalho aos detentores do capital. O terceiro elemento é a ética protestante d de trabalho aos detentores do capital. O terceiro elemento é a ética protestante do trabalho, matizada por um espírito de diligência, sobriedade e compromisso com o trabalho.

A ética do trabalho não só se legitima como preceitos que põem relevo na necessidade de trabalhar como também se apresenta como fundamento da própria coesão social. Dessa forma, a sociedade do trabalho é aquela em que os homens atribuem valor e sentido ao mundo a partir do rabalho e dos valores e circunstâncias que estejam envolvidos com o trabalho. Daí a grande freqüência de referência ao trabalho pelos partidos políticos desta época.

Na sociedade do trabalho os indivíduos reconhecem-se como autênticos indivíduos exatamente quando estão inseridos no trabalho e dele retiram sua sobrevivência, tanto material quanto simbólica. A inserção social se faz pelo trabalho, e o tecido social se mantém oxigenado graças a ele. Na sociedade do trabalho a individualidade passa a ser tratada de modo a realçar o caráter utilitário das habilidades, lém de destacar a natureza humana como essencialmente ativa e produtiva, voltada para a transformação do meio e para a criação de coisas úteis.

O verdadeiro indivíduo era aquele que conseguia se manter ativo, prático, construtor, enfim, trabalhador. O indivíduo autêntico tornou-se sinônimo de “bom profissional” (Ghiraldelli Jr. , 2000). Como diz Ghiraldelli Jr. : “O ser pensante e inteligente, o sujeito epistemológico, aquele que reconhece o verdadeiro e o falso passou a ser o sujeito ativo. A verdade passou a epistemológico, aquele que reconhece o verdadeiro e o falso passou a ser o sujeito ativo.

A verdade passou a pertencer à ordem prática e, assim sendo, seu reconhecimento dar-se-ia ativamente, por experiência e experimentação. A pessoa, o sujeito moral, aquele que julga o certo e o errado, passou a ser aquele que faz julgamentos a partir dos valores postos pelo trabalho – uma ética do trabalho, que passou a punir duramente uma figura inexistente até então: o ‘vagabundo’ (… ) E, por fim, o cidadão, o sujeito político, passou a ser aquele que reconhecia direitos e deveres a partir de um discurso dos partidos trabalhistas (de esquerda e de direita)” (p. 1-22). Não surpreende que na sociedade do trabalho a psicologia organizacional desse relevo fundamental às questões que tratam de desempenho, de ineficiência no trabalho, de motivação, de integração etc. Trabalho e subjetividade caminhavam juntos, no sentido de aumentar a produtividade e de inserir o “fator humano”, racionalmente falando, no processo produtivo. Neste período era também nítida a separação entre trabalho e não trabalho, de sorte que espaços diferenciados eram possíveis de serem estabelecidos.

A psicologia organizacional não era, por assim dizer, uma fonte e crítica ao trabalho, haja vista que reproduziam, em maior ou menor escala, as crenças da sociedade do trabalho. Não é possível deixar de mencionar que neste período também era forte a noção do indivíduo como topos privilegiado da ação, principalmente o indivíduo na sua versão empreended privilegiado da ação, principalmente o indivíduo na sua versão empreendedora.

Também se pode levantar a hipótese, embora aqui não completamente fundamentada, de que a chamada “sociedade organizacional” nasce a partir dos ideais a sociedade do trabalho, embora o conceito tenha outros significados, tais como o fato de que todas as relações sociais passem a ser moldadas a partir do parâmetro organizacional. O discurso pós-moderno: a crise da noção da sociedade do trabalho No meu modo de ver, há uma grande ruptura no modo de pensar moderno a partir da publicação de dois importantes livros, ambos no ano 1979.

O primeiro, a pequena brochura do francês Jean F. Lyotard, La condition postmoderne. O segundo, do filósofo americano Richard Rorty, The philosophy and the mirror of nature. As principais déias dos dois livros são as seguintes: a) Lyotard diz no livro: vivemos em uma época não mais moderna, vivemos em uma época pós-moderna, caracterizada pelo fato de que ninguém mais acredita em grandes metanarrativas, ninguém mais pode usar grandes metanarrativas para enganchar suas narrativas explicativas.

Em outras palavras: vivemos numa época em que as narrativas como da ciência e da tecnologia se desligaram dos grandes discursos filosóficos, tais como o discurso do Humanismo, do Iluminismo. Ou seja, os valores de verdade dos discursos narrativos não mais se apóiam em filosofias uja pretensão seria a de fundamentar, epistemologicamente, o conhecimento universalmente válido. b) Rorty diz no livro: vivemos em epistemologicamente, o conhecimento universalmente válido. ) Rorty diz no livro: vivemos em uma época onde o que era o núcleo da filosofia moderna – a epistemologia, a teoria do conhecimento científico – não tem mais o valor de verdade fundamental que tinha na modernidade. Ou seja, a metafísica moderna, isto é, a epistemologia fundacionista, com seus apoios na filosofia da mente e nas teorias de erdade de âmbito lógico, não podem mais ter a pretensão de guias da cultura ou das ciências como foram inicialmente concebidas.

Com Rorty nasce a crítica à verdade ligada a fundamentos epistemológicos; com ele nasce o declínio da noção de mente e da filosofia como espelho da real natureza das coisas. Essas duas obras se inscrevem no âmbito da filosofia. Paralelo a elas, talvez como uma decorrência ou como algo simultâneo, surge o declínio da sociedade do trabalho. Segundo a inspiração que vem de um tipo de discurso ociológico – em geral, como é desenvolvido a partir das idéias de Clauss Offe, teórico ligado à escola de Frankfurt – a crise da sociedade do trabalho teria começado já com sua própria enunciação.

Segundo essa sociologia, a inserção social passou a se desvincular do trabalho. Também o vínculo social não dependeria mais da posição central que o trabalho desempenharia, nem tampouco os processos de subjetivação colocariam a ênfase prioritária sobre o indivíduo trabalhador, tal como era na sociedade do trabalho (séculos XIX e XX). Tanto porque, em pleno século XXI, as pessoas não teriam mais esperanças XIX e XX). Tanto porque, em pleno século XXI, as pessoas não teriam mais esperanças de encontrar um emprego duradouro, âncora capaz de balizar uma trajetória de vida a longo prazo.

Estariam também as utopias do século XIX e XX enfraquecidas, utopias que colocavam a esperança de uma ampla revolução e transformação social a partir da reorganização do trabalho. Dessa forma, uma das características principais da crise da sociedade do trabalho é a crise da noção de indivíduo tal como foi gerada nesta mesma sociedade, isto é, a noção de indivíduo como se constituindo a partir da noção de ser rabalhador e empreendedor.

Hoje, a consciência do indivíduo não se limita exclusivamente à consciência de ser um “trabalhador”. Em sentido macrossociológico, o emprego desempenhava a poderosa função de articular diferentes níveis do sistema social: as motivações individuais, as posições sociais e a reprodução sistêmica. A construção das identidades sociais, ao menos para os homens, tinha como principal aspecto a qualificação e a posição no emprego. Isso, hoje, não é privilégio de todos, como se sabe. Nos dias atuais o emprego mudo radicalmente de forma.

A erosão das normas tradicionais de assalariamento, undadas em identidades ocupacionais ou de classe, e a paulatina perda das funções protecionistas do Estado têm como conseqüência o aumento da individualização na construção e valorização das próprias condições de empregabilidade. A desregulamentação das normas do emprego e o conseqüente aumento da individuação frente ao merca desregulamentação das normas do emprego e o conseqüente aumento da individuação frente ao mercado de trabalho transformam o trabalhador num bricoler de sua própria condição de empregabilidade. ?, portanto, neste contexto que deve atuar uma psicologia organizacional dita “pós-moderna”. Desafios Um desafio imenso à frente da psicologia de um modo geral e da psicologia organizacional em particular é responder à questão: como as identidades das pessoas vêm sendo afetadas se a flexibilidade do trabalho requer identidades menos atadas, por exemplo, às empresas ou às ocupações?

Que identidades se desenvolvem e como elas moldam as percepções e as chances que se tem no mercado? Outro grande desafio interno à psicologia organizacional é tentar redefinir seus pressupostos de trabalho a partir das noções trazidas e levantadas pelo pensamento dito pós-moderno, rincipalmente aqueles que se referem aos questionamentos da noção de verdade, de epistemologia e de mente.

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