A água é o novo petróleo

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SuStentAbilidAde A águA é o novo petróleo Sinopse • Hoje, uma em sete pessoas do mundo já não tem acesso aos 1. 950 litros de água potável por semana de que o ser humano precisa para atender a suas necessidades básicas. Com o cresci populacional, pode pi ar 1 orlo • As empresas têmp el to view nut*ge importante a cumpri cenário de escassez. devem buscar reduzir seu consumo de água —chave de sua competitividade- como podem investir na possível privatização desse recurso. ?? Algumas já estão saindo na frente, como Coca-cola, PepsiCo e Merck. 54 HSMManagement 82 • Setembro-oUtUbro 2010 hsmmanagement. om. br reportagem moStra que, diante da anos quanto qualquer órgão público. Muitos, porém, não concordam com ele. A escassez e a qualidade da água estão entre as maiores questões ambientais do século 21. De acordo com a ONU, uma em cada sete pessoas -aproximadamente 894 milhões no mundo- não tem acesso ao mínimo de 1. 50 litros de água potável por semana de que um ser humano precisa para atender a suas necessidades básicas. “Em 2025, 1,8 bilhão de pessoas estarão vivendo em países ou regiões com escassez absoluta de água, e dois terços da população mundial poderá estar sob condições stressantes”, estima a entidade. As questões de acesso à água são dificultadas ainda mais pelas mudanças climáticas, que têm aumentado a frequência de secas e enchentes, diminuído a qualidade da água, ao afetarem a temperatura e a vazão, e ameaçado os aquíferos costeiros.

Um experimento nos Estados Unidos descobriu, por exemplo, que o aquecimento global de 2 graus celsius reduziria seriamente a capacidade do rio Colorado de suprir a água e a energia hidrelétrica de que depende grande parte do sudoeste do país. A ONU acredita ser provável que a população da Terra exceda 9 bilhões até 2050. Isso não gera, or si só, um obstáculo insuperável para o acesso à água limpa, se o uso for responsável. “Existe á ua suficiente até para 10 bilhões de pessoas”, diz R 10 (IGEL), da Penn/Wharton. [E o Brasil é um dos grandes reservatórios globais, como se sabe. “O problema é que agimos como se a fonte fosse ilimitada. ” Giegengack acrescenta que o custo real para proteger populações humanas contra a égua suja é muito baixo: os norte-americanos gastam US$ 16 bilhões por ano em água engarrafada, por exemplo. Três anos desses gastos acabariam com os aparentemente insolúveis problemas de fornecimento de água impa na África. Por outro lado, racionar água pode ser rentável em si. As empresas talvez passem a ver os desafios relacionados com a água como oportunidades para reduzir o gasto por meio de sua conservação e reutilização. ideia da privatização ganha força. há eStimativaS de Um mercado de US$ 500 bilhõeS dam Smith talvez tenha sido o primeiro a observar o paradoxo de que a água tem ‘Valor de uso” incrivelmente alto e quase nada de “valor de troca”. Em outras palavras, todos os seres vivos precisam de água para sobreviver, como também a economia mundial -nos Estados Unidos, só as usinas de energia létrica representam 39% das retiradas de água doce-, mas ela custa pouquíssmo. O paradoxo deve se resolver em breve, contudo.

A privatização da água é dada como certa em um futuro próximo, fato que está sendo visto com extrema desconfianç PAGF 10 de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, da Organização das Nações Unidas (ONU). É por isso que, de acordo com o Water: A Global Innovation Outlook Report, financiado pela IBM, “a água é grátis em tantas partes do mundo [Brasil incluído]. Podem existir custos associados ? busca, distribuição e tratamento, mas o recurso em si não é cobrado”. Essa é a grande razão de os Estados Unidos terem 60 mil sistemas de água locais, muitos deles pequenos e apenas de propriedade de investidores.

Ainda assim, a ideia da privatiza- HSMManagement 82 • Setembro-oUtlJbro 2010 55 SuStentAb ‘lidAde deSAFioS e riSCoS Em uma época repleta de problemas muito mais caros e imediatos, o primeiro desafio para as empresas quanto à água é conseguir pensar no longo prazo sobre os riscos que ela envolve. De acordo com Mary Buzby, diretora de tecnologia ambiental da Merck, como a água é barata ou grátis ara as empresas, não se fala em no estado do Maine não tem nenhum mpacto para aliviar a escassez no sudoeste norte-americano ou na África.

Apesar desses desafios, as empresas têm conseguldo cada vez mais enxergar os riscos, pois são crescentes e precisam ser enfrentados. Entre eles destacam-se: • Revogação de alvarás de operação, em decorrência do aumento de regulamentaçóes elou de pressão comunitária. A Coca-Cola, por exemplo, teve de fechar uma fábrica na Índia quando seu grande consumo de água entrou em conflito com as necessldades da agricultura local.

Por esse risco, muitas companhias estão levando em consideração a disponi- Apenas da água da terra é doce 6 nscos setoriAiS O relatório Water Scarcity and Climate Change: Growing Risks for Businesses and Investors [Escassez de água e mudança climática: riscos crescentes para empresas e investidores], elaborado em 2009 pela Ceres e pelo Pacific Institute, analisa os riscos para setores de uso intensivo de água. Eles incluem: Alta tecnologia: 11 das 14 maiores fábricas de semicondutores no mundo estão na região Ásia-pacífico, que está enfrentando severos riscos em relação à qualidade da água.

O setor demanda m urso: untas, a Intel e a Agricultura: 70% do uso mundial de água se destina à agricultura, que sobe para até 90% em países em desenvolvimento com rápido crescimento populacional. A maioria das safras e pastos está em regiões semiáridas ameaçadas pelas mudanças climáticas. Um exemplo é o cada vez mais preocupante aquífero Ogallala, que fornece água para 27% das terras irrigadas nos Estados Unidos (incluindo três grandes estados cerealistas: Texas, Kansas e Nebraska).

Em algumas partes do aquífero, o lençol freático diminuiu mais de 30 metros. A redução prevista do índice de pluviosidade local é mais um fator de preocupação. vestuário: O algodão é de uso muito intensivo de água, exigindo 5 metros cúbicos para a quantidade de tecido necessária para fazer uma simples camiseta. O algodão é comumente cultivado em áreas que requerem intensa Irrigaçao, como o Vale de San Joaquin na Califórnia, Egito, Paquistão e Uzbequistão (o segundo maior exportador de algodão do mundo). iotecnologia e farmacêuticos: Cresce a preocupação com vazamentos de produtos químicos e microbianos na água servida jogada de volta nas fontes naturais de água como parte do processo produtivo. bilidade de água ao decidir onde instalar novas unidades. • A alta probabilidade de aumento dos custos relacionados à água em reve. por exemplo, os preços da água nos EUA podem dobrar ou triplicar nos próximos anos, de acordo Mais de Setembro-oUtUbro 2010 hsmmanagement. com. br Fonte: Atlas da água, de robin Clarke e Jannet King (ed. publifolha). com Neil Berlant, gerente do PPvW Water Fund.

Entre as preocupações relativas à água nesse país está a necessidade de até US$ 1 trilhão para o reparo da infraestrutura pública. • Instabilidade política causada por disputas por água. Açoes dAS evnpresAS A preocupação a respeito do consumo de água por empresas leva ao esboço de novos paradigmas para sua administração e conservação. Já se inlciou um movimento para reavaliar mecanismos de precificação obsoletos que tradicionalmente subvalorizavam o recurso mais precioso do mundo. Quatro passos parecem estar delineados: perSpeCtivA brASileirA fornecer água doce ao segundo em troca de armas.

O acordo foi suspenso por razões políticas em 2006, mas mostra que comparar esse recurso natural ao petróleo não é apenas retórica. Embora a vantagem brasileira na emergente economia mundial da água seja única e incontestável -conforme as pesquisas atuais, as reservas do Brasil são as maiores mundiais, seguido de Rússia e Canadá-, é preciso ntender vulnerabilidades e ameaças envolvidas. Por exemplo, a oferta de água é mal distribu[da pelo Pais. Conforme o Atlas da Água, se há abundância na região Norte, há escassez no Nordeste; no Sudeste, a água de rios, lagos e represas precisa ser recuperada.

Além disso, mesmo havendo água no Sudeste e no Sul, a elevada urbanização, a falta de reuso e o uso intensivo pela agricultura tendem a provocar desequilíbrios. Há sério deficit de saneamento básico em todas as regiões do Brasil e o deficit educacional faz com que haja muito desperdício. O engenheiro agrônomo Décio Gazzoni, da Embrapa, estabeleceu om clareza a vantagem competitiva na agricultura, frente em que o Brasil desponta como líder no futuro próximo, quando escreveu que, em geral, acréscimo de produtividade agrícola exige maior volume de água. (HSM Management) 1. Medir uma pegada hídrica abrangente.

Várias empresas começaram a medir seu consumo de água e a oferecer ao público relatórios que detalham a demanda corporativa total. No entanto, segundo o estudo At the Crest of a Wave: A Proactive Approach to Corporate Water Strategy, isso é insuficiente. Elas precisam desenvolver plano Proactive Approach to Corporate Water Strategy, isso é nsuficiente. Elas precisam desenvolver planos para, entre outras tarefas, gerenciar melhor a água através da cadeia de fornecimento, investir em restauração de bacias hidrográficas em risco e agir em colaboração para gerenciar as fontes de água ao longo do tempo.

O estudo afirma que nos próximos dois a cinco anos, queiram ou não, as empresas terão de incorporar três tipos de preocupação em relação à água: mais contaminadas. • Acesso, principalmente pela competição (real ou aparente) com outros usuários de água. A recomendação do estudo é que as empresas montem estratégias específicas ara a água. A Coca-Cola, por exemplo, já estabeleceu a sua: tornar-se “neutra com relação à água”, devolvendo aos parses tanta água quanta retirar. 2.

Fazer uma análise criteriosa dos riscos relacionados com a agua. Esses riscos podem incluir tanto enchentes como escassez potenciais; tendências de demanda; e impacto do consumo de água por empresas e seu escoamento em comunidades locais. 4. Colocar a teona em prática com estratégias Inovadoras nessa área. Alguns exemplos de estratégias inovadoras para a água são: • Criar mecanismo para fechar o fluxo de água no final do ciclo de rodução e dos turnos de vazamentos em banheiros e vestiários, unidades para preparação de alimentos, áreas de lavagem. ?? pesqulsar alternativas para a lavagem com água. • Encorajar todos a fazer sugestões de conservação e implementá-las. eXeMploS CorporAtivoS Algumas empresas já falam em reduzir sua “pegada h(drica” como falam de sua “pegada de carbono”. Entre elas, estão a Merck, que informou ter reduzido seu consumo em mais de 30% nos últimos tempos, e a PepsiCo International, que realizou semeadura direta nos arrozais da Índia para reduzir o consumo de água em 35%. O assunto é sério.

A Coca-Cola, consumidora de 289 bilhões de litros de água por ano (um norte-americano médio usa 25 mil), escolheu para gestor de sustentabilidade seu CEO, Mukhtar Kent. Tudo para que não se cumpra a profecia de Peter Brabeck-l_etmathe, presidente mundial da Nestlé: “A agua acabará antes que o petróleo”. Ele sabe do que está falando, pois a Nestlé é a maior empresa de água engarrafada do mundo. A água pode acabar antes do petróleo -se não fizermos nada. HSM Management O Knowledge@Wharton • Disponibilidade. • Qualidade, por conta de á uas de superffcie e subterrâneas

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