A importãncia da brincadeira com recurso de aprendizagem
A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA COMO RECURSO DE APRENDIZAGEM Resumo: Este trabalho tem como meta principal evidenciar o papel da brincadeira na aprendizagem, reconhecendo-a como um instrumento pedagógico importante no desenvolvimento cognitivo do aluno, e como facilitador na assimilação de conhecimentos e na resolução de conflitos. Percebendo-se que Swipe view next page os jogos e as brincadeiras da cultu pelas instituições escolares em geral, p aspecto lúdico para o desenvolvimento cog contexto, trata-se en mente ignorados OF17 portância do iança.
Dentro desse de demonstrar a possibilidade de uso da brincadeira na prendizagem, promovendo uma reflexão teórica a respeito do uso do lúdico como elemento fundamental no processo de apropriação do conhecimento. Assim, são apresentadas as idéias fundamentais dos diferentes papéis que a brincadeira exerce no fazer pedagógico e no desenvolvimento humano com a finalidade de propiciar ao profissional docente a reflexão sobre a aplicação do lúdico na aprendizagem, promovendo a autonomia intelectual da criança. he cognitive development of children. In this context, is able to demonstrate the use of play in learning, promoting a theoretical iscussion about the use of leisure as an important part in the ownership of knowledge. Thus, we present the fundamental ideas of the different roles that the game carries on educational and human development in order to provide the professional reflection on the implementation of playful in learning, encouraging children’s intellectual autonomy.
Keywords: play, learnng cognitive development INTRODUÇÃO O homem, desde os primórdios, busca na comunicação o estabelecimento da sua sobrevivência em grupo socialmente organizado. Entretanto, da mesma forma que a sociedade se reorganiza continuamente e encontra formas e facilitar sua vida, a linguagem que ela usa para representar a si e as suas práticas também 1 A autora é Licenciada em Psicologia e Pós-graduada em Psicopedagogia.
Atualmente é professora de Psicologia da Educação e Aprendizagem e Educação Especial, na FAE Faculdade das Águas Emendadas; a autora é mestranda em Educação na UCB – Universidade Católica de Brasília – DF. mudam com o passar dos tempos. Assim, entende-se que o domínio das múltiplas formas de linguagem e o consequente conhecimento acerca das diferentes formas de compartilhar informações constitui-se em um grande desafio mposto aos membros da sociedade at cial, àqueles que 20F leitura e entendimento das diferentes linguagens que permeiam as práticas sociais.
Quanto a isso, vale considerar que a comunicaçao se processa através de expressões gestuais ou corporais (que englobam desde olhares, movimentos das mãos, até a maneira de se movimentar ou apresentar o corpo – tenso, relaxado, pernas e braços cruzados ou abertos, entre outros); formas visuais (que tem relação com as cores, aparências, texturas de tudo aquilo que se apresenta no nível da visão); formas gráficas (desenho ou escrita; esultado ou não de convenção) e as usuais formas verbais (nas modalidades falada e escrita).
Embora se reconheça facilmente a existência dessas diferentes modalidades de comunicação, o que se vê na prática é que, em geral, não é muito comum considerar outros recursos além da leitura, escrita e representações convencionadas nas atividades escolares. Entendendo a necessidade da incorporação das outras formas de linguagem nas práticas escolares, este artigo pretende tratar da inclusão da brincadeira como instrumento pedagógico capaz de tornar o aluno proficiente nas ariadas modalidades de comunicação disponíveis na sociedade.
Vale registrar que a brincadeira, como instrumento de aprendizagem, especialmente infantil, é um tema de extremo interesse dos profissionais da educação que a vêem como um recurso ativo pedagógico fundamental para o desenvolvimento do aluno. Em fun ão disso, todo profissional que trabalha com 30F seus conhecimentos a fim de adequá-los à práxis cotidiana.
Entretanto, cumpre advertir a priori que a brincadeira é uma necessidade no desenvolvimento do ser humano e não pode ser Vista apenas como mera diversão, ma vez que o uso de material lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colaborando assim, para uma boa saúde mental e um estado interior fértil, que facilitará a expressão e construção do conhecimento. A brincadeira espontânea e agradável leva a criança a expressar seus impulsos instintivos, e dessa forma, serve como elemento encorajador e de orientação que, se bem usado, auxilia no desenvolvimento oportuno da inteligência, fazendo com que sejam apuradas as emoções e as suas vontades, Individualidade e sociabilidade. Assim, a brincadeira é importante para incentivar nao só Imaginaçao e afeto nas crianças durante o seu desenvolvimento, mas também para auxiliar no desenvolvimento de competências cognitivas e sociais.
Para tanto, é necessário entender brincadeira através da origem da palavra ‘lúdico’ – do latim ludus – que significa brincar (incluindo no mesmo termo ações como jogos, brinquedos, divertimentos, brincadeiras) e deve ser concebida diante da conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte. Ou seja, é indispensável entender a função educativa da brincadeira enquanto promotora de aprendizagem AGE 4 OF pedagógico, deve-se ter presente que na expressão e construção do conhecimento, a criança apropria-se da realidade imediata, atribuindo-lhe significado.
Assim, alunos com dificuldades de aprendizagem podem valer-se da brincadeira como recurso para facilitar a compreensão espontânea dos conteúdos pedagógicos, rompendo com velhos préconceltos em relação a uma disciplina ou outra. Para que isso se efetive é necessário valorizar simultaneamente características gerais do desenvolvimento infantil e as particularidades da ação daquela criança que está sendo estimulada no contexto da rincadeira.
Enfatize-se que ao brincar, uma criança dá muitas informações e comunica, por meio da ação, sua forma de pensar, e o observador precisa estar preparado para reconhecer nas atitudes das crianças, ações ou procedimentos que retratem os indícios dos critérios necessários para uma boa formação cognitiva, e até afetiva-social do aluno. Em síntese, as brincadeiras expressam possibilidades de uma pedagogia diferenciada 3 das normalmente aplicadas, permitindo ao professor criar e gerir situações de aprendizagem mais condizentes com as atuais condições educacionais.
Tendo este postulado como base, Leontiev (1 988, p. 120) esclarece que a brincadeira é atividade objetiva que constitui a base da percepção que a criança tem do mundo e dos objetos h ivo pelo qual ela própria é s OF não inclui apenas os objetos que constituem o mundo ambiental próximo dela e que ela de fato pode operar, mas também inclui os objetos com os quais os adultos operam, e que ela ainda não é capaz de operar, por estarem além de sua capacidade física.
Na mesma linha de raciocínio, pode-se lembrar também Piaget (s/ d), para quem “a ludicidade é uma ferramenta pedagógica que exerce ma função fundamental para o desenvolvimento da criatividade, iniciativa e autonomia, como também para a apropriação dos diversos saberes produzidos historicamente pela humanidade”. Dos dois posicionamentos, têm-se como evidente que a brincadeira, tomada em seus vários aspectos, pode representar uma fonte impulsionadora do processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança. so ocorre porque o melo ambiente em que a criança em inicio de desenvolvimento (cognitivo, social, afetivo, etc. ) se encontra está em constante expansão e a quantidade de objetos que ela não domina a desafia como um roblema. É nesse ínterim que a criança lança mão da brincadeira para uma melhor tomada de consciência do mundo objetivo. “Para a criança, neste nível de desenvolvimento físico, não há ainda atividade abstrata e a consciência das coisas, por conseguinte, emerge dela, primeiramente, sob forma de ação” (LEONTIEV, 1988, p. 120). Dineilo (1997 p. 6) aponta 6 OF o, a psicomotricidade da desenvolvimento psicomotor para aquisições mais elaboradas, como é o caso das intelectuais. Oliveira ratifica esse entendimento, ao afirmar que: Muitas das dificuldades apresentadas pelos alunos podem ser acilmente sanadas no âmbito da sala de aula, bastando para isto, que o professor esteja mais atento e mais consciente de sua responsabilidade educador e despenda mais esforço e energia para ajudar a aumentar o potencial motor, cognitivo e afetivo do aluno. Ass m sendo, devemos 4 estimular os jogos como fonte de aprendizagem (OLIVEIRA, 1997). grifo nosso] Em âmbito educativo a aplicação de um programa que estimule a atividade psicomotora, especialmente por meio do jogo, permite a criança prossegulr nas etapas da própria evolução de maneira mais harmoniosa facultando aos educadores mestres segui-la e guiá-la na sua maturação emocional. A criança saberá aproveitar o jogo e aventurar-se nele de maneira autônoma, saberá desenvolver espontaneamente os jogos sensório-motor, simbólico e de socialização e, por meio deles, satisfazer as próprias necessidades (VECCHIATO, 2003, pp. 01-2). É nesse contexto que Friedrich Schiller (IN: BETTELHEIM, 1988, p. 141) afirma que o homem só é homem de fato quando brinca. Ou Seia, a brincadeira está ludicidade do aprender. Tomando-se como assertiva que a criança aprende enquanto brinca e que por meio da brincadeira a criança envolve-se no jogo e sente a ecessidade de partilhar com o outro, entende-se que, ainda que em postura de adversário, o indivíduo está aprendendo a se relacionar.
E esta relação expõe as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões testando limites. Ou seja, brincando e jogando a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais como: atenção, afetividade, o hábito de permanecer concentrado e outras habilidades perceptuais psicomotoras. Brincando a criança torna se operativa (PLANETA TERRA, s/d). Segundo Bruno Bettelheim (1988, p. 6) as brincadeiras mudam ? medida que as crianças crescem, daí muda-se a compreensão em relação aos problemas diversos que começam a ocuparem suas mentes. Três são os momentos que alicerçam o interdisciplinar dos sujeitos envolvidos: no primeiro é estabelecida a situação de faz-de-conta, momento em que se dá ênfase ? imaginação, dramatizando, contando, vivendo e elaborando histórias, criando seu espaço-lúdico. No segundo momento, dá-se ênfase ao brinquedo, ao brincar com outras pessoas, em grupo.
Neste momento os processos internos são xternalizados e tornam-se compreensíveis enquanto re resentados pelas figuras da estória e seus incidentes 80F sua vez e interagindo de uma forma mais organizada. No grupo, aprende a partilhar e a fazer um movimento rotativo tao importante para a socialização e o diálogo. No terceiro momento evidencia-se o brincar, o jogar e o aprender no movimento: informação conceitual, comunicação, troca e parceria, interface teórico- prática.
O brinquedo como suporte da brincadeira tem papel estimulante para a criança no momento da ação lúdica, permitindo a exploração do seu potencial criativo uma sequência de ações libertas e naturais em que a imaginação se apresenta como atração principal. Por meio do brinquedo a criança reinventa o mundo e libera suas atividades e fantasias. por meio da magia do faz-de-conta explora os limites e, parte para aventura que a leva ao encontro do Outro-Eu.
A entrada da criança no mundo do faz-de-conta marca uma nova fase de sua capacidade de lidar com a realidade, com os simbolismos e com as representações. Com o brinquedo a criança satisfaz curiosidades e traduz o mundo dos adultos para a dimensão de suas possibilidades e necessidades. Isso ocorre porque a criança precisa vivenciar idéias em nível simbólico para compreender o significado na vida real; ou seja, o pensamento da criança evolui a partir de suas ações, razão pela qual as atividades concretas são tão importantes para o desenvolvimento do pensamento infantil.
Vale ressaltar que, mesmo determinados objetos ou momento que oportuniza a expressão e elaboração simbólica de desejos, conflitos e frustrações. Nesta direção, pode elucidar a compreensão, Bettelheim (1 980, p. 1 1) ao afirmar que: “Ao contrário do que diz o mito antigo, a sabedoria não irrompe ntegralmente desenvolvida como Atenas saindo da cabeça de Zeus; é construída por pequenos passos a partir do começo mais irracional”.
Observa-se que quando existe representação de uma determinada situação (especialmente se houver verbalização) a imaginação é desafiada pela busca de soluções de problemas criados pela vivência dos papéis assumidos. As situações imaginárias estimulam a inteligência e desenvolvem a criatividade, motivando os participantes e tornando-se, por conseqüência, um forte instrumento na estimulação da construção de esquemas de raciocínio. ?? por melo da brincadeira que a criança 6 começa a compreender como as coisas funcionam, o que pode ou não ser feito com os objetos e quais as regras de convivência social que devem ser seguidas. Freud (apud Bettelheim, 1 988), afirma que a brincadeira é um meio pelo qual a criança efetua suas primeiras grandes realizações culturais e psicológicas, e que expressa a si própria, a seus sentimentos e pensamentos que, por vezes, poderiam pressioná-la se permanecessem no inconsciente, se não tivesse a oportunidade de lidar com eles representa ma de fantasia lúdica. 0 17