Fracasso escolar

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com a intenção de observar as concepções do péssimo desempenho escolar de uma criança, do sexo masculino, com 12 anos de idade e 7 meses, que chamaremos de G. M. Temos por base o livro de Patto “A Produção do Fracasso Escolar: história de submissão e rebeldia” o qual busca uma reconstrução histórica das idéias presentes na Psicologia. Importante para compreensão do modo escolar atual precisa-se ter uma visão clara da estrutura escolar ao longo da história. Assim, Patto retoma a história brasileira para fazer a comp -lal Studia Fracasso escolar Premium By sorima MapTa 16, 2011 14 pagos

O FRACASSO ESCOLAR COMO OBJETO DE ESTUDO Resumo: Este artigo nos apresenta uma análise das concepções em relação ao fracasso escolar a partir de uma investigação de cunho exploratório através de uma observação de caso de fracasso escolar. Estudou-se as necessidades de um aluno, de como a professora da instituição define seu trabalho, que recursos usa para desempenhá-lo e qual o grau de envolvimento com seus alunos. Só prestando atenção nestes contextos é que se compreende os mecanismos que permeia o fracasso escolar.

Ao resgatar a história de uma criança multi-repetente em ma escola pública de Joinville- SC, procuramos entender a to page razão do seu fracass percurso inverso do informações referent ao O processo foi de en Portanto, o objetivo 4 view nent page sidade de fazer o ça para buscarmos nteriormente. ndo ao passado. nho exploratóri02 compreensão da produção do fracasso escolar de um sistema de ensino que tinha uma lógica desde muitos anos atrás que não pode ser deixada de lado para entendermos a realidade educacional dos dias atuais.

Não existe crítica sem história, e, fazendo uma retomada nos marcos da história visamos um sistema de ensino que tem concepções lineares ao longo do empo. Na transição de produção feudal para o capitalismo surge um novo estilo de homem, um homem livre, assalariado e especializado em uma produção. o mercado controla esse mesmo homem e o poder especializado ocupado pelos “mal nascidos” que, antes produtores independentes, passam a ser sujeitos dentro de uma divisão social entre os capitalistas e os proletariados.

Toda essa mudança ocorrida nas relações de produção visou libertar o homem do jugo do feudalismo e torná- lo livre para vender sua força de trabalho. Essa transformação, o advento da mais-valia, a transformação do trabalho em ercadoria, tem decorrências profundas na sociedade humana e, também, no comportamento humano, que, obviamente estiveram dialeticamente relacionadas. A mão de obra especificada, com novos horários e ritmos de trabalho e novas condições e maneiras de produção não privilegiava a visão de estudo, escolarização mas apenas aprender a sua habilidade específica.

Assim, a escola aos poucos vai adquirindo sign’ficados diferentes para diferentes classes sociais a partir dos lugares que ocupavam em seus trabalhos, criando também uma idéla a respeito das diferenças de rendimento escolar entre alunos urgindo as desigualda 20F 14 uma idéia a respeito das diferenças de rendimento escolar entre alunos surgindo as desigualdades e diferenças dentro da mesma escola entre os sujeitos. Nessa perspectiva, o fracasso escolar passa a ser explicado pela existência de diferenças individuais na capacidade de aprendizagem das crianças.

Patto (1990) faz a seguinte afirmação: “E o fato de os novos homens bem-sucedidos o serem aparentemente por habilidades e mérito pessoal – já que não o eram por privilégios adquiridos do nascimento – confirmava uma visão de mundo na qual o sucesso dependia fundamentalmente do individuo”. A psicologia diferencial entra com o auge da ciência em uma teoria que tem um modo de investigar as diferenças individuais, suas causas, consequências entre grupos e desde o inicio dedica-se aos estudos do que pode ser mensurável, observável dentro de um laboratório científico e comprovado.

Portanto, a determinação hereditária dos sujeitos necessitava também de investigação e comprovação, não considerando os instrumentos sociais e históricos dos mesmos. patto postula que a ciência nunca foi neutra e sempre esteve presente para manter uma idéia que as pessoas acreditavam nas verdades ditas. O questionamento surgia quando havia suposição de que aquela verdade não existia, assim como a concepção de leitura da escola era desde o início uma verdade acreditada.

A instituição e a história cultural são diferenças formadas por questões acreditadas. A ciência e a Ideologia se confundem pois fazem a leitura quanto opção ideológica e quanto a escolha psicológica, pode ser implíc 30F 14 confundem pois fazem a leitura quanto opção ideológica e quanto a escolha psicológica, pode ser implícita ou explicitamente mas em qualquer posição vai haver uma leitura dialética ou positivista.

Como no in[cio da discussão da escola nova é de ser universal e para todos, a promessa não se cumpre. um estudo de casoSolicitamos uma criança com histórico de fracasso escolar e um dos funcionários deixa disponível uma lista de crianças de uma sala de aula inteira onde pode-se escolher aleatoriamente pois aquela sala só tem crianças com histórico de repetências e fracassadas na escola.

Ao resgatar a história da criança estudada desde a primeira entrevista foi necessário além de ouvi-la, instigá-la a lembrar o nome de outras escolas em que estudou pois na escola onde se encontrava, apesar de seus elatos e de estar com 12 anos, estava matriculado na primeira série como se não tivesse antes passado por nenhuma outra escola pois não existiam documentos.

Na secretaria da escola não constava nenhum documento, nem mesmo a certidão de nascimento comprovando sua idade e filiação. Na conversa com profissionais da escola torna-se clara a falta de esperança em recuperá-lo pois os mesmos colocam G. M. como sendo de uma família de risco social e que ele residia em um abrigo transitório da cidade, longe dos cuidados maternos.

O numero de crianças que estão nos abrigos e possuem família também é um dado que hama a atenção A maioria está abrigada devido a condição sócio- ecomonômica da família, violência doméstica ou dependência de drogas dos responsáveis, AGE 4 4 sócio-ecomonômica da familia, violência doméstica ou dependência de drogas dos responsáveis, este último sendo motivo semelhante ao de G. M. Estes complexos geralmente não envolvem o trabalho com a família, e estes lugares muitas vezes separam as crianças por idade, deixando os Irmãos separados.

Os abrigos funcionam 24 horas e muitas das crianças só saem para ir à escola. Às vezes visitam a familia uma vez or mês, mas nao há convivência nem com a própria família, assim como no caso de G. M. Por medo da Instituição lhes dar liberdade, acabam limitando demais as ações da criança, e ela fica sem mobilidade alguma. Segundo Weber “Por tudo isso, faz-se necessário olhar para a formação do apego na vida da criança institucionalizada, uma vez que existem no Brasil cerca de 200. 000 crianças abandonadas, das quais 195. 000 estão em abrigos.

Constata-se que essas crianças são encaminhadas aos abrigos por serem vítimas de abandono, maus tratos, violência sexual, negligência parental, miséria e por uma adoção má ucedida” (Weber, 2001 )Mesmo com todas essas transições de escolas, de professoras, a falta de vínculo com as mesmas e o baixo rendimento escolar verificou-se aspectos construtivos na evolução da escrita diante das atividades que realizamos. Segundo critério de Ferreiro, G. M. estaria na Hipótese Alfabética pois nas atividades escreveu muito bem realizando uma análise sonora dos fonemas das palavras que escrevia.

No entanto ainda lhe falta dominar melhor as regras gramaticais, especialmente de ortografia. A presença dos erros ortográfic 4 regras gramaticais, especialmente de ortografia. A presença dos rros ortográficos é um indicador da forma pela qual ele chegará a descobrir as funções da escrita, a representação que esta realiza e sua organizaçào. Acreditamos que o baixo rendimento escolar e as faltas de G. M. não estavam vinculadas a falta de domínio na escrita. Na idéia de sua professora, há falta de vontade de G. M.

No entanto, é preciso observar que G. M. não possui uniforme escolar, ao contrário dos colegas, seu material escolar é precário em relação a de seus colegas e há diferença de tratamento em sala de aula, de modo que seria muito simplista atribuir o baixo desempenho de G. M. apenas “há falta de vontade”, quando ele nao tem apoio material ou humano que possa estimulá-lo ao estudo. O drama familiar de H. M e o reflexo no seu desempenho escolarGeralmente quando uma criança é encaminhada pela professora da escola, ela já tem histórico de fracasso escolar.

Por essa razão, apresenta-se multo negativa, ele não acredita mais, duvida de suas habilidades e potencialidades, generalizando uma dificuldade sua para outras áreas que domina. Se, entre os dados subjetivos pergunta-se a criança “qual é sua habilidade? ” muitos não sabem o que responder pois se acham incapazes de azer qualquer coisa. E isso não é verdade pois todo mundo tem habilidade para alguma coisa. O problema é que aquelas pessoas foram criadas para pensar que não sewem para nada. G. M já havia passado por duas escolas em anos anteriores. O motivo de G. M. er saído de sua primeira escola no meio da seg 6 4 escolas em anos anteriores. O motivo de G. M. ter saido de sua primeira escola no meio da segunda série foi porque o pai queria que ele ficasse longe do mangue e longe da mãe. A segunda escola frequentada era por “módulos” mas lá não ficou muito tempo pois foi levado ao abrigo. Houve momento de ndignação quando nos deparamos com a professora mais uma vez reclamando da falta de vontade de G. M. em fazer a tarefa escolar, mesmo sabendo que G. M se encontrava residindo em um abrigo, longe dos cuidados de seus pais e sem o auxilio dos mesmos.

Verificamos o conteúdo da tarefa que G. M. tinha ignorado. Continha ali perguntas para ser respondidas com seus pais referentes aos cuidados que ele tem em casa, sobre qual a comida que ele mais gosta “preparada pela mamãe” as brincadeiras com os irmãos, não esquecendo que no abrigo eles são separados por idade e assim G. M. fica separado de seu rmão mais novo. Em outra ocasião, também nos indignamos com a diferença de tratamento em relação a G. M. Nos deparamos com ele, em horário de aula, sozinho na biblioteca da escola e ninguém dentro de sua sala de aula.

A resposta de onde estavam seu colegas veio logo: “Todos foram ao teatro. Menos eu. Eu não tenho três reais para ir lá. Também não tenho como ir pois precisa de uma autorização dos pais. No abrigo a tia não assina. ” No dia seguinte G. M. não foi à aula, permanecendo a tarde toda na rua até o horário de retorno ao abrigo. E ele diz: “Eu nao fui mesmo tia. A minha professora disse que tinha que escrever sobre o teatro. Eu não sei escrever sobre isso”An 4 A minha professora disse que tinha que escrever sobre o teatro.

Eu não sei escrever sobre isso”Antes de trabalhar qualquer dificuldade de aprendizagem do aluno, deve-se fazer uma reflexão sobre sua vida, dúvidas, conflitos e incertezas. Ter um envolvimento com sua história. Fazê-lo acreditar que é capaz, que possui dons e habilidades específicas que podem ajuda-lo a superar suas dificuldades. Ajudá-lo a entender o mundo em que vive e o lugar que nele ocupa. A relação pedagógica, o olhar do rofessor em quem é investido dentro da sala com ela e quem não se investe é da responsabilidade do próprio professor, o que é reflexo de sua formação.

Para se ensinar adequadamente uma criança, é necessário que se compreenda a relação dela com sua família e também com outras crianças da escola, não podendo se confundir “falta de vontade” da criança em aprender, com os dramas que ela vivencia. De fato na prática esse olhar de desinvestimento foi verificado nas obsewaçóes dentro da escola em relação a G. M. A experiência deste estudo de caso nos mostra como nosso olhar passa por filtros que nos impedem de er a realidade do outro, são filtros teóricos e de preconceitos.

A partir do momento em que se pode olhar para essa realidade, vivê-la e pensá-la dentro da vertente em que a criança foi educada percebe-se que ela é cheia de marcas, de pensamentos e comportamentos estereotipados, e normalmente a criança se comporta como os outros lhe ensinaram a se comportar, o que reflete no seu desempenho escolar. Não há uma escolha da criança. No caso estudado G. M. tem 80F 14 o que reflete no seu desempenho escolar. Não há uma escolha da criança. No caso estudado G. M. em a certeza de que não recisa estudar pois será um ótimo pedreiro como o pai foi até o pai ser um dependente de drogas; mas como diz G. M. “ele ainda vai ‘ficar bom disso’ e eu vou trabalhar com ele. ” Do Fracasso ao sucesso – da alienação a superaçãoReinvençãoA vida só é possívelreinventada. Anda o sol pelas campinase passeia a mao douradapelas águas, pelas folhas… Ah! Tudo bolhasque vêm de fundas piscinasde ilusionismo… – mais nada. Mas a vida, a vida, a vida,a vida só é posslVelreinventada. Vem a lua, vem retina,as algemas dos meus braços.

Projeto-me por espaçoscheios da tua Figura. udo mentira! Mentirada lua, na noite escura. Não te encontro, não te alcanço… Só – no tempo equilibrada,Desprendendo-me do balançoque além do tempo me leva. Só – na treva,fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida,a vida só é possívelreinventada. cecília MeirelesO poema de Cecilia Meireles em epígrafe abre a possibilidade de fazer uma relação de uma educação estagnada e da possibilidade de uma compreensão e resignificação tanto do educador quanto do educando. bservando os dados oficiais percebemos que a reprovação e a evasão na escola pública brasileira assume proporções inaceitáveis. A repetência e o fracasso escolar para erem compreendidos, devem, em primeiro lugar, realizar a revisão dessa constituição escolar ao longo da história para assim mudar conceitos em relação ao ranço que ficou estagnado e não parar de produzir pesquisas nessa área para questiona em relação ao ranço que ficou estagnado e não parar de produzir pesquisas nessa área para questionamento das teorias e métodos tradicionais ainda utilizados.

Devemos sempre estar atentos a real condição do educador e do educando. O professor, como representante do papel que lhe é socialmente atribuído, ou seja, ensinar, depara-se com vários dilemas seus que se isturam com o papel da profissão que ocupa. Os professores assumem, além de ensinar, a disciplina e em tornar uniforme o que é diferente produzindo assim, via educação, os privilégios e os sofrimento.

Sempre que a escola falha na assistência e na formação do aluno, quebra-se um elo no ritmo natural de um desenvolvimento potencial de conquistas, estabelecendo-se a desordem. Desordem que pode levar a vida do aluno ao caos e que se reflete na desestruturação da sociedade. Sempre que a escola desvirtua seu papel primordial, desencadeia-se um mecanismo automático de ressonância, que passa a repercutir na rdem social de uma cidade, de um pais, do mundo.

Na criança problema nos dias de hoje não se faz igualdade social, se faz ustiça social pois não é todo mundo igual e deve-se reconhecer essas diferenças mas a escola nivela todos como iguais e não se adequar com a origem social de cada um. Dentro da escola quem pode mais tem menos fracasso escolar. Mesmo diante destes conceitos sociais o termo resiliência vem se tornando cada vez mais conhecido entre os profissionais de psicologia e pedagogia. No caso de G. M, que enfrentou as carências afetivas herdadas por uma infância difícil pode haver 0 DF 14

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