Resenha cortiço
Universidade Anhanguera – Uniderp Centro de Educação a Distância Geórgia OF3 p Resenha crítica da obra O cortiço de três chegam a 99 casinhas. Há também o dinheiro dos aluguéis que vão sendo investidos, numa postura claramente capitalista, e também o furto que João Romão e seu amante vão realizando do material de construção dos vizinhos, tornando-se o Cortiço São Romão. No primeiro aspecto, as condições do meio — água ? vontade – permitiu que a moradia coletiva se desenvolvesse.
De fato, os moradores do cortiço vão formar uma galeria de tipos extremamente rica, colorida, autorizando-nos a dizer ue essa coletividade é que se torna a melhor personagem da obra. A moradia coletiva comporta-se como um só personagem, um ser vivo. Nesse lugar, encontramos inúmeras figuras, cada uma representando um mergulho nas diferentes taras (o enfoque das patologias sexuais, apresentando o homem com um prisioneiro dos instintos carnais — bem longe da imagem idealizada de racionalidade e nobreza – é uma das predileções do Naturalismo) e facetas da decadência humana.
Há vários exemplos, como Neném, adolescente negra de libido explosiva que acaba perdendo a virgindade nas mãos de um empregado de João Romão. Cai na vida. Existe também Albino, de tendências homossexuais, ou então Machona, de pulso firme, tanto denotativa quanto conotativamente. Botelho, homem corroído pelas hemorróidas (a menção a esse detalhe, degradante, é típica do Naturalismo) e pelo pior tipo de materialismo – o alimentado pela cobiça de quem não tem nada.
Pombinha, moça afilhada da prostituta Léonie, alimentado pela cobiça de quem não tem nada. Pombinha, moça afilhada da prostituta Léonie, que é responsável também por sua iniciação sexual. A menina é noiva de João da Costa. Seu casamento seria a garantia de saída aquela moradia pobre. Mas sua mãe tinha escrúpulos que adiavam o casamento: enquanto a filha não se tornasse mulher – ou seja, tivesse sua primeira menstruação – não podia casar-se.
No entanto, a sua menstruação estava muito atrasada, o que se transformava num drama acompanhado pelos moradores do cortiço, que a tratavam como a flor mais preciosa. Enquanto não tem sua primeira menstruação, é menina pura. Tanto que, uma das poucas alfabetizadas e dotadas de tempo OCIOSO, dedica-se a ler e a escrever as cartas dos diversos moradores do cortiço, entrando em contato com a podridão as paixões humanas.
Mas isso não macula sua inocência até o momento em que, mulher – ou seja, já capaz de menstruar e, portanto, cumprir seu papel biológico de reprodução -, adquire maturidade para entender o que se passa entre aquela multidão de machos e de fêmeas. No fim, vira lésbica e cai na vida, principalmente por influência de sua iniciadora, Léonie. O Cortiço é captar o destino a que é submetida a mulher. Ou se torna objeto do homem, ou sabe seduzir, de objeto tornando-se sujeito, ou despreza-o totalmente. Qualquer uma dessas posições é, na óptica da obra, degradante. 3