A midia e a percepção da sociedade civil

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San Tiago Dantas – Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais Paula de Campos Elias A midia e a percepção da sociedade civil nas relações internacionais “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay! ” Aforismo popular 4 p Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar a influência da m[dia nas percepções da sociedade civil nas relações internacionais.

O presente artigo está dividido em introdução, análise do poder político midiático, uma revisão teórica do conceito de percepção nas relações internacionais, análise relação entre mídia e as lasses governantes baseada em teorias de estudiosos de comunicação e política, e uma análise da guerra do Iraque como caso prático. Palavras-chave: mídia, percepção, relações internacionais, Iraque. opinar sobre as ações do governo norte americano. [2] O colapso do consenso da Guerra Fria significou que diferenças entre elites politicas são regra, não exceção: defesa das ações presidenciais deixou de ser automática ou durar indefinidamente, e acabou o controle exclusivo do governo sobre a maioria das notícias de política externa. 3] As novas tecnologias fizeram com que o escopo do debate olítico fosse aumentado, pois a m[dia passou a prover informação suficiente de forma que, além passar a ser um fator a ser considerado no jogo político – pois os governantes e elite política teriam de calcular a repercussão midiática de suas ações fez com que a sociedade civil tivesse conhecimento o suficiente para conseguir discutir politicas públicas com embasamento[4]. ma midia mais rápida e acessível combinada com melhores meios de comunicação levou ao surgimento de novas arenas de debate e novos canais para que a população pudesse expressar uas demandas e preferências politicas; também fazendo com que sociedades de países diferentes pudessem se comunicar, se relacionar e até se identificar uma com a outra.

O poder político midiático Desde a década de 1 970 estudiosos das relações Internacionais vinham chamando a atenção para a emergência de novos atores no sistema internacional, em oposição à visão realista – até então predominante – de que os Estados eram os únicos atores relevantes e que qualquer mudança na política internacional era decorrente de um rearranjo da distribuição de poder entre os Estados.

A concepção tradicional segundo a qual os agentes das relações internacionais eram o diplomata e o soldado passou a ser questionado, e novas análises acadêmicas passaram a des 20F 14 eram o diplomata e o soldado passou a ser questionado, e novas analises acadêmicas passaram a destacar a importância de novos atores e novos processos – ainda que o caráter estadocêntrico das teorias de Relações Internacionais só fosse de fato questionado décadas mais tarde.

Conforme destacado por Keohane e Nye, passou-se a ter a noção de que as relações internacionais não acontecem no vácuo e que são fortemente nfluenciadas pela natureza da política doméstica nos vários Estados, conforme ilustrado na figura que se segue[5]: [pic] A midia constitui uma parte importante dos processos políticos domésticos e internacionais: é através de notícias, artigos e reportagens que o cidadão comum se informa sobre os principais eventos mundiais e constrói gradualmente sua visão de mundo e percepções sobre temas (como guerra, paz, armamentos, meio ambiente), atores (Estados, instituições, políticos, empresas, ONGs) e processos (globalização, integração regional, interdependência).

Dessa forma, os agentes envolvidos o jogo politico passam a incluir a imprensa nos cálculos de tomada de decisão: uma notícia com um enquadramento favorável pode influir, por exemplo, no apoio popular a um certo candidato ou uma certa política publica. Os governos passaram a ser sensíveis à grande midia, prestando contas, divulgando projetos, dando entrevistas coletivas, em suma, sendo em certa medida responsivos ao jornalismo; justamente por terem ciência que seus eleitores e demais elites políticas buscarão na mídia informação na qual basear suas escolhas. A influência política da imprensa decorre de sua prerrogativa e retratar as noticias de maneiras que possa favorecer alguns em detrimento de outros ao inte 30F 14 em detrimento de outros ao interferir diretamente na formação de opinião e percepção dos indivíduos[6].

Para melhor entender o poder midiático e seu impacto na vida política de um país, basta trazer à tona alguns casos de escândalos políticos – como o caso Watergate[7]_ Também é de vital importância destacar que com o avanço da tecnologia que permite que um fluxo cada vez maior de informações seja adquirido por jornalistas e repassado para o grande público, a vida pessoal dos lideres políticos também ira alvo de escrutínio e, por vezes, motivo de escândalo, conforme aconteceu com Bill Clinton e seu suposto caso com uma estagiária da Casa Branca[8]. Pode-se dizer que as questões políticas e os próprios governantes passam a ser julgados a todos tempo por parâmetros morais, por conjuntos de valores específicos.

Apesar dos líderes políticos terem suas ações e suas vidas analisadas minuciosa e constantemente pela imprensa, é de vital importância destacar que o poder midiático pode ser e é freqüentemente usado para promover ou validar planos de governo de políticas públicas. As elites políticas, cientes do poder midiático e sua capacidade, provém informações e relatos calculando o impacto que sua divulgação para o grande público causará, e como usá-lo em benefício próprio: seja para se eleger, aprovar certas medidas, criticar outras elites políticas ou aumentar a aceitação de sua própria percepção do mundo. Esse não é um fenômeno novo: desde de seu nascimento a imprensa – e também, muitas vezes, a arte- serviu como meio de disseminar, propagandear ou validar as vontades, idéias e projetos dos mais poderosos.

Seja em jornais impres AGE 4 4 isseminar, propagandear ou validar as vontades, idéias e projetos dos mais poderosos. Seja em jornais impressos, peças de teatro, programas de rádio, propagandas televisivas, filmes ou cartazes; muitos governos já usaram a m[dia como meio para promover suas ações ou visões de mundo. Um dos exemplos mais ilustrativos é a propaganda nazista, veiculada no rádio, no cinema, na midia impressa, sob a direção de Joseph Goebbels. Não obstante, o avanço da tecnologia faz com que seja possível circular certas opiniões em maior fluxo e em mais meios de comunicação, de fato, estende o alcance de certas elites na ormação da opinião pública. ealmente, uma imprensa livre equilibra a posição oficial com uma perspectiva mais imparcial que permita ao público deliberar sobre as decisões de forma independente e informada. Mas, na prática, a relação entre as elites governantes e organizações de notícias é menos distante e mais cooperativa do que o ideal, especialmente em assuntos externos: os políticos, cientes da importância da percepção pública de sua atuação, dão entrevistas exclusivas, informações privilegiadas em troca de uma not[cia retratando o que lhe convém. A questão é ealmente uma questão de grau: o quão perto é a associação? Como é exatamente esta conexão refletida no noticiário? E quais são os efeitos sobre a politica externa e de responsabilidade democrática?

Antes de analisar um caso prático que elucide essas questões, cabe um interlúdio para tratar de dois tópicos relevantes para uma compreensão mais plena da relação entre midia, governo e percepção publica: o próprio conceito de percepção segundo estudiosos de Relações Internacionais, e uma pequena revisão teórica sobre o que 4 teórica sobre o que acadêmicos de comunicação e política screveram sobre as relações mídia e governo. O conceito de percepção e as Relações Internacionais Percepção é um processo psicológico básico através do qual indivíduos se identificam com o ambiente no qual estão inseridos, o qual tem como característica básica o ato de seleção, que escolhe alguns estímulos em detrimento de outros para definir uma certa situação, pessoa ou “idéla”, “valor” . 9] Assim, em última instância, a opinião pública é o conjunto das percepções de cada indivíduo que a compõe sobre o assunto em questão, formadas elos estímulos por ele recebidos – dentre eles, notoriamente, o tipo de midia que consome. Assim, a tomada de decisão de indivíduos – seja do eleitor no voto, seja do presidente ao decidir, por exemplo, intervir num país – é extremamente influenciada pelas percepções que são ativadas por aquela situação em particular. Na passagem a seguir Alexander Wendt elucida a importância das percepções nas relações internacionais com exemplos práticos, assinalando quão relevante elas são no processo de decision-making.

Conforme assinalado por Wendt, são os “significados coletivos”, s noções e percepções compartilhadas que constituem as estruturas na qual nossas ações são organizadas, que preenchem o espaço para que as relações internacionais não aconteçam no vácuo, como assinalado por Nye e Keohane[11]. Os avanços na tecnologia que possibilitam um fluxo de informações mais constante e maior fazem com que os cidadãos tenham mais estímulos que geram perce ões erando significados para mais situações, influenciando c 6 OF estimulos que geram percepções, gerando significados para mais situações, influenciando crescentemente no processo de decisão os governantes.

Robert Cox, em seu artigo Social Forces, States and World Orders: Beyond International Relations Theory[12] trata da influência do quadro histórico como estrutura para a ação e da importância das idéias para configuração desse quadro: Vê-se, assim, que para Cox idéias, percepções coletivas são relevantes para as relações internacionais na medida em que são parte importante da estrutura histórica na qual as ações dos agentes estão inseridos. O autor converge com Wendt na medida que também assinala a importância das percepções no sistema nternacional, porém vai um pouco alem no sentido de sugerir que a mudança pode emergir do choque de conjuntos de idéias distintos.

O nexo entre midia e classes governantes Estudiosos da comunicação política desenvolveram duas abordagens principais para a compreensão da relação governo e da midia no que diz respeito à política externa: a hegemonia e indexação. Teóricos da hegemonia acreditam que funcionários do governo mantém as informações acessíveis ao público dentro de limites ideológicos tão estreitos ue a deliberação democrática e influência da sociedade ci o e aplicação de políticas 4 à atuação da casa Casa Branca irrompe dentro do establishment da política externa, opiniões críticas aparecem no noticiário. Segundo a teoria de indexação a imprensa não oferece uma análise crítica das decisões políticas da Casa Branca, a menos que os atores advindos de dentro do governo (na maioria das vezes do Congresso) o façam antes.

Isto significa que o midia age, na sua maior parte, como um veículo para funcionários do governo criticarem uns aos outros”. Contrariamente à opinião hegemonia, teóricos da indexação acreditam que quando as elites iscordam sobre a política externa, a imprensa reflete a discórdia de um modo que pode culminar em mudanças de ritmo em sua condução, e isso significa que o seu papel, embora ainda limitado, transcende a mera transmissão de propaganda. [14] Neste artigo não será feita uma análise extensa e tampouco detalhada dessas duas teorias, contudo, é de vital importância ressaltar que ambas, no extremo, representam forte grande de preocupação no que diz respeito à preservação de uma real democracia.

O caso da Guerra do Iraque A seguir encontram-se tabelas que mostram os resultados e uma pesquisa realizada pelo PIPA (Program on International policy Attitudes) em 2003 sobre equívocos[15] sobre fatos relacionados ao Iraque e propensão à ser a favor da guerra. Foram escolhidos os seguintes A) Que foram encontrados links claros entre o Iraque e a Al Qaeda B) Que foram encontradas armas de destruição em massa no raque C) Que a opinião pública mundial era a favor da guerra. Esses três equívocos fo 80F 14 s por poderem ser poderem ser estimulos para que os americanos construíssem uma percepção, definissem a situação de maneira que fossem avoráveis à guerra. Como, conforme descrito no trecho a seguir, equívocos não se criam no vácuo, os resultados foram organizados por consumidores de cada canal de televisão específica e da midia escrita em geral. 17] [PiC] Serão comentados agora alguns resultados da pesquisa que são especialmente relevantes para este artigo. Primeiro as tabela que os contem serão relacionadas, para que então sejam feitas considerações sobre seu conteúdo. [picl A análise dos resultados aqui relacionados nos permite fazer algumas observações sobre o nexo entre o tipo de mídia onsumida pelo cidadão a um, sua percepção pontos. [18] De fato, de acordo com a pesquisa, quanto mais equivocada a pessoa fosse, quanto mais percepções inverossímeis tivesse sobre a guerra do Iraque, mais a apoiaria: aqueles com apenas um equívoco eram 2. 9 vezes mais propensos a apoiar a guerra, o número sobe para 8. para aqueles com dois equlVocos e, finalmente, pessoas equivocadas sobre os 3 pontos levantados eram 9. 8 vezes mais propensos a apoiar a guerra em relação aos que tinham percepções verossimels. O terceiro ponto a ser levantado é que a fonte de informação mporta, que consumidores de certas agências de notícias tendem a ser mais equivocados que outros, o que nos traz de volta à Importância da relação entre governo e Imprensa e seus efeitos para a democracia. Os resultados nos mostram que 80% dos telespectadores da Fox News apresentavam visões equivocadas sobre pelo menos um dos pontos levantados na pesquisa, sendo, portanto, mais propensos a serem favoráveis à guerra que os entrevistados consumidores a outro tipo de imprensa.

Isso se torna mais preocupante no que concerne a democracia quando analisamos o seguinte gráfico: As pesquisas mostraram que os eleitores de George W. Bush, estatisticamente, apresentavam mais misperceptions, ou seja, equívocos, do que os que pretendiam votar no candidato democrata. Estabelece-se, então, relações e paralelos complicados e impactantes: pessoas que tem visões de mundo mais equivocadas são muito mais propensas, novamente, em termos estatísticos, a serem telespectadoras da Fox News, favoráveis ? guerra e votarem no partido republicano. Os significados dos pontos aqui levantados e dos paralelos entre os resultados encontrados destacam a importância da relação entre 0 DF 14

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