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Coerência e Coesão como Mecanismos para a Construção do Texto 1 . Apresentação 2. Considerações sobre o conceito de coerência 2. 1 Tipos de coerência 2. 1. 1 coerência semântica 2. 1. 2 coerência sintática 2. 1. 3 coerência e 2. 1. 4 coerência p 2. 2 Texto e coerência orag to view nut*ge 3. Considerações sobre o conceito de coesão 3. 1 Mecanismos de coesão 3. 1. 1 Coesão gramatical coesão frásica coesão interfrásica coesão temporal coesão referencial 3. 1. 2 Coesão lexical formas em que podem ocorrer.

Ao mesmo tempo, procuramos fazer com que os usuários saibam empregar adequadamente ada mecanismo não só para depreender o sentido de um texto como para produzir textos com sentido, estabelecendo uma continuidade entre as partes, de modo a instaurar entre elas uma unidade, ou seja, a coerência. É importante também lembrar que a coesão pode auxiliar no estabelecimento da coerência, embora, às vezes, a coesão nem sempre se manifeste explicitamente através de marcas linguísticas, o que faz concluir que pode haver textos coerentes mesmo que não tenham coesão explícita.

Este tema será, portanto, desenvolvido com o objetivo de mostrar aos usuário da língua que: ) mais importante que conhecer os conceitos de coerência e coesão é saber de que maneira esses fenômenos contribuem para tornar um texto inteligível; 2) a coerência (conectividade conceitual) e a coesão (conectividade seqüencial) são requisitos fundamentais para a elaboração de qualquer tipo de texto; 3) enquanto a coerência se fundamenta na continuidade de sentidos, a coesão pode se apresentar por meio de marcas lingüísticas, observadas na gramática ou no léxico; 4) é necessário perceber como coerência e coesão se completam no processo de produção e compreensão do texto. Página nícial Coerência e Coesão Tema para Discussão Página Anterior Próxima Página @ Dê sua opinião PAGF coerência. O seu texto está incoerente. O que leva as pessoas a fazerem tais observações, provavelmente, é o fato de perceberem que, por algum motivo, escapa a elas o entendimento de uma frase ou de todo o texto. Coerência está, pois, ligada à compreensão, à possibilidade de interpretação daquilo que se diz ou escreve. Assim, a coerência é decorrente do sentido contido no texto, para quem ouve ou lê. Uma simples frase, um texto de jornal, uma obra literária romance, novela, poema… , uma conversa animada, o discurso de um político ou do operário, um livro, uma canção enfim, qualquer comunicação, independente de sua extensão, precisa ter sentido, isto é, precisa ter coerência. A coerência depende de uma série de fatores, entre os quais vale ressaltar. o conhecimento do mundo e o grau em que esse conhecimento deve ser ou é compartilhado pelos interlocutores; o dominio das regras que norteiam a língua – isto vai possibilitar as várias combinações dos elementos lingüísticos; os próprios interlocutores, considerando a situação em que se ncontram, as suas intenções de comunicação, suas crenças, a função comunicativa do texto.

Portanto, a coerência se estabelece numa situação comunicativa; ela é a responsável pelo sentido que um texto deve ter quando partilhado por esses usuários, entre os quais existe um acordo pré-estabelecido, que pressupõe limites partilhados por eles e um domínio comum da língua. A coerência se manifesta nas diversas camadas da organização do texto. Ela tem uma dimensão semântica – caracteriza-se por uma interdependência semânti ementos constituintes do PAGF 3 OF uma interdependência semântica entre os elementos constituintes do texto. Tem principalmente uma dimensão pragmática – é fundamental, no estabelecimento da coerência, o nosso conhecmento de mundo, e esse conhecmento é acumulado ao longo de nossa existência, de maneira ordenada. Ainda com respeito ao conhecimento partilhado de mundo, devemos dizer que a ele se acrescentam as informações novas.

Se estas forem muito numerosas, o texto pode se tornar incoerente devido à não-familiaridade do ouvinte/leitor com essa massa desconhecida de informações. ? isto que acontece, por exemplo, quando lemos um texto muito técnico, de uma área na qual somos leigos. Na verdade, quando dizemos que um texto é incoerente, precisamos esclarecer que motivos nos levaram a afirmar isto. Ele pode ser incoerente em uma determinada situação, porque quem o produziu não soube adequá-lo ao receptor, não valorizaou suficientemente a questão da comunicabilidade, não obedeceu ao código linguístico, enfim, não levou em conta o fato de que a coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto.

Embora nosso objetivo não seja teorizar em demasia o conceito de coerência, achamos necessário retomar algumas afirmações feitas por Koch e Travaglia (1 989), como pontos de partida para o trabalho com textos que se segue: “A coerência é profunda, subjacente à superfície textual, não-linear, não marcada explicitamente na estrutura de superfície. (… ) Ela tem a ver com a produção do texto, à medida que quem o faz quer que seja entendido por seu interlocutor. A coerência diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à superfíci seu interlocutor. (… ) A coerência diz respeito ao modo como s elementos subjacentes à superfície textual vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma configuração veiculadora de sentidos.

A coerência, portanto, longe de constituir mera qualidade ou propriedade do texto, é resultado de uma construção feita pelos interlocutores, numa situação de interação dada, pela atuação conjunta de uma série de fatores de ordem cognitiva, situacional, sociocultural e interacional. ‘ Observando o grupo de frases abaixo, consideradas do ponto de vista estritamente referencial, O homem construiu uma casa na floresta. O pássaro fez o ninho. O lenhador derrubou a árvore. O trabalhador acompanhou o noticiário criticamente. As árvores estão plantadas no deserto. A árvore está grávida. podemos notar que as quatro primeiras não oferecem qualquer problema de compreensão. Dizemos, então, que elas têm coerência.

Já não ocorre o mesmo em relação às duas últmas. Em As árvores estão plantadas no deserto, há duas idéias opostas, uma contraria a outra. Em A árvore está grávida, há uma restrição na combinatória ser vegetal grávida, o que não ocorre em A mulher está grávida, em que temos a combinatória possível er racional + grávida. Examinemos agora as frases: a) O pássaro voa. b) O homem voa. A frase a tem um grau de aceitação maior do que a frase b, que depende de uma complementa ao ara esclarecer qual o meio utilizado pelo homem par em voa de asa delta, PAGF S no plano da conotação: O homem sonha, o homem delira, o homem anda rápido.

Neste plano, muitas outras combinações sao possíveis: As nuvens estão prenhes de chuva. Sua boca cuspia desaforos. Observe os três pares que se seguem: a) Todo mundo destroi a natureza menos eu. b) Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo. ) Todo mundo viu o rmco-leão, mas eu não. b) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar. a) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta sobrevive. b) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta não tem muitas árvores. as frases de letra a de cada par são facilmente compreendidas, têm coerência; as frases de letra b de cada par apresentam problema de compreensão. 1 a. Todo mundo destrói a natureza menos eu. vocábulo menos indica exclusão de uma parte do grupo, portanto, neste caso, pode ser combinado com o pronome eu 1 b. Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo há uma restrição, porque o vocábulo menos indica exclusão de uma parte do grupo, portanto, neste caso, não pode ser combinado com todo mundo, que indica o grupo inteiro 2 a. Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não mas introduz uma idéia oposta, que é perfeitamente aceitável, porque todo mundo se diferencia de eu 2 b. Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar mas introduz uma idéia o osta, que é inaceitável porque o conteúdo da idéia introd não é o contrário da PAGF 6 OF ouvi o sabiá cantar por intermédio do vocábulo mas a.

Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta sobrevive o uso de apesar de pressupõe a presença de idéias contrárias, qualquer que seja a ordem : negativa/positiva, positiva/negativa 3 b. Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta não tem muitas árvores o uso de apesar de pressupõe a presença de idéias contrárias, qualquer que seja a ordem: negativa/positiva, positiva/negativa. Daí a incoerência da frase b, em que ocorrem duas negativas simultâneas Estas observações mostram que a coerência de uma frase, de um texto, não se define apenas pelo modo como elementos ingüísticos se combinam; depende também do conhecimento do mundo partilhado por emissor e receptor, bem como do tipo de texto em questão.

Podemos ainda dizer que, nas frases de letra b, os elementos de coesão não foram usados de forma adequada, por isto não contribuíram para estabelecer a coerência. O trecho abaixo Assim como milhões de brasileiros, os habitantes da Mata Atlântica estão sentindo na pele os efeitos da crise econômica. As verbas são curtas, a fiscalização é pouca, e, com isso, as leis de proteção nem sempre são respeitadas. Resultado : mesmo endo uma das mais importantes florestas tropicais do mundo – portanto, essencial à sobrevivência do planeta – pouco a pouco a Mata Atlântica vai desaparecendo do mapa. mostra as dificuldades sentidas pelos habitantes da Mata Atlântica como consequência da crise econômica.

O sentido do texto é viabilizado pela combina ao dos elementos presentes numa progressão harmon como este sentido vai PAGF 7 presentes numa progressão harmoniosa. Observe como este sentido vai sendo constru(do a partir da ocorrência de vocábulos relacionados entre si. Por exemplo: milhões de rasileiros habitantes mundo planeta apa curta pouca Mata Atlântica florestas tropicais importante essencial proteção sobrevivência verbo fiscalização lei e portanto (conectores) com Isso Observe finalmente: Se está difícil sobreviver al na cidade, imagine aqui. Numa primeira leitura, esta mensagem parece vaga : aqui aponta para várias possibilidades de significação, entretanto cada uma elas claramente se opõe a “cidade”.

Mas, se situarmos esta frase como introdutória ao texto sobre a Mata Atlântica, o sentido fica mais explícito, sobretudo se a frase for acompanhada da imagem de um habitante da Mata Atlântica. Tipos de Coerência Em obra na qual discutem as estraté ias cognitivas de compreensão do discurso, tsch (1983) falam de de problemas desse tipo. Ainda na obra citada, os autores apontam alguns tipos de coerências, a saber, coerência semântica, coerência sintática, coerência estilística, coerência pragmática. Coerência Semântica Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em seqüência; a incoerência aparece quando esses sentidos não combinam, ou quando são contraditórios. Exemplos: 1) ouvem-se vozes exaltadas para onde acorreram muitos fotógrafos e telegrafistas para registrarem o fato.

O uso do vocábulo telegrafista é inadequado neste contexto, pois o fato que causa espanto será documentado por fotógrafos e, talvez, por cronistas, que, depois, poderão escrever uma crônica sobre ele, mas certamente telegrafistas não são espectadores comuns nessas circunstâncias. Ao lado deste, há um outro problema, de ordem sintática: trata- se do emprego de para onde, que teria vozes exaltadas como referente, o que não é possível, porque esse referente não contém idéia de lugar, implícita no pronome relativo onde. Cabe ainda uma observação quanto ao tempo verbal de ouvem- e e acorreram, presente e pretérito perfeito, respectivamente. Sena mais adequado os dois verbos estarem no mesmo tempo. 2) O governo principalmente não corresponde de uma maneira correta em relação ao nível de condições que para muitos seriam uma decisão óbvia. Nesta frase, há duas incoe nticas.

A primeira decorre complemento teria que ser modificado, para resolver o problema da incoerência sintática – corresponder a (alguma coisa). A segunda está na expressão nível de condições. O vocábulo nível é desnecessário, podendo-se dizer simplesmente em relação às condições. ) Educação, problema universal que por direito todo indivíduo deve ter acesso. A inadequação, parece-nos, se deve ao fato de não ficar claro qual é o antecedente do pronome que. Da maneira como foi escrita a frase, o antecedente é problema universal, e, neste caso, a Incoerência semântica está na não-comblnaçào entre os sentidos de ter acesso e problema. Um problema precisa ser resolvido, solucionado, mas não ser alcançado, que é o sentido de ter acesso. ? muito mais provável que o autor desta frase tenha pensado que todo individuo deve ter acesso à educação, mas, a forma como ordenou as palavras, causou ambiguidade com relação ao antecedente do que. Ainda dentro deste tipo de coerência, lembramos que o pouco domínio do sentido dos vocábulos e das restrições combinatórias podem também gerar frases com problemas de compreensão, como as que seguem: O jardim que circula a casa estava maltratado. Entramos em um círculo de mudanças. O rei quis obter as luxúrias que sua posição oferecia. sendo este o dominador comum das mudanças. O Brasil é um país em alta-rotatividade. O que existe é um aponta os do vestibular.

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