Monografia em comunicação social

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Observa-se modelos clássicos de racismo de gueto, tanto na África do Sul antes do “apartheid”, como nos EUA até meados da década de 60, como unico empreendimento, ainda conveniente, para suas aspirações e projetos de emancipação sócio-cultural dentro do mundo branco. Porém a faceta ideológica deste discurso tem origem capital e intrínseca no sutil racismo baiano, que ao contrário do praticado em outros países como os EUA, não é um racismo de exclusão e segregação, e sim de integração e dominação.

Agier (1991), analisando a recente etnopolítica desenvolvida elos movimentos culturais e sócio-políticos afro-baianos de auto-afirmação identificatória, defende a idéia de que apesar das múltiplas divergências ideológicas, existe entre os meios religiosos, culturais e políticos observados, um conjunto de homologias formais no que diz respeito à elaboração da identidade contrastiva em cada campo: Vimos, por outro lado, que essas correspondências se nutriam numa sociabilidade que coloca em relação, ao nosso tempo, pessoas, instituições e discursos.

Finalmente, essas relações se desenvolvem em espaços urbanos próprios, eapropnados ou liderados por negros. Esses elementos sociais e simbólicos constituem a base da unidade do espaço afro-baiano (Agier, 1991).

Essas palavras de Agier remetem a uma reflexão da atual situação do negro baiano, especificamente dos afro- descendentes oriundos da Região Metropolitana da cidade do Salvador, e suas relações sociais, no que concerne às suas manifestações culturais e litúrgicas no campo intercultural com os demais segmentos sócio – políticos da negritude baiana e as relações de cunho institucional relativo aos elementos sociais onstitutivos da estrutura do Estado, traçam perfis subjetivos da recente etnopo PAGF 81 sociais constitutivos da estrutura do Estado, traçam perfis subjetivos da recente etnopolítica dos movimentos auto- afirmativos sociais negros presentes na dinâmica do espaço afro-baiano. Como se observa, a comunidade negra de Salvador reinventou, ao preço de importantes transformações culturais dentro do cenário afro-baiano, uma natureza típica de etnicidade (que seria o produto das relações sociais) promovendo um respeito à memória aos seus ancestrais que vieram da África.

Esta auto-estima da negritude soteropolitana nasceu a partir deste movimento etnopolítico, que do ponto de vista antropológico, contribuiu na dinâmica das expressões etnoculturais negras em manifestações de valorização da raça, promovendo uma maneira bem própria e original de identidade tanto individual como coletiva, do negro baiano, inserida no espaço social branco (grifo meu) de dominação e integração. Observamos nas palavras de Sodré (2000), uma reflexão sobre as funções sociais dos modernos grupos ideológicos pol[ticos dos afros – descendentes em determinado espaço tnopolitico, onde a necessidade de uma representatividade étnica-cultural se faz presente, ante uma sutil natureza antagônica de racismo, “não vista pelos olhos, mas sentida pelos corações”, o que caracteriza, por exemplo, a etnicidade desenvolvida no espaço etnográfico baiano.

Estes recentes movimentos afro-baianos se desenvolvem atualmente na forma de imprimir nas manifestações culturais da sociedade baiana, quer na música, na dança, nas artes, na espiritualidade litúrgica presente nos terreiros ou nas organizações ativistas negras, toda a riqueza mítica do ethos ncestral africano, presemada de geração em geração, pela força motriz da necessidade contínua de reinterpretar a África no solo da Bahia. Sobre esta reinvençãosócio-cu PAGF 7 81 da Bahia. Sobre esta reinvençãosócio-cultural, levada a cabo, através de um movimento transformador da consciência histórica do “ser negro” na contemporaneidade social, observa Sodré (2000): Essa revelação não é o detalhamento “genético” nem a datação histórica de fatos, mas um movimento de reconstrução transformadora dos modos de ser históricos de um grupo social.

Num plano mais amplo – por exemplo, o do “universo concreto”, que se faz presente no entendimento ocidental de obras de arte, ou então no conceito de homem – comunidade pode indlcar-se a própria unldade da espécie humana. Este movimento reconstrutivo implica memória. Mas “‘memória coletiva”, no sentido de reelaboração política do passado a partir da inteligência presente da vida social. “Coletiva”, por que é o todo grupal, e não a consciência individual isolada, que promove as conexões “neuronais”. A lembrança ar implicada não é repetição do igual, e sim o reencontro de pontos críticos do assado por um sistema reiventivo de valores que coincide com o quadro social presente, ele próprio uma recordação estável e dominante, porém aberto à indeterminação da realidade (Sodré, 2000, p. 210-211). 1. – Princípios norteadores da (re)construção de identidade cultural A (re) construção desta particular etnopolítica, desenvolvida pelos afro — descendentes baianos, não obstante as múltiplas divergências ideológicas, já mencionadas, dos seus diversos grupos de ativismo politico, cultural e de ordem religiosa, coexistem com homogen is que transcendem as espeito a três princípios de estruturação e autonomização desse espaço, a saber : a segmentação, a genealogia e a pureza. Em primeiro lugar, o princípio da segmentação é, ao mesmo tempo, algo que condensa a representação de uma unidade social, organizacional, de caráter étnico, e é o produto político da crescente institucionalização de cada um dos meios negros frente ao seu próprio mundo branco.

Em segundo lugar, a genealogia fornece o quadro lógico que permite pensar e funcionar em termos de segmentação – e é nela que se constrói uma linha de pureza. Finalmente, a pureza é uma noção que opera tanto nas trajetórias individuais, psicológicas e filosóficas,quando na constituição e no funcionamento político do espaço afro-baiano, presente nas relações internas e externas desse universo (Agier, 1991). Depreendem-se destas reflexões Agierianas, que o movimento etnopolítico da negritude baiana, soube preservar de maneira original e criativa, os três princípios constitutivos de sua autonomia cultural e soclal, advindos da ancestralidade africana, reinventados no Brasil, após a forçada diáspora dos negros, rovocados pela escravidão.

A segmentação pode ser caracterizada pelo tronco político, representado pelos movimentos ativistas negros, de caráter institucionalista, em relação ao terreno antropológico das relações com o mundo branco, onde a busca pela defesa de seus atributos identificatórios é desenvolvida de maneira formal e organizada. A genealogia, a seu turno funciona como um veículo formador e mantenedor desta organização segmentária. Ou seja, a genealogia pode ser interpretada como uma memória da ancestralidade negra, configurando o selo do princípio da pureza. Logo, o princípio da pureza influencia nos mecanismos politi o selo do princípio da pureza. Logo, o princípio da pureza influencia nos mecanismos políticos e psicossociais do afro- descendente bem como nos movimentos políticos-ativistas negros inseridos no espaço antropológco baiano. Daí denota-se que a dimensão ontológica parece ser necessário ao movimento polltico.

Estes três princípios sócio-culturais, reguladores da autonomização estrutural da relação sócio-política (e individual) dos afro – descendentes baianos pode analisada por vários observadores sociais. Uma visão clínica destas relações psicossociais imersas nos movimentos afro-baianos, bem como de sua original etnicidade, reflexo da recente etnopolltica negra, no seio da sociedade, é observada pelos olhares dos teóricos M. Banton (1979) e E. Balibar (1988) quando relatam: A etnicidade reinventada dos negros baianos pode ser caracterizada, em primeiro lugar como a transformação simbólica de um grupo que já foi definido pelo racismo do outro.

A etnicidade seria então um produto das relações sociais (Apud Agier, 1991, p. 101). Esta demonstração sociológica de segmentar o orgulho ela raça negra, seja representada pela música, pela dança, pela culinária, pelas expressões culturais e religiosas, influenciaram na formação social de um orgulho baiano (inclusive manifestado pelos não-negros). Agier (1991) argumenta que a integração entre os mais dlversos componentes do meio negro é simultaneamente política, ideológica e relacional, sendo que esta última forma funciona como base formadora e organizacional dos demais perfis, desta tríade estrutural, fomentadora da sua função etnopolítica. Observa-se este exe cáo pol[tica – ideológica P-AGF

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