As pupilas do senhor reitor

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FACULDADE SÃO MIGUEL AS PUPILAS DO SENHOR REITOR Carla Ellane Fabiana Costa Gabriela Herbert Wesley Recife, 18 de maio de 2011 Introdução Entre os séculos XVI denominado Romant org to view nut*ge to estético mantismo teve inicio com o poema Camões, de Almeida Garret, publicado em 1825. Entre os representantes desse movimento em Portugal, podemos citar o próprio Almeida Garret, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, João de Deus, Julio Dinis, entre outros.

O Romantismo em Portugal é dividido em três gerações. Trataremos em nosso trabalho apenas da terceira, tendo como bjetivo a análise da obra de Julio Dinis, As pupilas do Senhor Reitor. Apontaremos os traços românticos, árcades e realistas presentes na obra, bem como a influência do estilo do autor para composição do livro.

Temática Embora As Pupilas do Senhor Reitor seja uma obra tipicamente romântica, ela também apresenta traços árcades e, por ser uma obra transitória entre romantismo e realismo, traz consigo pessoas que lá vivem, os hábitos e prega em suas obras a moralização dos costumes pela vida rural. Essa vida simples que se faz presente nas obras de Julio Dinis, se fez também presente os textos árcades.

Ao narrar a descoberta dos namorados Daniel e Margarida pelo reitor, o narrador faz uma breve descrição do ambiente em que eles encontravam-se, nesta descrição do ambiente campestre podemos observar os traços árcades: apesar de toda a sua beleza artística, realçada pelas meias tintas do crepúsculo e por o fundo alaranjado do céu, sobre que se desenhavam os rendados das árvores ao longe (paga 15) Além dessa temática o autor também introduz em sua obra traços pessoais que estão diretamente ligados ao movimento literário que surgiria logo após o fim do romantismo.

O vento assobiava nas inúmeras fendas da porta da cozinha e entrava em correntes impetuosas pelo tubo da chaminé, indo inteiriçar os membros regelados da desditosa criança, que, só a custo, podia já suster a roca e torcer o fio, para terminar o trabalho. ” (paga 50) Falando sobre as características pessoais do autor, Massaud Moisés (1960) afirma: revela-se Julio Dinis um ficcionista essencialmente preocupado cm o que vê, antes do que com o que imagina. Embora não fosse um escritor realista, julio já apresentava aspectos que estavam a frente de seu tempo, caracterizando sua bra como um romance pré-realista. Foco Narrativo Escrita inicialmente em forma de folhetim, a obra é marcada pela condução da leitura pelo na PAGFarl(Fq inicialmente em forma de folhetim, a obra é marcada pela condução da leitura pelo narrador, que narra a história de forma descontínua, tal é feito nas novelas, assim, o leitor é estimulado a ler o próxmo captulo.

O fato de a história ser contada em terceira pessoa pode indicar que o narrador não se confunde com os personagens, conhecendo-os de forma absoluta e onisciente. “José das Dornas era um lavrador abastado, sadio e de uma tão eliz disposição de gênio, que tudo o levava a rir; mas desse rir natural, sincero, despreocupado, que lhe fazia bem (pag. 17) Podemos observar com esse trecho da obra as características já mencionadas. O narrador conta a história em terceira pessoa e conhece seus personagens de forma absoluta, ou seja, ele conhece tanto os aspectos físicos dos personagens, quanto os aspectos psicológicos.

Tempo/ Espaço O tempo narrativo trata-se de alguns anos, que vão da infância de Daniel, passam pelo período em que estuda medicina no Porto, seu regresso e a introdução em um tempo narrativo mais celerado das principais ações da obra como as intrigas e os escândalos ocorridos na aldeia até a descoberta de seu amor por Margarida. “E Daniel principiava a repetir as lições acompanhado das gargalhadas de José das Dornas que, sem o saber, ia demonstrando com o exemplo um grande preceito de instrução (pag. ) “E ainda bem não tinha decorrido uma semana, depois do que referimos, já o pequeno Daniel era transferido para o Porto na melhor égua da casa, em conformidade com o plano tra PAGF3rl(Fq pequeno Daniel era transferido para o Porto na melhor égua da casa, em conformidade com o plano traçado pelo reitor. … ) Daniel entrou na cidade invicta com pouca disposições de se lhe afeiçoar. (… Y’ (pag. 27) “O grande acontecimento do dia realizava-se enfim. elas cinco horas da tarde, parava à porta de José das Dornas a mais vigorosa e anafada das suas éguas, e dela se desmontava Daniel, em trajos de jornada e com a clássica caixa de lata ao tiracolo, sinal evidente de formatura completa. ” (pag. 65) Os trechos citados acima retratam os três primeiros períodos importantes nos quais a obra se baseia. Depols disso a obra é marcada pelas intrigas e conflitos que terminarão com o final eliz, onde Daniel descobre seu amor e como todas as obras caracterizadas pelo romance do namoro, culminará no casamento dos personagens principais.

Daniel [… ] apoderara-se da mão de Margarida e, apertando- se na sua beijou-a com paixão. [… ] E agora como que o passado inteiro, aquele passado de ambos, lhe apareceu com prestígio da saudade e dourou-se-lhe o futuro com fulgor das esperanças. ” (pag. 259) O romance passa-se na segunda metade do século XIX e transcorre numa aldeia típica de Portugal. Seus personagens são inspirados em pessoas reais que o escritor conhecera enquanto tratava-se da tuberculose. A obra é composta dentro do cenário da natureza e está repleta de evocações às belezas da vida campestre. ersonagens Os personagens do livro são baseados em personagens reais tirados do cotidiano de Julio Di Personagens tirados do cotidiano de Julio Dinis. Podemos destacar os personagens da trama: José das Dornas “José das Dornas era um lavrador abastado, sadio e de uma tão feliz disposição de gênio, que tudo levava a rir; mas desse rir natural, sincero e despreocupado, que lhe fazia bem, e não do rir dos Demócritos de todos os tempos – rir céptico, forçado, desconsolador, que é mil vezes pior do que o chorar. (Paga 17) O pai de Daniel e pedro.

Homem forte, trabalhador e alegre. Viúvo e tradicional. Manda seu filho Daniel ao Porto para estudar medicina a conselho do senhor reitor. Daniel “Possuía uma constituição quase de mulher. Era alvo e louro, de voz efeminada, mãos estreitas e saúde vacilante. ” (Pag. 18) O segundo filho de José das Dornas. Ao contrário de seu pai e irmão não tem aptidão para o trabalho nos campos. Vai à cidade do Porto para estudar medicina. Ao voltar para a cidade natal, Daniel conquista corações femininos e antipatla de muitos moradores por sua fama de conquistador.

Depois de conhecer o mor muda, tornando-se um homem sério. Pedro “Pedro, que era o mais velho, não podia negar a paternidade. Ver o pai era vê-lo a ele; a mesma expressão de franqueza no rosto, a mesma robustez de compleição, a mesma excelência de musculatura, o mesmo tipo, apenas um pouco mais elegante, porque a idade não viera ainda curvatura de certos contornos e ampllar-lhe as dimensões transversas, como já no pal acontecia. Conservava-se ain ampliar-lhe as dimensões transversais, como já no pai acontecia.

Conservava-se ainda correto aquele vivo exemplar do Hércules escultural. (… ) A organização talhara Pedro para a vida de avrador, e parecla apontá-lo para suceder ao pai no amanho das terras e na direção dos trabalhos agrícolas. ” (Pag. 19) Pedro é forte e possui aptidão para os trabalhos campestres. É extremamente semelhante ao pai em muitos aspectos. Ingênuo e muito ligado à vida nos campos. Fica noivo de Clara, mulher po quem é apaixonado. Margarida Irmã mais velha de Clara. Seu pai morre e ela passa a receber tratamento cruel de sua madrasta.

Vive uma Infância dificil e solitária. Ama Daniel e representa na trama, o puro amor custe o que custar. Tal como nas tradições celtas, Margarida representa a fada que deseja a felicidade alheia. ? uma típica heroína romântica. Clara “Era uma rapariga de cintura estreita, mãos pequenas, formas arredondadas, vivacidade de lavandisca, digna efetivamente das atenções de Pedro e até de qualquer outro mais exigente que ele. „ (Pag. 50) rma mais nova de Margarida. Clara fica noiva de Pedro, mas encanta-se com Daniel quando este regressa do Porto.

Cede aos galanteios de Daniel, mas depois se regenera. Possui malícia em certas atitudes, mas nada que possa comprometer a sua integridade e caráter. Ama a irmã e preocupa-se com ela. Padre Antônio “Era este reitor um padre velho e dado, que há muito conseguira a paróquia transformar em amigos todos os fregueses. Tinha o Evangelho no coração – o que vale mu PAGFsrl(Fq paróquia transformar em amigos todos os fregueses. Tinha o Evangelho no coração – o que vale muito mais ainda do que tê- lo na cabeça. A qualidade de egresso não tolhia os ser liberal de convicção.

Era-o como poucos. ” (Pag. 21) O reitor Padre Antônio é o representante dos valores que Julio Dinis pretendia pregar. Homem bom, justo e que procurava sempre o melhor para os que estavam a sua volta, principalmente as suas pupilas. Ele é um dos personagens principais da obra. Enfatiza a elevação dos valores morais que Julio Dinis encontrara na vida rural. João Semana João Semana é o médico da aldeia. Homem sincero, jovial e com mais disposição do que muitos rapazes. Representa a solidariedade comunitária. Tem sua vida voltada à prática da medicina e ao serviço.

Joana Criada de João Semana. Fiel a ele e bondosa. João da Esquna Dono da mercearia da vila, João da Esquina conhece a todos da vila. Centraliza as fofocas locais. Tem o desejo de casar sua filha com o rico Daniel e falhando nesse objetivo, torna-se inimigo da fam[lia de Daniel. Dona Tereza Esposa de João da Esquina. Francisca filha única deste bem talhado ar Era esta menina a trigueira mais trigueira de ngrata para com esta cor PAGF70Fq Filha de João da Esquina e Dona Tereza. Enredo A trama se dá em Portugal, no século XIX.

Trata dos desencontros entre as irmãs Clara e Margarida, com a participação dos irmãos Daniel e Pedro. Daniel vive um romance infantil com Margarida enquanto prepara-se para ingressar no seminário. Ao descobrir o envolvimento de Daniel com Guida, o padre Antônio resolve então aconselhar João das Dornas a não mais enviar seu filho ao seminário e sim ao Porto para estudar medicina. Dez anos depois Daniel volta como médico. Nesse período, seu irmão Pedro, fica noivo de Clara, a irmã mais nova de Guida. Margarida agora professora ainda ama Daniel. Ele, no entanto nem se lembra da jovem.

Adulto, impulsivo e volúvel, Daniel acaba conquistando várias moças da aldeia e a antipatia de muitos por seus hábitos de conquistador. Daniel encanta-se por Clara e inicia uma série de tentativas de conquistas à moça, que por sua vez cede aos galanteios do rapaz. Ao perceber a gravidade das conseqüências, Clara resolve por fim às investidas do jovem. Marca então um encontro com Daniel no jardim que será o ponto culminante da arrativa: pedro os surpreende no jardim e numa tentativa de livrar a irmã de uma má reputação, Margarida assume seu lugar.

Esse escândalo choca a pequena vila e compromete a reputação de Margarida. Daniel, ao ver esse bondoso ato, recorda seu amor de infância e apaixona-se por Guida. No último capitulo, depois de muita resistência, a moça aceita o amor de Daniel e a trama termina em seu casamento. A trama traz PAGF8rl(Fq a moça aceita o amor de Daniel e a trama termina em seu casamento. A trama traz algumas caracteristlcas pertencentes a três diferentes movimentos literários: o arcadismo, o romantismo e o ealismo. A temática da vida simples, bucólica e pastoril do campo revela uma atitude tipicamente árcade.

O subjetivismo, a linguagem simples e a idealização presentes na obra apontam as características românticas da obra. E por se tratar de uma obra de transição ela tambem apresenta características do realismo, como: a descrição física e psicológica dos personagens. Uma outra importante característica da obra é o chamado romance de namoro. Este diz-se do namoro de infância, das intrigas e do final feliz, que geralmente culmina com o casamento. “Daniel aproximou-se de Margarida, que tremia sobressaltada. ??? Margarida, – disse Daniel com timidez – venho renovar um pedido, que ontem lhe fiz aqui mesmo, e que já hoje lhe repeti; peço-lhe… Enfim com voz trêmula e mal percebida, ela respondeu: — Que direito tenho de recusar uma proposta… tão generosa? Aceito. Ainda bem! exclamaram os presentes, menos Daniel, porque este apoderara-se da mão de Margarida, e, apertando-a na sua, beijou-a com paixão. ” (Pag. 422-423) Referências Bibliográficas Moisés, Massaud. A literatura portuguesa. 340 Ed. São Paulo: Editora cultnx, 2006. DINIS, Júlio. As Pupilas do Senhor Reitor. 8a ed. , São Paulo: Editora Atica, 1987. PAGFgrl(Fq

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