Fichamento: indústria cultural
A ATUALIDADE DO CONCEITO DE INDÚSTRIA CULTURAL “[… ]a dimensão da realidade social a que se refere a idéia de indústria cultural sofreu mudanças tão consideráveis dos anos quarenta para cá que um conceito como este, construído naquela época, está hoje exposto à suspeita de obsolescência. o conceito de industria cultural tem um caráter mais “conjuntural”. [.. _l não está aí ara caracterizar este ou aquele objeto social mas para fundamentar um exercício crítico. ” as primeiras referências à “indústria cultural” aparecem no livro que Max Horkheimer e Theodor W.
Adorno escreveram entre 1942 e 1944 eças dispersas que de arestas, um mund ‘Vale a pena, portant ors Swip to page te, de “fragmentos”, e inacabado e cheio o e indústria cultural não foi construído originalmente como um artefato analítico para servir à pesquisa em algum aspecto pontual, mas faz parte de um esforço intelectual para discutir as vicissitudes da razão no mundo moderno; e isto sem cair no puro e simples abandono irracionalista nem na arrogante hybris racionalista que ignora os limites, não apenas os externos mas os que traz dentro de si. … ] Tratava-se de formular uma crltica imanente da razão; uma critica racional da razão [… ” ” [… ] a primeira exposição do conceito de indústria cultural faz parte de Swi;R ta u um esforço bastante ambicioso e ao mesmo tempo explicitamente fragmentário de fazer frente a um traço do momento histórico em que foi concebido: a regressão de uma razão concebida instrumentalmente, como instância de um controle eficaz do mundo, à condição subalterna ao seu oposto, o mito, concebido como expressão narrativa a subordinação ao mundo. “[… ]Na primeira formulação dos seus autores a indústria cultural aparece vinculada ao processo de esclarecimento pela sua condição de “engodo das massas”. … ] Numa primeira aproximação, o termo indústria remete, nesse contexto, ao seu sentido mais arcalco, de astúcia e engano. Isto já permite entrever que o termo “indústria cultural” não foi inventado por esses autores para descrever, ainda que num registro negativo , um estado de coisas dado a observação direta.
Serve, isso sim, para caracterizar a associação de duas formas de regressão: a da cultura e também a da indústria, e não apenas a da primeira quando submetida aos ditames da produção industrial. [… ] as formas de expressão cultural vêem-se submetidas à lógica da rodução industrial em grande escala, em detrimento dos seus requsitos próprios. se o conceito de Indústria cultural é de índole crítica isto é levado até o fim, envolvendo ambos os seus elementos: na indústria cultural nem a indústria é inteiramente indústria [… nem a cultura é inteiramente cultura “Temos aqui um t[pico exercício da teoria crítica da sociedade. Critica sign inteiramente cultura “Temos aqui um típico exercício da teoria crítica da sociedade. Critica sgnlflca, aqui, negação. negação no sentido de recusar- se a considerar um estado de coisas como um dado objetivo sem ais, a ser considerado tal como se apresenta à observação. [… A negação incide sobre as conseqüências que adviriam do desenvolvimento linear das possibilidades do objeto e sobre as condiçóes que definem os seus limites. ” “Claro que entre aquelas condições avulta essa dimensão básica da sociedade burguesa que é ideologia. Na ideologia aquilo que é produto, resultado mediado por um processo , apresenta- se como dado sem mais, imediato. [… ] Assim fala-se de cultura como se ela estivesse aí, dada, como um objeto Mas a cultura não é isso; cumpre pensá-la na sua intrínseca dimensão ritica.
Ela é negação de um estado de coisas, dado no qual a manifestação do particular encontra-se sob o império do geral. [… ] Na indústria cultural dá-se isso: o que aparece como cultura circula como mercadoria. Está ar a marca do aviltamento da cultura, despojada que é da sua pureza espiritual pela pressão das contingências materiais mais subalternas, dirá o crltico conservador. [… ] cultura implica diferença, protesto do particular contra o geral, individualização no lugar do comensurável.
Os produtos da indústria cultural não representam, portanto, uma orma “amesquinhada” de cultura, mas simplesmente não têm como cumprir a portanto, uma forma “amesquinhada” de cultura, mas simplesmente não têm como cumprir a sua promessa: precisamente a de serem cultura. [… ]também seria precipitado dizer que, nas condições da indústria cultural, os produtos culturais de reduzam sem mais a mercadoria, anulando-se a especificidade cultural em proveito da especificidade industrial. nquanto ela se desenvolve, há uma tensão entre os dois pólos que não têm como realizar-se plenamente: o da pura comensurabilidade mercantil, enredado na própria ideologia ue difunde, do caráter inefável da cultura; e o da plena individualização do produto cultural como resultado de um trabalho que respeita a lógica particularizada mais do que a da equivalência dos “bens” produzidos. ” “O conceito de indústria cultural foi criado como resposta direta ao de cultura de massa. [… Trata-se de contestar a afirmação, implícita na noção de cultura de massa, de que aí se tenha cultura sem mais, e de que ela pertença às massas. [… ] E isto para enfatizar que não se trata de produto das ações o vontades das massas, e que portanto elas não são sujeito desse processo. questão fundamental é o modo de produção daquilo que se trata. No caso, aquilo a que alude o termo “indústria”, ou seja, o capitalismo. [… ] O que está se negando, portanto, é que se possa identificar sem mais, como um dado posto objetivamente, esse sujeito. … ] Há aqui uma concepção muito específica de democracia no campo da cultura sujeito. [… ] Há aqui uma concepção muito específica de democracia no campo da cultura. Consiste ela em sustentar que a posição democrática nada tem a ver com a adulação das massas, dos seus gostos e preferências, mas com o desmascaramento do ngodo a que são submetidas ao serem postas ideologicamente como sujeitos de um processo que precisamente só se sustenta como tal porque elas não têm como contesta-lo e como disputar a condição de sujeitos de fato. ão se trata de uma concepção de democracia que atinja nível propriamente político, no sentido de que contemple explicitamente as instituições (partidos, representações, etc. ) que possam dar forma a algo que também é um ponto cego na teoria critica da sociedade: as politicas culturais específicas. ” a dimensão da industrial cultural que mais intimamente ssocia o ímpeto critico à perspectiva descritiva do objeto é que se traduz em duas teses decisivas na formulação desse conceito: a de que a indústria cultural forma um sistema [… e a de que o processo cultural que se dá sob o seu império é multidimensional. [… ] remete à idéia de um articulação crescente entre todos os ramos de um empreendimento produtor e difusor de mercadorias simbólicas sob o rótulo de cultura, de tal modo que o consumidor se encontre cercado de maneira cada vez mais cerrada por uma rede ideológica com crescente consistência interna. “