Violencia

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A VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA Maria da Graça Blaya Almeida (org. ) Porto Alegre 2010 O EDIPUCRS, 2010 Rodrigo Valls Rafael Saraiva Gabriela Viale Pereira V795 A violência na socied or212 to view nut*ge urso eletrónico] / organizadora Maria da Graça Blaya Almeida. – Dados eletrônicos. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2010. 161 f. Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web: ISBN 978-85-397-0030-1 1 . Violência. 2. Violência – Aspectos Sociais. 3. Aspectos Psicológicos. l. Almeida, Maria da Graça Blaya. II.

Título. CDD 301. 633 SUMÁRIO Prefácio . 6 Elisa Girotti Celmer A visibilidade da violência e a violência da invisibilidade sobre o negro no Brasil — 89 Lúcia Regina Brito Pereira “Prisão violência”: uma análise do aprisionamento do sujeito contemporâneo Viviane Leal Pickering As vítimas do ódio: violência, estado e vulnerabilidade social no Brasil .. 11 Aline Winter Sudbrack O trânsito: um palco para a violência . 121 Aurinez Rospide Schmitz Mídia e violência: a luta contra a desatenção e a sonolência das massas 138 Jacques A.

Wainberg P REFÁCIO UMA GOTA DE ESPERANÇA Por David Léo evisky Psiquiatra da Infância e da Adolescência Analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo Doutor em História Social (USP) Vice-presidente do Instituto São Paulo Contra a Violência (2001-2005) Coordenador Geral e Idealizador do “Projeto Abrace seu Bairro” – prevenção da violência no meio escolar e seu entorno davidlevisky@terra. com. br A violência não é um estigma da sociedade contemporânea.

Ela acompanha o homem de emoriais, mas, a cada ter significados múltiplos e diferentes dependentes da cultura, momento e condições nas quais elas ocorrem. Na Idade Média, por exemplo, certos procedimentos violentos eram formas de demonstração de amor Deus. Nessa mesma época, havia a prova do ordálio, que consistia em submeter o suspeito de crime ou de falso amor a Deus a ter que segurar uma barra de ferro em brasa para provar sua inocência. Caso não se queimasse, sena absolwdo como prova da verdade e do amor divino. orém, atitudes como essa e o autoflagelo são inadmissíveis nos dias atuais para o bom senso do cidadão comum e dentro da nossa cultura. O melhor conceito de violência que encontrei foi o utilizado por Rocha (1996)1: A violência, sob todas as formas de suas inúmeras manifestações, pode ser considerada como uma vis, ale dizer, como uma força que transgride os limites ROCHA, Z. p aixão, violência e solidão: o d rama de Abelardo e Heloísa no contexto cultural do século XII . Recife: IJFPE, 1996. . 10. David Léo Levisky dos seres humanos, tanto na sua realidade fisica e psíquica, quanto no campo de suas realizações sociais, éticas, estéticas, políticas e religiosas. Em outras palavras, a violência, sob todas as suas formas, desrespeita os direitos fundamentais do ser humano, sem os quais o homem deixa de ser considerado como sujeito de direitos e passa a ser através da ética, da moral, regras e normas, de modo a civilizar o sujeito ara sua própria preservação e convívio coletivo.

Há, portanto, um tipo de violência desejável e que colabora para a estruturação do sujeito e da sociedade. Ela faz parte do processo de adaptação necessário ? vida, ao bem-estar comum e depende de critérios e recursos de cada cultura e meio ambiente. O desenvolvimento da civilização em seu processo histórico mostra que as transformações tecnológicas, ambientais, filosóficas, psicológicas, econômicas, religiosas influenciam e contribuem para a modificação e o surgimento de novos circuitos biológicos, psicológicos e sociais.

Entretanto, não elimina a presença de circuitos primitivos que, em determinadas circunstâncias, emergem, até porque fazem parte de registros genéticos transmitidos ou culturalmente herdados. As manifestações psíquicas, com seus efeitos traumáticos e estruturantes, conscientes e inconscientes, são algumas mutáveis, outras estáveis ou mutáveis de forma tão lenta que necessitam gerações e gerações para se tornarem perceptíveis, como ocorre com as mudanças de mentalldade. percepção que se evidencia quando se toma distância e se observa o homem a partir de outro momento histórico u era.

As manifestações psi uicas de endem das construções das nossa sociedade e da sociedade contemporânea, é desejável que se identifique as características que a distingue da 7 Uma gota de esperança outras épocas. Tal análise deve levar em consideração os aspectos biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, religiosos, históricos, politicos, culturais. Esse conjunto de fatores interfere na construção do aparelho psíquico, naquilo que ele tem de mutável no curto, médio e longo tempo, e envolve os processos de significação e ressignificação das atividades simbólicas.

O presente livro tem por função contribuir para uma compreensão melhor desses fenômenos e auxiliar no encontro de instrumentos aqueles que se preocupam com o bem-estar e com a qualidade vida da sociedade e cuja reflexão poderá contribuir para atenuar fatores geradores de violência através de políticas públicas e dos processos educacionais. A organização do livro demonstra em si uma caracteristica da sociedade contemporânea visto que ele é escrito predominantemente por um grupo de mulheres preocupadas com o presente e, mais ainda, com o futuro das novas gerações.

O papel da mulher, em nossa sociedade, é uma reconquista iante livro aborda temas relevantes sobre a violência, abrindo o debate, mas sem a pretensão de esgotá-lo, com temas que dizem respeito à juventude, à mulher, ao negro, ao detento, ao trânsito midia. Ele aborda inicialmente a análise dos fatores inconscientes e seus diversos mecanismos capazes de atenuar ou exacerbar manifestações e fantasias violentas. O próprio amor, se excessivo, pode ser expressão de violência, assim como a passividade, pois há uma agressividade vital necessária à preservação da vida.

O livro, de elevado teor didático, ajuda a compreender a dinâmica dos diferentes sistemas onscientes e inconscientes das complexas relações de amor e ódio, dos mecanismos de massa, dos mecanismos de defesa, entre outros processos mentais. Faz, ainda, correlações com o meio ambiente, com os fatos econômicos e sociais geradores da violência em diferentes contextos. 8 Certas heranças históncas de diversas formas de violência certamente serão transmitidas por nós às próximas gerações com a esperança de atenuá-las, cientes de nossa impotência para eliminá-las.

Por exemplo, a prevenção o meio escolar e no seu aprimoramento de projetos e de politicas públicas abrangentes e que envolvem desde a ompreensão das condições de trabalho dos professores, das equipes de trabalhadores da escola, das instalações físicas, da alimentação e, também, da qualidade da comunicação entre os vários niveis relações institucionais e pessoais envolvidas nas relações diretas indiretas dessa coletividade.

A articulação e integração dos fatores descritos permitem melhor controle, desenvolvem o sentimento pertença, como também estimula a participação no desenvolvimento das relações pessoais e coletivas. Em outro capítulo, é posto em evidência o lugar dos jovens em nossa sociedade, lembrando que a avaliação desse lugar deve ser eita considerando-se os valores e as características de cada contexto época. ?ries, frequentemente citado pelos estudiosos em nosso meio, trouxe como colaboração o fato de ter sido o primeiro a se preocupar com a infância na Idade Média, porém usou de uma metodologia que levou a falhas de interpretação, pois sua observação partiu de valores da sociedade a que ele, Áries, pertencia e não com os valores e conceitos pertinentes à cultura medieval.

Esse fato trouxe distorções na avaliação dos fenômenos que envol e a adolescência na realidade histórica quando se analisa a nfância e a adolescência a partir dos valores e mentalidade da daquela época, e que apresento ao público interessado sob forma livro, com o titulo: IJ m monge no divã : a t rajetória de um adolescer na Idade Média 2. Do meu ponto de vista, havia infância e juventude naquela época, e elas eram reconhecidas como tal.

Os vínculos afetivos eram preservados, mas os valores e as condições da infância e da juventude eram vistos com o olhar da sociedade feudovassálica, diferente do olhar da sociedade globalizada e consumista. A juventude, em qualquer sociedade, é a fase mais ativa, sendo inerente aos ovens certa violência intrínseca essencial, necessária para o seu desenvolvimento e da sociedade a que pertencem. A sociedade brasileira dispõe, hoje, do Estatuto da Criança e do Adolescente, instrumento fundamental para o aprimoramento relações entre os diversos níveis do relacionamento social.

Pretende-se aprimorar o papel e as atenções voltadas à criança e ao adolescente contemporâneo como forma de colaborar na formação de cidadãos participativos e que tenham a sua autoestima bem constituída e valorizada. Trata-se de val da subjetividade em ou sob orientação de conselhos tutelares. Em 2003, tive a honra e o prazer de colaborar na elaboração da justificativa que instruiu a solicitação de mudança de redação Lei no. 8069 desse Estatuto no item que faz referência às medidas socioeducativas.

Nosso intuito era e é de substituí-la por uma lei de visão mais ampla quanto à formação do sujeito como cidadão resultante da integração biopsicossocioeducativa. O indivíduo deve ser considerado como sujeito e não apenas um reprodutor de comportamentos esperados pela sociedade dominante. Essa nova condição de redação da lei revelaria a evolução da sociedade na percepção da complexidade dos atores que envolvem a formação dos seus cidadãos, especialmente das crianças e dos jovens.

Em 2006, esse projeto de lei passou por uma primeira aprovação na Câmara dos Deputados e, desde então, aguarda a votação definitiva no Senado Federal. Outro vértice da questão da violência abordado neste livro refere-se às transformações históricas e sociais do reconhecimento LEVISKY, D. Um monge no divã: a trajetória de um adolescer na Idade Média. São Paulo: Casa do psicólogo, 2007. 2 11 IO necessidade de políticas públicas de inclusão das minorias “sob o risco de se tornar insustentável a convivência”.

Vivemos numa sociedade que aparenta ser Ilvre, mas que se perde em novos tipos de aprisionamento resultantes do imobilismo, da velocidade das mudanças e do consumismo. Vive-se a perplexidade e aparente aceitação do status quo revelador da passividade e da impotência qual o cidadão se encontra. Há um tipo de violência social que gera o excluído e que dele quer se afastar e se isentar de responsabilidades atribuindo-lhe a condição de objeto pernicioso. Essa mesma sociedade que exclui nega a consciência de que é, também, parcialmente coresponsável nas condições geradoras da exclusão e formação do elemento criminal.

Vemos que muitos jovens não têm a oportunidade de ser e de existir; condições essenciais para a constituição do sujeito cidadão, e que lhes foi negada, às vezes, até antes mesmo do seu nascimento. Miséria, desorganização familiar, descaso, desfaçatez, além de desvios de verbas dos projetos sociais e da infraestrutura são avalizados pela impunidade e tolerância de esquemas pollticos, governamentais e da própria sociedade. O trânsito, ah trânsito! Problema crucial dos grandes centros urbanos. Uma epidemia nacional na medida em que o volume de veículos tem crescido com a melh quisitivo e das facilidades PAGF

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