Infernizar a vida do cidadão
Infinitos são os modos de se infernizar a vida do cidadão, mas as operadoras de telefonia capricham; eu imagino que cada uma delas deve ter um departamento destinado exclusivamente a este fim: como aporrinhar o freguês até o Imite de sua paciência. Deve haver prêmios para os gerentes com as melhores ideias. E é o setor, de longe, mais produtivo das empresas.
Quando tenho de lidar com elas, quase que fico com saudades da Telepar, de quem comprei um telefone em 1988 para recebê-lo em 1992, o aparelho devidamente declarado no imposto de renda junto com meu inesquecivel Lada. Agora não: tudo é fácil, até o momento em que você precisa se livrar delas. Por que a irritação? Vai minha história. Há dois anos decidi comprar um modem por conexões em ho um plano báslco deu a o nome, para todo o modem por R$ 200, ar 2 to view sado de pagar caro spaços públicos.
Fiz e azul – esqueci própria loja um e não valeu nenhum desconto na tarifa). Pois bem, como agora me interessou frequentar mais o Litoral do Paraná e como essa região — provavelmente por ficar muito longe – é uma espécie de Tanzânia as operadoras (tive conexões melhores subindo o Amazonas), resolvi cancelar o contrato, por inútil, e trocar por outra empresa, que promete mundos e fundos (vou testar). O leitor já tentou cancelar um contrato de telefone?
No meu ca to page caso, foram nove tentativas em quatro dias. Cansei de anotar protocolos. Depois de dar todas as informações de novo, a cada vez, CPF, endereço, “mas por que quer cancelar? ” , receber ofertas indecorosas de novos planos, promessas de 36 até na casa da sogra, depois de mudar, solerte mas inutilmente, a tática e ataque (da fúria assassina à gentileza gosmenta), depois de ameaçar ir à polícia e prometer carta de recomendação, enfim consegui.
Com uma certa Carla, mais nervosa que eu, a ligação não caiu: cancelei meu plano. Quer dizer, foi o que ela disse. (Desconfio que os próprios atendentes interrompem a ligação quando sentem que vão sofrer uma avaliação negativa ao final da ligação, naquelas enquetes orwellianas. ) Suspiro de alivio? Não. Vem a segunda parte. Ao contratar outra empresa, descobri que o velho modem está “bloqueado”. Fui alar com os azuizinhos e descobri que só posso desbloqueá- lo com “a nota fiscal”.
Aquele cupom amarelo de papel térmico, provavelmente já apagado, mesmo que eu o encontrasse em algum fundo de gaveta, que me entregaram quando naquela mesma arapuca eu havia pago o modem – caro — dois anos antes. Como se define isso? Estelionato? Roubo? Apropriação indébita? Paguei por um produto que eles se recusam a liberar, sob um argumento de evidente má-fé (bastava conferir meu histórico de cliente). É a tecnologia de ponta, nas mãos de uma mentalidade cretina, desonesta e voraz em cada detalhe.