Introdução a administração

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FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO 10 P erío do Adm in i st r n te gral/ No tu rn o Estudo de Caso: Roger Agnelli e a CVRD 1 A Companhia Vale do Rio Doce Criada em 1942, durante o Governo Vargas, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) representava os interesses nacionais na exploração das minas de fero de Minas Gerais. Fruto do nacionalismo característico da to vien época e do intervenc em um contexto de exemplificado també Nacional (CSN). A exp dos pilares da polític OF9 ma, a CVRD nasceu ria de base brasileira, _ o anhia Siderúrgica -pe nent page I brasileira era um Vargas, que visava alavancar a industrialização no país.

Como empresa estatal, a Vale do Rio Doce desenvolveu um processo de gestão extremamente burocrático. Como conseqüência, muitas oportunidades que necessitavam de respostas imediatas eram perdidas. Além disso, as decisões sempre foram muito centralizadas nas mãos dos administradores de topo, o que era um ponto negativo em comparação às maiores mineradoras do mundo. Interesses políticos também influenciavam corriqueiramente o ambiente e as decisões na CVRD. Até a alocação de recursos e a nomeação de diretores eram influenciadas por autoridades políticas.

A manipulação da organização como instrumento político e conômico limitou suas possibilidades de crescimento. Em 1997, no primeiro governo de Fernando Henr Henrique Cardoso, a Vale do Rio Doce foi privatizada no Programa Nacional de Desestatização. Foi um processo conturbado, já que muitos grupos defendiam a manutenção das estatais. Um consórcio formado pelo Banco Bradesco, pelo empresário Benjamim Steinbruch – um dos SÓCIOS majoritários da CSN – e por outros investidores foi o vencedor do leilão e, a partir daí, diversas medidas foram tomadas para tornar a CVRD mais eficiente e lucrativa.

As deficiências da empresa, na condição e estatal, eram muitas, e vencê-las demandaria de seus novos administradores empenho e talento. Entre eles estava Roger Agnelli, presidente da Bradespar SIA — organização que congrega as participações do Bradesco em empresas não financeiras – o executivo que mais tarde assumiria a presidência executiva da CVRD e conduziria a organização a um grande crescimento, posicionando-a entre as três maiores do mundo no ramo da mineração.

Perfil e carreira do executivo Roger Angelli iniciou sua carreira de administrador no Banco Bradesco, em março de 1981, como analista de investimentos, antes mesmo de se ormar em economia. Destacou-se nessa organização por seu perfil de negociador agressivo e pela forma como se comunicava interna e externamente. A comunicação foi um importante diferencial, já que ele era uma das poucas pessoas que falavam inglês fluentemente.

Isso possibilitou que desempenhasse importante papel no processo de internacionalização do mercado de capitais, tornando-se um funcionário Vital no momento em que a integração mundial dos mercados financeiros já era uma realidade. – In: SOBRAL, em que a integração mundial dos mercados financeiros já era uma realidade. – In: SOBRAL, Felipe; PECI, Alketa. ADMINISTRAÇÃO. TEORIA E PRÁTICA NO CONTEXTO BRASILEIRO. São Paulo: PEARSON – Prentice Hall, pp: 27-29, 2008. Fontes: Site oficial da empresa (www. vrd. com. br); e, C. Vassalo, “No comando da número 1” Revista EXAME, 840, 2005, p. 24-30. 1 Prof. Bezamat de Souza Neto, D. Sc. – DECAC/UFSJ — bezamat@ufsj. edu. br ; bizuca@mgconecta. com. br FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO 10 P erío d o Ad m in st r aç ao — n t egra I / No tu rn o Por outro lado, Agnelli soube cultivar uma rede de relacionamentos interpessoais, além de aproximar-se de pessoas poderosas, entre os quais o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, conquistando sua admiração e proteção.

Também sabia como trabalhar com as pessoas, e suas palavras eram capazes de influenciá-las, o que demonstrava desde logo sua vocação para a liderança. Por seu perfil de líder, qualidade e experiência, o executivo trilhou uma carreira de sucesso na instituição financeira. Aos 38 anos, Roger Agnelli tornou-se o mais Jovem diretor executivo da história da organização. Enquanto subia na hierarquia do Bradesco, ia adquirindo uma visão global da organização e percebia como se dava a interação do banco com o governo, com os demais agentes financeiros e com os clientes.

Em 2000, Agnelli chegou à presidência da Bradespar SIA, um dos cargos que acumulava quando chegou à presidência da Vale do 3 presidência da Bradespar SIA, um dos cargos que acumulava quando chegou à presidência da Vale do Rio Doce. Chegada à presidência da CVRD Após a privatização da CVRD, a capacidade de negociação de Agnelli foi posta à prova. Havia grandes divergências entre Steinbruch, da CSN, e os demais administradores da CVRD quanto ao rumo estratégico do negócio.

A situação tornava-se insustentável: era preciso solucionar rapidamente os impasses entre os sócios da rganização, caso contrário, oportunidades de negócio seriam perdidas. Diferentemente de Steinbruch, Agnelli acreditava que a siderúrgica e a mineradora tinham prioridades distintas. A complexa negociação teve fim após um longo per[odo de análises como os acionistas das duas companhias. O Bradespar SIA abriu mão de sua participação da CSN e Steinbruch desligou se da CVRD em 2000.

O executivo assumiu a presidência do Conselho da empresa em 2000 e passou a ser considerado o principal administrador da organização. Apenas em 2001 , porém, Roger Agnelli assumiria o cargo de diretor-presidente da CVRD. Havia três altos executivos de outras empresas cotados para assumir esse cargo; contudo, Agnelli surpreendeu o mercado e tomou a decisão de ocupar o cargo. Isso causou espanto, já que ele não era um especialista em mineração e nunca havia presidido uma empresa tão grande.

Entretanto, todas as dúvidas mostraram-se descabidas quando Agnelli tomou suas primeiras medidas. Desde o final do processo de desligamento de Steinbruch, Agnelli vinha discutindo como os acionistas da CVRD um plano estratégico de longo prazo que focasse as área 4DF9 longo prazo que focasse as areas de mineração e logística. De cordo com o projeto, a empresa deveria concentrar as atividades na sua principal área de atuação, ou seja, na mineração. A reestruturação da CVRD Os planos traçados eram simples, e as metas deveriam ser cumpridas à risca.

Segundo ele, era importante que os objetivos estabelecidos fossem alcançados de acordo com as especificações planejadas, o que demonstraria a seriedade e a competência da nova gestão. Uma das primeiras medidas de Agnelli foi a venda de negócios sem ligação com o setor de mineração. De 2001 até a metade de 2005, 12 negócios sem ligações com a exploração mineral foram vendidos. A CVRD desvencilhou-se de ativos que não se enquadravam na visão estratégica da organização, como papel, a celulose, a navegação, as florestas e os fertilizantes.

Os 2,1 bilhões de dólares arrecadados foram investidos na compra de 12 empresas de mineração, possibilitando a investida em outros metais, como o cobre, e a ampliação de negócios, como o manganês e o alumínio. A alocação desses recursos nesses setores prof. Bezamat de souza Neto, D. SC. – DECAC/UFSJ bezamat@ufsj. edu. br ; bizuca@mgconecta. com. br 2 aç ão- ntegr a / No t u rn o específicos estava baseada na estratégia adotada elo executivo de enfatizar os negócios de exploração mineral da empresa.

Agnel S estratégia adotada pelo executivo de enfatizar os negócios de exploração mineral da empresa. Agnelli, desde os primeiros meses de sua gestão, buscou tornar a CVRD mais eficiente e produtiva, agilizando os processos, intensificando a comunicação entre os setores e adotando uma estratégia simples o suficiente para que todos entendessem os objetivos organizacionais. O diálogo entre Agnelli e sua cúpula de sete diretores executivos é constante para que sempre se aprimorem os negócios. Uma medida tomada pelo executivo foi reproduzir na Vale do Rio

Doce o que já havia experimentado no Bradesco. Ele reuniu toda a diretoria em uma única sala na sede da empresa. Dessa forma, a agilidade na comunicação e na resolução de problemas seria maximizada. Outra aposta da administração de Agnelli foi a internacionalização das atividades da empresa para poder competir com as maiores mineradoras mundiais. Como uma das maiores mineradoras do mundo, nao bastava a CVRD crescer no Brasil; era necessário expandir ao máximo seus negócios, a fim de globalizar e diversificar a produção.

Defensor dessa política, o executivo, mais uma vez, mostrou sua ocação para as negociações com diversos parses africanos para fechar acordos de exploração. A África é um mercado produtor importante, em virtude de suas reservas minerais, do seu baixo custo de exploração e da proximidade da Europa. Atualmente, a organização está presente em 12 países e, entre outros negócios, explora cobre no Chile, potássio na Argentina e diamante e minério de ferro em Angola. Os desafios de Agnelli na liderança da CVRD Na e diamante e minério de ferro em Angola.

Os desafios de Agnelli na liderança da CVRD Na empresa, Agnelli teve a oportunidade e mostrar um perfil empreendedor e um raro senso de oportunidade, tornando a CVRD a maior empresa privada brasileira e uma das que mais crescem no pais. Segundo ele, “todas as ações que resultem em crescimento do consumo de nossos produtos e permitam uma proximidade cada vez maior com o cliente estão em linha com o nosso planejamento estratégico”. Além disso, considera fundamental a ética nas suas atividades como administrador.

De acordo com ele, é vital “uma visão de longo prazo, de transparência, de conduta, e de atitude”. Desde a privatização da empresa, Agnelli luta para modificar as aracterísticas negativas herdadas dos tempos como estatal. para isso, a elevação da produtividade é uma meta constante em sua gestão, a fim de incentivar sempre os funcionários a agilizar processos. Estimulando a comunicação interna, o executivo almeja acelerar a rapidez da tomada de decisões, garantindo respostas rápidas às oportunidades e problemas, o que é vital em um setor globalizado e competitivo como o da mineração.

No entanto, apesar de ter acelerado os procedimentos na CVRD, ele ainda centraliza muitas decisões da organização, um resquício dos tempos de estatal. Agnelli personifica o sucesso da empresa. Freqüentemente, é considerado o líder responsável pelos excelentes resultados da organização. Além disso, estando à frente da maioria das negociações no Brasil e no mundo, é Visto como um símbolo por funcionários, por clientes e pela sociedade. Sua in no mundo, é visto como um símbolo por funcionários, por clientes e pela sociedade.

Sua influência no mundo econômico e político conferem-lhe prestígio e poder, legitimando a sua liderança na CVRD. Além disso, sua dedicação ao trabalho é surpreendente, servindo de exemplo aos demais funcionários. Desde que o executivo assumiu a empresa, ela cresce a uma taxa média de 15% ao ano. Seu valor de mercado é o maior entre empresas privadas latino-americanas e seu lucro prof. Bezamat de Souza Neto, D. Sc. – DECAC/UFSJ bezamat@ufsj. edu. br ; bizuca@mgconecta. com. r 3 FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO 10 P d o Ad m in st r I / No tu rn o cresce ano após ano, bem como suas exportações. Presente em países, a CVRD tem uma produção diversificada e é um exemplo de competitividade no mundo dos negócios. Segundo Agnelli, “a Vale sempre foi como um cavalo de raça – forte, bonito e musculoso”. E completa: “agora, bem alimentado e reinado, ele pode disparar Após a leitura do material (disponibilizado no xerox), “Introdução à Administração e às Organizações” — In: SOBRAL Felipe; PECI, Alketa. ADMINISTRAÇÃO.

TEORIA E PRÁTICA NO CONTEXTO BRASILEIRO. sao Paulo: PEARSON – Prentice Hall, pp: 3-27, Cap. 1, 2008, responder às questões sugeridas abaixo. Antes, caso queiram e para aprofundamentos, clique no link: http://epocanegocios. globo. com/Revista/Com 8 http://epocanegocios. globo. com/Revista/Common/O„EM1207763 -16355,OOROGER+AGNELLI+FALA+A+EPOCA+NEGOClOS. html Questões: 1. A privatização da CVRD foi um processo conturbado. Quais os argumentos utilizados a favor e contra a desestatização dessa organização? Pesquise informações complementares.

Dê exemplos de cada uma das habilidades gerenciais que, segundo Katz, Roger Agnelli 2. demonstrou possuir na condição de administrador do Bradesco e da CVRD. 3. De que maneira as habilidades gerenciais mencionadas foram se tornando mais ou menos relevantes ao longo do percurso profissional de Roger Agnelli? 4. Quais os principais problemas com que Agnelli se deparou após a privatização da CVRD? 5. Roger Agnelli já planejava o futuro da CVRD antes mesmo de assumir ua presidência. Você concorda com essa afirmação? 6.

Quais os papéis que, segundo Mintzberg, Agnelli representou como administrador da CVRD? Dê exemplos de cada um deles. 7. Você consideraria Roger Agnelli um típico administrador brasileiro? Que traços do sistema cultural brasileiro são evidentes em sua administração da CVRD? 8. Você acredita que a CVRD esteja preparada para enfrentar os desafios que se adivinham em seu futuro? De que forma Roger Agnelli contribui (ou não) para isso? Prof. Bezamat de Souza Neto, D. Sc. – DECAC/UFSJ — bezamat@ufsj. edu. br ; bizuca@mgconecta. com. br 4 g

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