A formação do professor de educação física: a diversidade cultural e o trabalho com alunos com deficiência
Artigo: A formação do professor de Educação Física: A diversidade cultural e o trabalho com alunos com deficiência *Marcelo de Melo Mendes Licenciatura Plena em Educação Física pela IJFMG licas Especialização em Mestrando em Educa Analista de políticas Espartes (SMAES) de 23 next page a UFMG nicipal Adjunta de Roberto Ventura de Olveira Bacharelado e Licenciatura pelo Centro Universitário de Belo Horizonte — UNI-BH Especialização em Treinamento Esportivo pela UFMG Monitor de Esportes pela Secretaria Municipal Adjunta de Espartes (SMAES) de Belo Horizonte Resumo A maneira oferecida para as construções dos alicerces e suas onseguintes edificações para os assuntos referentes à educação e, mais especificamente, dentro da Educação Física, encontrou importantes conquistas e desafios ao longo de uma trajetória extensa e vasta. Alguns desses temas abordados em discussões, pesquisas e no próprio trabalho perduram até hoje, como é o características tão peculiares. Para tal, este artigo lançou os devidos questionamentos: (a) A Educação Física é um meio de inclusão ou exclusão do aluno com deficiência? ; (b) Como, na formação de novos professores, direcionar o olhar em relação às diversidades? (c) Como formar os atuais professores a fim de que superem representações e práticas preconceituosas?
Palavras chaves: Formação de Educador, Educação Física, Alunos com Deficiência e Diversidade Cultural ntroduçao Nas últimas décadas, na contramão da história da sociedade que sempre estigmatizou e excluiu de seu convívio as minorias sociais[l], o tema diversidade cultural vem obtendo conotações relevantes nas diversas áreas de conhecimento. Elaborações e intervenções de políticas públicas nas áreas da saúde, esparte, assistência social, arquitetura e principalmente na educação vêm endo desenvolvidas para atender às diferenças intrínsecas e extrínsecas à condição humana. Em função de diversos movimentos sociais e políticos, dentre os quais da pessoa com deficiência[2], que floresceram principalmente a partir da década de 80[3], a sociedade está passando por profundas transformações, sejam estas politicas, sociais, culturais, econômicas e educacionais.
Estas profundas transformações sociais trouxeram o reconhecimento da complexidade e responsabilidade da função pedagógica e novas demandas para a formação do professor, em special para o professor de Educação Física, de modo a incluir, além do conhecimento de conteúdos disciplinares, a competência para a articulação com as sociedades e suas diversidades. Na Visão de Diniz-Perelra (2008), não basta mais apenas o “dom para ensina”‘ ou mesmo o conhecimento profundo de conteúdos disciplinares. Atu 23 para ensinar ou mesmo o conhecimento profundo de conteúdos disciplinares. Atualmente, para a formação acadêmica do professor é necessária uma transformação mais abrangente dos currículos de modo a considerar a questão da diversidade, dentre outros aspectos. Neste artigo pretendemos discutir este movimento de mudança paradigmática da prática do professor, principalmente ao abordar a formação do profissional de Educação Física junto ao aluno com deficiência.
Certamente todos estes movimentos sociais, diversidades culturais e transformações de uma sociedade contemporânea influenciam as práticas e a formação dos professores de Educação Física Assumindo a importância do olhar sobre a diversidade e o trabalho com alunos com deficiência na Educação Física, algumas questões serão discutidas neste artigo, dentre as quais: (a) A Educação Física é um meio de inclusão ou exclusão do aluno com deficiência? (b) Como formar novos professores a direcionar o olhar em relação às diversidades? (c) Como formar os atuais professores a fim de que superem representações e práticas preconceituosas?
A Educação Física enquanto vertente no trabalho com alunos que possuem deficiência A Educação Física enquanto disciplina integrante do currículo escolar ocupa lugar importante no cotidiano escolar, no processo e movimento de trabalhos com alunos com deficiência. Na Visão de Rodrigues (2006) e Pedrinelli (2005) é consenso de ue a pessoa com deficiência, que participa de ações esportivas, sociais e culturais, desenvolvidas com qualidade, pode obter ganhos psíquicos, sociais e fisiológicos. Além disso, essas ações podem ser propulsoras de mediações e conflitos necessários ao desenvolvimento pleno do indivíduo, construção de processos mentais e conflitos necessários ao desenvolvimento pleno do individuo, construção de processos mentais superiores e melhoria de qualidade de vida.
A Educação Física, em sua recente história, sempre teve enquanto parâmetros a “Educação Fisica Militar’ e o “esporte de endimento”, pautados em avaliações por “resultados”, “rendimentos”, “recordes” e “classificações por performances”. Estas avaliações tinham como objetivo a homogeneização das condições físicas, técnicas e táticas dos praticantes de atividades físicas, procedimentos estes que faziam com que ocorresse exclusão ou segregação de pessoas que eram incapazes de acompanhar o processo proposto (SOARES et. al. , 1992). No entanto, a partir do momento em que se dá uma atenção especial à prática da atividade fisica para alunos com deficiência, emerge um novo paradigma em relação à profissão e Educação Física.
As novas demandas dos movimentos sociais e a exigência de uma transformação pedagógica de atendimento às diversidades exigem a capacitação do profissional de Educação Física para atender a todos, de preferência em um ambiente inclusivo. Surgem, assim, novas exigências para a prática da atividade física, tais como a de ultrapassar os aspectos estéticos e abordar também aspectos simbólicos, desafiadores e sociais, e de avaliar processualmente cada indivíduo com suas possibilidades e potencialidades. Neste sentido, a convivência dos educadores físicos com essoas com deficiência, ou não, principalmente no ambiente escolar é propício para que sejam revertidas situações que, há muito tempo, vêm reforçando preconceitos e equívocos.
No momento em que se fomenta a prática da atividade física para pessoas com deficiência, tanto em ambientes inclusivos quanto em ambientes que possuem somen 4 23 quanto em ambientes que possuem somente a presença de alunos com deficiência, propõe-se a romper e substituir paradigmas. Paradigmas estes que vão do impossível ao possível, da baixa auto-estima para a alta auto-estima, das arreiras às buscas dos limites, da exclusão para a inclusão e da homogeneidade para a heterogeneidade. No curso de Educação Física, a área de “atividade fisica para pessoas portadoras de necessidades especiais”[4], consiste numa área responsável pela sistematização do conhecimento relativo ? cultura corporal de movimento que envolve também as pessoas com deficiência.
De acordo com Pedrinelli (2005), corresponde à área de sistematização e acúmulo de conhecimentos, a partir de pesquisas aplicadas, que estudam a cultura corporal do movimento das pessoas que apresentam diferentes e eculiares condições para a prática de atividade ffsica. Este autor define deficiência como uma condição que provoca diferenças peculiares, e estas diferenças devem ser analisadas no contexto da atividade física. segundo Rodrigues (2006), Gorgatti (2005) e Winnick (2004), os estudantes que vislumbram a carreira do ensino da Educação Física e do treinamento esportivo, geralmente pensam em trabalhar em academias, escolas, esportes de rendimento e em clubes e, na maioria das vezes, não associam estes espaços com a possibilidade de atuar com alunos com deficiência.
Neste entido, de acordo com diversos autores, os alunos de graduação em Educação Física, principalmente ao ingressarem no curso, não vislumbram na sua formação a possibilidade de exercer a profissão atuando com alunos com deficiência. No entanto, a legislação brasileira assegura a todas as crianças e aos jovens o dir s OF23 deficiência. e aos jovens o direito à prática esportiva, preferencialmente em ambientes inclusivos, isto é, ambientes com alunos deficientes ou não. Portanto, para a formação de profissionais de Educação Física, estes deveriam ser capacitados a atuarem com os iversos públicos, independente do que vislumbram para as suas carreiras.
Estes profissionais, além de um conhecimento da área da Educação Física, deveriam estar aptos a atuarem com pessoas com deficiência auditiva, intelectual, física, visual e todas as condições peculiares, definitivas ou não, dos seus alunos. A Constituição do Brasil, em seu artigo 21 7, dispóe que “é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, com direito de cada um”. Em seu artigo 227, que é dever da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à saúde, ? ducação, ao lazer, à convivência familiar e comunitária… “. Em momento algum este artigo estabelece diferenças entre pessoas com deficiência ou não. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (1 997, p. 1), criado para orientar a formação dos professores de Educação Física, a aula pode “favorecer a construção de uma atitude digna e de respeito próprio por parte do portador de necessidades especiais e a convivência com ele possibilitar a construção de atitudes de solidariedade, de respeito, de aceitação, sem preconceitos”. Na mesma direção, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (1999), no que se refere aos conhecimentos de Educação Física, apontam que, o esporte de cunho educativo deve ser trabalhado na escola e que a prática do mesmo deve at 6 esporte de cunho educativo deve ser trabalhado na escola e que a prática do mesmo deve atender a todos os alunos, respeitando suas diferenças e estimulando-os ao maior conhecimento de si e de suas potencialidades. Tendo referência os princípios teóricos educacionais, os p. C.
N. ‘s de Educação Física para o Ensino Fundamental (Brasil, 997) demonstram, em seus objetivos gerais, a perspectiva de que os alunos sejam capazes de: Participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características ffsicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais (p. 43); Participar de diferentes atividades corporais, procurando adotar uma atitude cooperativa e solidária, sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou culturais (p. 63);
Participar de atividades corporais, reconhecendo e respeitando algumas de suas características físicas e de desempenho motor, bem como as de seus colegas, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais (P. 71) Conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentes manifestações de cultura corpórea, adotando uma postura não-preconceituosa ou discriminatória por razões sociais, sexuais ou culturais (p. 72). A abordagem contida nos Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física é eclética e suas ro ostas têm como objetivo a onstrução de uma melho de das aulas, com base inclusão, isto é, uma Educação Física que atenda a todos os alunos. 2) Princípios da dimensão procedimental, isto é, para além do fazer prático, envolvidos com as dimensões atitudinais e conceituais.
Conteúdos ligados à cultura corporal de movimento, observando todas as possíveis diversidades culturais. 3) Princípios atrelados aos temas transversais, com reflexão dos grandes problemas da sociedade brasileira. Dentro de uma evolução histórica, em todos os ambientes que envolvem a atividade física nota-se a presença de pessoas om deficiência. Antes os deficientes eram excluídos pela sociedade, os próprios familiares escondiam seus filhos dos contatos sociais, no entanto, na nova perspectiva inclusiva, podemos perceber a participação das pessoas com deficiência em academias, clubes, escolas e em todos os ambientes que tenham a possibilidade de realizar uma atividade física.
Esta participação, com o decorrer do tempo, tende a ser ampliada, tendo em vista o número de pessoas que ainda não se encontram convivendo com a sociedade ou se encontram em espaços segregados. De acordo com o Censo Demográfico 2000, elo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em Pedrinelli (2005), em torno de 14,5% da população do Brasil tem algum tipo de deficiência. Esta população equivale a aproximadamente 24 milhões de pessoas. Tais resultados carecem ser interpretados de forma contextualizada, no entanto, embora os dados apresentados representem estimativas, mesmo neste início de século, estes sinalizam para necessidades de construções de políticas públicas de atendimentos às pessoas com deficiência.
Considerando a prática da Educação Fisica um direito constitucional, direito este assegurado pelas Leis de diretrizes e ases da Educação Nacio direito constitucional, direito este assegurado pelas Leis de diretrizes e bases da Educação Nacional e referenciado nos Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física, é preciso entender a obrigatoriedade da qualificação de futuros professores de Educação Física. Há um consenso entre autores com relação à necessidade de adaptação do professor para atender às diversidades, mas qual é o papel do professor de Educação Física da sociedade atual? Como ele deve ser formado, em face às mudanças da educação e da escola, principalmente udanças que exigem uma escola para todos?
Shon (1992, p. 80) afirma que “na educação, esta crise centra- se num conflito entre o saber escolar e a reflexão-açao dos professores e dos alunos”. Além disto, este autor questiona o tipo de competências necessárias para ajudar as crianças a se desenvolverem, os tipos de conhecimentos e saberes necessários para permitir aos professores desempenharem com eficiência o seu trabalho e o tipo de formação mais viável para equipar os professores com as capacidades necessárias ao desempenho do seu trabalho. Questões como estas atravessam o debate sobre formação de professores para o tratamento da diversidade na escola. Arroyo (2008, p. 3) também aponta a necessidade de repensar a formação para a diversidade: (… ) o caminho mais fecundo para equacionar cursos de formação e diversidade é a partir da diversidade, dos coletivos diversos, para equacionar, interrogar, qual docência, qual educação básica, qual formação, quais currículos e qual organização, quais tempos e espaços, etc. Tal caminho supõe assumir que a história da produção dos diversos em desiguais questiona paradigmas, perfis, concepções de docência, de ducação e de formação. É preciso, po•s, refletir sobre as possíveis transformações da prática pedagógica do professor de Educação Física no trabalho com alunos com deficiência.
Para isto, é necessário conhecer os antecedentes da disciplina Educação Física, a fim de identificar os principais fatores que a caracterizam ao longo do tempo. Mas, o que é mais importante para compreender a atual ação prática desse profissional é trilhar os caminhos da sua formação, já que para haver a transformação da práxis, o profissional deve primeiramente transformar-se a si mesmo. A formação do professor: formação inicial e formação continuada Além da formação pessoal do profissional, que está relacionada com as experiências de vida da pessoa, enfatizamos dois tipos de formação, que consistem em formação inicial e formação continuada.
Se na formação inicial o eixo encontra-se nos saberes da experiência dos futuros professores e nos saberes do currículo, na formação continuada, que pode acontecer durante a própria prática do professor, o eixo central está na reflexão critica que deve ocorrer na experiência profissional e a artir de saberes advindos dela. A formação inicial estaria caracterizada, portanto, pela graduação, no caso deste artigo, na licenciatura plena em Educação Física, ou seja, seriam cursos de graduação com suas disciplinas e práticas universitárias. No caso da formação continuada seria a formação que acontece no dia a dia, através de participação em cursos, palestras, capacitações, eventos, reflexões e conhecimentos da prática produzida durante as próprias aulas executadas pelo professor enquanto profissional. A formação inicial do professor e a ui inclui o pro 0 DF 23