Etica

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Prof. Dr. Marcos Leite Apostila de Ética Geral e Profissional. 1. Ética e CiViIizaçao Os seres humanos agem conscientemente, e cada um de nós é senhor de sua própria vida. Mas como resolvemos o que fazer ? Você em algum lugar já pensou em como você toma as decisões sobre o que fazer em determinada situação? Você age impulsivamente, fazendo “o que der na telha ” ou analisa cuidadosamente as possibilidades e as conseqüências, para depois resolver o qu 1 A filosofia poden , Swipe nentp Chama-se ética a pa ações humanas e os a nossa vida. ica a pensar as dos primeiros ilósofos a pensar a ética foi Aristóteles, que viveu na Grécia no século IV aC . Esse filósofo ensinava numa escola à qual deu o nome de Liceu, e muitas de suas obras são resultado das anotações que os alunos faziam de suas aulas. As explicações sobre a ética foram anotadas pelo filho de Aristóteles chamado Nicômaco, e por isso esse livro é conhecido por nós com o título de Ética a Nicômaco. Em suas aulas, Aristóteles fez uma análise do agir humano que marcou decisivamente o modo de pensar ocidental.

O filósofo ensinava que todo o conhecimento e todo trabalho visa a lgum bem. O bem é a finalidade de toda ação. A busca do bem é o diferente é o que difere a ação humana da de todos os outros anmals. cotidiano como todos os grandes pensadores estão de acordo que a finalidade da vida é ser feliz. Identifica-se o bem viver e o bem agir com o ser feliz. No entanto, disse Aristóteles, a pergunta sobre o que é felicidade não é respondida igualmente por todos. Cada um de nós responde de uma forma singular. Essa singularidade na resposta é partilhada por outros indivíduos com os quais convivemos.

Portanto, no processo de nossa educação familiar, eligiosa e escolar aprendemos a identificar o ser feliz com os valores que sustentam nossas ações. Toda a produção humana consiste em criar condições para que o homem seja feliz. Todas as religiões, as filosofias de todos os tempos, as conquistas tecnológicas, as teorias científicas e toda a arte são criações humanas que procuram apresentar condições para a conquista da felicidade. O processo civilizatório iniciou-se com a promessa da felicidade. 2. Racionalidade e Liberdade O mesmo Aristóteles caracterizou os humanos como seres racionais que falam.

A dimensão anímica ou psíquica psique=alma) dos seres humanos foi concebida pelo filósofo como um conjunto de duas partes: uma racional e a outra privada de razão. A primeira expressa-se pela atividade filosófica e matemática. A Segunda, por seus elementos vegetativos e apetitivos. Isso permitiu a hierarquização dos seres humanos. pela Segunda parte da alma, somos iguais a todos os outros animais. Movidos pelos instintos rimários (fome, sede, sono, reprodução ), somos guia sidade de sobrevivência. 21 um problema único a resolver: como sobreviver.

Necessitamos de alimentos para aplacar nossa fome; de água para saciar a ede: dormir para perpetuar a espécie. Mas o que nos diferencia dos outros animais? Segundo Aristóteles, é a racionalidade. Nós somos capazes de planejar nossas ações, de realizar escolhas e julgá-las, determinando seu valor. Agimos acreditando que estamos fazendo o bem e, mesmo quando julgamos mal nossas ações, é sempre o bem que estabelece o critério de tal julgamento. Assim, os seres humanos identificam-se como tais pelas distinções que são capazes de estabelecer com os outros animais e, por conseguinte, com todo o reino da natureza.

Os seres humanos definem-se pela capacidade de pensar, falar, trabalhar amar. Ainda com Aristóteles, podemos identificar três coisas que controlam a ação: sensação, razão e desejo. A primeira nao é principio para julgar ação, pois também os outros animais possuem sensação, mas não participam da ação. A ação é um movimento deliberativo, isto é, a origem da ação é a escolha. Os homens diferem dos demais animais porque são capazes de realizar escolhas. O desejo está na raiz dessas escolhas: a razão é o seu guia. Para Aristóteles, o desejo é a força motriz, o impulso gerador de todas as nossas ações.

Mas esta orça motriz deve seguir o curso traçado pela razão. A razão gula, conduz o desejo ao encontro de seu objetivo. Realizar escolhas é eleger objetos para o desejo. O critério das escolhas é sempre racional. O motivo é sempre emocional, ou seja, impulsionados pelo desejo movemo-nos em direção aos objetos. Nesse sentido, a capacidade racional de realizar escolhas permite-nos afirmar nossa condição permite-nos afirmar nossa condição de liberdade. O exercício da liberdade é a capacidade de escolher. Nisso os seres humanos podem se desviar do determinismo pelo padrão genético de suas spécies.

Quando olhamos um filhote de cachorro, por exemplo, somos capazes de dizer seu comportamento futuro. Ao olhar para um bebê é impossível prever seu comportamento, suas ações e suas intenções. É a escolha que define o caráter de um ser humano. Suas virtudes se manifestam nas escolhas que realiza no curso de sua condição mortal. Aqui se apresentam algumas questões éticas de grande relevância. Quais os critérios que norteiam as escolhas que um homem faz em sua vida ? Quais são os valores que pautam suas ações ? Quais objetivos pretende atingir com quais eios efetivará sua realização ?

Afirma-se que toda ação deve ser justa e boa. Mas, o que determina a justiça e a bondade? O que é ser justo ? O que é ser bom? No exercício da liberdade, cada um de nos se relaciona com outros indivíduos e dessas relações emerge a realidade social. Chamamos sociais nossas relações com os outros no mundo. A sociedade é uma construção histórica pautada numa lei fundamental: é proibido matar o semelhante. No entanto, numa rápida olhada em qualquer jornal, por exemplo, descobrimos que o assassinato é praticado das mais diferentes formas: guerras, ome, assaltos, atentados, terroristas…

Vez ou outra, ouvimos dizer que essas ações são desumanas. Mas como, se foram praticadas por seres da mesma espécie, animais racionais? 3. Civilização e valores A civilização parece não respeitar a lei fundamental que cr 4 21 Civilização e valores A civilização parece não respeitar a lei fundamental que criou para que pudesse existir. É proibido matar! Se existem práticas homicidas, os critérios de bondade e justiça não são cumpridos. Os assassinatos revelam o conflito irremediável entre a liberdade e a lei. A lei foi constituída para garantir o xercício da liberdade.

No entanto, acaso deveríamos julgar livres os indivíduos que praticam crimes? Seriam eles livres em suas ações ou não ? O critério de justiça determina a prisão ( perda da liberdade ) para quem cometer homicídio. Mas por que os pobres são condenados à prisão ? Por que os chamados “crimes de colarinho-branco ” não são punidos com a prisão? Observe que essas questões remetem ao chamado da reflexão ética. Em 1930, um médico vienense chamado Sigmund Freud – o criador da psicanálise – publicou um livro com o sugestivo título O mal estar na civilização.

Nessa obra, Freud fez um diagnóstico do processo civilizatório e constatou que os seres humanos estão condenados a viver nesse conflito irremediável entre as exigências pulsionais (a liberdade) e as restrições (as leis). Freud Retoma a clássica questão aristotélica que atravessa toda a história ocidental: O que os homens pedem da vida e o que desejam nela realizar? A resposta é categórica : a felicidade. Os homens querem ser felizes e assim permanecer. Toda ação tem em vista a conquista da felicidade.

Par anarsar por que nos afastamos desse propósito, Freud presenta uma reflexão decisiva para pensarmos a Ética civilizatória como processa de felicidade: “Grande parte das lutas humanas centraliza-se em torno da tarefa única de encontrar uma acomodaçã felicidade: “Grande parte das lutas humanas centraliza-se em torno da tarefa única de encontrar uma acomodação conveniente – isto é, uma acomodação que traga felicidade – entre essa reinvindicaçáo do indivíduo (liberdade) e as reivindicações culturais do grupo (leis), e um dos problemas que incide sobre o destino da humanidade é o saber se tal acomodação pode ser lcançada por meio de alguma específica de civilização (religião, ciência, filosofia, arte) ou se esse conflito é irreconciliável”(p. 116). A posição de Freud é clara: o conflito é irremediável. A tarefa da civilização é humanizar esse animal racional chamado homem. Acompanhando os argumentos de Freud na obra citada, podemos encontrar elementos para caracterizar o processo civilizatório construído pelos seres humanos. A civilização é concebida como tudo aquilo por meio do que a vida humana se elevou acima de sua condição animal. Os humanos são seres da cultura. A cultura é a morada do homem. O acesso aos bens culturais produzidos em toda a história é o que define nossa condição humana. O homem é um animal cujo maior desejo é tornar-se humano.

A elevação apontada por Freud é o que diferencia dos outros animais. A vida humana difere da vida dos animais em dois aspectos: os conhecimentos e as capacidades adquiridas para controlar as forças da natureza; e os regulamentos (leis, normas, regras) para ajustar as relações dos homens uns com os outros. Na luta pela sobrevivência em um mundo sombrio e assustador, o animal racional teve de enfrentar três grandes esafios : o poder superior da natureza, que nos ameaça com forças de destruição , a fragilidade de seu próprio corpo, condenad ameaça com forças de destruição , a fragilidade de seu próprio corpo, condenado à dissolução; e as leis que regulam sua ações sociais.

Os conhecimentos científicos e tecnológicos procuram responder a esses desafios. As práticas religiosas, os sistemas de crenças também . As teorias filosóficas e as produções artisticas inserem-se nessa tarefa de encontrar caminhos para esses desafios humanos. A conclusão derradeira de Freud é que a civilização tem ue ser defendida contra o indivíduo e que seus regulamentos, suas instituições e suas ordens dirigem-se a essa tarefa (… )fica- se com a impressão de que a civilização é algo que foi imposto a uma maioria resistente por uma minoria que compreendeu como obter a posse dos meios de poder e coersão”9P. 1170. até a morte, somos submetidos ao processo civilizatório.

Desde o nascimento até a morte, somos atravessados pelos critérios que sustentam a civilização: o bem e a justiça. Finalmente, como relacionar a ética ( instância individual ) e civilização ( instância coletiva A ética, pensada no campo da ei, leva-nos à mesmas conclusão que Freud. Ao obter a posse dos meios de poder e coersão , uma minoria impões seus valores à grande maioria que resiste. Mas a conclusão de Freud nos permite pensar o poder também como resistência por parte da maioria. Nesse caso, o Estado aparece como o grande gerenciador desse conflito, por meio de seu sistema de leis e práticas de coersão (prisão, por exemplo). Há outra forma também de pensarmos a ética: como exercício estético.

Em meio a esse conflito irreconciliável entre as exigências individuais por liberdade e as restrições impostas pelo egulamento social, podemos c as exigências individuais por liberdade e as restrições Impostas pelo regulamento social, podemos criar condições para instaurar uma ética da beleza: fazer da vida uma obra de arte, criar condições para que cada um produza sua própria vida como quem esculpe o mármore ou pinta uma tela. O mármore ou a tela seriam as imposições/restrições impostas pela civilização e das quais podemos escapar, mas, como sujeitos de nossa vida, podemos esculpir/pintar com o formão e o pincel de nossa liberdade. 4.

OBJETO E OBJETIVO DA ÉTICA Convivência em Sociedade Relacionamentos Objetivos Natureza Individual Coletiva (particular) (Toda a sociedade ou parte da mesma) Comportamento Humano Influência Ambiente Pais e filhos e outros relacionamentos : na escola, no trabalho, na religião, saúde, lazer… ” Busca de Objetivos Específicos ” Tipos de sociedades : sociedade matrimonial; sociedade profissional; sociedade religiosa; sociedade de lazer; sociedade militar… Sociedade por escolha própria : torcedor de um time Sociedade relacionado à natureza : família Sociedade caráter legal : Forças Armadas LISBOA, Lázaro Plácido. coordenador) Ética Geral e Profissional: Atlas, 1997, 2aed. 5. ?TICA E VALORES Ser Humano ( Influenciado pelo ambiente ( a família à qual pertence; a classe econômica da qual faz parte aquela família; a raça da qual faz parte; a religião; o país onde nasceu Conjunto de informações a res eito da vida – entre tantas informações questões liga Social”. Ocorrência . dizer, maior será o distanciamento entre seus valores. Objetivos diferentes ( Conflitos ( Escala de valores 6. ÉTICA E LEI O conceito ou preceito ético é uma regra aplicável à conduta humana. O preceito possui duas características essenciais: • Destina-se a adequar a ação humana ao conceito do bem e da moral. • Pode ser aplicado pela simples determinação do ser humano, independentemente de qualquer coação externa. Como os preceitos éticos são regras, muitos estudiosos aplicam-lhes o princípio — típico das normas jurídicas – da possibilidade de não atendimento sem violação dos princ[pios.

Essa corrente de pensamento aceita a idéla de que um comportamento pode não ser exatamente de conformidade com a regra ética, mas mesmo assim pode não contrariar esse receito. Para qualificar esse comportamento, tais pensadores utilizam a palavra aético, que é um comportamento que não é ético, mas que também não contraria a regra ética. Não concordamos com tal corrente de pensamento . Por essa razão , para nós os comportamentos valorados à luz das regras ética só podem ser éticos ou antiéticos. A lei é uma norma aprovada pelo povo de um país, que possui as seguintes características fundamentais: • Resulta de um processo formal de elaboração, do qual a sociedade participa diretamente ou através de seus representantes. 0 DF 21

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