Resenha

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Resenhas 95 de um banco central e dos subsídios à agricultura, do investimento em tecnologia ou de taxas alfandegárias comuns… pode ser que a OCDE ou a OTAN, a maior extensão do Euro ou das burocracias parlamentares segundo o modelo do Luxemburgo não constituam a dinâmica primordial da visão europeia’. (p. 48). Pode ser, se para tanto acordarmos da letargia em que o consumismo e o laxismo transformaram o nosso tempo. Fica o nosso convite para uma leitura desta obra que, se view next page nu, torna mais claro o qu claridade do pensam nos torna mais lúcid bens culturais, em fr em circulação. Se os OF9 os de Europa, pela escrita nos toma e pelo à vivência dos as proclamações classificar David Beckham acima de Shakespeare e Darwin na lista de tesouros nacionais, se as instituições culturais, as livrarias e as salas de concertos e teatro lutam pela sobrevivência numa Europa que é fundamentalmente próspera e onde a riqueza nunca falou tão alto, a culpa é simplesmente nossa'(pp. 5455). É culpa nossa, das políticas que temos, da Escolas que somos, da comunicação social que aceitamos, das personalidades que elegemos.

Tudo se alia para entronizar a passiva aceitação do imediato e afastar reflexão sobre o nosso próprio destino, num outro holocausto dos superiores valores da dignidade humana. ‘É entre os filhos frequentemente cansados, divididos e confundidos de Atenas e Jerusalém qu -lal Studia Swipe to next que poderíamos regressar à convicção de que ‘a vida não reflectida’ não é efectivamente digna de ser vivida'(p. 55). José Henrique Dias Instituto Superior Miguel Torga Liliana Sousa. 2005. Famílias Multiproblemáticas . Coimbra: Quarteto Editora. 145 pp.

ISBN: 989-558-049/05. Este foi um daqueles livros que, mesmo antes de aparecer nas livrarias, já me espertava grande interesse, nomeadamente pelo contacto que tive com o trabalho de Investigação que estava a ser desenvolvido, e que veio a servir de suporte à obra, e também pelo mérito que reconheço à autora. A problemática tratada assume profunda relevância para a intervenção dos assistentes sociais e de outros técnicos que trabalham em serviços que acompanham o que a autora prefere designar como ‘famílias em permanente crise que procuram o equilibro.

Apesar da relevância do tema, esta é uma área ainda pouco explorada pelos investigadores e, em Portugal, só agora ntroduzida, pelo que o livro deve ainda merecer maior destaque, sendo, na bibliografia das disciplinas que lecciono na área dos sistemas sociais, uma referência já obrigatória, a par de outras duas obras assinaláveis relativamente a esta matéria. Refiro-me ? compilação de M. Colett e J. L. Linares, La Intervención Sistémica en los Servicios Sociales Ante la Familia Multiproblemática: La Experiencia de Ciutat Vella.

Barcelona: Paidós, 1 g97; e ? monografia de p. Minuchin, p, J. Colapinto e S. Minuchin, Pobreza, Institución, Familia, Buenos Aires: Amorrortu, 2000. E ainda um artigo sobre a ‘Família Multiproblemática ou Multiassistida’ de uma autora Amorrortu, 2000. E ainda um artigo sobre a ‘Familia Multiproblemática ou Multiassistida’ de uma autora portuguesa que assume autoridade relativamente ao sistema familiar numa obra a reler sempre que possível, M. Alarcão, (Des)equilibrios Familiares . Coimbra: Quateto, 2000).

Enraizada numa perspectiva sistémica e marcadamente construcionista, Liliana Sousa introduz o tema, chamando, desde logo, a atenção para a baixa incidência de famílias multiproblemáticas. Ao contrário do que ossa pensar-se, estas famílias representam apenas 6% das famílias que acedem a serviços de apoio social. No entanto, empiricamente, parecem representar uma percentagem mais significativa, pois calculase que metade do volume e tempo de trabalho dos técnicos seja absorvido na intervenção junto destas e com resultados geralmente frustrantes.

A espectacularidade de problemas, a desorganização, o caos na interacção e comunicação, as estórias familiares pontuadas de acontecimentos negativos e trágicos, a quantidade e variedade de problemas e de serviços envolvidos na sua resolução, assim omo a falta de soluções e de sucessivos fracassos dessa mesma intervenção, contribuem, em muito, para uma imagem de ‘beco sem salda’ e para a construção de estereótipos e ideias erróneas na abordagem conceptual e interventiva a estas famíli- 96 Interacções as. ? na senda para equacionar outros olhares e outros modelos de intervenção que a autora propõe conceptualizações, reflexões, problematizações e discussões em diferentes frentes e com base em estudos que acrescentam conhecimento sobre est 3 em diferentes frentes e com base em estudos que acrescentam onhecimento sobre este objecto de estudo. Desde logo, o conceito de familia multiproblemática, que não é simplesmente uma família que apresenta diversos problemas, parte muito das caracteristicas negativas como a fragilidade, os défices, as patologias, as incompetências, etc. envoltos num ciclo de perpetuação de uma situação onde não emergem facilmente aspectos positivos. Tal conceito é, frequentemente, associado a situações de pobreza e exclusão social, mas a relação não é linear, pois poderemos encontrar famílias multiproblemáticas que não sejam pobres ou excluídas. As designações operacionais ultrapassam, em muito, este contexto, sendo que, para produzir- se um diagnóstico social, há que dominá-las como instrumento de trabalho útil mas não unico, até porque as redundâncias são aquilo que são e não devem ofuscar as singularidades.

Um técnico precisa conhecer as características estruturais e funcionais redundantes nestas famílias. Neste sentido, a autora oferece aqui uma breve sistematização, tecendo considerações relevantes e ilustrando com situações concretas e um estudo emp[rico sobre famílias multiproblemáticas pobres com dados btidos a partir de uma amostra de 56 chefes de família (pp. 33-43). Um aspecto central da obra é a análise da relação destas famílias com os serviços sociais e com os profissionais.

Eé um aspecto central, porque estas relações são uma constante, tratando-se de famílias multiassistidas. As complexas triangulações e coligações que emergem, os conflitos, os encaminhamentos suce 4DF9 multiassistidas. As complexas triangulações e coligações que emergem, os conflitos, os encaminhamentos sucessivos, e a forma como a família integra o sistema que vai recriando-se, oloca novas dificuldades e muito frequentemente leva a que parte das funções familiares sejam asseguradas por serviços, criando ciclos de dependência difíceis de quebrar.

A autora propõe, então, uma análise à forma como as famaias chegam aos serviços e aos pedidos permanentes de intervenção para as mais diversas problemáticas, pois argumenta que ‘perceber como um pedido se inicia, expande e concretiza é relevante para compreender a multiassistência e os (in)sucessos da intervenção’ (p. 61). Do estudo produzi- do, conclui que chegam pela sua vulnerabilidade (assumindo iversas formas e manifestações) ou compulsivamente, o que traz cenários e perfis de relação com os serviços necessariamente diferentes, mas quase sempre pela mão de outro sistema. or outro lado, os diversos problemas diagnosticados levam a espartilhar a intervenção, cujo modelo é essencialmente compensatório e que remedeia pontualmente as situações. As redundâncias observadas na relação entretanto estabelecida com os serviços, permitem, exploratoriamente, traçar uma interessante tipologia do perfil das familias multiproblemáticas nessa relação, constituindo matéria para uma reflexão por parte os técnicos (pp. 0-72). Aquele que considero o capitulo-chave, depois dos primeiros capítulos dedicados ao conceito e à relação com os serviços, aprofunda o campo da acção, é designado, sugestivamente, ‘Intervir: Como Ag S serviços, aprofunda o campo da acção, é designado, sugestivamente, ‘Intervir: Como Agir Apesar das Circunstâncias Difíceis? , alertando para a complexidade e a capacidade exigida ao técnico na intervenção.

Um dos aspectos para o qual nos é chamada a atenção é entendermos as dificuldades e características caóticas da família também como possível ubproduto da intervenção fragmentada (p. 85), colocando as questões um pouco ao contrário do que é tradicional. O capitulo persegue respostas a várias perguntas, nomeadamente ‘como desenvolver as acções indispensáveis sem fracturar a família? (p. 86). A autora propõe um fio condutor de orientação sistémica, tanto na leitura da situação e dos problemas como na intervenção.

Mesmo para os leitores que desconheçam esta orientação, a forma como está escrito o capítulo, recorrendo a estórias e exemplos ilustrativos de enorme riqueza e pertinência, orna acessível a sua compreensão, permitindo aceder a um pensamento que ajuda a desbravar alguns caminhos e incita ? reflexão atenta sobre as realidades. Ajuda-nos, por outro lado, a compreender o pedido, a equacionar os problemas na sua relação com as soluções e o processo de mudança, a planificar os momentos da intervenção, desde os primeiros contactos, e a reflectir sobre os obstáculos que a intervenção vai encontrando.

Há um ponto que destaco particularmente, porque, como a própria autora diz, ‘os técnicos têm muito dificuldade em identificar competências para activar nestas famílias’ e em ermitir a emergência de potenciali- 97 dades no emaranhado de proble dades no emaranhado de problemas e incompetências, bem mais visíveis e destacadas, mas que podem ‘existir realmente ou ser fruto da não atribuição de competência’ (p. 103). Ora, centrarmo- nos nas famílias e nas suas competências (pp. 01 -106) não é impossível e é desejável como ‘estratégia de capacitação’, o que ‘significa aceitar que são os clientes os mais aptos a definir e a compreender as suas necessidades, a actualizar os seus recursos, a gerar o desenvolvimento, partilhando o saber-fazer com os utros e gerindo os recursos de suporte da comunidade’ (p. 103). E isto, baseando-se no postulado da informação pertinente, onde é relevante a diferença que faz a diferença, permitindo introduzir algo de novo no sistema a partir dele próprio. or outro lado, importa evitar algumas armadilhas na intervenção e agir a partir das suas próprias competências e diferença. Imagino muito frequentemente, a tentação de desqualificação de tais princípios enunciados que pairam na mente de quem lida, quotidianamente, com estas famílias, mas essa é uma das permanentes armadilhas ue não deixa ver mais além. As emoções dos técnicos são aqui também discutidas, porque não podemos ignorar sentimentos como a implicação incontrolada, o elevado investimento para ver as coisas a evoluir, o esgotamento, a impotência, a raiva, a angústia (pp. 23-127), etc. , assim como o armadilhamento potencial da relação estabelecida. E ‘devemos salientar a nossa incapacidade para dar soluções mágicas e infalíveis’ (p. 127). O livro termina com um capítul a nossa incapacidade para dar soluções mágicas e infalíveis’ (p. 127). O livro termina com um capítulo dedicado às mulheres, ma vez que uma das características encontradas pela autora foi que ‘os serviços de apoio e as redes informais de ajuda são um mundo feminino [já que] profissionais, voluntários e utentes são, em larga maioria, mulheres’ (p. 29), equacionandose, desta forma, o papel do género e das questões a ele associadas. Que a problematização aqui contida e as pistas lançadas por esta obra façam eco no mundo académico e profissional nesta área plena de dificuldades, mas, acima de tudo, de enormes potencialidades e desafios. Sónia Guadalupe Instituto Superior Miguel Torga Teppo Krõger e Jorma Sipilã (eds. . 2005. Overstretched: European Families up Against the Demands of Work and Care. Oxford, Reino Unido: Blackwell Publishing. 67 pp. ISBN: 1-4051-3212-4. As finlandesas Teppo Króger e Jorma Sipilã publicam, nesta obra de título tão expressivo, alguns dos resultados de um projecto de investigação transnacional financiado pela Comissão Europeia. O projecto SOCCARE adoptou uma concepção integrada do conceito de social care, doravante traduzido como soluções/serviços de acolhimento, definindo-os como ‘a provisão de assistência e vigilância de modo a apoiar as crianças ou os adultos nas ctividades do seu dia-a-dia’.

Nela se incluem quer a provisão formal de serviços por organizações públicas, privadas ou voluntárias, quer as soluções informais garantidas por membros da família, vizinhos e amigos. O objectivo era estudar os arranjos realizados pelas família 8 membros da família, vizinhos e amigos. O objectivo era estudar os arranjos realizados pelas famílias europeias, quanto às soluções de acolhimento, em cinco ambientes sócio-económicos e culturais diferentes, representantes da variedade de Sistemas de Bem-Estar europeus.

Assim, o estudo realizou-se em parses nde as politicas e seru’iços de apoio à família estão relativamente bem desenvolvidas e estabelecidas (Finlândia e França); países onde estão em expansão (Reino Unido); e países onde continuam significativamente subdesenvolvidas (Portugal e Itália). Quanto às famílias, foram definidas quatro categorias particularmente sujeitas a formas de pressão e stress por efeito das mudanças demográficas, sócio-económicas e estruturais em curso: as famílias monoparentais, as famílias de duplo salário, as familias imigrantes e as famílias com crianças e idosos dependentes em simultâneo.

Este estudo comparativo pretendeu ‘olhar para os serviços de acolhimento através dos olhos das pessoas que os utilizam’ (p. l), escapando, assim, àquilo que designam como a ‘cegueira’ das análises macro e sua inabilidade para dar conta da diversidade e pluralidade de arranjos e combinações encontradas pelas famílias para articularem a sua vida profissional e produtiva com a sua Vida familiar. Partindo da convicção de que os dados estatísticos estão longe de traduzir as mudanças, na forma como os indivíduos, homens e mulheres, gerem a sua participação no mercado de trabalho ao longo do tempo, g

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