Sedentarismo

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Desnutrição: consequências em longo prazo e efeitos da recuperação nutricional AnA LydiA SAwAyA Saúde, nutrição e condições de vida oje em dia, é cada vez mais claro que, para uma compreensão real das doenças e suas consequências, são fundamentais os aspectos antropológicos, o dinamismo psicológico e o diagnóstico social Swipe nent pa das pessoas em situa por exemplo, as evid olhar o homem com independentes entre oferece cada vez mai Têm crescido, e e necessano não como partes trabalhos científicos alidade, como os estudos sobre os efeitos da felicidade na saúde da pessoa ao final da vida.

Um estudo realizado nos Estados Unidos, por exemplo, constatou, em uma amostra de freiras católicas, que escritos com conteúdo emocional positivo aos 22 anos de idade estavam associados à saúde e longevidade aos sessenta anos (Danner et al. , 2001). No plano da fisiologia, portanto, o que se passa com uma pessoa que se considera feliz? Há relações fortes entre esse tipo de afirmação, a expectativa de vida e a freqüência e intensidade de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, inflamatórias e auto-imunes (Steptoe et al. 2005). Tais estudos identificaram um marcador biológico inversamente correlato a ssa declaração de felicidade: o cortisol, hormônio do estresse. Quanto mais altos os níveis desse hormônio na saliva ao acordar, maior o nível de estresse e pior a qualidade de vida em longo prazo. Separar o ser humano em pedaços está se tornando cada vez mais difícil… A qualidade de vida do ser humano depende do que ele sente e do significado que atribui às coisas, e ambos estão associados ao seu estado fisiológico.

Esses mesmos mecanismos estão ativados quando o indivíduo recebe uma alimentação insuficiente quantitativamente, ou inadequada do ponto de vista qualitativo quando faltam os nutrientes necessários, como vitaminas e minerais), sobretudo no in[cio da vida. O nosso órgão controlador de toda a atividade metabólica, que é o sistema nervoso, se “programa” permanentemente para economizar energia em forma de gordura e reduzir o crescimento, para garantir a sobrevivência em condições adversas.

Um dos hormônios fundamentais para isso é o cortisol. Essa situação é chamada de desnutrição, e o hormônio que a regula, em conjunto com outros, é, por isso, o hormônio do estresse. 20 (58), 2006 estudos avançados 147 É bem conhecido também o ciclo vicioso consumo inadequado e alimentos/aumento de doenças: perda de peso, crescimento deficiente, baixa imunidade, danos na mucosa gastrointestinal, perda de apetite, má absorção do alimento, alterações importantes no metabolismo.

E voltamos sempre ao hormônio do estresse – o cortisol alto -, que depois terá um papel muito importante na CICLO CONSUMO INADEQUADO vinculaçao da desnutrição com doenças crônicas na vida adulta. DE ALIMENTOS DOENÇAS Perda de peso Crescimento deficiente Baixa da imunidade Danos na mucosa Consumo inadequado de alimentos Doenças • incidência • gravidade • duração incidência • gravidade • duração Perda de apetite Perda de nutrientes Má absorção Alteração do metabolismo Quadro 1 – Ciclo consumo inadequado de alimentos/aumento de doenças.

A desnutrição é responsável por 55% das mortes de crianças no mundo inteiro. Está associada a várias outras doenças e ainda hoje é considerada a doença que mais mata crianças abaixo de cinco anos. No mundo todo e também no Brasil, o tipo prevalente de desnutrição corresponde à baixa estatura, que vem ganhando relevo como indicador não só de desnutrição, mas também de pobreza, pois hoje se sabe que o fator ambiental é muito ais significativo do que o fator genético na determinação da estatura final do indiv[duo.

As causas da baixa estatura são várias: nutrição materna insuficiente, desnutrição intra-uterina, falta de aleitamento materno até seis meses, introdução tardia de alimentos complementares, alimentos complementares em quantidade e qualidade inadequadas, absorção de nutrientes prejudicada por infecções e parasitoses intestinais. O Gráfico 1 comprova a importância da estatura como marcador eficiente e direto da pobreza.

Temos aqui a estatura média de três populações adultas acima de dezoito anos: a população de um campamento rural do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), uma população moradora em favelas (Sem- Teto) em Maceió, Alagoas, a média brasileira para homens e mulheres e a população de referência americana. O grupo mais pobre – e com a média mais baixa – é o dos sem-terra. A estatura, assim, é um ótimo indicador de pobreza. 148 3 indicador de pobreza.

ESTATURA MÉDIA DA POPULAÇÃO ADULTA 8 ANOS) 180 Estatura (cm) 170 160 150 140 “sem-tet0” MST Homens Brasil Mulheres NCHS Gráfico 1 — Estatura média da população adulta (>18 anos). Estima-se que no município de São Paulo de 11%-15% da opulação vivam em favelas. Já em Maceió, por exemplo, da população vive nessas condições. A taxa de crescimento anual da população favelada tem superado sistematicamente a taxa de crescimento urbano.

Em São Paulo, no ano 2000, essa taxa foi de 2,97%, enquanto a do município ficou em 0,78 (Marques & Torres, 2005). Segundo dados da prefeitura de São Paulo, são 2. 018 as favelas de porte significativo na cidade, estando a maior concentração na zona sul, com 1. 107 favelas (ibidem). Quadro 2 – Ciclo consumo inadequado de alimentos/aumento de 149 Assim, as condições insal dia são a principal er Sawaya et al. , 2003), mostram que mais de 70% delas nascem com peso baixo ou insuficiente.

A fotografia da desnutrição nas comunidades pobres em São Paulo, especialmente nas favelas, já começa a se delinear antes do nascimento. Nessas crianças há também presença forte de doenças na infância, sendo essas as principais determinantes da gravidade da desnutrição. Distribuição de peso ao nascer das crianças atendidas pelo CREN (N=99) 50 Número de crianças 40 30 20 100 (100-1500) (1500-2000) (2000-2500) 35% 25% 19% 3% (2500-3000) (3000-3500) (35004000) Peso ao nascer (g) Prevalência de Doenças

Sim 62,9 % (34) Infecção 86,1 % (56) 80 70 60 Número de crianças 50 40 30 20 10 0 HEMOGLOBINA (mg/dl) (N=92) Leve Parasitas Não 37,0 % (20) 13,8 % (9) Sim 60,0 % (20) Grave Nao 40,0 % (14) % (4) S frequentemente se trata de situações muito simples, que numa criança normal não teriam grandes conseqüências, mas que em crianças desnutridas podem prejudicar não só o ganho de peso, como também a estatura.

Isso é confirmado pelo trabalho desenvolvido no CREN, onde as crianças em recuperação passam o dia inteiro (das 71130 às 171130), alimentam-se com uma dieta balanceada cinco vezes por dia, recebem tratamento dequado para as infecções e têm o acompanhamento médico e psicológico necessário, assim como suas famílias. Mesmo assim, constatamos que uma otite, uma faringite, uma gripe prejudicam o seu crescimento. Se elas estivessem em casa, sem acesso a esse tipo de atendimento, dificilmente chegariam a ultrapassar a cuma (PIO) abaixo da qual uma criança é considerada desnutrida (Grafico 3). 02 100 98 96 94 92 90 88 86 84 82 80 78 76 74 72 70 68 25 26 27 28 29 30 31 32 33 3435 36 37 38 39 40 VARICELA FARINGI E GRIPE GRIPE OTITE+ FARINGITE GRIPE+ FARINGITE ESTA URA (CM) PIO P90 Criança IDADE(MESES) Gráfico 3 — Distribuição da estatura de uma criança atendida pelo CREN. Quais são as conseqüências da desnutrição em longo prazo? Já mostramos anteriormente (Sawaya et al. , 2003) que crianças que foram desnutridas e que não se recuperaram em estatura apresentam um quociente respiratório maior do que crianças que nunca foram desnutridas.

Isso significa que o organismo delas “deseja” fisiologicamente acumular gordura corporal. Um quociente respiratório mais alto si nifica que a oxidação de gordura no corpo é menor; portanto, a criança crescerá menos, ganhará enos músculos, menos ossos, e tenderá a usar a energia que ingeriu para acúmulo de gordura. Esses achados associam-se também a uma suscetibilidade maior para acumular gordura corporal quando as crianças desnutridas consomem uma dieta mais rica em gorduras (Sawaya et al. , 1998).

Ao comparar a velocidade de ganho de peso de meninas adolescentes de baixa estatura (D) com um grupo de controle (N), um estudo longitudinal (Gráfico 4) mostrou que as meninas desnutridas tiveram velocidade de ganho de peso maior, à custa de uma diminuição no gasto energético. Como elas fazem isso se ão estão comendo bem, e já que a desnutrição decorre necessariamente de uma alimentação inadequada/insuficiente? Diminuindo a taxa de metabolismo de repouso ao longo do período de crescimento.

Essa diminuição do gasto energético com a finalidade de ganhar peso está associada a um aumento na gordura corporal, especialmente na região da cintura, onde o acúmulo de gordura é mais perigoso, pois está fortemente associado a doenças crônicas como diabetes e cardiopatias na vida adulta. Velocidade de ganho de peso (kg/ano) 8,0 Taxa de metabolismo de repouso 7 0006 500 6 000 5 500 (J/dia) 5 000 4 500 4 0003 500 3 000 2 500

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