Interdisciplinaridade
INTERDISCIPLINARIDADE: UM AVANÇO NA EDUCAÇÃO! Rúbia Mara Pacheco 1. INTRODUÇÃO: -A REALIDADE É UM BANCO DE IDÉIAS “Em grandes grupos, em dupla ou até mesmo sozinho é possível integrar diferentes matérias e levar os alunos a compreender plenamente os conteúdos curriculares”. A Interdisciplinaridade refere-se a uma nova concepção de ensino e de curr[culo, baseada na interdependência entre os diversos ramos do conhecimento. Paradigma (modelo, para designar a form cérebro humano. Ne modelo, um modo d Segundo o construtiv PACE 1 ar 8 Sv. pe to tualmente usado ionamento do ma estrutura- ce com potencial para aprender. Mas este potencial – esta capacidade • só se desenvolverá na interação com o mundo, na experimentação com o objeto de conhecimento, na reflexão sobre a ação. A aprendizagem se organiza, se estrutura num processo dialético de Interlocução. Por isto a escola utiliza hoje as dinâmicas de grupo, que possibilitam a discussão, o diálogo. É preciso haver o elemento dialogante, para que o saber se construa. Nossos pontos de vista e nossas idéias se clareiam quando temos com quem discuti-los.
A interação social no grupo de sala de aula é, ois, fundamental, para que a aprendizagem circule, movida pelas relações afetivas. A organização acadêmica tradicional, com os alunos fechados em si mesmos, pensando e produzindo sozinhos, deve abrir espaço para que aconteça a polifonia, o debate, o trabalho coletivo, a interlocução. Por outro lado, uma aprendizagem significativa exige, além da interlocução e da experimentação, o movimento do corpo no espaço e a utilização das estruturas mentals para relacionar os estimulos recebidos, formando conceitos claros.
Conceituar é, para os filósofos gregos antigos, a primeira operação da mente – o ato pelo qual espírito produz ou representa em si mesmo alguma coisa, compreendendo-lhe o significado. Para discutirmos o tema “interdisciplinaridade”, começaremos pela compreensão de alguns termos específicos, conceituando-os com clareza. INTER/DISCIPLINAR/IDADE deriva da palavra primitiva DISCIPLINAR (que diz respeito à disciplina), por prefixação (INTER- ação recíproca, comum) e sufixação (DADE – qualidade, estado ou resultado da ação).
Disciplina refere-se à ordem conveniente a um funcionamento regular. Originariamente significa submissão ou subordinação a um regulamento superior. Significa também “MATÉRIA (campo de conhecimento determinado que se destaca para fins de estudo) tratada didaticamente, com ênfase na aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento de habilidades intelectuais. ” É uma palavra muito presente em instituições como o exército, a fábrica e a Igreja, que valorizam a disciplina na formação de seu pessoal.
A utilização desta mesma palavra para denominar os conteúdos escolares refere-se tanto à necessidade de submeter-se a mente à mesma ordem que controla o corpo dos educandos, quanto ao tratamento didático que deve ser dado a cada matéria escolar. Na medida em que garantimos a integração dos conteúdos, estamos ga ser dado a cada matéria escolar. estamos garantindo também sua significação para os alunos. Consequentemente, crescerá o interesse dos alunos pela escola, que, cada dia mais, perde espaço para a midia e para todos os atrativos tecnológicos e eletrônicos dos meios de comunicação, computação e diversão.
Um grande problema da transformação curricular é que a escola é hoje uma das instituições sociais mais resistentes à mudança. Talvez, em parte, isto se deva ao fato de serem os professores os únicos profissionais que “nunca saem da escola”. Nela eles se formam, como os demais profissionais, e nela eles permanecem atuando, repetindo o mesmo modelo de seus antigos professores, enquanto os demais profissionais deixam a escola para atuar em outros locais de trabalho. Em grandes grupos, em dupla ou ate mesmo sozinho é possível integrar diferentes matérias e levar os alunos a compreender plenamente os conteúdos curriculares.
Essa abordagem interdisciplinar so acontece quando os conteúdos das disciplinas se relacionam para a ampla compreensão de um tema estudo. Não é só trabalhar o mesmo assunto para trabalhar de forma interdlscipllnar, isso só é penas multidisciplinaridade. Ao utilizar os conhecimentos de outras áreas que não são de seu domínio, você pode encontrar dificuldades. Mas aprender com os colegas é uma das grandes vantagens dessa prática, que estimula a pesquisa, a curiosidade e a vontade de ir aos detalhes para entender que o mundo não é disciplinar. . A RELIDADE É UM BANCO DE IDÉIAS 0 caminho mais seguro para fazer a relaçã PAGF3rl(F8 é disciplinar. O caminho mais seguro para fazer a relação entre as disciplinas é se basear em uma situação real. A abordagem interdisciplinar permite que conteúdos que você daria de forma convencional, eguindo o livro didático, sejam ensinados e aplicados na prática- o que da sentido ao estudo. Para que a dinâmica de certo, planejamento e sistematização são fundamentais. Ainda mais se muitos professores vão participar. . COMO A ESCOLA PODE TORNAR-SE INTERDISCIPLINAR O primeiro passo rumo à nova proposta é a mudança do paradlgma de escola e da postura dos professores. A função da escola já não é integrar as novas gerações ao tipo de sociedade pré-existente, pela modelagem do comportamento aos papéis sociais prescritos e ao acervo de conhecimentos acumulados. Segundo Caniato (1989), “O objetivo de ensino undamental é dar ao educando uma idéia integrada da vida e das relações dos seres vivos entre si e com a natureza. … ) O mundo não está dividido em Física, Química, Biologia. A formação de conceitos exige que se respeite a unidade do conhecimento. Ciência é o conhecimento organlzado, de modo sistemático, sobre nossa interação com a natureza. ” No novo conceito de papel social da educação, a escola tem a função de construir, pela práxis, uma nova relação humana, revendo criticamente o acervo de conhecimentos acumulados e tomando consciência da participação pessoal na definição de apéis sociais.
Para que este novo papel social da educação se cumpra, é preciso rever o funcionamento da escola, não só quanto a conteúdos, metodologias e atividades, PAGF cumpra, é preciso rever o funcionamento da escola, não so quanto a conteúdos, metodologias e atividades, mas também quanto à maneira de tratar o aluno e aos comportamentos que deve estimular, como: a auto-expressão (Ilvre, critica, criativa, consciente); a auto-valorização (reconhecimento da própria dignidade); a co-responsabilidade (iniciativa, participação, colaboração); a curiosidade e a autonomia na construção o conhecimento (estabelecendo rede de significação interdisciplinar), entre outros. A qualidade da educação, grande preocupação dos administradores escolares hoje, será alcançada via gestão participativa, trabalho de equipe (parceria, cooperação) e currículo interdlsciplinar – todos estes mecanismos que superam o modelo individualista, fragmentado e centralizador de administração e de produção do saber. O segundo passo rumo à operacionalização do currículo interdisciplinar é, pois, a administração participativa e a metodologia participativa.
Uma prática escolar interdisciplinar tem algumas características ue podem ser apontadas como fundamentos ou “pistas” para uma transformação curricular e que exigem mudanças de atitude, procedimento, postura por parte dos educadores: • perceber-se interdisciplinar, sentir-se “parte do universo e um universo à parte” (Fazenda 1991)- (resgatar sua própria inteireza, sua unidade); • historicizar e contextualizar os conteúdos (resgatar a memória dos acontecimentos, interessando-se por suas origens, causas, conseqüências e significações; aprender a ler jornal e a discutir as notícias); • valorizar o trabalho em parceria, em e aprender a ler jornal e a discutir as notícias); ?? valorizar o trabalho em parceria, em equipe interdisciplinar, integrada (tanto o corpo docente como o corpo discente), estabelecendo pontos de contato entre as diversas disciplinas e atividades do currículo, • desenvolver atitude de busca, de pesquisa, de transformação, construção, investigação e descoberta; • definir uma base teórica única como eixo norteador de todo o trabalho escolar, seja ideológica (que tipo de homem queremos formar), psicopedagógica (que teoria de aprendizagem fundamenta o projeto escolar), ou relacional (como são as relações interpessoais, a questão do poder, da autonomia e da entralização decisoria na escola); • dinamizar a coordenação de área (trabalho integrado com conteúdos afins, evitando repetições inúteis e cansativas), começando pelo confronto dos planos de curso das diversas disciplinas, analisando e refazendo os programas, em conjunto, atualizando-os, enriquecendo-os ou “enxugando-os”, iniciando-se, assim, uma real revisão curricular; • resgatar o sentido do humano, o mais profundo e significativo eixo da interdisciplinaridade, perguntando-se a todo momento: – “o que há de profundamente humano neste novo conteúdo? ou “em que este conteúdo contribui para que os alunos se tornem mais humanos? ‘ • trabalhar com a pedagogia de projetos, que elimina a artificialidade da escola, aproximando-a da vida real e estimula a iniciativa, a criatividade, a cooperação e a co-responsabilidade. Desenvolver projetos na escola é, seguramente, a melhor maneira de garantir a integração de c maneira de garantir a integração de conteúdos pretendida pelo currículo interdisciplinar. Um projeto surge de uma sltuação, de uma necessidade sentida pela própria turma e consta de um conjunto de tarefas planejadas e empreendidas spontaneamente pelo grupo, em torno de um objetivo comum.
Para Jolibert (1994), “a pedagogia de projetos permite viver numa escola alicerçada no real, aberta a múltiplas relações com o exterior: nela a criança trabalha “pra valer” e dispõe dos meios para afirmar-se como agente de seus aprendizados, produzindo algo que tem sentido e unidade”. Como ensinar relacionando disciplinas. • parta de um problema de interesse geral e utilize as disciplinas como ferramentas para compreender detalhes. • Como um professor especialista, você tem a função de um consultor da turma, tirando dúvidas relativas à sua disciplina. ?? Inclua no planejamento ideias e sugestões dos alunos. • Se você é especialista, não se intimide por entrar em área alheia. Pesquise com os estudantes. • Faça um planejamento que leve em consideração quais conceitos podem ser explorados por outras disciplinas. ?? Levante a discussão nas reuniões pedagógicas e apresente seu planejamento anual para quem quiser fazer parcerias. • Recorra ao coordenador. Ele é peça chave e percebe possibilidades de trabalho. • Lembre-se de que a interdisciplinaridade não ocorre apenas em grandes projetos é poss[vel pratica-la entre dois professores u ate mesmo sozinho. Exemplo: na interdisciplinaridade, duas ou mais Exemplo: na interdisciplinaridade, duas ou mais disciplinas relacionam seus conteúdos para aprofundar o conhecimento. Dessa forma, o professor de geografia, ao falar da localização do Cristo Redentor, poderia utilizar a história da ocupação da cidade para entender os impactos ambientais no entorno. 4.
CONCLUSÃO Reallza-se, assm, a proposta da interdisciplinaridade de buscar o sentido e a unidade do conhecimento e do ser, é, portanto, a articulação que existe entre as disciplinas para que o conhecimento do aluno seja global, e não fragmentado. ? muito comum a ideia de que, ao utilizar um tema gerador, se garante a interdisciplina. Ela não se resume em escolher um tema e aborda-lo segundo a visão de duas ou mais disciplinas. O tema gerador pode ser um ponto de partida, mas não o centro do estudo e nem se alongar muito, para os alunos não se cansarem. Ao planejar, portanto, é importante levantar quais possibilidades de trabalhar de forma interdisciplinar ao longo do ano. Essas oportunidades podem ser criadas com base nas pesquisas dos alunos e do próprio professor ou em parceria com os colegas de outras disciplinas. PAGF8rl(F8