Ben 10

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE NSTITUTO DE CIENCIAS HUMANAS E FILOSOFIA CURSO DE PSICOLOGIA CAROLINA MENEZES DE ARAÚJO JORGE DE CAMPOS BEN 10 – UM NOVO [DOLO DAS CRIANÇAS Um perfil psicossocia contemporâneos NITEROI 2010 nimados 1 p Prof. MAUDETH PY BRAGA IJFF SUMÁRIO Resumo.. 5 6 7 1. Concepções de infância…. 9 2. Uma concepção de processo de construção de subjetividade. 3. Caracterização psicossocial do personagem Ben IO e sua relação com outros 13 3. 1 . Comparando o Ben 10 com heróis clássicos…. 14 3. 2. Ben 10 e outros heróis contemporâneos…. 6 4. Conversa com 31 Livre e Esclarecido 7. Referências 24 RESUMO Este trabalho tem como foco analisar o desenho animado Ben IO e sua relação com outros desenhos animados. Para tal, são analisados os diferentes conceitos de herói e o perfil psicossocial do personagem Ben 10. É realizado um estudo com base na perspectiva histórico-cultural sobre concepções de infância e processo de construção de subjetividade. Também é feita uma conversa com algumas crianças em uma escola, a fim de saber o que pensam sobre o personagem.

Palavras – chave: Ben 10, desenho animado, herói. Apesar destas mudanças, há multo tempo as crianças vêm demonstrando um grande interesse por heróis de desenhos nimados, elegendo, diversas vezes, um deles como ídolo. Estes heróis, no entanto, costumam ser violentos, fazendo uso demasiado da força bruta para resolverem seus problemas. Segundo Kasprzak (1997), em sua dissertação de mestrado, os produtores de programas infantis estão abusando das cenas de violência e crueldade em sua programação, havendo um maior apelo à força e ao poder nos desenhos animados atuais.

Isto talvez seja resultado da percepção de uma infância mais ativa, mais reivindicadora, que não aceita passivamente o que lhe é imposto. A sociedade e, portanto, também a criança, juntamente com o esenho animado, não é mais a mesma de décadas atrás. Com a grande quantidade de informações que recebe diariamente, essa criança tem que dominar novas formas de linguagem, de valores e conhecimento para poder se inserir em uma sociedade dominada pela mídia.

No entanto, apesar de todas essas mudanças, há uma constante que parece se repetir. Existe um certo padrão no que diz respeito ao perfil psicossocial dos heróis infantis, sua forma de agir, até mesmo sua faixa etária, muitas vezes, se mantêm. Os heróis atuais de uma certa forma retomam a figura dos heróis de outras décadas, mantendo um modelo que ouco apresenta diferenças. Primeiramente é importante, então, explicitar a definição psicossocial de herói na qual este estudo se baseia.

Segundo o site da wikipédia, seria, para a literatura, uma figura arquet[pica que reúne em si os atributos necessários para superar de forma excepcional um determinado problema de dimensão épica 4 31 necessários para superar de forma excepcional um determinado problema de dimensão épica. O termo herói designa originalmente o protagonista de uma obra narrativa ou dramática. Para os Gregos, o herói situa-se na posição intermédia ntre os deuses e os homens, sendo, em geral filho de um deus e uma mortal ou vice-versa.

Portanto, o herói tem dimensão semi- divina. Um herói costuma ser marcado por uma projecção ambígua: por um lado, representa a condição humana, na sua complexidade psicológica, social e ética; por outro, transcende a mesma condição, na medida em que representa facetas e virtudes que o homem comum não consegue mas gostaria de atingir – fé, coragem, força de vontade, determinação, paciência, Podemos citar também o conceito de herói do site dicionariodoaurelio, que define herói como sendo:

Nome dado pelos gregos aos grandes homens divinizados. / Aquele que se distingue por seu valor ou por suas ações extraordinárias, principalmente por feitos brilhantes durante a guerra. / Principal personagem de uma obra literária (poema, romance, peça de teatro etc. ) ou cinematográfica. / Principal personagem de uma aventura, de um acontecimento. Já o herói midiático é construído por corporações que visam lucro, com base no imaginário coletivo e com as necessidades de uma determinada época.

O herói da midia é formado através do comportamento popular e, segundo Pechlivanis (201 0), “seu papel ocial é resolver questões políticas, sociais, econômicas, pandêmicas, diplomáticas…. e, como não poderia deixar de ser, de consumo”. Assim, segundo o site da wikipédia, este herói será tipicamente guiado por ide tipicamente guiado por ideais nobres e altruístas – liberdade, fraternidade, sacriffcio, coragem, justiça, moral, paz.

Eventualmente buscará objetivos supostamente egoístas (vingança, por exemplo); no entanto, suas motivações serão sempre moralmente justas ou eticamente aprováveis, mesmo que ilícitas. É a este herói midiático que o presente trabalho se refere. De cordo com a wikipédia, “através das histórias em quadrinhos, do cinema e de outras mfdias, a cultura de massa popularizou a figura do “super-herói”, que são indivíduos dotados de atributos físicos extraordinários como corpo à prova de balas, capacidade de voar, etc”.

Um super-herói é um personagem fictício “que possui extraordinários poderes ou qualidades” (Sacconi, 1996, p. 626). Ainda segundo a wikipédia, “o objetivo dos super-heróis é, geralmente, a defesa do bem, da paz, o combate ao crime, tomando para si a responsabilidade de ser protagonista na luta do bem contra o mal”. Com o Ben 10 nao é diferente, pois sua missão é exatamente esta: defender o mundo dos vilões e das ameaças que podem prejudicar as pessoas consideradas do bem, encantando e conquistando cada vez mais espaço entre as crianças.

O personagem está tao popular que foi publicado no site Correio de Uberlândia que esta fascinação das crianças pela história de Ben IO é motivo de lucro e boas vendas para lojas de brinquedos e materiais escolares, já que a pesquisa mostra uma grande procura por produtos relacionados ao personagem. Assim, o presente trabalho visa estudar o desenho animado Ben 10, sua relação com outros desenho resente trabalho visa estudar o desenho animado Ben 10, sua relação com outros desenhos, sua influência sobre as crianças e motivos que tornam esse pequeno herói tão popular nos dias de hoje. 1.

Concepções de infância Algumas pessoas podem pensar que infância foi um conceito que sempre existiu, uma palavra que sempre teve a conotação que tem atualmente, já que nos dias de hoje é uma ideia relativamente clara e, mais do que isso, muito valorizada. No entanto, isto não é verdade. A noção de infância foi construída ao longo de muitos anos, já que antigamente as crianças eram vistas apenas como adultos pequenos. Podemos citar o vestuário como exemplo dessa mudança ocorrida com o passar do tempo. No século XVIII, foi lançada e aceita a ideia de serem criados diferentes tipos de roupas para crianças e adultos.

Assim, as roupas feitas para crianças passaram a ter uma conotação infantil, havendo “a adoção de tecidos leves e cores mais claras” (Barbosa e Quedes, 2007, p. 6). Na última década, no entanto, isso se modificou. Hoje os trajes considerados infantis praticamente desapareceram, e as crianças estão se vestindo como adultos pequenos, além de estarem usando os mesmos estilos de linguagem dos mesmos. Basta ntrar em qualquer loja de roupas elou calçados infantis para notar a semelhança destes com o vestuário adulto.

Aliás, nem é necessário entrar, apenas observar as vitrines já é suficiente para ver os manequins infantis vestidos como verdadeiras “mocinhas” de salto alto, ou “rapazinhos” de calça social. Isto está pouco a pouco se tornando mais evidente, uma vez que “para onde quer que a gente olhe, é visível que o comportamento, mais evidente, uma vez que “para onde quer que a gente olhe, é visível que o comportamento, a linguagem, as atitudes e os desejos – mesmo a aparência física – de adultos e crianças se ornam cada vez mais indistinguíveis” (Postman, 1999, p. 8). Segundo o autor, os hábitos alimentares, a profissionalização precoce, o acesso a informações antes consideradas adultas, o aumento do número de crimes cometidos por crianças e a erotização precoce também são questões que estão em constante transformação. Do mesmo modo as brincadeiras de criança estão mudando bastante. Os jogos infantis não tinham tantas regras, eram jogados apenas por diversão. Brincadeiras tradicionais como cabra-cega, roda e esconde-esconde estão pouco a pouco sendo deixadas de lado.

Afinal, quais crianças do éculo XXI sabem pular amarelinha ou brincar com bola de gude? Certamente bem poucas se comparadas às crianças que foram seus avós. Características como o comportamento e a linguagem das crianças estão cada vez mais se aproximando dos adultos. O conhecimento acerca de como eram tratadas as crianças na antiguidade é precário, mas de acordo com Postman (1999), os gregos, por exemplo, nao classificavam a infância como uma categoria etária distinta.

Mais importante, ainda segundo o autor, é o fato de que na época de Aristóteles não havia nenhum tipo de restrição à prática do infanticídio e do abandono, o que já mostra ma enorme diferença entre a concepção de infância dos gregos e a nossa. As mães, na sua maioria, não tinham empatia com seus filhos pequenos, e a maneira aconselhável de “endireitar crianças desobedientes era, muitas vezes, batendo nelas. Segundo postman (1999, p. “endireitar crianças desobedientes era, muitas vezes, batendo nelas.

Segundo Postman (1999, p. 22), muitas mães viram de forma “impassível seus bebês e crianças serem submetidos a algum tipo de sofrimento porque elas (e, sobretudo, os pais) não possuíam o mecanismo psíquico necessário para ter empatia com crianças”. Os romanos, por outro lado, deram xtrema importância à questão da idade, da criança pequena e, principalmente, ao conceito de vergonha. “A questão é, simplesmente, que sem uma noção bem desenvolvida de vergonha a infância não pode existir” (Postman, 1999, p. 3). Esta é uma visão que mostra a necessidade de proteger a infância de certas falas e comportamentos adultos, além de demonstraçóes sexuais e outros atos que as crianças não deveriam ver. Esta preocupação já evidencia uma determinada ideia de proteção e cuidado em relação às crianças que antes não existia. Ainda com base em Postman, é de suma importância falarmos obre a alfabetização, que muito influenciou no que diz respeito ? concepção de infância.

A leitura, de certa forma, criou uma diferenciação entre a criança e o adulto, já que para se tornar adulto numa sociedade letrada era preciso ter acesso a uma literatura particular, ou seja, ter conhecimento sobre uma cultura que estava registrada apenas de maneira escrita. por este motivo, na Idade Média, a infância terminava aos sete anos, uma vez que nessa idade as crianças já dominavam a palavra, o que era suficiente para compreender o mesmo que os adultos. É importante ressaltar que, também na Idade Média, não havia a oção de vergonha.

Não existia distinção entre o mundo infantil e o mundo adulto, ou seja, a criança vergonha. Não existia distinção entre o mundo infantil e o mundo adulto, ou seja, a criança vivia no mesmo meio social que o adulto, compartilhando quase o mesmo tipo de comportamento, além dos mesmos jogos e as mesmas histórias. As crianças, então, “não eram vistas nem tratadas como seres em desenvolvimento, com características psicossociais próprias à sua idade, sendo vistas como homens pequenos onde a vida cotidiana se dava ao meio da vida dos adultos, sem separação” (Barbosa e Quedes, 2007, p. . Como consequência, a criança ganhava conhecimento profissional e experiência de vida, adquirindo uma certa autonomia e passando a dividir com os adultos as tarefas, o lazer e outras atividades. “O conceito de infância, portanto, não existiu no mundo medieval. No mundo medieval a criança é, numa palavra, invisível” (Postman, 1999, p. Segundo Steinberg e Kincheloe (2001), no final do século XIX, a configuração da familia moderna se desenvolveu, e os pais começaram a tratar os filhos tendo como base o carinho e a responsabilidade com o bem-estar das crianças. ?, então, no éculo XIX que a infância se constitui como uma categoria socialmente construída. De acordo com Lipsky e Abrams (1994, apud Steinberg e Kincheloe, 2001, p. 13): “No início da transformação da infância, nos anos 50, 80% das crianças viviam em lares onde os pais biológicos eram casados um com o outro” . Com o passar do tempo, no entanto, a família moderna se modificou e “antes do final dos anos 80, o número de crianças que viviam com os dois pais biológicos caiu para meros 12%” (Steinberg e Kincheloe, 2001, p. 13). Além disso, a mudança na realidade econômica, fazendo com que as mães 0 DF 31

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