A morte

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FACULDADE DE CICNCIAS DA SAÚDE DE UNAÍ – ACISA Curso: Serviço Social Nome: Daniela Rodrigues Militão Disciplina: Ética prof(a): Abadio Oliveira Data: 18/12/2011 A MORTE 1. A morte como enigma A morte é o destino só o homem tem consciência da própri r finito, o homem ors aguarda com ansieda o – r após a morte. A crença na imortalida , simboliza bem a recusa da própria de ernidade. A morte daqueles que amamos e a imin ncia da nossa própria morte estimula a crença a respeito da imortalidade. Segundo Jaspers, “existe algo em nós que não se pode crer suscetível de destruição”.

Por isso é inevitável que desde o início da cultura humana o recurso à fé religiosa tenha aplacado o temor diante do desconhecido. A consciência religiosa tem oferecido um conjunto de convicções que orientam o comportamento humano dante do mistério da morte: quer seja pelos rituais de passagem dos primitivos quer seja nas religiões mais elaboradas, pelos preceitos do viver terreno para garantir melhor destino à alma. Por isso, a angústia da morte tem levado à crença na imortalidade e na aceitação do sobrenatural, do sagrado, do divino. 2. As mortes simbólicas evorando os próprios filhos.

A morte, como clímax de um processo, é antecedida por diversas formas de “morte” que permeiam o tempo todo a vida humana. O própno nascimento é a primeira morte, no sentido de ser a primeira perda, a primeira separação. Rompido o cordão umbilical, a antiga e cálida simbiose do feto no útero materno é substituída pelo enfrentamento do novo ambiente. A oposição entre o velho e o novo, explica a angústia do homem diante do seu próprio dilaceramento interno: ao mesmo tempo que anseia pelo novo, teme abandonar o conforto e a segurança da estrutura ntiga a que já se habituou.

Os heróis, os santos, os artistas, os revolucionários são sempre os que se tornam capazes de enfrentar o desafio da morte, tanto no sentido literal como no simbólico, por serem capazes de construir o novo a partir da superação da velha ordem. 3. A filosofia ea morte No diálogo Fedon, Platão descreve os momentos finais da “vida de Sócrates antes de sua execução, quando discute com os discípulos a respeito da ligação entre corpo e alma. Sendo o corpo um estorvo para a alma, a serenidade do sábio diante da morte é o reconhecimento de que a separação significa a ibertação do espírito.

No decorrer da história da filosofia, muitas vezes os pensadores trataram explicitamente a respeito da morte e da imortalidade da alma, mas essa questão está na raiz de toda filosofia e, mesmo quando não se discute diretamente sobre a morte, ela se situa no horizonte de toda reflexão filosófica. É nesse sentido que Platão afirma ser a filosofia uma meditação d reflexão filosófica. É nesse sentido que Platão afirma ser a filosofia uma meditação da morte, e Montaigne diz que “filosofar é aprender a morrer”.

Pois se a filosofia é uma das formas da ranscendência humana, pela qual refletimos a respeito de nossa existência e destino, a discussão sobre a morte não lhe pode ser estranha. Segundo Heidegger, o ser como possibilidade, como projeto, o introduz na temporalidade. Isso não significa apenas que o homem tem um passado e um futuro e que os momentos se sucedem passivamente uns aos outros; significa que o futuro se revela como aquilo para o qual a existência é projetada e que o passado é aquilo que a existência transcende.

O existir humano consiste no lançar-se continuo às possibilidades, entre as quais se encontra justamente a situação-limite representada pela orte, a qual possibilita o olhar critico sobre o cotidiano. É nesse sentido que podemos considerar o homem como um “ser-para-a- morte”. Para Heidegger, só o homem autêntico enfrenta a angústia e assume a construção da sua vida. O homem inautêntico foge da angústia, refugia-se na impessoalidade, nega a transcendência e repete os gestos de “todo o mundo” nos atos cotidianos.

No mundo massificado do homem inautêntico, até a morte é banalizada, e dela se fala como se fosse um acontecimento genérico, longínquo e impalpável. A impessoalidade tranqüiliza e aliena o homem, confortavelmente instalado num universo em indagações, recusando-se a refletir sobre a morte como um acontecimento que nos atinge pessoalmente. A morte é a “nadificação” dos nossos projetos, a PAGF3rl(F6 como um acontecimento que nos atinge pessoalmente. A morte é a “nadificação” dos nossos projetos, a certeza de que um nada total nos espera.

E conclui pelo absurdo da morte e, smultaneamente, da vida, que é uma “paixão inútil”. Mas seja a morte considerada, como em Heidegger, algo que dá sentido à vida; ou, como em Sartre, a dimensão do absurdo, o que nos intriga é a recusa que o homem contemporâneo manifesta em abordar a temática do morrer humano. Em nenhum tempo a recusa do enfrentamento da própria finitude foi tão visível. Muitas podem ser as explicações dadas por antropólogos, sociólogos, psicólogos que certamente fecundarão a matéria de reflexão dos filósofos.

O que não podemos é deixar de pensar na morte: vejamos por que. 4. A morte nas sociedades tradicionais Observando a história e os diversos povos, verificamos que o sentido da morte não é sempre o mesmo. A maneira pela qual um povo enfrenta a morte ou o significado que lhe dá refletem de certa forma o sentido que ele confere à vida. No mundo tribal, a morte não é propriamente um problema. Ela não é enfocada do ponto de vista da morte de um Indivíduo, mas se acha integrada nas práticas coletivas de culto aos mortos, aos ancestrais.

Nas comunidades tribais o indivíduo não tem o centro em si mesmo, se faz por meio da participação no todo coletivo, o que se torna o existir é essencialmente relacional. Por isso a morte não é percebida como dissolução, o morto apenas muda de estado e passa a pertencer à comunidade dos mortos, o que é viabilizado por “rituais de passagem” adequ PAGF passa a pertencer à comunidade dos mortos, o que é viabilizado por “rituais de passagem” adequados à ocasião. Vivos e mortos, totem e deuses, antepassados, participam de uma mesma realidade vital. ‘ Não há nenhuma idéia de aniquilamento, e os mortos podem retornar ao mundo dos vivos durante o sono destes e por meio de aparições. Nas sociedades tradicionais, fortemente marcadas pela predominância da vida comunitária, ocorre algo semelhante. Como são sociedades relacionais, onde o indivíduo se encontra inserido numa totalidade mais importante que ele, há uma série de cerimônias e rituais que cercam o evento da morte. Isso não significa que seja fácil morrer, mas sim que a morte não ? banalizada por ser um evento importante no cotidiano das pessoas.

Geralmente o doente permanecia em casa, sua agonia era acompanhada por parentes, amigos, vizinhos e após o desenlace, o morto era velado lá mesmo, inclusive com a presença de crianças 5. A morte nas sociedades contemporâneas um fenômeno diferente vem ocorrendo a partir de meados do séc. XX, como resultado do processo de urbanização dos centros industrializados. A grande cidade cosmopolita impiedosamente destruiu os antigos laços, fragmentando a comunidade em nucleos cada vez menores e instaurando extremo individualismo.

As pessoas vivem no ritmo acelerado imprimido pelo sistema de produção e não têm tempo para os velhos e os doentes. A medicina, cada vez mais especializada, se ocupa desses “marginais” da sociedade. Se, por um lado, são tratados em ambientes assépticos e com técnicas sofisticadas que pr sociedade. Se, por um lado, são tratados em ambientes assépticos e com técnicas sofisticadas que prolongam a vida, por outro lado não escapam à solidão e à impessoalidade do atendimento. Os enfermeiros e médlcos são eficientes, mas o moribundo se encontra afastado da mão amiga, da atenção sem ressa nem profissionalismo.

Quando morre, o velório geralmente é feito no necrotério, para o qual não se costuma levar crianças, as quais crescem ? margem dessa realidade da vida: nunca vêem um morto, nem um cemitério. “Antigamente dizia-se às crianças que se nascia dentro de um repolho, mas elas assistiam à grande cena das despedidas, à cabeceira do moribundo. A “obscenidade” em falar da morte se torna grave quando se trata dos doentes terminais, ou seja, daqueles que não escaparão da morte próxima. É comum tal fato ser escamoteado: os parentes, com a cumplicidade dos médicos, escondem do aciente sua doença letal e o fim próximo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS De um modo geral, a idéia da morte nos remete aos sentimentos de perda e nos desperta sentimentos dolorosos. Trata-se de uma dor psíquica, a qual muitas vezes acaba também gerando dores físicas. Essa é uma dor psíquica, movida por sentimentos de tristeza, de finitude, de medo, de abandono, de fragilidade e insegurança. Na espécie humana a dor psíquica diante da morte pode ser considerada fisiológica, mas sua duração vai depender de como a pessoa experimentou a vida. Diz um ditado: “teme mais a morte quem mais temeu a vida”.

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