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Artigos científicos A EXISTENCIA DE RISCOS NA INDUSTRIA DA CONSTRUÇAO CIVIL E SUA RELAÇÃO COM O SABER OPERÁRIO Artigo 1 1. Ambiente de Trabalho e Riscos 1. 1 Introdução A Indústria da Construção Civil é uma atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. É nacionalmente caracterizada por apresentar umelevado índice de acidentes de trabalho, e segundo ARAÚJO (1998), está em segundo lugar na freqüência de acidentes registrados em todo o país.

Esse pe inúmeras perdas de Os acidentes de trab a patrões negligente inseguras ea empre OF6 Swipe o mogerador de celros no setor. mente associados s de trabalho ometem atos inseguros. No entanto, sabe-se que as causas dos acidentes de trabalho, normalmente, não correspondem a essa associação, mas sim às condições ambientais a que estão expostos os trabalhadores e ao seu aspecto psicológico, envolvendo fatores humanos, econômicos e sociais. 1. Riscos de trabalho MELO apud MESQUITA (1998) define riscos do trabalho, também chamados riscos profissionais, como sendo os agentes presentes nos locais de trabalho, decorrentes de precárias condições, que afetam a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador, odendo ser relativos ao processo operacional (riscos operacionais) ou ao local de trabalho (riscos ambientais). A Norma Regulamentadora (NR) g, Swipe to next 9, considera riscos ambientais os agentes físicos, quimicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho, capazes de causar danos à saúde do trabalhador.

Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possamestar expostos os trabalhadores, tais como ruídos, vibrações, temperaturas extremas, entre outras; consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possampenetrar no rganismo pela via respiratória nas formas de poeiras, fumos, neblinas, névoas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão; consideram-se agentes biológicos, dentre outros: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus.

Existem ainda os riscos ergonômicos, que envolvem agentes como esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso e exigência de postura inadequada (Rodrigues, 1995). Este mesmo auto menciona um outro tipo de risco de acidentes, o risco social, decorrente da forma e organização do trabalho adotada na empresa, que pode comprometer a preservação da saúde: o emprego de turnos de trabalho alternados, divisão excessiva do trabalho, jornada de trabalho e intensificação do ritmo de trabalho são apenas alguns exemplos. 1. 2. Eliminação, controle e proteção contra os riscos segundo GUALBERTO (1990) existem três linhas de defesa da saúde do trabalhador. Eliminar todas as possibilidades de geração de riscos na fase de concepção ou na correção de um sistema de produção trata-se da primeir geração de riscos na fase de concepção ou na correção de um istema de produção trata-se da primeira medida a ser tomada como linha de defesa. Para isso deve-se observar os seguintes aspectos: seleção de insumos inócuos; redesenho dos diversos produtos componentes de um sistema de produção; mudanças na organização do trabalho.

Em caso de não se poder aplicar a primeira linha, deve- se partir para a tentativa de conviver com o risco embora que sob controle. A Intervenção passa a se manifestar através do uso de soluções coletivas constituídas pelos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Na impossibilidade de utilização da segunda inha, o que se pode dar, inclusive, pelo aspecto desfavorável do balanço custo-benefício de um empreendimento, surge a terceira e última linha de defesa do trabalhador, que compreende a proteção individual em suas diversas formas de aplicaçao.

MELO apud MESQUITA (1999) enumera as seguintes medidas de proteção de riscos, como sendo as mais importantes com relação ao trabalho: a) Seleção médica e profissional; b) Exames médicos periódicos; c) Rodízio ou limitação do tempo da exposição; d) Limpeza: higiene pessoal e das roupas; e) Equipamentos de proteção individual (EPI). Esta ltima linha de defesa é recomendada apenas para os trabalhos onde exista dificuldade de se estabelecerem medidas coletivas de proteção em um tipo de atividade ou nas operações de produção nas quais ainda não existam soluções coletivas.

Artigo 2 Saúde e trabalho na construção civil em uma área urbana do Brasil A const 3 Saude e trabalho na construção civil A construção civil é responsável por grande parte do emprego das camadas pobres da população masculina, e também considerada uma dasmais perigosas em todo o mundo, liderando astaxas de acidentes de trabalho fatais, nao-fatais anos de vida perdidos 1 . A principal causaocupacional de morte na construção civil situam-se os acidentes de trabalho 2,3,4.

Dentreoutras enfermidades de risco elevado entre esses trabalhadores, encontram-se os sintomasmúsculo-esqueléticos, dermatites, intoxica-ções por chumbo e exposição a asbestos 3. Asrazões apontadas para a ocorrência destes problemas de saúde na construção civil são o grande número de riscos ocupacionais, como o trabalho em grandes alturas, o manejo de máquinas, equipamentos e ferramentas pérfuro-cortantes, instalações elétricas 1,5, uso de veículosautomotores 5, posturas ntiergonômicas como a elevação de objetos pesados 6, além deestresse devido a transitoriedade e a alta rotatividade 7.

No Brasil, em 2001, estimava-se em 1. 091 . 7440 número de trabalhadores nesse ramo da industria, o que correspondia a 6,4% da popula-ção ocupada de dez ou mais anos de idade, e acerca de 19,26% dos trabalhadores da indús -tria 8. O reconhecimento dos seus riscos para ostrabalhadores levou a que fosse objeto de umaNorma Regulamentadora específica, a NR-18, e798 Santana VS, Oliveira RP cad. saúde Pública, Rio de janeiro, 1, mai-jun, 2004a existência de um cadastro nacional de dados.

Apesar disso, são raro 20(3):797-811, mai-]un, 2004a existência de um cadastro nacional de dados. Apesar disso, são raros os estudos sobre riscos ou doenças ocupacionais na construção civil,possivelmente devido à alta rotatividade, ao alto grau de informalidade dos contratos de trabalho e a subnumeração nos registros ocupacionais que tornam difícil a identificação de populações definidas, ou o uso de dados secundários, comuns na epidemiologia ocupacional.

Dentre os poucos estudos existentes, muitos não foram publicados em periódicos indexados, o que dificultou a sua localização e acesso. Com dados de Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT), do Instituto Nacional de Seguro Social, estimou- se a incidência de acidentesde trabalho fatais na construção civil, entre 1979-1989, em 59,77 por 100 mil trabalhadoresano, menor apenas do que a do ramo de “minerais não metálicos” g.

Em 1995, um estudomulticêntrico nacional foi realizado com o objetivo de recolher subsídios para o aperfeiçoamento da NR-18, que constatou ser de apenas55,0% o atendimento às normas de segurança em canteiros de obra, descumprimento que seconcentrava, em especial, nas instalações deandaimes e proteções periféricas 10. Desse estudo resultou a análise de 2. 839 CATS da construçao Civil, estimando-se que dos casoseram contusões (26,5%), ferimentos corto-contusos (25,0%) e fraturas (18,5%), sendo os dedos das mãos a parte do corpo mais atingida(19,5%) 11.

Com dados de exames pré-admissionais, no período entre 1988 e 1996, verificou-se que embora trabalhadores da constru-ção civil ap S trabalhadores da constru-ção civil apresentassem altas prevalências deparasitoses intestinais (51 , 2%), anemia (7,1 no sumário de urina (13,4%) e hipertensão arterial não se encontraram diferenças significativas uando comparados aostrabalhadores de outros ramos de atividade 12.

Resultados preliminares da pesquisa, cujos dados são empregados neste estudo, mostram queentre trabalhadores da indústria da constru-ção, a taxa de incidência anual de acidentes detrabalho não-fatais foi estimada em 7,9/1 OOFTE(full time equivalent workers, ou equivalente a100 trabalhadores de tempo integral por ano)entre os trabalhadores informais, e de 9,0/1 OOFTE entre os formalmente contratados. Acidentes graves que resultaram em pelo menos 15dias de afastamento do trabalho corresponderam a 2,8/1 OOFTE entre os trabalhadores emcontrato formal, e de 6,0/1 OOFTE entre os formalmente contratados.

Nenhuma dessas diferenças foi estatisticamente significante 13. Neste estudo, analisa-se o perfil ocupacional e de saúde de trabalhadores da construçãoc ivi l, focal i zando- se as carac ter ís t i cas sóc iodemográficas, ocupacionais, o grau de precarização do trabalho, fatores de risco para a saú-de, saúde e fel i c idade autopercebidas, s intomas musculo-esqueléticos e acidentes não-fatais de t rabalho, empregando- se como referência trabalhadores dos demais ramos de atividade.

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