A mídia brasileira e a cultura durante a ditadura militar
A mídia brasileira e a cultura durante a ditadura militar Há 45 anos o Brasil atravessava uma profunda e dolorosa mudança política, social e até mesmo jornalística. O Golpe de 31 de março de 1 964, que derrubou o então presidente João Goulart, acusado de comunista, foi um importante divisor de águas na história da democracia brasileira. O período da ditadura militar foi marcado, dentre tantas outras características, pela violência contra indivíduos e contra a imprensa. Não é novidade que reportagens que desagradavam o regime fossem simplesmente roibidas de serem publicadas, sob pena de prisão, tortura e morte.
Nos veículos de grande circulação, receitas culinárias eram SWP to p age publicadas no lugar d do Ato Institucional n Costa e Silva, ficou-s inda para a Imprensa. Na contramão da ce ora erno. Com a adoção d nte o governo de para os cidadãos e semanal O Pasquim. Com humor e ironia, matérias sobre a situação política da época eram retratadas “discretamente” por jornalistas como Sérgio Cabral e Tarso de Castro, contando ainda com a participação de cartunistas como Millôr Fernandes, Ziraldo e outros.
O Pasquim, apesar de ir de encontro com os interesses dos militares, ia ao encontro do interesse público. Era um tipo de midia que manifestava características culturais de uma determinada época e de uma det determinada população, embora corresse todo o risco da repressão. Mas a publicação não contava somente com noticias do Governo ou manifestações. Era basicamente comportamental, pois abordava assuntos como drogas, sexo, feminismo, divórcio, dentre outros. O lado político foi sendo desenvolvido conforme o amadurecimento da repressão da ditadura.
Inúmeros jornalistas a redação foram presos e torturados a mando dos militares e até mesmo bancas de jornais que vendiam o semanário alternativo eram alvo de atentados a bomba. O Pasquim sucumbiu no início da década de 90, com seu último exemplar publicado em 11 de novembro de 1991. O Pasquim foi um elemento contracultural, uma vez que valores e ideias de uma conjuntura eram questionados, embora maquiadamente. um outro veículo importante do século XX foi a revista O Cruzeiro.
Apesar de sua criação ter sido dada muito antes do período do regime militar, seu último exemplar foi publicado durante essa época. O Cruzeiro fazia parte das publicações dos Diários Associados, o maior conglomerado de comunicação do Brasil, fundado por Assis Chateaubriand. Entre os variados assuntos abordados, eram destaques notícias sobre os astros de Hollywood, atletas famosos e cinema. Os elementos da midcult elencados naquela revista eram usados para chamar a atenção da massa para os malefícios da ditadura e até mesmo burlar possíveis censuras.
Matérias de interesse público eram sempre produzidas e elementos da off-groadway eram uma constante na interesse público eram sempre produzidas e elementos da ff-Broadway eram uma constante na revista (uma vez que reportagens sobre a baixa cultura da época eram uma constante). O Cruzeiro misturava realidade com ficção, buscando de uma forma alternativa expor os problemas da sociedade da época. A cultura, em geral, era o centro das atenções do conteúdo da revista. Não são apenas importantes veículos midiáticos que fazem parte do leque de cultura de uma determinada época.
A presença de O Pasquim e O Cruzeiro foram importantes na construção da imprensa que temos hoje, seja pela forma, seja pelo conteúdo. A ultura era retratada naquelas revistas de forma a expressar para os Ieltores de um modo claro, certas vezes despojado, e quase sempre irônico, fugindo da repressão militar. Acerca do assunto estudado, um outro aspecto cultural que pôde ser observado durante os 21 anos do regime militar foi a Jovem Guarda. Fundado pelos cantores Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléia, o movimento teve início na metade da década de 60.
Uma mistura de música, moda e comportamento marcou época e gerações, influenciando no modo de agir e pensar de milhões de jovens brasileiros. A midcult determinada pela Jovem Guarda consistia em arrastar, basicamente, os jovens, mas, aos poucos, os mais velhos também foram atraídos pelo movimento. O período de decadência da Jovem Guarda deu-se pela ascensão de um novo grupo. Também formado por compositores, a Tropicália foi um dos responsáveis pelo “esvaziam PAGF3ÜFd foi um dos responsáveis pelo “esvaziamento” do movimento liderado pelo cabeludo Roberto Carlos. “A Tropicália é uma Jovem Guarda com consciência das coisas”.
Assim Erasmo Carlos definiu o manifesto liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso. Com influência da cultura pop nacional, o Tropicalismo também tem ligações com o movimento antropofágico das décadas de 20 e 30 (liderado por expressivos artistas como Anita Malfatti, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, dentre outros). O misto de poesias de vanguarda concretista nas letras das canções com a estética do pop art eram características midcult, uma vez que eram mesclados o melhor da hype (poesias concretistas) com o melhor do conceito de off-Broadway ( canções pop que estão em ascendência para a hype).
O movimento Tropicalista não se constitui apenas na música popular brasileira. O cinema também sofreu influências . O Cinema Novo, de Glauber Rocha, tinha como característica fugir das grandes estruturas hollw,’oodianas e mostrar a realidade brasileira ao povo. Com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, Glauber Rocha e outros cineastas como Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues e Joaquim Pedro de Andrade faziam de uma produção barata de cinema uma grande história a ser contada a muitas gerações. Era a contracultura chegando, mais uma vez, às grandes massas.