Análise da produtividade de trabalhadores matutinos e vespertinos de uma mineradora
Análise da produtividade de trabalhadores matutinos e vespertinos de uma mineradora Jeferson Guimarães Rezende (FEAMIG) jefer@ksks Leon Dhennys Ramos Ferreira (FEAMIG) leonramosf@yahoo. com. br Mauro Alexandre grito (FEAMIG) maxbrito@yahoo. com. br Warley Moreira Braga (FEAMIG) warleymoreirabraga@hotmail. om Resumo: Este trabalho teve como objetivo investigar e analisar os cronótipos de trabalhadores, caracterizando-os como matutinos Swip to view nent page ou vespertinos e sua em turnos rodiziante e u 0 composta por 50 indi u” ‘ divididos em duas tu se o questionário de om a produtividade amostra foi inhão Scania, a de dados utilizou- os e vespertinos desenvolvido por Horne Ostberg (1 976), um formulário contendo idade, sexo e tempo na função de cada trabalhador, além de dados internos sobre a produtividade e observação dos fatores organizacionais da mina.
Observou-se aos resultados que o cronótipo dos trabalhadores de turnos e noturnos, associados a fatores individuais como a idade, podem influenciar no processo de produtividade. Porém, pode-se concluir que não é possível analisar isoladamente os fatores individuais do trabalhador no processo produtivo, devido a complexidade do mesmo e a nfluência dos fatores organizacionais. Palavras-chave: Turnos de Trabalho; Produtividade; Cronótipo; Mineração. . Introdução No Brasil, cerca de 28 milhões de pessoas trabalham mais que 44 horas semanais previstas na Constituição de 1988 como jornada máxima de trabalho semanal. Sendo assim, para que essa jornada seja cumprida, é suposto que, pelo menos parte desses trabalhadores exerça suas atividades ocupacionais além do horário diurno, ou seja, trabalhem em horários noturnos, exemplo disso são as mineradoras, campo onde a pesquisa foi realizada. m fato que falta devida atenção são profissionais que rabalham em sistemas de turnos rodiziantes e, em muitos casos a organização não leva em conta o cronótipo de cada trabalhador. De acordo com (RUTENFRANZ et al. , 1989) cada indivíduo possui um cronótipo, ou seja, um ritmo determinado pelo seu relógio biológico. Assim, alguns indivíduos dormem e despertam cedo e são considerados matutinos, enquanto outros dormem no meio da noite e acordam no meio do dia, sendo estes denominados vespertinos.
Percebe-se através de experimentações que trabalhadores cujos relógios biológicos foram invertidos sofrem os efeitos da fadiga e estão mais sujeitos baixa produtividade e acidentes. O estudo teve com objetivo investigar e analisar os cronótipos de trabalhadores caracterizando-os como matutinos ou vespertinos e suas possíveis correlações com a produtividade em turnos rodiziantes em uma mineradora. O cansaço obtido com a perturbação no relógio biológico não só impede o bom rendimento físico como também diminui a atenção e o ritmo mental.
Por isso, a classificação dos 1 V SIMPÓSIO ACADÊMICO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO indivíduos em matutinos e vespertinos deve ser levada em consideração, visando o planejamento de um sistema menos roblemático (WALDT; MONEZI, 2005), contribuindo assim para a 20 visando o planejamento de um sistema menos problemático (WALDT; MONEZI, 2005), contribuindo assim para a busca de mais uma variável na produtividade em trabalhos de turnos. O rabalho se enquadra na área de ENGENHARIA DO TRABALHO e Projeto e Organização do Trabalho de acordo com a ABEPRO. 2. Referencial Teórico 2. 1.
Mineração Segundo DNPM (Departamento Nacional de Mineração) (2006), as atividades da mineração, juntamente com o conjunto de processos relacionados à exploração de recursos do solo e do ubsolo, constituem elemento estratégico que colaboram para inserir o país no contexto do desenvolvimento tecnológico e no cenário econômico internacional. A finalidade no ramo da mineração é extrair, produzir e vender um bem mineral, de interesse econômico e potencialmente interessante ao mercado consumidor, em condições técnicas e econômicas adequadas e sem impactos sócio-ambientais incompatíveis.
Nesta temática sócio-ambiental, estão hoje os maiores desafios de implantação e desenvolvimento criterioso de uma empresa de mineração. Como atividade industrial, a mineração é o que mantém o nível e vida e o avanço das sociedades modernas, já que desde metais, cerâmicas, combustiVeis, plásticos, computadores, cosméticos, passando pelas estradas e muitos outros materiais que utilizamos diariamente, têm sua origem na atividade de mineração. 2. 2.
Razões para a existência de trabalho em turnos A moderna tecnologia viabilizou a realização de muitas atividades produtivas durante todo o dia,criando assim a chamada sociedade 24 horas (MORENO et al. , 2003). Tal sociedade demanda, durante todo o dia, serviços demanda, durante todo o dia, serviços críticos como segurança ública -policia e bombeirossaúde, transporte, comunicação, eletricidade, água canalizada, combustíveis, comunicação, etc. Muitas indústrias por razões de custos ou por características de processos devem operar em jornadas estendidas ou 24 horas por dia para sobreviverem .
As redes de trabalho e a técnica de produção just in time são novidades que forçam o prolongamento das jornadas em manufaturas como auto-peças e serviços como transporte. para garantir o estoque zero da empresa líder o fornecedor cria turnos extras e coloca caminhões nas rodovias a qualquer hora do dia e da noite. Os serviços e indústrias que são “obrigados” a trabalhar em turnos forçam a expansão de horário de outras atividades como fornecimento de alimentação, postos de gasolina, mineradoras, etc.
A mera conveniência de uma população cada vez mais distante da vida natural sustenta turnos em lojas de conveniências, shopping centers, restaurantes, postos de gasolina, chaveiros, etc. ( FISCHER et al. ,2004) 2. 3. Produtividade no trabalho em turnos Para Meireles (2007), produtividade é o resultado da interação de um conjunto de determinantes organizacionais e individuais. As determinantes organizacionais são: V SIMPÓSIO ACADÊMICO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO estratégias, estruturas, desenhos de funções, tipo de lideranças , entre outras.
As determinantes individuais são as capacidades e motivações de cada colaborador. De acordo com Martins e Laugeni (2004), produtividade incorpora basicamente três procedi 4 20 acordo com Martins e Laugeni (2004), produtividade Incorpora basicamente três procedimentos: a medição da produtividade, a identificação e análise dos fatores determinantes dos gargalhos de produtividade e a definição e aplicação de propostas de superação desses gargalhos. Assim, produtividade significa a quantidade de produtos ou serviços produzidos com os recursos utilizados.
De acordo com Costa et al (2000), o trabalho em turnos é uma forma de organização do horário de trabalho, no qual o horário executado pela empresa estende-se além das habituais oito horas até completar um período de 24 horas, mediante o revezamento de diversos grupos de trabalhadores. Sendo assim, os trabalhadores revezam em diferentes horários de trabalho durante a semana, o que o leva a dessincronização dos ritmos biológicos reduzindo significativamente os seus níveis de alertas acentuando os sintomas de fadiga que são mais freqüentes à noite e em horários de trabalho que se iniciam muito cedo de manhã (MORENO et al. 2003). segundo Lieber (1991), o trabalho em turnos interfere no ritmo das variações circadianas, implicando na saúde e na produtividade dos trabalhadores e podem afetar a susceptibilidade tóxica. Wadt e Monezi (2005) realizaram uma pesquisa com empresas que utilizavam sistema de trabalho em turnos e observaram queda da produtividade no período noturno de 10 a 22%. Ainda segundo os pesquisadores, a obtenção de um bom desempenho profissional depende muito e a pessoa começar a trabalhar descansada.
O cansaço não só impede o bom rendimento físico como também diminui a atenção e o ritmo mental. De acordo com não só impede o bom rendimento físico como também diminui a atenção e o ritmo mental. De acordo com Scott & LaDou (1 994), citado por Regis Filho (2002) o trabalho em turnos e noturno, provoca redução do estado de vigília, afeta a produtividade e a segurança, custando às companhias americanas, que dependem dessa forma organizacional do trabalho, cerca de 70 bilhões de dólares por ano. Fischer (1990) e Fischer et al.. 000), através de avaliações realizadas durante jornadas matutinas, vespertinas e noturnas em uma indústria petroquímica, observaram menor disposição para o trabalho e diminuição do estado de alerta, durante as noites de trabalho entre trabalhadores de turnos alternantes. Fischer (1 990), em um dos seus estudos, simulou-se uma situação de detecção de sinais de sonar em turnos de quatro horas de trabalho, ao longo de 12 doze dias seguidos e observou desempenho mínimo às 4 horas da manhã e o máximo às 18:00 horas.
Outra variável na produtividade é os índices de acidentes, stes são mais frequentes em trabalho de turnos, principalmente turnos noturnos. Nesse caso, algumas características individuais também podem fazer a diferença, tais como: idade, experiência, formação, etc. No entanto, para Pokorny et al e Vries-Griever e Meijman (1 987), citados por Fischer et al. (2004), o principal fator de risco relacionado à acidentes em turnos noturnos é a presença de trabalhadores não adaptados aos turnos.
Regis Filho (2002), ainda cita a síndrome da mal adaptação em trabalhos em turnos e noturno como um conjunto de sintomas inespecificos, que correm em trabalhadores de turnos rodiziantes e, p 6 OF20 um conjunto de sintomas inespecíficos, que ocorrem em trabalhadores de turnos rodiziantes e, principalmente, no turno noturno fixo, como resultado da inabilidade do indivíduo para inverter seus ritmos circadianos e adaptar-se aos programas de rotação de turnos e ao trabalho noturno. 3 V SIMPÓSIO ACADÊMICO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Para Fischer et al. 2004), são muitas as diferenças que interferem na tolerância ao trabalho em turnos e noturno influenciados tanto pelas características dos ritmos circadianos, omo pelos fatores situacionais e organizacionais e relativos ? vida e às condições de trabalho. Em relação às características dos ritmos circadianos, Souza (2006), observou em um estudo com profissionais da enfermagem, que 90% dos discordantes entre cronótipo e turno de trabalho, relataram acidente de trabalho, sendo que os profissionais do turno noturno se acidentavam mais.
Guimarães e Teixeira (2003), em uma pesquisa sobre transtornos mentais em trabalho de turnos alternados em uma mineradora, encontraram forte associação entre doença mental e o fato de o trabalhador estar trabalhando ou já ter trabalhado m sistemas de turnos, e que expor o trabalhador a turnos alternantes o predispõe a duas vezes mais ao acometimento de algum tipo de patologia psiquiátrica maior. Os autores relatam ainda, que aproximadamente 20% dos trabalhadores de turnos relatam cochilar durante o trabalho, o que aumenta o risco de acidentes de trabalho e conseqüentemente diminuição da produtividade. . 4. Fatores individuais na tolerância ao trabalho em turnos Quanto mais tempo o trabalhador for exposto ao trab individuais na tolerância ao trabalho em turnos Quanto mais tempo o trabalhador for exposto ao trabalho em turnos, maiores erão as mudanças internas e consequentemente a modificação à tolerância ao trabalho em turnos. A dessincronização crônica dos ritmos biológicos deste trabalhador poderá lhe afetar mais seriamente a duração e qualidade do sono, aumentando as chances de doenças e acidentes relacionados ao trabalho noturno. (MORENO et al. 2003; HAIDER e col. por FISCHER, 2004) Os principais fatores internos na tolerância são: ritmo biológico de cada pessoa idade, quantidade de tempo de exposição ao fator, tipo de trabalho desempenhado, características da organização do trabalho em turnos (grupo, xtensão da jornada), conciliação do trabalho com a vida extra laboral, expectativas individuais. (FISCHER et al. , 2004; GUIMARÃES , TEIXEIRA 2003). Após certa idade, as pessoas tendem a se tornarem mais matutinas e por isso, podem sentir dificuldade em tolerarem o trabalho noturno.
O gênero também tem forte influencia na tolerância ao trabalho em turnos, mais devido as vias sociais do que pelas biológicas, já que a mulher prioriza o trabalho doméstico e cuidado com filhos em relação as demandas de sono. (MORENO, et al. , 2003) De acordo com Fischer (2003), as condições de trabalho e a organização do rabalho influenciam de forma significativa a tolerância ao trabalho em turnos. Monk (1990) citado por Fischer et al. 2004), relata a presença de estressares, ou fatores de aumento da pressão no trabalho, como por exemplo o pagamento de prêmios por produção e adicional noturno como v trabalho, como por exemplo o pagamento de prêmios por produção e adicional noturno como variáveis que podem causar diferenças no desempenho do trabalhado em turnos e noturno. 2. 5. Cronobiologia Para o ser humano, a vida flui alternando os estados de Vigíla e de sono. Estes estados obedecem a um ritmo iológico, ou seja, a uma variação sistemática, regular e periódica.
Tal ritmo pode ser chamado ciclo circadiano, do latim circa (acerca) e dies (dia), uma vez que as 4 V SIMPOSIO ACADEMICO DE ENGENHARIA DE PRODUÇAO variações dos eventos que caracterizam cada estado se completam a cada 24 horas, aproximadamente (ALVES, 2008). Existem diferenças individuais quanto à alocação, nas 24 horas do dia, dos períodos de vigília e sono. Assim, a população pode ser dividida em três tipos básicos (cronótipos): matutinos, vespertinos ou indiferentes. E de acordo com o questionário e Horne e Osteberg, (1976), existe, ainda, os moderadamente matutinos e moderadamente vespertinos. MARTINO; CAMPOS, 2001 ) Os matutinos são aqueles indivíduos que naturalmente despertam bem cedo (por volta de 5-7 horas), quando já estão perfeitamente aptos para o trabalho e em um nivel de alerta muito bom. No outro extremo, estão os denominados vespertinos, que tendem a acordar muito tarde, (por volta das 12-14 horas) e, se deixados livres para escolherem a hora de dormir, o farão em torno das 2-3 horas da madrugada. Para estes indivíduos, em dias normais de trabalho, a sensação de alerta e eu desempenho, estão mais acentuados à tarde ou à noite.
Por fim, àqueles do tipo indiferentes, que podem apresentar bom desempenho em suas tarde ou à noite. Por fim, àqueles do tipo indiferentes, que podem apresentar bom desempenho em suas atividades tanto no período matutino quanto no vespertino (HORNE e OSTBERG, 1976). Ainda em relação ao ponto de vista cronobiológico, Alves (2008), cita dois tipos de pessoas, caracterizadas pela necessidade de dormir, podendo ser definidas: grandes dormidores, que são aqueles indivíduos que precisam dormir de 8 a 9 horas de sono, e pequenos dormidores: necessitam de no máximo 5 oras e meia 6 horas de sono.
As estruturas biológicas capazes de gerar diversos períodos de ritmos, como o ciclo sonovigília, são chamados relógios biológicos. Estes podem ser alterados ou arrastados por fatores ambientais como relações sociais- família, trabalho e lazer. A luz é o sincronizador de maior relevância para maioria dos seres vivos. Essa sincronização ocorre através da captação da luz pela retina que a transmite ao hipotálamo. Este é responsável em comandar a glândula pineal, que por sua vez, controla a produção dos niVeis de melatonina (hormônio do ono) no organismo.
Assim, quando anoitece, uma quantidade de melatonina é lançada no sangue até alcançar seu nível máximo. Além de estimular o sono, a melatonina também age como uma espécie de indicador para todos os outros ritmos biológicos, já que alguns hormônios são liberados somente durante a presença deste hormônio, enquanto que outros só apareceram quando seus níveis diminuem, como por exemplo, o cortisol (REGIS FILHO, 2002). Para Fischer et al. (2004), existe uma certa ordem temporal interna, em virtude do sincronismo dos diversos ritmos entre si e 0 DF 20