A primigesta e o sexo do seu beb??

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Em uma pesquisa realizada para traçar o perfil psicológico da primigesta por meio do Teste de Wartegg, obteve-se o seguinte resultado: [… ] a gravidez é período de normalidade psíquica, de caráter adaptativo. A gestação é também momento crítico vital, de caráter regressivo, com presença de angústia, com conflitos ligados à sexualidade e identidade sexual, narcisismo representado pelo marcado investimento libidinal no próprio ego e utilização intensificada dos recursos do pensamento, imaginação e fantasi Swipe to view next page fantasia (6. . 383) . Estar na condição de grávida não é vivido com o mesmo sentido emocional por todas as gestantes e esta notícia pode ser bem ou mal recebida, dependendo da mulher, e a partir de então várias mudanças podem ocorrer na vida esta e, independentemente de como é recebida a notícia ou de como esta encara a gravidez, não estará livre da ambivalência de amor e ódio pela gestação (7) (8).

O primeiro desejo de ter um bebê ocorre ainda na infância, quando a menina vivência o Édipo. O brincar de boneca serve como identificação com sua mãe, ela pode fazer com a boneca tudo o que sua mãe faz com ela, a boneca-bebê se torna um filho dela com o pai, e futuramente se esse desejo de gerar um bebê se concretizar, esta se sentirá muito feliz specialmente se o bebê for um menininho que trás consigo o pênis tão profundo e inconscientemente desejado (9).

A relação da gestante com seu bebê, portanto, inicia-se muito antes da fecundação, antes mesmo de engravidar as mulheres fantasiam um filho, criando sobre ele muitas expectativas (10) (1 1 Muitas das fantasias das gestantes, com relação ao bebê, se dão por desconhecer suas características físicas e psíquicas (4) (12). Desta forma é importante que a gestante atribua identidade ao bebê, e isto parece reverter em um investimento importante, possibilitando o exercício recoce da maternidade.

O desejo de saber o sexo do bebê parece ser um dos pontos mais importante para tornar o desconhecido bebê, mais conhecido. Este desejo de saber o sexo da criança não surgiu com o avanço da tecnol 20F 14 mais conhecido. Este desejo de saber o sexo da criança não surgiu com o avanço da tecnologia, que nos possibilita observar o sexo do feto, desde muito tempo, foram inventadas técnicas para saber se a futura criança seria um menino ou uma menina. Uma das técnicas mais antigas é datada do ano de 1350 esta técnica foi descrita nos papiros de Berol e xigia um saco de trigo e um de cevada.

A cada dia, várias gotas de urina da mulher eram colocadas em cada saco. Se o trigo germinasse primeiro, nasceria uma menina; se fosse a cevada, nasceria um menino (13). E em 1993, um obstetra americano repetiu esta técnica de modo controlado, encontrando 80% de resultados positivos (14). Não é de se admirar que muitas gestantes tenham uma clara curiosidade em querer saber o sexo da criança, e muitas das justificativas dadas por elas são referentes a poder fazer o enxoval, escolher um nome, informar á família entre outras explicações.

Porém devemos entender o que há por trás destas justificativas, para algumas mulheres pode ser que o desejo de saber o sexo seja somente para escolher um nome mesmo, ou fazer o enxoval, mas para outras mulheres o saber o sexo podem ter outros significados, principalmente o desejo de saber se o sexo do bebê que gesta é o sexo fantasiado por ela, mesmo que de forma inconscientemente.

A gestante conhece o filho, primeiramente, por meio do exame ecográfico, exame este que muitas vezes não possibilita ver o feto com clareza, o que se pode observar, na maioria das vezes, são apenas manchas que representam seu filho, saber o sexo da criança, 4 maioria das vezes, são apenas manchas que representam o seu filho, saber o sexo da criança, pode tornar o desconhecido um pouco mais conhecido. Na gestação a mãe oferece identidade ao seu bebê, ela atribui a ele expectativas e sentimentos quanto ao sexo, nome, características psicológicas e outras além de interagir com ele (2) (11) (15). ? por meio da ultra-sonografia que este bebê idealizado é apresentado aos pais, que podem sofrer um impacto diante da imagem apresentada na tela. “É otável como a ecografia é um nascimento antecipado cuja parteira é a ecografia” (1 6 p. 182). Durante o exame ecográfico, não raro as observações, são intercaladas de comentários atribuindo ao feto, diferentes características a partir das atitudes e atividades realizadas pelo bebê durante o ultra-som (17).

Isto parece reverter em um investimento importante à constituição psíquica do bebê, além de possibilitar o exercício da maternidade (18) (19). Saber o sexo pode possibilitar a gestante tornar mais conhecido o bebê, além de afirmar ou desmistificar suas fantasias em relação a ele. Ao saber o sexo do próprio filho, tanto a gestante quanto os familiares poderão dar uma identidade a esta criança, e estes poderão escolher um nome apropriado ao sexo, poderão imaginar como ficará o quarto, tipos de enxoval que irão comprar ou pedir no chá de bebê, como irão educar, e outros fatores positivos.

A partir do segundo trimestre quando o sexo é anatomicamente observável, a gestante ao fazer o exame ecográfico pode então solicitar ao médico que revele a ela o sexo de seu filho ao fazer o exame ecográfico pode então solicitar ao médico que revele a ela o sexo de seu filho. Porém, saber o sexo também pode causar reações imprevisíveis e questões inconscientes, podem vir à tona, após esta revelação. Pais que desejam determinado sexo para o bebê, e o resultado ecográfico indicar o sexo oposto, estes podem desenvolver menor apego com o feto durante a gestação (20).

Por outro lado, a grávida ao saber se gesta um menino ou uma menina tem a possibilidade de fazer o luto do sexo idealizado, de modo que não seja marcada pela decepção após o parto (8). Para muitas gestantes, conhecer o sexo do bebê antes do seu nascimento é um dos aspectos mais importante e arregado se simbolismo (8), “para a mulher, a filha reativa as sensações da própria infância e desperta a vivência de um ser idêntico a ela, enquanto que o filho representa os aspectos masculinos que não pode desenvolver psicologicamente” (1 p. 6). Os pais, mesmo que não saibam o sexo do bebê, formulam certa idéia anteriormente, como uma identificação imaginária para o bebê, mesmo que esta seja divergente entre ambos ou não verdadeira, o filho imaginário é investido de uma projeção narcisista (21 Este desejo de saber o sexo do filho, muitas vezes vem acompanhado de uma expectativa, que o sexo seja orrespondente ao fantasiado por estes pais.

A preferência por um sexo pode estar ligada há alguns motivos: nas famílias e sociedades patriarcais é muito valorizado o filho homem, e especialmente no caso dos primogênitos, o filho homem é visto como aquele que vai dar contin homem, e especialmente no caso dos primogênitos, o filho homem é visto como aquele que vai dar continuidade ao “nome da família”. A preferência por um sexo pode também estar ligada á determinados estereótipos sociais, querer uma filha pode estar associado pela gestante que menina é mais dócil, mais fácil de cuidar e ter um menino é mais ifícil porque é mais rebelde; sai de casa mais cedo (7).

Caso o sexo não seja correspondente ao desejado, as reações de mulher para mulher podem ser variadas, desde uma simples decepção onde se pode rapidamente fazer o luto pelo sexo idealizado e aceitação do sexo real de seu filho, á reações de desprezo total do bebê, rejeitando a gravidez e a criança. Há também mulheres que não criam expectativas de um sexo para seu bebê.

A gravidez pode despertar momentos de vivências de plenitude, a primigestação, pode ser sentida por algumas mulheres como o ápice de sua vivência arcísea, a grávida se vê mesmo que momentaneamente, afastada da sua condição de ser castrada, e ter um filho seja homem ou mulher significa possuir o falo tão desejado por ela na infância (22). Neste sentido, podemos dizer que o não desejar certo sexo para o bebê, pode estar relacionado à satisfação narcísea da grávida, de que esta colocará no mundo uma parte de seu próprio corpo.

Por outro lado, o não ter preferência pelo sexo, pode ser um mecanismo de defesa para evitar o sofrimento caso o sexo não corresponda ao desejado. Quando uma mulher engravida, ela não esteja só, pois a família inteira também “gesta” este bebê, o não receber engravida, ela não esteja só, pois a família inteira também “gesta” este bebê, o não receber apoio social durante a gestação pode desencadear na gestante episódio depressivo, podendo prejudicar sua relação de apego com o feto (23). ? muito importante que os familiares demonstrem e falem de suas expectativas para a nova criança que irá participar do convívio familiar e, mais ainda, é muito importante que o pai da criança possa manifestar seus desejos, suas expectativas quanto ao bebê. O sexo do bebê é um dos aspectos mais freqüentemente idealizado pelo pai, principalmente para pais adolescentes que “devido à etapa de desenvolvimento da identidade sexual em que se encontram, preferem que o seu bebê seja do sexo masculino” (24 p. 85).

Pais de “primeira viagem” demonstram um expressivo envolvimento com a gestação tanto em termos emocionais como comportamentais (25). O exame ecográfico realizado no início da gestação torna visível o movimento do embrião, revelando se a gestação é gemelar e se está desenvolvendo adequadamente. A partir da 1 8a semana de gestação, é possível saber o sexo do ebê (10) (26). A pergunta mais freqüente de gestantes no exame de ultra-sonografia obstétrica é em relação ao sexo do feto, neste caso o médico ultra-sonografista poderá informá-la (27).

A ecografia obstétrica hoje é considerada um exame de rotina, quase todas as gestantes que têm conhecimento de sua gravidez passam por esse exame, sendo este um exame que desperta muitos sentimentos na gestante, pois desta forma a mulher pode observar seu bebê, mesmo que a imagem sentimentos na gestante, pois desta forma a mulher pode observar seu bebê, mesmo que a imagem na tela seja ncompreensível para a mulher. Hoje, há ultra-som 3D, 4D que permite visualizar com maior nitidez a face e as demais partes do corpo do bebê.

Assim, a mulher ao conhecer o seu bebê real pode apresentar os mais inesperados comportamentos, pois o bebê apresentado a ela pode não corresponder com a imagem do bebê idealizado (28). A ultra-sonografia obstétrica não é para revelar a futura mãe o sexo de seu filho, sua finalidade é de informar como o bebê está se desenvolvendo, se há algum problema ou não. Se a mãe quiser saber o sexo, poderá perguntar ao ecografista e este poderá responder. ? notável como a maiorias das gestantes que fazem esse exame, hoje o fazem esperando principalmente saber o sexo do filho.

Raras são as que fazem o exame apenas para saber como está o bebê, recusando-se a conhecer o sexo da criança. Os próprios ecográfistas dizem que a pergunta mais freqüente feita pela gestante durante esse exame é justamente em relação ao sexo da criança (28). Contudo, apesar da maioria das mulheres que fazem esse exame, quererem saber o sexo, é ainda importante que o ecográfista faça a pergunta à gestante, se a mesma vai querer saber ou não o sexo do bebê.

O exame ecográfico pode amenizar um pouco a ansiedade da gestante em relação às fantasias de como será o seu filho, assim como pode também interferir ou interromper estas fantasias (17). No momento da revelação do sexo muitas questões inconscientes podem vir à tona. Dur 80F 14 No momento da revelação do sexo muitas questões inconscientes podem vir à tona. Durante o tempo em que esta mulher não sabe o sexo de seu bebê, nutri muitas fantasias a respeito das características físicas e psíquicas dele, ela gesta um desconhecido, um ser assexuado.

Neste tempo, ela é mãe tanto de uma menina quanto de um menino, o que para uma mulher isto se faz importante, pois muitas vezes são durante estes meses iniciais que ela gestará imaginariamente o sexo por ela desejado (8). “Durante a gravidez duas pessoas ocupam o mesmo espaço [… ] Não somente há um outro dentro dela, mas há ao redor de cinqüenta por cento de possibilidade de ser do sexo masculino” (29 p. 10). No momento em que a mulher tem o conhecimento do sexo real de seu bebê isto pode tranqüilizá-la, atormentá-la ou manifestar ambivalência de amor e ódio por esta gestação.

A mulher que ao saber o sexo de seu filho se sentir perturbada por não corresponder as suas expectativas poderá causar no feto o mesmo sentimento de perturbação emocional, o temor e a angústia transmitidos ao feto pela mãe têm sua origem, um caráter eminentemente fisiológico, podendo ocorrer lesões provocadas na estrutura emocional do feto por meio da comunicação entre mãe e bebê, durante o período pré-natal (30). Nesta relação podem constituir-se marcas traumáticas, cujos efeitos seguirão na vida do sujeito. ? muito importante que a gestante tenha um tempo para ceitar esta realidade, permitindo que ela possa fazer o luto pelo bebê fantasiado. Deve ser considerado o direito da gestante de gOF14 possa fazer o luto pelo bebê fantasiado. Deve ser considerado o direito da gestante de decidir se é seu desejo ou não saber este sexo. Ou seja, as gestantes devem poder optar por não tomar conhecimento deste aspecto e isso precisa ser considerado pelos profissionais. A revelação do sexo à mãe pode trazer muitos conflitos inconscientes a tona, e a forma como cada mulher responde a esse conhecimento pode ser a mais variada.

Podendo apresentar, reações boas ou ruins, há mulheres que ao saberem o sexo da criança quando este não corresponde ao desejado por ela consciente ou inconscientemente, podem rejeitar a criança e muitas vezes este fato pode desencadear psicopatologias. É necessário que os ecográfistas que tem o habito de revelar as gestantes o sexo do bebê sem saber se estas querem ou não saber, entenda que enquanto eles vêem esse bebê como qualquer outro ser humano a gestante vê a imagem desse bebê como a imagem de seu filho. À gestante deve ser oferecido o direito de saber do que trata o xame, quais são seus objetivos, e o que vai ser feito com ela e seu bebê” (19). Não é de se surpreender que estes não entendam esta psicodinâmica, pois a psicologia da mulher grávida é tão desconhecida e tão mal compreendida até mesmo por terapeutas encarregados de acompanhá-las. Considerações Finais. No Brasil os estudos em psicologia perinatal vêm se desenvolvendo, porém, percebe-se que é uma área recente dentro da psicologia brasileira.

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