Trajetória da família na história: da família moderna à desordem atual

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TRAJETÓRIA DA FAMÍLIA NA HISTÓRIA: DA FAMÍLIA MODERNA À DESORDEM ATUAL Eduardo Teixeira de Souza RA 2011100303 Resumo: Objetivando trazer à luz a discussão sobre as novas configurações familiares no âmbito escolar, de modo que o professorado em geral possa refletir sobre a família no contexto contemporâneo e, d orig formas de organizaçã o p da família moderna a a con uma nova configuraç Palavras-chave: Famíl Familiares. Homoparentalidade.

Introdução milia e suas novas 1h istoriciza a história delimitando como talidade. figurações Constantemente em debate na rn(dia, no mundo acadêmico e ntre estudiosos, a família se torna no presente trabalho objeto de estudo. A fam[lia, aqui, vai além da acepção clássica, sendo compreendida como sentimento, o qual será analisado desde a Idade Moderna até a atualidade. Resumidamente, com base em Roudinesco (2003), a instituição famlliar historicamente possui três fases.

A primeira fase, concebida como tradicional, compreende “repousa numa em uma ordem do mundo imutável e inteiramente submetida a uma autoridade patriarcal, verdadeira transposição da monarquia do compreendido entre o final do século XVIII até meados do século XX. Buscou-se compreender os fenômenos que ocorreram neste período histórico, no tocante a família, visando entender como se formou aqullo que Roudinesco denomina como “desordem familiar”. Contudo, devido à limitação temporal, o trabalho precisou sofrer delimitações.

No que tange à referida desordem, foi abordada somente a questão da homoparentalidade, mas outras questões poderiam ter sido discutidas como a família monoparental, gerada artificialmente, etc. Dessa forma e para melhor compreensão, o presente trabalho foi estruturado em três capítulos. No primeiro deles, foi realizada histoncização da formação da famllia moderna. Nessa tarefa, recorreu-se à Ariàs (1981). No capítulo seguinte, procurou-se discutir a desfiguração do pai, isto é, a forma como se deu o declínio da figura paterna, signo marcante da família moderna, bem como os fenômenos que precederam a esse evento.

Para isso, a fonte recorrida foi Perrot (1991) e em parte, Roudinesco (2003). No último capítulo, tendo como fulcro a obra de Roudinesco (2003), a desordem familiar foi tematizada com enfoque na questão do modelo familiar homoparental. Espera-se que o presente trabalho contribua para o ntendimento de todos acerca da coexistência de diversos modelos familiares na contemporaneidade -em especial todos os educadores- à luz da história, esclarecendo a dinâmica da evolução da família numa linha histórica.

E, que ao final da leitura dele, cada um seja capaz de refletir conscienciosamente sobre a família e o papel desta na formação do ser humano no t refletir conscienciosamente sobre a família e o papel desta na formação do ser humano no tocante ao respeito pelas diversas formas de se constituir uma unidade familiar. 1. A família moderna Iconoclasticamente retratada na idade medieval, a famllia ssistiu a uma evolução em seu interior em que de relações de linhagem foi gradativamente substituída por uma célula composta por pai, mãe e filhos, um modelo que, como será visto adiante, foi historicamente adotado pelas sociedades.

O primeiro fator determinante nessa evolução -de linhagem ? célula familiar- foi, indubitavelmente, a forma pela qual os adultos passaram a se relacionar com a cnança. Assim, no constatar de Ariàs (1981) “a família transformou-se profundamente na medida em que modificou suas relações internas com a criança”. Sobre as novas relações com o infante, pode-se assinalar que um novo entimento, isto é, uma nova atitude passou a existir. Os pequeninos perderam o posto medieval de adultos em miniatura e passaram a ser concebidos como seres singulares.

O novo sentimento sobre a infância é traço característico da família moderna na qual a criança é o centro. O novo olhar sobre a criança -um dos signos da modernidade familiar- não brotou milagrosamente no seio da família e para ter- se esse entendimento é necessário historicizar, nem que seja de forma sucinta, a relação adulto/criança. Essa relação sempre foi na Idade Média marcada por certo distanciamento, evidenciado elo fato de as crianças serem educadas por famílias diferentes.

Assim, por exemplo, uma criança da família X era enviada ? familia Y a fim de que pud famílias diferentes. Assim, por exemplo, uma criança da família X era enviada à família Y a fim de que pudesse ser instru(da e educada. Essa realidade, aos poucos, começou a mudar, pois muitas Instituições escolares passaram a responder pela aprendizagem dos infantes, liberando as famílias do encargo de mandar seus filhos as outras e, consequentemente, o contato entre pais e filhos aumentou.

A criança tornou-se peça principal da família, instando o novo sentimento sobre ela. A substituição da aprendizagem pela escola exprime também uma aproximação da família e das crianças, do sentimento da familia e do sentimento da infância, outrora separados. A famllia concentrou-se em torno da criança. (ARÊS, 1981, p. 232) O novo sentimento de infâncla, conforme exposto, nasceu ao mesmo tempo em que a escola. Esse fenômeno assinalou o nascimento da família moderna. Essa nova família se deparou, assim que constituída, com uma problemática: a primogenitura.

Na Idade Média, o filho mais velho é quem gozava sobre os direitos de herança, diferentemente da modernidade, quando a quidade entre os filhos na esfera familiar também, como o novo sentimento de infância, passou a ser uma das características da família moderna, como expõe Ariàs (1981, p. 234): O privilégio do filho, beneficiado por sua primogenitura ou pela escolha dos pais, foi a base da sociedade familiar do fim da Idade Média até o século XVII, mas não mais durante o século XVIII.

De fato, a partir da segunda metade do século XVIII, os moralistas educadores contestaram a legitimidade dessa prática, que, em sua opinião, prejudicava a sua opinião, prejudicava a equidade, repugnava a um sentimento ovo de igualdade de direito à afeição familiar, era comparado A contestação referida na citação anterior fomentou a igualdade que passou a existir entre os filhos do casal no que tange ao código civil. Essa equiparação de direito ressignificou a concepção família-casa, sacramentando-o como família sentimental moderna.

Na realidade, esse respeito pela igualdade entre os filhos de uma familia é uma prova de um movimento gradual da famllia-casa em direção à família sentimental moderna. Tendia-se agora a atribuir à afeição dos pais e dos filhos, sem dúvida tão antiga quanto o róprio mundo, um valor novo: passou-se a basear na afeição toda a realidade familiar. (ARÊS, 1981, p. 235) Assim como o novo olhar sobre as crianças e a igualdade de direitos entre irmãos, que oportunizaram uma intimidade maior entre pais e filhos e um novo clima de afetividade, a privacidade é um dos fatores contribuintes da construção da família moderna.

Nem sempre as familias desfrutaram de um ambiente privado, isto é, uma breve (re)visitação à história da humanidade permite constatar que entre os homens as relações nem sempre foram de reunião em torno de um núcleo familiar, mas de reunião entre iversas pessoas dentre as quais não necessariamente existia uma consanguinidade. O viver entre pessoas diminuía o contato entre os parentes, monopolizando o tempo e o espírito do indivíduo, subtraindo-lhe o lugar da família.

O sentimento familiar moderno, com efeito, requer uma família subtraindo-lhe o lugar da família. O sentimento familiar moderno, com efeito, requer uma família fechada. Dessa forma, a famllia moderna voltou suas costas para o ambiente externo, o publico, debruçando-se em suas relações (ntimas, o privado. Os progressos do sentimento da família seguem os progressos a vida privada, da intimidade doméstica. O sentimento da família não se desenvolve quando a casa está muito aberta para o exterior: ele exige um mínimo de segredo. (ARIêS, 1981, p. 38) Diante do que se assevera em Aries (1981 a sociabilidade era verdadeira inimiga do sentimento familiar moderno, uma vez que impedia manter o “segredo”, de maneira que, o autor referencia o fenômeno como sendo “um equilíbrio de forças centrifugas – ou sociais – e centrípetas – ou familiares”. A intimidade ganhou, diante do duelo entre o público e o privado, espaço na família moderna, promovendo o fortalecimento do modelo de família ue se enraizaria na Idade Moderna e se perpetuaria até os dias atuais (mais adiante, o modelo em questão será questionado).

Com a finalidade de manter a família constitu(da por uma célula cujo núcleo fosse um sentimento afetivo e moral, foi necessário tirar a familia das casas grandes do Ancien Régime, o que urgia a necessidade de haver “um espaço mínimo, sem o qual a vida famlliar se torna impossivel e o sentimento da família não pode nem se formar nem se desenvolver (Aries, 1981 Esse espaço mínimo ditou profundas transformações no interior da casa no tocante às acomodações, disposições de móveis e até esmo da cama.

Não pretendendo aprofundar neste trabalh PAGF Ig acomodações, disposições de móveis e até mesmo da cama. Não pretendendo aprofundar neste trabalho sobre essas mudanças internas, mas buscando um exemplo de algo que mudou, a cama, que possuía muita mobilldade dentro da residência, passou a ser permanente, não sendo mais desmontado, como era. Esse fenômeno assinalou um avanço na vida íntima.

Na habitação que sofreu várias transformações caracterizadas pela privacidade, ocorreu a familiaridade, isto é, a união da família e, simultaneamente, a nova instituição se distanciou da ociedade. No século XVIII, a família começou a manter a sociedade á distância, a confiná-la a um espaço limitado, aquém de uma zona cada vez mais extensa de Vlda particular. A organização da casa passou a corresponder a essa nova preocupação de defesa contra o mundo. Era já a casa moderna, que assegurava a independência dos cômodos fazendo-os abrir para um corredor de acesso. ARIêS, 1981, p. 265) A casa moderna, um dos ind[cios de privacidade, como se pode perceber foi um dos fomentos da família que se ergueu na modernidade e, sem sombra de dúvidas, propiciou ainda mais o ontato dos familiares – já distanciados do social e bem longe das relações de linhagem que caracterizaram a Idade Média. Numa residência demarcada por cômodos, a família fechou-se ainda mais para a sociedade e, a partir dai, também, passou existir prevenção por parte das pessoas em relação aos horários de ir à casa de sócios elou amigos.

As novas maneiras propunham abandonar aquilo que antes era a ocupação mais natural, o meio de fazer avançar os negócios e de conservar a posição ocupação mais natural, o meio de fazer avançar os negócios e de consen. ‘ar a posição e os amigos. Outrora, vivia-se em público e em representação, e tudo era feito oralmente, através da conversação. Agora, separava-se melhor a vida mundana, a vida profissional e a vida privada: a cada uma era determinado um local apropriado como o quarto, o gabinete ou o salão. (ARÊS, 1981, p. 66) Todas as mudanças em relação a casa e aos costumes corroboraram para a ampliação, conforme se pode depreender, da intimidade in locus. O espaço familiar passou a ser composto por um número menor de elementos, resumido por pai, mãe e filhos, ou na definição arientiana “grupo de pais e filhos, felizes om sua solidão, estranhos ao resto da sociedade”. Ao finalizar esse capítulo, vale lembrar a base sobre a qual se estruturou a família moderna. Primeiramente, como discorrido anteriormente, o novo sentimento de infância no qual a criança conquistou o reconhecimento com um individuo portador de suas particularidades.

Essa nova acepção de infância colocou como figura central da família a criança, que deixou de ser enviada a outros lares, passando a frequentar a escola. A escola trouxe os infantes de volta para suas casas e intensificou-se o afeto entre pais e filhos. O contato maior posslbilltou uma revisão de direito civil e os filhos passaram a ter equidade de direitos; o primogênito perdeu privilégios e passou a ter de dividir o seu patrimônio. Datado como todos esses eventos a partir do século XVII, o sentimento da casa instaurou-se nas famílias. Buscou-se a privacidade no seio familiar.

E, a família casa instaurou-se nas famílias. Buscou-se a privacidade no seio familiar. E, a família distanciou-se completamente do círculo social, tornando-se uma instituição privada, que passou a habitar um espaço demarcado por cómodos. Assistimos, com todos sses fenômenos, ao nascimento da família moderna, cujo modelo -pai, mãe e filhos- cristalizou-se historicamente. 2. Um novo modelo familiar: a desconstrução ou morte do pai No primeiro capítulo, foi realizado um estudo do nascimento da família moderna na qual foi cristalizado um modelo familiar por todos conhecido -pai, mãe e filho.

Sem dúvida, a figura do pai foi a mais importante e sobre ela se debruçará o presente capítulo. Neste, tratar-se-á da construção da figura paterna e sua desconstrução, bem como a irrupção das mulheres, fenômenos estes que corroboraram com a desordem familiar instaurada a artir da segunda metade do século XX. O modelo referenciado anteriormente constituía-se numa “ordem familiar burguesa” que se assentava sobre três fundamentos: ” a autoridade do marido, a subordinação das mulheres, a dependência dos filhos. “. (ROUDINESCO, 2003, p. 8) Sobre o pai, Perrot (1991, p. 121) afirma: Figura de proa da família e da sociedade civil, o pai domina com toda a sua estatura a história da vida privada oitocentista. (… ) É o pai quem dá o sobrenome, isto é, quem realmente dá à luz, pois segundo Kant, ‘o nascimento jurídico é o único nascimento verdadeiro. O pai, assim, era o grande elemento do modelo da fam(lia denominada nuclear elou restrita, cujo modelo é pai – mãe e filhos. Esse elemento é a autoridade do lar, a q nuclear elou restrita, cujo modelo é pai – mãe e filhos.

Esse elemento é a autoridade do lar, a qual deveria prevalecer sobre todas as coisas. As leis, no século XIX, reconheciam o status do pal diante da famllia, conferindo-lhe grau de superioridade diante do demais integrantes da família. Em nome da natureza, o Código Civil estabelece a superioridade absoluta do marido no lar e do pai na família, e a incapacidade a mulher e da mãe. A mulher casada deixa de ser um indivíduo responsável: ela é o bem mais quando solteira ou viúva.

Diante da figura do pai, autoridade-mór, a mulher daquela época não desfrutava dos direitos inerentes ao homem. Ela era, simplesmente, um indivíduo sem voz; submissa ao seu marido. De acordo com perrot ( 1991), o ser feminino não podia exercer a função de tutora e tampouco membro de um conselho familiar. Nesse contexto, não podia nem servir como testemunha a um tribunal. Como membros da família nuclear, os filhos eram igualmente sem direitos como a mulher. Cabia ao pai decidir sobre o destino deles.

Como exemplo desse poder paterno, Perrot assinala que até o final do século XIX os filhos cujas idades fossem inferior a 25 anos dependiam da autorização do pai para casarem. Assim como sobre a mulher, o pai exercia igualmente poder sobre os filhos. O pai pode mandar prender os filhos e recorrer às prisões do Estado, como se fazia no sistema das ordens régias, a título de ‘correção paterna’, o qual mantém uma polícia de família onde o poder público por delegaçao. (PERROT, 1991, p. 122-123) O pai, ao entender de Perrot (1991), possuía “duplos poderes”.

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