Wanda horta
W anda de Aguiar Horta Professora Titular da Escola de Enfermagem da USP CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Câmara Brasileira do Livro, SP H81 Horta, Vanda de Aguiar. Processo de enfermagem / Wanda de Aguiar Horta, com a colaboração de Brigitta E. P. Castellanos. – São Paulo : EPU 1979. Com a colaboracão d Bibliografia. 1 . Enfermagem com to view nut*ge – Estudo e ensino 3. Enfermeiros e enfermagem 4 . Prática de enfermagem l. Castellanos, Brigitta Elza Pfeiffer. 11. Título. 79-1446 processo de Enfermagem CDD. 6 10. 7 -610. 73 fndices para catálogo sistemático: direitos reservados .
A r eprodu-¿o esta obra . o todo ou ern parte. por qualquer melo. sern autorização e xpresia e por escrito da Editora . sujeitará o infrator. nos termos da Lei n LJ6. 89S. de 17. 12. 1980. i penalidade prevista nos ruíigos 184 e 186 d o Código Penal. a saber: reclusão de um a quatro anos . E . P. U. .Telefone 10++1 ) 3168-6077 – F ax. (0++1 1) 3078-5803 E -hlail: v cndas@epu corii. br Site na Internet: h n p: / / w epu. coin br K Joaqum Floriano. 72 6* andar – salas 651 68 4534-000 São paulo . sp I iiipreso no Hrasil Pnnted in Hraril 33 Introdução Histórico .
Necessidades humanas básicas . Histórico d e enfermagem .. Histórico de enfermagem simplificado . Diagnóstico de enfermagem . Plano assistencial Plano de cuidados ou prescrição de enfermagem .. Evolução de enfermagem Prognóstico de enfermagem Consulta de enfermagem . Síndromes de enfermagem . I SBN 85- 12-12190-4 4 PAGF 93 2. ” Exemplo 3. 0 Exemplo 4. 0 Exemplo Referências bibliográficas 77 83 88 93 97 Prefácio Com o processo de enfermagem a profissão atingiu sua maioridade. Nos Estados Unidos da América do Norte ele vem sendo sistematizado.
Os serviços de auditoria valorizam sua aplicação creditando as instituições onde é utilizado. No Brasil ainda estamos as fases iniciais da implantação do processo e este fato se deve insuficiente literatura sobre o assunto. Reunimos aqui todos os artigos sobre o tema, publicados em várias revistas, acrescentamos outros inéditos, com o objetivo de fornecer i s(aos) e nfermeiras(os) subsídios que venham tornar mais fácil, na prática, sua introd edimentos a continuada melhoria do nível teórico d a enfermagem em nosso país. arte Filosofia, teoria e ciência de enfermagem Filosofia de enfermagem N enhuma ciência pode sobreviver sem filosofia própria. Embora esta muitas vezes não apareça de maneira clara e por escrito, ercebe-se que todos os cientistas, daquele ramo d o saber humano, estão ligados entre si por comum unidade de pensamento: na filosofia cientifica. A filosofia leva a Unidade de pensar, e este pensar se dirige à b usca da Verdade, d o Bem e d o Belo. A e nfermagem, como os outros ramos d o conhecimento humano, não pode prescindir de uma filosofia unificada que lhe dê bases seguras para o seu desenvolvimento.
Filosofar é ” pensar a realidade”, é ” uma interrogação”. Inúmeros são os conceitos de filosofia, mas todos eles têm em comum: o Ser, o Conhecer e a Linguagem. O Ser “é a quilo que é”, é a r ealidade. Na enfermagem distinguimos três Seres: o Ser-Enfermeiro, o Ser-Cliente ou Paciente e o s O S er-Enfermeiro é u m ser humano, com todas as suas dimensões, potencialidades e restrições, alegrias e frustrações; é a berto p ara o f uturo, para a vida, e nela se e ngaja p elo compromisso assumido com a enfermagem.
Este compromisso levou-o a receber conhecimentos, habilidades e formação de enfermeiro, sancionados pela sociedade que lhe outorgou o direito de cuidar de gente, d e outros seres humanos. E m outra er-Enfermeiro é gente q 3 fase de seu ciclo vital e do ciclo saúde-enfermidade. Quando o Ser-Enfermeiro está isolado, ele não exerce enfermagem a não ser consigo mesmo. para que surja o Ser- Enfermagem é ndispensável a presença de outro ser humano, o Ser-Cliente Paciente.
D o encontro do Ser-Enfermeiro com o Ser-Cliente ou Paciente surge uma interação resultante das percepções, ações que levam a uma transação; neste momento s urge o S er-Enfermagem: um Ser abstrato, um Ser que se manlfesta na interação e transação d o Ser-Enfermeiro com o Ser-Cliente ou Paciente. O S er- é u m Ser que tem como objeto assistir as necessidades humanas básicas. Está, portanto, intrinsecamente ligado ao ser humano. Esta iissixtênciii a o ser h umano o corre no ciclo baúde-enfermidade c q ualquer fase do ciclo vital. O S cr-Enfermeiro aparece na Iminencla ou na transcendência da açáo de Enfermagem.
O a specto Iminente da ação do Ser-Enfermeiro surge naquilo que é r -t i n e i r o ,c otidiano. mas não fica a ele limitado. Para atingir sua plenitude de ação o Ser-Enfermeiro se subtranscende e pode alcançar assim os níveis elevados do Ser-Enfermagem. Transcender o Ser-Enfermagem é ir além da obrigação, do ‘ter o que fazer”. É e star comprometido, engajado na profissão, ? c ampartilhar com cada ser humano sob seus cuidados ento. É u sar-se a experiência vivenc iada PAGF s 3 potencial que se desenvolverá, o mistério da vida, é t ranscendental.
A morte, fim inevitável de todos nós, é a o caslão única para a transcendência Ser-Enfermagem, no exato momento em que ajuda outro ser a crescer e se autotranscender na passagem para uma outra vida, d a qual pouco ou nada sabemos, mas que, com a ajuda d o Ser- Enfermeiro, o ser humano suporta sem temor, em paz, com segurança. Obter este resultado leva o Ser-Enfermeiro aos píncaros da Transcendência do Ser-Enfermagem. ? u ma experiência única e que jamais se repete por igual. Ciência e teoria a e nfermagem uma ciência?
Vejamos algumas definições de ciência: “Conjunto de conhecimentos organizados e sistematizados”; “uma atividade humana desenvolvendo um conjunto crescente, do ponto de vista histórico, de técnicas, conhecimentos empíricos e teorias relacionadas entre si referentes ao universo natural”; “uma apresentação d a realidade pela inteligência, por uma sistematização de conceitos, pressupostos.. D iante desses conceitos analisemos qual seria o possível posic ionamento da enfermagem. Dentro do primeiro conceito ela não itua porque, embora tendo um corpo de conhecimentos, estes não se encontram organizados e sistematizados.
No segundo conceito PAGF 6 93 Teoria é o a parelho conceptual. Representa um mundo ou realidade possivel ou, segundo LAHR,”um conjunto de leis particulares mais ou menos certas, ligadas por uma explicação comum, toma nome de sistema ou teoria”; “é u m conjunto logicamente ordenado, de proposições hipotéticas, conceitos e definições, que visa explicar uma ou mais classes de eventos naturais”; “estabelece relações entre fatos”; “é u m sistema ou estrutura conceitual criado para algum ropóslto ou objetivo”. A teona não é um assunto pessoal, sonho fantasia, filosofia ou só taxonomia.
Ciência e teoria nao são contemplativas, são práticas. Ciência é “práxis”, é v ontade de poder. Técnica é v ontade de poder efetuada. At eoria é i mportante como guia de ação (não diz como agir, mas diz o que acontecerá atuando-se de uma certa maneira), um guia para coleta de fatos, um guia na busca de novos conhecimentos e que explica a natureza da ciência. Níveis de teoria S egundo D ICKOFF J AMES, as teorias se classificam em quatro níveis: I – solamento de fatores; 1 1 – r elacionamento de fatores; 11 – r elacionamento de situações (preditivas); IV – p rodutora de situações (prescrltiva).
As teorias de nível I isolam e classificam os elenientos pelos fatores. Como exemplo nós temos as classificações zoológicas, botânicas e os 21 p roblemas de F AYE BDELLAH. teorias de nível I PAGF 7 3 deste nível de teoria. Só ocorre o fenômeno B se A estiver presente; o fenômeno pode ser acelerado ou inibido. A t eoria de enfermagem de MARTHA ROGERSde nível 111. At enria de nível IV (prescritiva) é p rodutora de situação. Estas teorias prescrevem todos os elementos ou fatores para que ituação A ocorra e quais serão seus resultados.
A teoria das necessidades humanas básicas em enfermagem é de nivel I V, a teoria da ROY adaptação de Sister C ALLISTA é também de nível I V. As teorias de nível IV têm as seguintes características: a ) especificam um objetivo-conteiído como finalidade da atividade; b) prescrevem o necessário para a atividade realizar o objetivo- conteudo; C ) dispõem de uma “lista de levantamento” (survey I ist) que serve como suplemento a presente prescrição e como preparaçao para futura prescrição para a atividade atingir o objetivo-conteúdo.
A “lista e levantamento” orienta a atividade prática a luz da teoria, serve como assessoramento da teoria, permite pesquisa para validar a teoria ou especular sobre ela. Os componentes da “lista de levantamento” são: ogente – quem ou o que faz a atividade; paciente – quem ou o que é recipiente da atividade; estrutura – qual é o ponto final ou fim da atividade; procedimento – qual é o processo orientador, técnica ou protocolo da atividade; de informações, terminologia própria. ara determinar seu corpo de conhecimentos organizados e sistematizados, porém ligados por leis gerals a Ciência do Universo. O que r’ o conhecimento cientifico? É uma representação objetiva, um conjunto formal ou operacional de proposições; é metódico e sistemático. O que é ciência? O conhecimento científico passa a ser ciência quando se organiza num sistema de proposições demonstradas experimentalmente e que se relacionam entre si. E uma apresentação da realidade ? inteligência feita mediante sistemas elaborados e propostos pela própria inteligência. i’ O que caracteriza uma ciência? A indicação clara de seu objeto, sua descrição, explicação e previsão. O objeto do conhecimento científico não é o ser, porque ste é por si próprio inobietivével. O objeto da ciência é o ente concreto que se revela ao homem; por sua vez, todo ente está habitáculo do ser. Um único ser pode ter seus entes concretos como objeto de várias disciplinas científicas.
O ser humano, estudado pelas ciências hermenêuticas, ciências interpretativas, é um exemplo típico. A psicologia, a sociologia, a história, a economia, a administração, a antropologia, a medicina etc. , cada uma destas ciências tem seu ente próprio, todas elas têm u culo, o ser humano. PAGF g3 desenvolvendo e acumulando houve divisão e subdivisão em novas ciências, que or sua vez se especializaram em outras, criando deste modo um verdadeiro “caos” científico.
Hoje, com a cibernética e a teoria dos sisterras, há uma tendência unificadora dos conhecimentos científicos em uma Ciência d o Universo, englobando leis que regem todos os fenômenos naturais. Não obstante esta unificação, os ramos de conhe-. cimentos desta ciência única constituem áreas próprias de investigação A enfermagem, desde seus primórdios, vem acumulando um corpo de conhecimentos e técnicas empíricas e hoje desenvolve teorias relacionadas entre si que procuram explicar estes fatos à luz do universo natural.
Partindo-se dos conceitos expostos na introdução deste trabalho, a enfermagem pretende alcançar o desvelamento de um ser, o humano (indivíduo, família, comunidade); como este é, por sua própria definição, inobjetivável, a enfermagem determina seu objeto e os entes que têm como habitáculo este ser. O objeto da enfermagem é assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, sendo estas os entes da enfermagem. Descrever estes entes, explicá-los, relacioná-los entre si e predizer sobre eles – eis, em síntese, a ciência da enfermagem. C omo ciência que visa o ser humano a enfermagem se classifica