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Estruturas Matriciais – Vantagens E Desvantagens Genéricas De Sua Adoção, E Sua Utilização Para Solucionar Uma Crise De Crescimento Em Uma Instituição Privada De Ensino Superior. Laura Gallucci Resumo: Abordada e adotada como novidade e como receita infalível de sucesso, tanto pelo meio acadêmico quanto pelo meio empresarial, em anos recentes, a estrutura matricial não pode ser enquadrada em nenhuma dessas categorias.
Primeiro, porque data dos meados da década de 50, quando a indústria aeroespacial florescia nos USA; segundo, porque a opção por uma estrutura matric- a cada caso especific ipo de cultura e do a atua, entre outros fat resgatar a importânci 0 Swipe to view nentp u menos adequada de atividade, do que a empresa o deste texto é ais para empresas que necessitam de agilidade, compartilhamento de conhecimento e otimização das competências individuais de seus profissionais para poder responder às exigências de mercados cada vez mais competitivos e instáveis.
O texto contém uma revisão da abordagem de diferentes autores sobre as principais vantagens e desvantagens que uma empresa pode obter ao implantar uma estrutura matricial. Na seqüência, relata-se e analisa- e, também sinteticamente, um caso real de implantação de estrutura matricial em uma instituição privada de ensino superior, apontando as dificuldades e os benefícios resultantes. . Introdução competências Individuais de seus profissionais para poder responder às exigências de mercados cada vez mais competitivos e instáveis.
O artigo visa, também, por meio do relato de um caso real, fazer a ligação entre as conceituações teóricas sobre estruturas matriciais e a viabilidade de sua implementação nas empresas, cujos gestores têm que conviver com a realidade de ma cultura estabelecida (cuja mudança é, em geral, difícil, lenta e traumática para a empresa), com seus pontos fortes e fracos, competências e capacidades compartilhadas e individuais e com restrições de vários tipos — legais, ambientais, tecnológicas e, sobretudo, financeiras.
Para se atingir os objetivos propostos, foi realizada uma breve revisão da abordagem de diferentes autores, que seguem diferentes linhas de pensamentos e estudaram estruturas matriciais em diferentes épocas, sobre as vantagens e desvantagens que uma empresa pode esperar ao adotar uma estrutura matricial.
Essa revisão é seguida pelo relato resumido de um caso real de implantação de estrutura matricial em uma instituição privada de ensino superior (IES); essa instituição, à época, enfrentava uma crise de gestão causada por seu crescimento acelerado e não previsto, e seus gestores buscaram, pela migração de uma estrutura funcional bastante tradicional para uma estrutura matricial, uma forma de solucionar seus problemas.
II. Origens históricas, abordagens, vantagens e desvantagens da Estrutura Matricial II. 1. A visão de João Bosco Lodi No início da década de 70, Codi (1970a) afirmava que estavam ? isposição das empresas duas novas alternativas, no que dizia respeito a estruturas orga estrutura matricial e a organizacionais: a estrutura matricial e a estrutura sistêmica.
Especificamente com relação à estrutura matricial, Lodi reportava-se a suas origens e seus objetivos da seguinte forma: “O desenho de uma estrutura matricial foi desenvolvido no início da indústria aeroespacial há pouco mais de cinco anos. As novas condições surgidas pelas mudanças levaram à criação de novas relações entre os conceitos e princípios de organização. Uma organização matricial foi criada com a inalidade de estabelecer um sistema adaptável de recursos e procedimentos para atingir objetivos de projeto”. Lodi, 1970b, p. 159). O autor afirmava que o conceito da organização matricial era o de um sistema de “teoria de relações”, em contraposição ao sistema “linha-staff’ que, à época, imperava nas organizações tradicionais; ele também apontava que, desde a primeira Implantação efetiva de uma estrutura matricial, em 1958, outros setores da economia norte-americana começaram a implantar suas próprias estruturas matriciais, após observar os significativos beneficios que a strutura matricial vinha trazendo à indústria aeroespacial.
Como principais vantagens que uma empresa poderia auferir com o uso de estruturas matriciais, Lodi apontava que elas permitiam alto grau de especialização das equipes envolvidas, gerando máxima eficiência nas operações, e que estimulavam o desenvolvimento de novas técnicas de gestão ao longo das diferentes áreas da empresa.
Embora o texto de Lodi, como um todo, demonstrasse entusiasmo pelas (então) emergentes alternativas de estrutura organizacional – sistêmica e matricial – também alertava para fato de que a implantação de estruturas matriciais exigia das pessoas envolvidas uma grande capacidade d 20 estruturas matriciais exigia das pessoas envolvidas uma grande capacidade de adaptação.
Profissionais habituados a trabalhar em organizações baseadas em estruturas rígidas e hierarquizadas (quer em posições de liderança, quer em posições subalternas) poderiam sentir-se ameaçados e pouco confortáveis ao migrar para um ambiente organizacional flexível, baseado em equipes multifuncionais, e, sobretudo, sujeito a constantes mudanças, inclusive de chefias. Essa questão, considerada pertinente em 1970, aparentemente atravessou a barreira entre dois séculos, e aparece ainda hoje como uma das principais dificuldades para a implantação de estruturas matriciais. II. 2.
A visão de Hemsley e Vasconcellos Hemsley e Vasconcellos (1997a) vão mais além ao buscar as origens da estrutura matricial; afirmando que a estrutura matricial vigoraria em diversas organizações, ao menos de forma implícita, muito antes de sua formalização e estudo, o que ocorreu a partir da década de 50; por outro lado, confirmam que seu uso estendeu-se a diferentes setores de atividade a partir os bons resultados obtidos pela indústria aeroespacial norte- americana, a qual se caracterizava por projetos de grande vulto, alta complexidade tecnológica, necessidade de capacidades e habilidades interdisciplinares e rigorosa exigência no cumprimento de prazos, orçamentos e especificações técnicas. Para eles: “A forma matricial apareceu como uma solução devido à inadequação da estrutura funcional para as atividades integradas, isto é, aquelas que para serem realizadas exigem interação entre as áreas funcionais.
A Matriz é uma forma de manter as unidades funcionais criando relações horizontais entre las”. (Hemsley e Vasconcellos 19975 p. 51). 4 20 criando relações horizontais entre elas”. (Hemsley e Vasconcellos, 1997b, p. 51). A citação acima sintetiza o pensamento dos autores em relação à estrutura matricial; eles percebem a Matriz (sempre grafada no livro referido com a inicial em maiúscula) como um meio de canalizar recursos vindos de diferentes partes da empresa em razão de um objetivo comum, quer seja um produto ou um projeto. Hemsley e Vasconcellos, ao contrário dos demais autores pesquisados fazem, ainda, uma distinção entre dois tipos de Estrutura Matricial, a Funcional e a por Projeto: 1. strutura matricial funcional ocorre quando os gerentes de projetos estão em uma posição hierarquicamente inferior ao gerente funcional (ou gerente de área), ou seja, está subordinado a ele. Este tipo de estrutura matricial tende a ser utilizado com maiores vantagens em empresas que lidem com poucos projetos simultaneamente, mas que todos esses, efetivamente, demandem uma forte integração interdepartamental. Ao se adotar este subtipo de estrutura matricial é necessária especial atenção para prevenir ou menos, minimizar o “desconforto” em potencial gerado pelas mutáveis relações superior-subordinado; . a estrutura matricial por projeto ocorre quando os gerentes de projetos ocupam níveis hierárquicos superiores ao do gerente funcional.
Esta opção de estrutura matricial aparece com mais frequência (e é mais adequada) em empresas nas quais os projetos com forte integração interdepartamental são cruciais para a sobrevivência e o sucesso da organização. Em razão dessa forma de entender a estrutura organizacional matricial, os autores subdividem suas vantagens e desvantagens em três categorias: específicas da Matriz Funcional, específicas da Matriz por Proietos e cara rês categorias: especificas da Matriz Funcional, específicas da Matriz por Projetos e características comuns a ambas. 1. Matriz Funcional Vantagens: maior desenvolvimento da capacitação técnica, melhor qualidade técnica e melhor eficiência no uso dos recursos. 2. Matriz por Projetos Vantagens: melhor controle do orçamento e melhor cumprimento de prazos dos projetos. 3.
Características comuns a ambas (em relação às estruturas tradicionais) Vantagem: maior satisfação com o trabalho. Desvantagem: maior nível de conflito. Como ponto mais evidente de conflito em potencial, os autores pontam a dupla ou até a múltipla subordinação, esta última ocorrendo quando o mesmo especialista está ligado a mais de um projeto simultaneamente. Outro ponto de conflito que ocorre com freqüência deriva da resistência do gerente funcional ou de área em alocar seu pessoal a projetos interdisciplinares, porque esses funcionários estarão deixando de lado as tarefas de seu departamento, aquelas pelas quais ele será avaliado.
Em relação a este último aspecto, os autores lembram que, ao se implantar uma estrutura organizacional matricial na empresa, é necessário monitorar seu desempenho por meio de sistemas e remuneração e de custos adequados às novas realidades dos gerentes funcionais e dos gerentes de projetos, e por um programa de comunicação claro e constante, que abranja toda a empresa, e não apenas aqueles diretamente envolvidos nos projetos. II. 3. A de Kroll, parn 6 OF20 dizem que: “A estrutura matricial é aquela em que tanto o administrador funcional quanto o de projetos exercem autoridade sobre as atividades da organização. Assim, os funcionários da matriz têm dois supervisores – um administrador de projetos e o administrador de seu próprio departamento funcional” (Kroll, arnell e wright, 2000b, p. 283-284).
Como algumas das principais vantagens para uma empresa que se estrutura matricialmente, os autores destacam que, ao combinar uma estrutura funcional com uma estrutura por projetos, a empresa pode usufruir os benefícios advindos de ambas as alternativas; além disso, a estrutura matricial tende a ser mais eficiente em termos de alocação e controle de custos, sobretudo na área de pessoal, uma vez que os administradores dos projetos pagam apenas pelos serviços efetivamente realizados pelos membros das equipes que têm outras alocações funcionais. Outros benefícios derivam da efetiva interação entre profissionais de diferentes níveis e áreas de especialização, o que, potencialmente, gera maior satisfação e motivação inclusive entre funcionários de nivel hierárquico inferior (por envolvê-los nos projetos), e ainda é um excelente meio para treinamento e desenvolvimento de diretores e gerentes de áreas funcionais. Ao longo do tempo, essa transferência cruzada de capacidades e habilidades facilitará, cada vez mais, a formação de equipes multidisciplinares.
Em contrapartida a essas vantagens, a empresa pode incorrer m maiores custos administrativos, devido à necessidade de um número significativo de reuniões para que as equipes permaneçam alinhadas; caso não ha’a um controle estrito das pautas, da duração e da p reuniões, uma estrutura estrito das pautas, da duração e da pertinência das reuniões, uma estrutura matricial poderá gerar um grande número de horas não-produtivas alocadas pelas equipes a cada projeto (entenda-se aqui que essas horas são classificadas como não-produtivas nao pelo fato de serem horas dedicadas a reuniões e ao alinhamento das equipes, mas porque, com muita frequência, a longa duração a falta de objetividade na condução de tais reuniões acaba, efetivamente, transformando o tempo a elas dedicado em tempo perdido, ou seja, não-produtivo).
Também existe maior possibilidade de conflitos entre os profissionais em nível de gerência, com relação à alocação de recursos e pessoas-chave, bem como um possível aumento do nível de tensão dos membros das equipes: a quem afinal, eu me reporto, quem é meu chefe? Por fim, vale destacar que os autores não mencionam a possibilidade do uso da estrutura matricial como uma solução temporária. Pelo contrário, citam dois exemplos (Pepsico e Digital Equipment) em que se tentou implantar estruturas matriciais; devido à complexidade dessa tarefa, a tentativa foi avaliada como um fracasso e as empresas tiveram que voltar para suas estruturas tradicionais. II. 4.
A visão de Gareth Morgan Para Morgan (1996a), as empresas podem ser vistas, entre outras perspectivas, como organismos, ou seja, “sistemas vivos, que existem em um ambiente mais amplo do qual dependem em termos da satisfação de suas várias necessidades” (Morgan, 1996, p. 43). Morgan aponta alternativas com relação a estruturas organizacionais que atendem a essa visão da empresa como um istema vivo, entre elas, a estrutura matricial, e sugere que esta possa ser uma solução pa organização batizada de ser uma solução para um tipo de organização batizada de adhocracia (Bennis, 1996, p. 59). Adhocracias são definidas como organizações temporárias, típicas de épocas e ambientes instáveis, incertos e turbulentos.
A adhocracia implica em criar equipes para levar a cabo um determinado projeto, com objetivos bastante focados, tanto quantitativa quanto qualitativamente; uma vez que esses objetivos são alcançados, essa equipe se dissolve, voltando às tarefas e às posições funcionais anteriores u, alternativamente, reagrupando-se e sendo alocadas a novos Morgan vê como principais vantagens da organização matricial a quebra das tradicionais barreiras interdepartamentais e interespecializações, bem como um aumento na flexibilidade e na adaptabilidade das empresas que operam em ambientes em rápida mudança; além disso, possibilita aos colaboradores que não pertencem à cúpula da empresa se fazer ouvir, por meio de sua participação como especialistas nas equipes dos projetos.
Como pontos negativos, o autor aponta a dificuldade das organizações fortemente burocráticas se adaptarem a um istema de múltiplas chefias ou de chefias dispersas, podendo provocar conflitos de lealdade nos participantes: a quem devo ser leal, em primeiro lugar, ao meu chefe de sempre ou ao – temporário, mas motivador – lider do projeto? Outro ponto negativo apontado por Morgan é o tempo excessivo gasto em reuniões de alinhamento (reuniões muitas vezes percebidas como “não-produtivas”) que esse tipo de estrutura costuma exigir, para que se garanta o permanente comprometimento dos membros do time. Morgan, contudo, propõe soluções para os pontos negativos da organização matricial, referindo-se, entre outros autores, a Peters Waterman (1996a, p. 63), que apon organização matricial, referindo-se, entre outros autores, a Peters e Waterman (1996a, p. 63), que apontavam oito principais características das organizações então consideradas excelentes em 1982.
Dessas características, pelo menos duas podem ser diretamente aplicáveis a organizações matriciais: “Orientação para a ação: as equipes de projetos tendem a ser pequenas, temporárias, compostas por indivíduos orientados para a solução de problemas e ação; a comunicação é essencial, existindo sério comprometimento com a aprendizagem a experimentação; problemas complexos são enfrentados mediante o desejo de transferir recursos para onde sejam necessários para encorajar a fluidez e a ação (por partes) [… ] e autonomia e espirito empreendedor. princípio que privilegia a inovação, descentralização e delegação de poder, bem como a ação no nível em que for necessária e finalmente uma atitude de tolerância sadia com fracassos”. (Peters e Waterman, 1996b, p. II. 5.
A visão de Mary Jo Hatch Completando a revisão teórica, Hatch (1 997a) propõe uma alternativa de solução para a questão da estrutura social da rganização por meio de uma estrutura matricial, aquela que, em seu ponto de vista, procura aproveitar o que há de melhor na estrutura funcional (eficiência) e na estrutura multidivisional (flexibilidade). Segundo ela, isso irá ocorrer se, ao montar a estrutura matricial, a empresa partir de uma lógica de produtos, de clientes ou de mercados geográficos. Sua proposta baseia-se na teoria da estruturação: “As organizações fazem com que as pessoas interajam regularmente umas com as outras. A teoria da estruturação considera que essas interações repetidas são a base da estrutura social. Por exe 0 DF 20