Professor reflexivo/ensino de qualidade

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Professor Reflexivo/Ensino de Qualidade Isabel Costa Martins Na minha vida ainda preciso de discípulos, e se os meus livros não serviram de anzol, falharam a sua intenção. O melhor e essencial só se pode comunicar de homem para homem. Friedrich Nietzsche 1 – Introdução A questão da qualidade do Ensino tem sido tema de controvérsia e discussão, quer de especialistas, quer da sociedade em geral. Presentemente, muitas são as vozes conceituadas que se têm feito ouvir, dizendo que o mal está no Sistema.

Desse Sistema, algo aleatório, fazem parte os Professores, que têm visto o seu papel ser alterado, por imposição das diversas políticas educativas. Segundo Nóvoa (2009), os anos 70 foram marcados pela racionalização do ensino, a pedagogia por objectivos, a planificação. Os anos 80 pelas reformas educativas e pela atenção às questões do currículo. Os anos 90 pela organização, administração e gestão dos estabelecimentos de ensino. Agora, parece ter voltado o tempo dos professores.

Mas de que professores se fala hoje? O que é ser professor no princípio do século XXI? Ou o que se espera dos professores actuais? Durante muito tempo atribuiu-se ao Professor o centro do processo de ensino, em que ele tinha por “missão” transmitir conhecimentos aos seus alunos. As características que definiam o “bom professor” na segunda metade do século XX eram marcadas pela trilogia de grande sucesso: saber (conhecimento), saber-fazer (capacidades) e saber-ser (atitudes).

Hoje, pretende-se que o professor seja um colaborador do aluno, no sentido de o levar a ter consciência das suas necess Swipe to view next page necessidades para a construção dos seus saberes. Antunes, 2005). Sempre se reconheceu a existência de Professores que marcaram, pela positiva, os seus alunos, aqueles que efectivamente contribuíram para a sua formação: Os “verdadeiros” Mestres. Infelizmente, o seu oposto também é verdade. E porquê? Já em 1986, Lee Shulman (citado em Nóvoa, 2009) afirmou que “para ser professor não basta dominar um determinado conhecimento, é preciso compreendê-lo em todas as suas dimensões”.

Então, é preciso aprofundar e analisar a identidade profissional docente, que na óptica de Amélia Lopes é primeiro, uma identidade, epois, uma identidade profissional e, finalmente, uma identidade profissional docente. Ainda a mesma autora, numa entrevista dada, afirma haver vários tipos de professores e vários modos de se ser bom professor. O professor estabelece uma relação com a sua profissão e com o seu grupo de pares que tem a ver, segundo Lessard (1 986, citado em Lopes), com a simbolização que cada um realiza.

Tais considerações aproximam-se do caminho a que se pretende chegar: o Ego Docente, distinto do Ego Psicológico e explicado por Gascón e Sánchez (2002): “O ser humano para além e ser um ser, é um ser que quer ser, ou seja um ser mais ou um ser para a totalização. ” Querem os autores dizer que – a nossa pessoa (o eu) está envolta pelo ego com o qual se identifica (eu sou o meu ego), que comprime e encerra a consciência. É esta falta de consciência que inibe o professor de ser um bom professor.

Isto porque, a maturidade pessoal dá-se quando o córtice de condicionamento do ego, dá lugar à consciência e o eu passa a ser cada vez menos ego e mais consciência. Aí, o sujeito v 1 à consciência e o eu passa a ser cada vez menos ego e mais consciência. Aí, o sujeito vai conquistando níveis sucessivos de evolução interior. Formado o eixo ego-consciência , que é o centro gravitacional da inovação permanente, atinge-se a mudança interior e com ela a possibilidade de reflectir.

Fala-se actualmente muito no professor reflexivo, mas como questiona Nóvoa (2009), muitos professores de hoje são bem menos reflexivos do que muitos outros professores de tempos em que ainda não se falava do “professor reflexivo”. Ainda segundo Nóvoa (2009) é preciso que o professor aiba entender a escola, saiba aprender com os mais experientes, saiba dialogar e reflectir sobre as suas práticas para que possa haver aperfeiçoamento, inovação e fazer avançar a profissão docente.

A profissionalidade docente não pode deixar de se construir no interior de uma pessoalidade do professor. É opinião de vários autores (Nóvoa, 2009), que o professor é a pessoa, e que a pessoa é o professor, sendo impossível separar as dimensões pessoais e profissionais, visto cada um ensinar aquilo que é e aquilo que se é encontra-se muito aquilo que se ensina. Por tal, os professores devem realizar um trabalho sobre si, para um trabalho de auto-reflexão e de auto-análise.

Todo este processo leva a questionar, como consegue o professor alcançar o seu fim profissional, que é contribuir para o desenvolvimento e formação de cada um dos seus alunos. Aqui, Antunes (2005) diz que o papel do professor é de perspectivar como se dá a aprendizagem, de forma a estimular as diversas inteligências dos seus alunos. Ele tem uma função essencial de motivação, que vai permitir a aprendizagem dos alunos. O nas alunos. Ele tem uma função essencial de motivação, que vai permitir a aprendizagem dos alunos.

O nascer de um professor com um novo perfil associa-se à aceitação de um paradigma de humildade: é essencial que ele se descubra uma pessoa que, por não contar com múltiplos estímulos na sua educação, tem dificuldade em aceitálos como essenciais, mas que a superação dessa dificuldade o projecta como responsável por uma missão nobre e imprescindível. Segundo o mesmo autor, “inteligência significa a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar a compreensão das coisas escolhendo o melhor caminho. ” Assim sendo, pode-se dizer que a inteligência é composta pela identificação das habilidades que cada pessoa tem.

Este conhecimento vem alterar o papel do professor, transformando-o num estimulador e orientador da inteligência dos seus alunos, especialmente nos primeiros anos de vida, altura em que a inteligência pode ser aumentada. Howard Gardner criou a teoria das inteligências múltiplas, em que mostra que a inteligência é composta de pelo menos oito competências: lógico-matemática, linguística, nterpessoal, intrapessoal, corporal-cinestésica, musical, espacial e naturalista, (conhecidas como as oito inteligências múltiplas).

Gardner (1995) defende que todas as pessoas têm tendências individuais (áreas de que se gosta mais e em que se é mais competente) e que estas tendências podem ser englobadas em uma das inteligências supra- mencionadas. O autor define inteligência como (… ) “a capacidade de resolver problemas ou de criar produtos que sejam valorizados dentro de um ou mais cenários culturais. ” Sendo o professor conhecedor dos meios reais de aprendizagem, estes devem enários culturais. ” Sendo o professor conhecedor dos meios reais de aprendizagem, estes devem diferir de acordo com os tipos de inteligência necessários a e para cada aluno.

No processo de ensino e aprendizagem, é fundamental que os professores estejam atentos às melhores práticas, métodos e técnicas propostas para uso em sala de aula. Para melhor aproveitamento destas, é fundamental a motivação a desenvolver junto dos alunos. Várias são as Teorias da Motivação, mas Maslow concebeu uma teoria que está intimamente relacionada com a hierarquia das necessidades do indivíduo. Quais são essas necessidades e a forma como se hierarquizam, veio perspectivar outras formas de entender o indivíduo.

Maslow (citado em Farinha, 2007) tentou compreender o homem numa perspectiva multidimensional, concebendo a motivação como o caminho para a satisfação da necessidade dominante. Fugiu ao aspecto da espontaneidade contido no conceito da motivação. A Pirâmide de Maslow demonstra que nem todas as necessidades têm a mesma importância. Na base da pirâmide estão as necessidades fisiológicas e no cume as necessidades de auto-realização, mais elevadas. Consoante o ser humano vai satisfazendo as necessidades básicas, vai ascendendo na pirâmide para necessidades mais elevadas e complexas.

Ou seja, as necessidades não satisfeitas são os motivadores principais do comportamento humano, havendo precedência das necessidades mais básicas sobre as mais elevadas. Logo, se as necessidades fisiológicas não estiverem satisfeitas, um indivíduo não se sentirá estimulado pelas necessidades de estima. No entanto, satisfeitas as necessidades de um nível, automaticamente surgem as necessidades de nív ntanto, satisfeitas as necessidades de um nível, automaticamente surgem as necessidades de nível superior no indivíduo, deixando as de nível inferior de serem motivadoras.

Assim, o modelo de Maslow baseia-se em quatro pontos base: – Uma necessidade satisfeita não é motivadora; – Várias necessidades afectam uma pessoa ao mesmo tempo; – Os níveis mais baixos têm de ser satisfeitos primeiro; – Há mais maneiras de satisfazer os níveis mais altos do que os níveis mais baixos. Já Thorndikea (citado em Farinha, 2007) refere que a aprendizagem é instrumental no sentido da atisfação de uma necessidade e que não depende só de factores intelectuais.

Tal como o ser humano é uma máquina complexa e gigantesca, também a problemática da qualidade do ensino o é, pois envolve seres humano condicionados por diversos aspectos intrínsecos e extrínsecos ao próprio ser. Tendo como ponto de partida “A Qualidade do Ensino” e sintetizando tudo o que foi brevemente dito, eis chegada a questão fundamental: “para motivar os alunos, deve previamente o professor conhecê-los? ” Esta é a questão levantada neste trabalho. Interesse pessoal pelo tema a investigar

A vida para ser vida há que ser sentida, amada com paixão em cada segundo que passa e que não se repete. Ser pessoa é viver essa vida com determinação, envolvimento, seguindo racionalmente as próprias emoções, e chegar ao fim, e congratular-se por a ter vivido com valor e respeito, com a satisfação de ter legado aos outros um pouco de si próprio, em que esse contributo sirva para o enriquecimento desses outros. Só assim se é pessoa, só assim se vive a vida. Madame Nostalgie (… ) “Tu rêves, tu rêves, tu rêves, t Madame Nostalgie (… “Tu rêves, tu rêves, tu rêves, tu rêves Mais ssim se vive a vida. Madame Nostalgie (… ) “Tu rêves, tu rêves, tu rêves, tu rêves Mais tes arbres n’ont plus de seve Et tes branches n’ont plus de fruits”(… ) Serge Reggiani Não é a nostalgia, mas sim um olhar ao passar da vida, um constatar da evolução da sociedade, dos seus valores, da correria dos tempos e tentar perceber o que são hoje os professores e até que ponto é que se preocupam em conhecer os seus alunos. Quem são hoje os professores? Como são hoje os professores?

Que emoções regem hoje os professores? Em que são diferentes os professores de hoje? Que investimento fazem hoje os professores para conhecerem os seus alunos? O papel do Professor da actualidade é bem mais complexo e vasto do que no tempo em que se pretendia que ele fosse apenas um competente e eficaz transmissor de conhecimentos. Hoje tudo se exige do professor. Ele tem de ser o facultador dos conhecimentos do aluno, o educador, o confidente, o substituto da família, o psicólogo, o terapeuta, o burocrata, enfim, o ser multifacetado e perfeito.

Quem exige tudo isto do Professor, a sociedade e o sistema, esquece-se que o Professor também é gente e não só agente. Por outro lado, os novos professores já são fruto da sociedade actual, acostumados a que tudo lhes seja feito, facilitado, irresponsabilizandoos no seu desenvolvimento até chegarem à profissão. Aí o choque é grande, ou nem se apercebem dele. Certamente o potencial humano não se perdeu, portanto não é culpar os jovens, será certamente mais culpar a geração anterior que não os soube preparar, ou a sociedade que tudo lhes facilitou e facultou.

Mas aqui não se trata de encontrar culpados, mas sim tentar perceber o que e PAGE 21 encontrar culpados, mas sim tentar perceber o que está a falh facultou. Mas aqui não se trata de encontrar culpados, mas sim tentar perceber o que está a falhar na qualidade do nosso ensino e sobretudo, tentar encontrar um caminho que leve as futuras gerações ao sucesso. É um facto que o Mundo sofreu grandes alterações nos últimos tempos, com todo o enorme avanço da tecnologia e se criou um fosso grande, maior do que anteriormente sempre aconteceu, entre os valores geracionais.

Só que esta realidade não pode servir de “capa” para a situação, nem a hipótese do ser humano ainda não ter assimilado, como seu, o desenvolvimento roporcionado pela tal tecnologia. Com a vertiginosa correria dos nossos tempos, o ser humano deixou de ter tempo e hábitos de reflexão, de parar para pensar, para se ouvir e ouvir os outros. Tudo está dentro de nós, mas cada vez menos nos conhecemos o que parece ser um contra-senso, com as possibilidades que hoje temos de nos conhecermos fisicamente e termos deixado de nos conhecer interiormente, espiritualmente. Este é o aspecto de retorno à questão “Qualidade do Ensino”.

Fala-se muito no “professor reflectivo” e será que para o conseguirmos, vamos ter de o fazer por normativos? Seja como for, é de todo imperativo que os professores sejam de novo vistos como pessoas e mais do que isso, se sintam e actuem como pessoas. O ser humano é o único ser reflectivo da Natureza e não se pode, de todo, perder aquilo que mais o distingue de todos os outros, ou permitir que se torne em máquinas inteligentes. O Professor tem de aprender a fazer da reflexão uma prática diária e natural da sua vida, para que de seguida, aprenda a fazer o mesmo relativamente aos seus alunos.

O Professor antes de se preocupar em plan aprenda a fazer o mesmo relativamente aos seus alunos. O Professor antes de se preocupar em planificar e leccionar, tem de conhecer os alunos que tem pela frente. Tem de perceber como eles aprendem, quais as suas inteligências, as suas motivações. Reconhecida uma forte crise na qualidade de ensino, constata-se que ela não está limitada a ele, mas que se generaliza por todos os sectores sociais, o que leva à necessidade de se passar da resignação e indiferença presentes, para se passar urgentemente à acção reflectida.

Pelo facto, há que indagar e investigar modos de agir, de forma a todos poderem dar um contributo ? Qualidade do Ensino. Esse é o desejo de quem faz esta simples e breve reflexão, mas convicta e sentida. Para quem a vida inteira se dedicou a tentar dar algum contributo, que se deseja ter sido forte e importante para a formação e desenvolvimento de algumas centenas de alunos, bem como a partilha dos seus modestos conhecimentos com os seus pares, é impensável não acreditar no potencial pessoal e profissional dos novos ou futuros professores.

Por isso aqui fica um humilde mas sincero pensamento: Sendo os professores pessoas e profissionais, precisam adquirir um forte utoconhecimento de si próprios, nestas duas vertentes, para que possam aperfeiçoar criticamente as suas capacidades a nível de atitudes, visto estas serem a essência do seu saber-ser e através delas descobrirem a sua realização pessoal e profissional.

Ao ser um profissional reflexivo, convicto das suas atitudes a bem do aluno, deve primeiramente centrar-se em conhecer o aluno, enquanto pessoa e educando; seguidamente deve reflectir sobre as metodologias que mais favoreçam e contribuam PAGEgOF21 pessoa e educando; seguidamente deve reflectir sobre as metodologias que mais favoreçam e contribuam para o rogresso pleno de cada aluno. Estas devem traduzir-se na preparação do trabalho escolar, no sentido da motivação dos alunos, da execução interessada e partilhada, da avaliação rigorosa que leve a novas adaptações.

Em tudo isto nunca esquecer, que também o aluno, como o professor, antes de ser aluno é pessoa, pelo que os aspectos emotivos são fundamentais. Para se poder aprender tem primeiro de se ser feliz. Conhecendo os Professores, os estilos de aprendizagem dos alunos e estes fornecerem a informação sobre quais as suas motivações, consegue-se uma melhoria na qualidade de ensino? A busca da resposta a esta questão é a razão deste trabalho. Podemos escolher recuar em direcção à segurança ou avançar em direcção ao crescimento.

A opção pelo crescimento tem que ser feita repetidas vezes. E o medo tem que ser superado a cada momento. Abraham Maslow Delimitação do Problema. Questões e objectivos inerentes ao estudo. É costume dizer-se que “todos os caminhos vão dar a Roma”, mas também é verdade que há uns mais tortuosos que outros. Certamente todos os professores querem que os seus alunos aprendam. Mas que caminhos escolhem eles para lá chegarem? E que caminhos lhes facilitam os professores?

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