Toyota
Do ponto de vista da psicologia organizacional, que aspectos você identifica na Toyota que fazem com que seus colaboradores trabalhem mais satisfeitos? Foi-se o tempo em que a sala da diretoria ficava bem distante do chão de fábrica e fica no passado, em muitas “grandes” mpresas, o pensamento de que o funcionário não entende de negócios, sendo pago apenas pela mão-de-obra corporal e não intelectual. A empresa que insiste nesse absurdo pode ser ultrapassada por empreendedores de visão, como é o caso de sucesso da montadora de automóveis japonesa Toyota. Pela primeira vez, desde 1931 , uma companhia estrangeira ousou quebrar a hegemonia da GM e se tornar a número 1 do mundo, segundo dados da revista Exame.
Com uma cultura baseada na tradição, na melhoria contínua e no trabalho m grupo, a Toyota roubou a liderança da rival GM. A “fórmula” desse sucesso é baseada em princípios e práticas bem definidos, e guia a empresa pelo caminho da criativida sucesso é baseada em princípios e práticas bem definidos, e guia a empresa pelo caminho da criatividade – com mais de um milhão de idéias vindas de funcionários implementadas a cada ano. Na empresa japonesa, os diretores gastam metade do tempo analisando idéias e projetos, enviados pelos funcionários. Além disso, nada é mais forte na Toyota do que sua cultura. Qualquer um dos 296. 00 funcionários da montadora sabe exatamente quais os princípios e os valores da empresa.
O modelo idealizado pelo fundador da empresa, Sakichi Toyoda, e aprimorado por seu filho, Kiichiro, consiste basicamente numa cadeia de suprimentos enxuta, flexível e altamente terceirizada, que prevê a eliminação quase total dos estoques e a nxuta, flexível e altamente terceirizada, que prevê a eliminação quase total dos estoques e a busca incessante pela agilização do processo produtivo. Com tal premissa, a Toyota tornou anacrônicos os métodos consagrados por Henry Ford, que, em 1908, introduziu a linha de montagem na fabricação de automóveis. A produção em série inventada por Ford possibilitou a confecção de bens a preços acessíveis, ajudou a erigir a sociedade de consumo e tornou-se um paradigma de sucesso cultuado e reproduzido por toda e qualquer empresa no mundo. Entretanto, os métodos rodutivos de Ford revelaram-se inflexíveis (não à toa, todos os seus carros daquele período eram pretos) e altamente ineficientes, o oposto do que veio a ser o método Toyota.
Graças a isso, nas últimas cinco décadas o sistema desenvolvido pelos japoneses foi replicado por centenas de companhias de diferentes setores, entre elas a Microsoft, produtora de softwares, e a Boeing, fabricante de aviões, sendo reconhecido como um padrão de excelência único no mundo. Nos próximos meses, o chamado Sistema Toyota de Produção atingirá seu ápice. Segundo projeções da consultoria especializada CSM Worldwide, os japoneses da Toyota estão prestes a assumir a dianteira mundial da indústria automobilística. Estima-se que até dezembro deste ano a montadora alcançará recordistas 8,54 milhões de unidades vendidas no mundo, ante 8,53 milhões da General Motors. A façanha é notável: desde que a Ford iniciou a produçã 8,53 milhões da General Motors.
A façanha é notável: desde que a Ford iniciou a produção em série, o setor vem sendo dominado por empresas nascidas nos Estados Unidos. Embalada pelo sucesso do modelo T, a companhia de Henry Ford liderou as vendas globais durante mais de duas décadas. Em 1930, graças principalmente a seu legendário presidente Alfred Sloan, a General Motors tornou-se a número 1 do planeta, posição que manteve até 2006. Fosse a Toyota uma companhia barulhenta como a Apple, o feito seria comemorado com festas e discursos estrepitosos (não é difícil imaginar o alvoroço que Steve Jobs faria). Com ela não é assim. Mesmo às vésperas de alcançar uma das maiores roezas da indústria nos últimos 100 anos, os japoneses da Toyota continuam tão discretos quanto monges budistas.
Nos comunicados oficiais da empresa, não há referências ao fato. Tampouco seus executivos alardeiam a provável conquista. Recentemente, num evento nos Estados Unidos, Katsuaki Watanabe, CEO da Toyota, afirmou que liderar as vendas não é uma obsessão. Para ele, melhor mesmo é continuar ganhando dinheiro, muito dinheiro, no negócio de automóveis. No ano passado, quando ocupou o segundo posto global, a Toyota lucrou US$ 1 3 bilhões, valor superior ao o lucro somado das outras cinco maiores fabricantes. A General Motors, depois de um 2005 tenebroso, alcançou o lucro de US$ 2,5 bilhões no ano passado. Já a Ford registrou prejuízo de US$ 1 2,7 bilhões, o pior resultado financeiro de sua história.