História da formação de professores
História da formação de professores Aline Cristina da Silva TANURI, Leonor Maria. História da formação de professores. Revista Brasileira de Educação, n. 0 14, mai/jun/jul/ago de 2000 (Número Especial – 500 anos de educação escolar), 2000, p. 61-88. LEONOR MARIA TANURI é mestre e doutora em Educação, Professora da discipli na Pós-Graduação e PACE 1 ar 8 Assessora da pró-reit ia to view next*ge livro O Ensino Norma Paulo: Faculdade de ão Brasileira, mpus Marília e ESP. É autora do 1890-1930 (São e de vários artigos e trabalhos especializados em Hist ria e POI tica da Educação no
Brasil. Uma das primeiras iniciativas, na busca pelo preparo de professores se Iniciou com os movimentos de Reforma e Contra- Reforma da educação, que objetivava a publicização da educação, ou seja, educação para todas as camadas da população. Essa ideia só teve inicio com a Revolução Francesa, onde a escola normal ficou a cargo do Estado e foi destinada a formação de professores leigos. No entanto, existia a preocupação na seleção desses professores, que foi feita através de exames julgados por Presidentes de conselho.
A grande preocupação era a formação de professores a sua forma prática, ou seja, sem embasamento teórico sobre o ensinar, os métodos e o seu desenvolvimento. 10 de março de 1823 foi criada uma escola de primeiras letras pelo método de ensino mútuo. Mas foi a Lei de 15/1 0/1827 que consagrou e instituiu o ensino mútuo na Brasil, onde determinava que o professor que não tivesse a instrução necessária para ensinar, deveria em curto prazo de tempo instruir-se em escolas da Capital.
Essas providências tomadas pelo Governo não deram resultados satisfatórios. As primeiras escolas normais só foram estabelecidas no Brasil após a reforma constitucional de 12/8/1834. As responsabilidades do ensino eram do Governo Central, que ocupava-se da instrução, do ensino nas escolas de todos os graus na capital do Império e do ensino superior em todo o país. Os ensinos primário e secundário ficaram sob a responsabilidade das províncias em seus respectivos territórios.
O modelo de escola normal, que se implantou no Brasil, foi o europeu e a primeira escola normal foi implantada no Rio de Janeiro em 1835, seu programa inicial sofreu alterações em 1859. A partir dai, foram sendo criadas instituições semelhantes nos outros estados brasileiros. Algumas características foram bservadas nestas escolas, como a organização didática dos cursos que eram extremamente simples e a infra-estrutura era precária, sendo objeto de constantes crítlcas, gerando assim o insucesso das primeiras escolas.
Esse insucesso teve como consequência um grande desprestigio, o que fez alguns Presidentes de Províncias e Inspetores de Instruções rejeitar as escolas normais e não consid alguns Presidentes de Províncias e Inspetores de Instruções rejeitar as escolas normais e não considerarem seus métodos de qualificação como instrução para docentes. Diante disso tudo, oi Indicado o sistema de inspiração austríaca e holandesa, que consiste em colocar aprendizes como auxiliares de professores em exercício, os chamados professores adjuntos, com o objetivo de prepará-los para a profissão de docente.
A partir de 1883 as escolas, que eram apenas 4 em todo o país, passaram para 22 e apresentando modestos progressos em suas instalações e no ensino. Juntamente com esta valorização abriram escolas que aceitavam mulheres, haja vista, que as escolas criadas até então eram exclusivas para homens, pois as mulheres deveriam aprender somente as prendas domésticas.
As mulheres tornaram-se maioria nas escolas e eram vistas como solução para a falta de mão-de-obra na escola primária, motivada pelo fato de que os homens não se atraiam pelo magistério por causa da baixa remuneração A situação da educação no Brasil no século passado era muito precária, não existiam variações bibliográficas, as traduções eram raras e esses fatores contribuíram para a reduzida formação profissional das escolas normais nesse período. A dlfusão do ensino não teve multo favorecimento devido o quadro social, político e econômico da Primeira República.
Aqui se encontrava a problemática de subordinação politica e grupos dominantes, momento no qual ocorreu uma mudança do eixo econômico da região e o PAGF3rl(F8 politica e grupos dominantes, momento no qual ocorreu uma mudança do eixo econômico da região e o desenvolvimento da educação foi marcado por uma grande diferença entre os Estados. O Governo Central foi muito ausente na manutenção e na organização da educação popular, assim juntamente com o desequilíbrio financeiro entre os Estados, nasceu um movimento chamado de Participação do Governo, que incluía specificamente a escola normal.
O Estado de Sáo Paulo foi um dos que mais progrediu no desenvolvimento qualitativo e quantitativo na formação de professores. Mas nem todas as metas ambiciosas que foram estipuladas por eles puderam ser batidas, exemplo dlsso foi a não instalação da Escola Normal Superior, que estava prevista e permaneceu na legislação de 1920, como registro dos projetos de seus idealizadores.
Foi somente a partir da segunda década do presente século que os estados brasileiros começaram a instalar cursos complementares em continuação ao primário, destinados a uncionar como um curso geral básico, de preparação para a escola normal, justapondo-se ao secundário. Consolida-se a idéia de desdobramentos dos estudos propedêuticos e profissionais, a criação ou ampliação dos estudos complementares, preparatórios ao normal, ou em alguns estados, a divisão do curso normal em dois ciclos: um geral ou propedêutico e outro especial ou profissional. l diferenciação entre os cursos consagrou a dualidade de escolas de formação na maior parte dos Estado PAGF diferenciação entre os cursos consagrou a dualidade de escolas e formação na maior parte dos Estados brasileiros. A expansão do Ensino Normal foi de grande importância na introdução de escolas normais de iniciativa privada e municipal, com as quais procurava compensar a falta de estabelecimentos oficias em grande parte dos estados.
Os níveis dos estudos escolares encontravam-se bastante ampliados, por volta dos anos 20, possibilitando maior ligação com o curso secundário e elevando a formação profissional. Até então, a literatura pedagógica que era voltada para os problemas educacionais, passa a tratar esses problemas com um onto de vista técnico e científico, observando as questões técnicas e práticas Intra-escolares, assim como as abordagens pedagógicas mais amplas, da perspectiva da escola renovada.
Com a divulgação da idéia de escolas renovadas, que os profissionais da educação se empenharam em fazer, através de publicações, conferências, cursos e inquéritos, formava-se uma nova consciência educacional, no que diz respeito ao Estado na educação, à necessidade de expansão de escolas públicas, ao direito que todos tem à educação, objetivando a implantação de uma politica nacional de educação.
Com a diversificação das funções educativas, foram surgindo cursos específicos para a preparação de pessoal, na medida em que a educação ganhava importância como érea técnica. Tais cursos apareceram em diversos Estados e eram destinados para o aperfeiçoamento do magis cursos apareceram em diversos Estados e eram destinados para o aperfeiçoamento do magistério e de formação de administradores escolares.
O curso de pedagogia foi criado na Faculdade Naclonal de Filosofia da Universidade do Brasil em 1939, formando bacharéis para atuar como técnicos de educação, e licenciados destinados a ocência nos cursos normais. Ainda nos anos 50, a maior preocupação era a metodologia que seria usada no ensino. De todas as maneiras buscava-se a modernização destes métodos de ensino nas escolas média e superior, atingindo também o ensino primário e a formação de professores.
No ano de 1962, com o aumento dos estudos e a elevação do nível de formação, o aumento pelo interesse na formação de professores com nível superior habilitados para o ensino primário se expandiu. Assim, poderiam os formados em Pedagogia garantir a possibilidade do exercício do magistério primário, esmo em cursos de menor duração mas que tivessem o estudo da Metodologia e Prática do Ensino Primário, o que só veio a ocorrer anos mais tarde, por volta de 1969.
No decorrer desses anos houveram mudanças e renovações no sistema de ensino assim como, a descaracterização do curso normal com intuito de formar professores adequados para as senes Inlclals. Com o regime militar vieram as reformas do ensino superior e, consequentemente a modificação do currículo do curso de Pedagogia. Umas das mudanças foi o fim dos Institutos de Educação e a formação de especialistas e professores udanças foi o fim dos Institutos de Educação e a formação de especialistas e professores para o curso normal passou a ser exclusivo dos cursos de Pedagogia.
Assim, a já tradicional escola normal perdia o status de “escola” e, mesmo de “curso”, diluindo-se numa das muitas habilitações profissionais do ensino de segundo grau, a chamada habilitação especifica para o magistério (HEN). Com a fragmentação do curso que era refletida pela tendência tecnicista, acabou-se por conduzir uma grande diversificação de disciplinas, especificas de cada habilitação, por exemplo, sicologia da criança, psicologia do desenvolvimento do pré- escolar.
As condições de formação do professor em âmbito nacional tornaram-se um problema grave o que resultou na queda nas matriculas da HEN e o descontentamento relativo a desvalorização da profissão, levaria a um movimento em âmbito federal e estadual, o que propiciou iniciativas por parte do Ministério de Educação e Secretarias Estaduais no sentido de propor medidas para resolver esses problemas e reverter o quadro instalado.
Entre as propostas do MEC, destaca-se primeiramente a referente ao projeto dos centros de formação e perfeiçoamento do magistério. A partir dos anos 80 como a remodelação que o curso de Pedagogia passou, foram tomadas medidas intensas para adequar a preparação de professores para as séries iniciais. A nova Lei de Diretrizes e gases (Lei 9. 394/96) veio encontrar o quadro acima delineado no âmbito da formação de professo Bases (Lei 9. 94/96) veio encontrar o quadro acima delineado no âmbito da formação de professores para os anos iniciais da escolaridade: diversidade de instituições formadoras, seja em nível médio, seja em nível superior, com predominância das de ível médio, sobretudo as de iniciativa pública. Mesmo com todas as medidas tomadas, sejam reformas ou as legislações, assim como o Decreto 3. 76/99 que reserva exclusivamente aos cursos normais superiores a tarefa de preparar professores para a educação infantil e para series iniciais da escola fundamental, é grande o movimento de resistência, tudo indicando que só se poderá chegar a algum consenso se a introdução das novas instituições não implicar a desmobilização pura e simples das atualmente existentes e na medida em que os ganhos já assegurados e a experiência já acumulada tanto pelos ursos de pedagogia, como pela imensa rede pública de cursos médios de formação puderem ser capitalizados e aproveitados.
Considerações Finais O texto nos permite conhecer como foi o desenvolvimento da estrutura educacional o Brasil e como se deu o desenvolvimento da formação de professores. É posslVel, ter noção do quanto foi difícil o processo de instalação da educação no país e, nos ajuda a entender os problemas de aprendizado e de infra-estrutura, juntamente com os conflitos com os quais nos deparamos no sistema educacional ainda hoje. PAGF8rl(F8