Identidade paranaense

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ APARECIDA VAZ DA SILVA BAHLS A BUSCA DE VALORES IDENTITÁRIOS: A MEMÓRIA HISTÓRICA PARANAENSE CURITIBA 2007 Tese apresentada ao de Ciências Humanas Paraná, como requisi AGRADECIMENTOS 99 Swipe v em História, Setor idade Federal do título de Doutor em História. Orientadora: Prof. a Dr. a Helenice Rodrigues da Silva Ao Curso de Pós-Graduação em História da UFPR, que me abriu as portas para um aprendizado aprofundado sobre o intrincado ofício do historiador. À Fundação Cultural de Curitiba que me concedeu o tempo hábil para finalizar a tese. À minha orientadora

Helenice Rodrigues da Silva, pelas leituras, considerações e sugestões que fez, e pela paciência em ler e corrigir as várias versões apresentadas, no dificil caminho percorrido até a conclusão do trabalho. Agradeço também aos professores de minha banca de qualificação e de defesa, pelas observações comemorações do Centenário do Paraná, celebradas em Curitiba, em 1953. Entendemos que o poder público se apropriou desse acontecimento para reinvesti-lo de um novo sentido – forjar uma identidade paranaense, baseada em preceitos de modernidade – diferentemente do que fora pensado sobre o Estado pela ntelectualidade local.

Sendo assim, embora o Centenário do Paraná permaneça como o eixo principal de nosso trabalho, consideramos importante retroceder até 1853, para, a partir daí, selecionar momentos em que tensões identitárias estiveram evidentes na região, e que repercutiram em 1953. Pretendemos estabelecer um comparativo entre tais momentos com o pensamento de Bento Munhoz da Rocha Netto, governador do Estado, na época do Centenário, quando se empenhou em construir marcos que garantissem à posteridade a rememoração desse acontecimento.

Inseridos nesse contexto, os monumentos os símbolos, ao registrarem em suas formas e representações a memória de um grupo, podem apresentar-se como “lugares de memória”, transformando-se em importantes elos entre a memória e a identidade de um povo ou nação. Com isso, a relação entre esses conceitos se torna um valioso instrumento de manipulação dos grupos dominantes, como, por exemplo, pelos intelectuais e pelo Estado, que acabam reinvestindo de um novo sentido os acontecimentos, com o auxílio das comemorações.

Palavras-chave: memória; identidade; comemoração; monumentos ABSTRACT The object of this paper is the reflection about the established elationship between the concepts of identity and memory, foccusing the Centenary of Paraná commemorations, celebrated in the city of Curitiba, capital of Paraná state – Brazil, on 1953. We understand that t DF 299 city of Curitiba, capital of Paraná state – Brazil, on 1953. We understand that the public power had used this event to clad it in a new sense – to forge an identity of Paraná, based on ideas of mordernity – different from the one that was elaborated by the local intellectuality.

Therefore, yet the Centenary of Paraná is the center of our work, we had considered was important to etrace until 1853, to pick up moments where identity tensions were visible in the region and that had backwashed on 1953. We intend to establish a comparison between these moments and the thought of Bento Munhoz da Rocha Netto, governor of Paraná at the time of the Centenary, when he had struggled to build landmarks with the purpose of reinforce for posterity the remembering of this very event.

In this context the monuments and symbols can be presented as “memory places” as far as they have registered on their forms and representations the memory of a group, transforming themselves into important inks between the memory and the identity of a nation. Thus, the relation between these concepts become a valuable instrument of manipulation on the hands of the commanding groups, for example the intellectuals and the government who give a new sense to the events through these commemorations. Keywords: memory, identity, commemoration, monuments LISTA DE ILUSTRAÇOES FIGURA 01 – ESTÁTUA DO GENERAL SEMEADOR” FIGURA 04 – — CARNEIRO .

FIGURA 02 – POMPAS FUNEBRES EM HOMENAGEM AJOAO GUALBERTO GOMES DE SA CAPA DA REVISTA “ILLUSTRAÇÃO PARANAENSE” DE FIGURA 03 . MARÇO DE 1930 MONUMENTO “0 3 DF 299 DE 1930 MONUMENTO “0 SEMEADOR” FIGURA 04 CÂNDIDO . . FIGURA 05 – PRAÇA PROFESSOR JOÃO FIGURA 06 – BRASAO DO PARANA . PINHEIROS NO INTERIOR DO PARANÁ FIGURA 07 – . FIGURA 08 – SETE QUEDAS — FIGURA 09 – PAISAGEM DE VILA VELHA . . FIGURA 10 – FERROVIA CURITIBA-PARANAGUÁ . FIGURA 11 MEDALHAS ALUSIVAS À EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DO CAFÉ A ZACARIAS DE VASCONCELOS ERBO STENZEL E HUMBERTO COZZO DE POTY LAZZAROTTO .

ESTATUA DO HOMEM NU 16 – ESTATUA DA MULHER NUA . FIGURA 17 – DESFILE NA RUA 15 DE NOVEMBRO EM COMEMORAÇÃO AO CENTENÁRIO DO PARANÁ . FIGURA 18 – XÍCARA COMEMORATIVA DO CENTENÁRIO DO PARANA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 62 73 75 76 81 109 115 116 117 177 182 185 186 187 189 FIGURA 12 – MONUMENTO FIGURA 13 – PAINEL DE . FIGURA 14 – PAINEL FIGURA 15 – 192 SUMÁRIO INTRODUÇAO… 09 4 299 TEMPORALIDADES DE UMA HISTORIA 21 SIMBÓLICA 20 1 A EMERGÊNCIA DE UMA IDENTIDADE PARANAENSE: A HISTORIA DE UMA MEMORIA REGIONAL . 20 1. 1 A HISTORIA MEMORIZADA: DE COMARCA PAULISTA À INDEPENDÊNCIA DO TERRITORIO . . 2 LABORIOSOS E MORIGERADOS: OS IMIGRANTES NO .. 32 1. 2. 1 A figura do imigrante na identidade PARANA — . . 43 1. 3 A PARTICIPAÇÃO paranaense DO PARANÁ NO CENÁRIO POLÍTICO NACIONAL EA DELIMITAÇÃO DE FRONTEIRAS . 4814 O MOVIMENTO PARANISTA: A CRISTALIZAÇAO DE UMA IDEIA DE “PARANÁ” 67 1. 5 SIGNOS IDENTITÁRIOS: BANDEIRA, BRASÃO E HINO 76 2 “0 BRASIL MARCOU ENCONTRO NO PARANA”: O DISCURSO DA (RE)OCUPAÇAO DO ESTADO E SUA CONSOLIDAÇÃO TERRITORIAL . 85 2. 1 A (RE)OCUPAÇAO DO NORTE DO PARANÁ: COLONIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO 87 2. A DISPUTA DE TERRAS NO OESTE E SUDOESTE PARANAENSES . 2. 3 A “MARCHA PARA O OESTE” E A CRIAÇÃO DO TERRITÓRIO FEDERAL DO IGUAÇU . 101 2. 4 A “CIVILIZAÇAO DO PINHO”: A TRADIÇAO AO TEMPO DO CENTENARIO DO PARANÁ A IDENTIDADE ATRAVÉS DA IMAGEM: VISÃO DA GRANDE S DF 299 08 2. 5 „ 108 2. 5 A IDENTIDADE ATRAVES DA IMAGEM: VISAO DA GRANDEZA NATURAL 113 II O REFORÇO IDENTITÁRIO: AS COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DO PARANÁ „ 3 BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETTO: PROMOTOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UM “NOVO PARANÁ”… 3. 1 0 PARANÁ RUMO A MODERNIZAÇAO 3. POLíTlCAS PÚBLICAS DOS ANOS 1940 E 1950: OS ANTECESSORES DE MUNHOZ DA 3. 3 AS IDEIAS POLITICAS DE BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO — 3. 4 A CONQUISTA DO PARANÁ: AÇÕES DO GOVERNO MUNHOZ DA ROCHA 3. 5 A TENTATIVA DE RECONSTRUÇAO DE UMA IDENTIDADE TERRITORIAL E POPULACIONAL NA FORMAÇÃO DE UM “NOVO PARANÁ” . 4 REMEMORAÇAO COMEMORAÇAO: O UNIVERSO SIMBOLICO EM TORNO DO CENTENARIO DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO PARANÁ 4. 1 “ILUSTRAÇÃO BRASILEIRA”: “PRESENTE DO PASSADO” DO CENTENÁRIO DO 4. 2 “PARANA VIVO” E “UM BRASIL DIFERENTE”: A VISAO DO PARANA SOB A PERSPECTIVA DA INTELECTUALIDADE . 4. 1953: COMEMORANDO O CENTENÁRIO DO DIFERENTE”: A VISAO DO PARANA SOB A PERSPECTIVA DA INTELECTUALIDADE . 119 119 120 123 131 119 139 145 147 149 4. 3 A “ARQUITETURA MONUMENTAL” COMO MARCO SIMBÓLICO DO CENTENÁRIO DO 160 4. 4 EXPOSIÇAO INTERNACIONAL DO CAFE E GRANDE FEIRA DE CURITIBA: UMA APOTEOSE AO PARANA 180 CONSIDERAÇOES 193 FONTES CAFÉ! .. 173 FINAIS 200 INTRODUÇÃO 197 REFERÊNCIAS — O início de um trabalho acadêmico é um momento desafiador. A partir da seleção do tema, a definição de objetivos, de hipóteses e de questionamentos a serem elucidados se apresenta como elemento essencial para sua elaboração.

Em nosso caso, um dos fatores que colaborou para a escolha do objeto de estudo está relacionado às atividades que desempenhamos na Fundação Cultural de Curitiba e a estudos acadêmicos anteriores. Em 1998, defendemos a dissertação de mestrado, no Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, enfocando praças e parques de Curitiba para destacar a im ortância desses espaços na urbanização das cidad idade de seus habitantes DF 299 mesmo ano, realizamos, na FCC, um Inventário de parte dos monumentos localizados nos logradouros públicos da capital.

O cadastramento e a pesquisa histórica sobre eles revelaram-se uma atividade instigante. Conhecer a origem e a representatividade dos diversos bustos, estátuas, placas, painéis que povoam as praças, os bosques, os parques da área urbana atraiu nossa atenção para a transformação de sentidos ue os monumentos adquiriram, na sociedade, até chegar a uma completa ausência de significados, nos dias atuais. Embora haja várias formas de serem apreciadas, de acordo com a sensibilidade do observador, tais obras não possuem mais a aura que as envolvia quando foram inauguradas.

Transferidas de um local para outro, sujeitas às pichações e atos de vandalismos, elas passam despercebidas pelos pedestres que circulam em seu entorno. Diante dessas constatações, optamos por investigar o sentido que norteou a execução dos monumentos, tendo como base uma das praças inventariadas. A escolha recaiu sobre a raça 19 de Dezembro. Assim denominada desde 1879, a praça presta homenagem à emancipação política do Paraná, celebrada em 19 de dezembro de 1853. Esse fato colaborou para que, em 1953, ela fizesse parte das comemorações que assinalaram os cem anos do Estado.

Transformada em “Praça do Centenário”, a Praça 19 de Dezembro foi então projetada para abrigar um conjunto escultórico alusivo ao acontecimento comemorativo: um obelisco, uma estátua de homem despido de vestimentas, Trata-se da dissertação: “O verde na metrópole: a evolução das praças e jardins em Curitiba/ 18851916” epresentando o homem paranaense, e dois painéis em forma de biombo, retratando os ciclos econômicos e a criação da Pro 8 DF 299 paranaense, e dois painéis em forma de biombo, retratando os ciclos econômicos e a criação da Província do Paraná.

A monumentalidade das obras, como o obelisco que passou a se sobressair na paisagem urbana com aproximadamente quarenta metros de altura, sugeria a intenção do poder público com sua execução: evidenciar a grandeza do Estado que então respirava ares “progressistas” graças ao acúmulo financeiro proporcionado pela expansão da economia cafeeira em seu território. O obelisco apontando para o alto indicaria o Paraná rumo à prosperidade, na vanguarda dos demais estados brasileiros.

Naquela circunstância, os monumentos representavam peças importantes no processo memorativo, procurando materializar os ideais de avanço e modernidade para a posteridade, propostos pelo poder estadual, e atuar como marcos referenciais identitários para a população. Executados por meio de diversas modalidades, eles serviriam para orientar os paranaenses a criar uma imagem de si mesmos, a ponto de se relacionarem com o que estava sendo retratado nos objetos.

A praça 19 de Dezembro, no entanto, não foi o ?nico espaço da capital reservado para sediar monumentos que perpetuassem na história regional, o Centenário do Paraná. Imóveis de arquitetura moderna 2 , em voga nas principais capitais brasileiras, começaram a ser erguidos em distintos pontos da cidade. Riqueza e poder estavam implícitos em suas linhas geometrizantes. A construção de um Centro Cívico, reunindo em um mesmo local os poderes executivo, legislativo e judiciário estaduais, por exemplo, se propunha a facilitar a administração do território e procurava reforçar Curitiba como seu centro político.

Os projetos de uma sede própria para a Biblioteca Públi g DF 299 Curitiba como seu centro político. Os projetos de uma sede própria para a Biblioteca Pública, possibilitando reunir informações sobre a história do Paraná, e de um teatro oficial do Estado, o Teatro Guaíra, indicavam a preocupação com o aspecto cultural do evento e sugeriam a concentração do saber regional, em Curitiba. Bento Munhoz da Rocha Netto, então governador do Paraná, teve papel essencial no direcionamento das obras planejadas.

Não obstante a pretensão de alçar o Paraná ao nivel dos estados brasileiros considerados mais avançados, ele também teve Entendida como uma arquitetura de linhas simples e com poucos elementos decorativos, a arquitetura moderna passou a ser discutida na imprensa brasileira em meados da década de 1920. Esse estilo arquitetônico priorizava a racionalidade e novas técnicas construtivas prevalecendo o uso do concreto.

Marcelo Saldanha Sutil, em sua tese de Doutorado – Beirais e platibandas: a arquitetura de Curitiba na primeira metade do século 20 — analisa a implantação desse movimento arquitetônico no Brasil e, em especial, em Curitiba. a preocupação em conciliar suas idéias de modernidade com o aciocínio dos intelectuais conservadores de Curitiba, voltado para a história tradicional do Paraná baseada na preservação de suas raízes.

Discutir a tensão entre manter vivo o passado, por meio de monumentos, símbolos e publicações referentes às origens do Paraná para obter apoio desse grupo letrado, e a tentativa de incentivar o surgimento de um “novo Paraná”, cosmopolita, imigrantista, aberto para o futuro, com a colaboração de escritores que defendiam essas idéias é o que prima este trabalho. Nesse processo de equilíbrio entre as diferentes visões de “Paraná” e F2gg

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