Tecnologia digital

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TECNO OGIA DIGITAL E DESIGN GRÁFICO Gruszynski, Ana Claudia Universidade Federal de Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Brasil* 1 p Resumo A técnica e seu us rtida para uma reflexão sobre as questões relacionadas à apropriação da tecnologia digital. Em um primeiro momento, trata-se dos aspectos mais amplos que envolvem o tema, para, a seguir, relacioná-los com a comunicação e a prática do design gráfico.

Apresentação Tratar do tema comunicação e novas tecnologias é posicionar- se diante de uma infinidade de informações que chegam aos nossos sentidos de forma contínua e, na maioria das vezes, desordenada. Como pesquisadores, estamos sempre em um movimento reflexivo, na tentativa de elaborar uma nova compreensão sobre um fenômeno ou objeto, observando Porto&VírguIa, uma publicação local editada pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, para exemplificar algumas questões pertinentes ao tema.

Técnica e uso social Pensar sobre tecnologia é o desafio de observar e refletir sobre o cotidiano. Objetos e meios que para o homem do nosso século tornam-se recursos cada vez mais triviais, utilizados de forma automática e inconsciente, já representaram grandes feitos para gerações não muito distantes da nossa. Vejamos, por exemplo, o rádio. Inicialmente, havia apenas a vitrola enquanto aparelho mecânico para reprodução de sons. Eram sons gravados. Depois vieram as galenas que experimentalmente serviam para captar sons enviados ao vivo.

A seguir surgiram os grandes rádios à válvula, em torno dos quais reuniam-se as famílias para escutar músicas, notícias, um jogo de futebol, uma novela ou simplesmente histórias. Nas décadas de 3040, essa forma tecnológica entrava dentro das casas mais abastadas, trazendo consigo não apenas um novo hábito, como também uma nova forma de pensar o mundo. ? curioso lembrar o filme de Woody Allen, A era do rádio, onde há uma certa nostalgia ao resgatar a época em que os galás de rádio-novela dominavam com suas vozes a imaginação das pessoas.

Hoje os galãs são outros, bem como o imaginário social. Os rádios são portáteis, pequenos e baratos, e podem ser encontrados nos lugares mais comuns. O desenvolvimento e o acesso à tecnologia estão conectados a dois aspectos fundamentais: a técnica – o instrumento – e o uso social — condicionando o conteúdo. Anatol Rosenfeld propõe uma definição de técnica como “o uso do existente para, por meio ele, transformar o existente e adaptá-lo a 21 de técnica como “o uso do existente para, por meio dele, transformar o existente e adaptá-lo aos seus desejos, necessidades e fins do ser que se serve dela. (Rosenfeld 1993:133). Aponta que esta conceituação vincula-se a peculiaridades negativas e positivas do homem em relação aos outros animais. O fato de o homem possuir uma deficiência orgânica, órgãos limitados e dificuldade de adaptação ao ambiente natural vai levá-lo ao uso de instrumentos, na busca de suprir esta carência e ampliar o alcance de seus órgãos. Por utro lado, é justamente através desta sua deficiência que ele vai chegar à eficiência. São como dois lados de uma mesma moeda.

Partindo da análise do estímulo/resposta, este autor afirma que Entre o estímulo e a reação surge um pequeno território de dúvidas, um hiato de hesitação, comparação e escolha: hiato certamente mortal em muitos casos em que o mesmo reflexo teria sido mais exato e mais seguro que a reflexão. Mas é através desse hiato que o homem conquista o seu pequeno território da liberdade, isto é, de uma atuação não determinada por uma causalidade exterior a ele, mas oriunda ele mesmo. ? nesse território especificamente humano que se origina a ação que não é mera reação e com isso o dom da técnica e da língua (Rosenfeld 1993:135). Reflitamos sobre o uso de objetos: no momento em que há uma escolha do homem para um emprego possível, eles passam a ser instrumentos. Isto se amplia na medida em que o ser humano não reage apenas à presença dos objetos, mas tem a capacidade de pensar sobre eles mesmo quando estão ausentes (pensamento simbólico). O instrumento constitui-se como tal por poder ser empregado em uma infinidade de situações e simbólico).

O instrumento constitui-se como tal por poder ser empregado em uma infinidade de situações e não apenas a uma específica e concreta. A dimensão temporal aparece aqui, quando ele desvincula-se do condicional, da atualidade. Anatol Rosenfeld vê a criação do instrumento como o primeiro passo de um grande desenvolvimento, e aponta três fases dentro deste processo. A primeira é a do instrumento propriamente dita, quando as atividades dos órgãos humanos são reforçadas e aperfeiçoadas pelo uso de determinado objeto.

Na segunda surgem as máquinas, em que a energia física do homem é pouco elevada, suas funções centram-se no controle e orientação. A terceira é a do autômato, máquinas eletrônicas auto-reguladoras que dispensariam o trabalho intelectual humano. Ao observarmos a sociedade mundial sob o ponto-de-vista deste autor, encontramos uma situação paradoxal. Ao mesmo tempo que vemos uma globalização no campo econômico- tecnológico, há povos nos três estágios.

Regiões que vivem na fase dos instrumentos primitivos iguais aos utilizados há séculos, muitas que se encontram no uso das máquinas e poucas onde a automatização está presente. Por outro lado, o avanço da écnica é predominante e, de uma forma cada vez mais acelerada, também as áreas mais primitivas estão sofrendo seu impacto. Diferentes fatores, no entanto, interferem e determinam o curso destas transformações. A evolução das ciências e o sistema de produção cap talista estão em profunda conexão.

Os progressos tecnológicos estão inseridos em uma estratégia internacional onde grupos líderes da economia mundial buscam conquistar mercados cada vez maiores. Nessa direção, aponta o discurso articulado no sentid 4 21 discurso articulado no sentido de produzir uma informatização ntegral da sociedade (ou pelo menos das sociedades industriais avançadas), de tornar o grande público receptivo às inovações técnicas e de convencer os oligopólios dominantes a produzir aplicações em escala massiva das possibilidades abertas pelos novos meios (Guillaume, 1982:19 in Machado, 1993:28).

Eduardo Vizer, em seu ensaio Ante el desafio de la cultura tecnológica, levanta alguns elementos que se contrapõem a esta fala, questionando a aceitação acrítica dessas novidades (uma espécie de tecno-mágica). Vejamos: Un sistema social – una organización o una sociedad n grupo de hombres o un individuo no pueden ni deben ser modificados por una máquina. Esto no constituye un fin, sino tan Sólo un instrumento (ênfase minha), Ia parte material de una estrategia (o sea un medio entre otros que debe ser globalmente evaluado entre varias alternativas posibles) para conseguir un fin (Vizer 1994113).

A era digital, que nos é apresentada de maneira fascinante por Nicholas Negroponte, exige um modo inteiramente diferente de pensar o mundo. Ao acompanhar os capítulos de seu livro A vida digital, somos levados a querer viver realmente nesta sociedade o futuro, em que as coisas se parecem com ficção científica. por outro lado, a transição para este novo tempo, em que há a possibilidade de que todos estes projetos e experimentos venham a se materializar, exige a presença de homens que saibam pensar digitalmente, tanto no que diz respeito a técnica, onde se concentra a maior parte das pesquisas, quanto ao conteúdo.

Pensar digitalmente concentra a maior parte das pesquisas, quanto ao conteúdo. Pensar digitalmente significa compreender um estado, sugere este autor. Pode ser ligado/desligado, preto/branco, ou, como foi onvencionado para a linguagem de máquina, 1/0. A combinação destes dois algarismos (binária) vai possibilitar a digitalização de todo o tipo de informação. uma vez que isso é feito, temos dados codificados em impulsos eletrônicos que são processados em memórias de máquinas. Estes podem ser atualizados em forma de som, imagem, texto, ou outra saída.

Na medida em que uma informação é transformada para o estado eletrónico, não interessa — sob o ponto-de-vista técnico — se ela é uma sinfonia, um livro, um desenho animado – trata-se de bits. A escolha do eio de saida é que vai definir o caráter formal da mensagem. Na era industrial aprendemos a setorizar a informação considerando a peculiaridade de cada veículo. Os vários meios de comunicação de massa diferenciam-se não apenas por suas características físicas, como por uma expectativa em relação ? forma de tratar o conteúdo. ? senso comum, por exemplo, a idéia de que o jornal passe uma informação mais aprofundada que a televisão. Por outro lado, a televisão é considerada por Negroponte, em nivel dos sentidos, uma experiência mais rica. Na medida em que todos os dados a respeito de um mesmo assunto odem ser digitalizados, o mesmo conteúdo será disponibilizado, a mesma informação poderá ser atualizada na forma em que o receptor preferir: áudio, vídeo, texto, etc. Este autor afirma que, no futuro, não teremos mais uma indústria de aparelhos de televisão.

Esta será absorvida pelas fábricas de computadores. O processo de convergência tecnológica é al televisão. Esta será absorvida pelas fábricas de computadores. O processo de convergência tecnológica é algo em curso, uma vez que os computadores pessoais evoluem rapidamente, adquirindo um enorme poder de processamento. A máquina resultante este processo tem como caracteristica principal ser multimídia. Ela ocupará espaços hoje locados pelo telefone, pelo fax, pela secretária eletrônica, pelo rádio, pela televisão, entre outros.

De um ponto de vista teórico, o período de Incubação de um novo veículo pode ser bastante longo. Levou vários anos para que as pessoas pensassem em movimentar uma câmera de cinema, em vez de simplesmente deixar que os atores se movimentassem à sua frente. Trinta e um anos foram necessários para que pensassem em colocar sons nos filmes. Mais cedo ou mais tarde, dúzias de novas idéias surgirão para onferir ao cinema e ao vídeo um vocabulário totalmente novo. O mesmo vai acontecer com a multimídia.

Até que tenhamos um corpo robusto de tais conceitos, estaremos fadados a assistir uma considerável regurgitação de bits de arquivo (Negroponte 1995:61). Contudo, a indústria tecnológica por si só não é capaz de determinar os conteúdos colocados a disposição pela técnica. A construção do imaginário social, fazendo uso das novas mídias disponíveis, é de responsabilidade de homens capazes de explorar a linguagem e reinventar formas. Estes devem ser capazes de levantar novas possibilidades, chegando até mesmo lém dos limites e finalidades do próprio meio.

Se isso nao ocorre, temos resultados pré-programados ou simplesmente soluções já sedimentadas em uma linguagem anterior transpostas para um novo meio. Ou seja, novas máquinas com conteúdo linguagem anterior transpostas para um novo meio. Ou seja, novas máquinas com conteúdos já vistos regidos por antigos paradigmas. As pessoas se deliciam (ou até mesmo se viciam) apertando botões compulsivamente, enquanto observam os resultados em termos de movimentos mirabolantes numa tela de monitor e essa atividade já é suficiente para entretê-las.

Os recursos interativos de que dispõem grande parte das atuais máquinas ópticas e acusticas difundidas a nlVel de massa dão um caráter lúdico à utilização e o resultado é que qualquer asneira pode se tornar interessante e prender a atenção, desde que a resposta aos movimentos do operador apareça numa tela sob forma de figuras flamejantes multicoloridas. A multiplicação do aparato tecnológico à nossa volta pode nos dar a falsa impressão de que estamos experimentando algo novo, quando na verdade nós podemos não estar experimentando coisa alguma (Machado 1993:13).

Ao pesquisar e explorar as potencialidades de um sistema significante, o homem, enquanto criador, coloca-se na posição de utilizar a máquina na direção contrária à sua produtividade programada negando, de certo modo, seu próprio projeto industrial. O trabalho dos artistas e criadores vai estruturar-se em oposição àquele do operador das máquinas, que é uma espécie de extensão do equipamento. A invenção, elemento básico de sua práxis, vai colocar em cheque relações culturais, políticas, sociais e epistemológicas, levando a uma intervenção direta no imaginário.

A máquina, portanto, é uma extensão sua. No momento em que temos meros operadores, há um deslocamento da atividade produtiva, que deixa de ter o homem como centro. O funcionário é determinado a atividade produtiva, que deixa de ter o homem como centro. O funcionário é determinado a partir delas, podendo também ser dispensado ou facilmente substituído. Existem, entretanto, dois pontos bastante polêmicos quando tratamos de arte e tecnologia.

O primeiro diz respeito a como identificar quais são as fronteiras que delimitam o que é realmente novo, o que é que supera as possibilidades da áquina, enfim, quais os pontos que caracterizam o trabalho criador dentro do contexto acima apresentado. Quando pensamos na fotografia, por exemplo, é possível dizer que embora teoricamente existam limites na manipulação de uma máquina fotográfica e dos processos técnicos a ela associados, na prática encontramos diferentes resultados obtidos com seu o que demonstra que suas possibilidades significantes estão longe de se esgotar.

Supondo que exista um código que determine significantes possíveis e especificos de um determinado melo, pode-se admitir que uma obra realmente criativa representa uma redefinição e como interagir e compreender a mídia utilizada. No campo artístico, as tecnologias emergentes estão colocando em discussão problemas de representação, certezas epistemológicas e trazendo à tona a necessidade de reformulação de conceitos estéticos.

O segundo ponto refere-se à mediação da máquina na composição de produtos culturais: até onde ela é um mero objeto ou uma forma material de um pensamento. Como foi mencionado anteriormente no texto, o desenvolvimento tecnológico está atrelado a outras instâncias – culturais, sociais, econômicas – e não meramente à ciência. Sobre isso, vejamos o que Arlindo Machado tem a dizer: Inventar uma máquina significa vejamos o que Arlindo Machado tem a dizer: Inventar uma máquina significa, para Simodon, dar forma material a um processo de pensamento.

Há, portanto, uma inteligência Inscrita, por exemplo, na camera cinematográfica, que corresponde a uma potencialidade técnica de tornar sensível a duração, de dar forma às impressões de tempo e de representar a velocidade, independentemente do que ela filma ou de quem a utiliza. As máquinas – sobretudo as máquinas “semióticas”, ou seja, aquelas dedicadas prioritariamente ? arefa da representação – desempenham papel fundamental na atividade simbólica do homem contemporâneo, porque elas têm uma eloquência própria, que pode ser inclusive mais decisiva que a utilização particular que lhes dá cada um de seus usuários.

Elas “falam”, elas determinam modos de percepção, elas incutem ideologias pelo que têm de “saber” materializado em suas peças e circuitos, pela sua maneira particular de tornar sensivel o mundo de que elas são a mediação e pela sua específica resolução do problema de codificação desse mesmo mundo (Machado 1995:34/35). O criador, o artista da era digital é um inventor de formas e procedimentos.

Através dele, as finalidades da máquina e sua utilização programada estão sempre em movimento, no sentido de que o “pré-concebido” está sempre em questão. É da relação entre técnica e imaginário que a arte digital está sendo construída. Voltemos agora nossa atenção nao mais sobre o homem- produtor, mas para o resultado de seu trabalho. Uma reflexão básica já efetuamos nesse sentido, aquela que trata da conversão de todo o tipo de informação para a forma de bits, e sua possível atualização no formato determinado pelo 0 DF 21

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