Youtube e a revolução digital

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YouTube e a Revolução Digital Com textos de Henry Jenkins e John Hartley Tradução Ricardo Giassetti Copyright C Jean Burgess e Joshua Green, 2009 Copyright C Aleph, 2009 (edição e TITULO ORIGINAL: C GRÁFICO. EDITORA EDITORIAL: Sv. içx to ra o Brasil) AO: PROJETO ORAL: DIRETOR YouTube: digital media and society series Retina78 Mônica Reis Hebe Ester Lucas Neide Siqueira Join Bureau Débora Dutra Vieira Adriano Fromer Piazzi Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer melos.

ALEPH PUBLICAÇÕES E ASSESSORIA PEDAGÓGICA LTDA. Rua Dr. Luiz Miguano, 1110 – q. 01 05711 -900 – sao paulo – sp – Brasil Tel: [55 11]3743-3202 Fax: [55 11] 3743-3263 wvwv. editoraaleph. com. br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Burgess, Jean YouTube eletrônico : Tecnologias da informação e da comunicação sociologia 303. 4833 Apresentação à edlção brasileira . Agradecimentos Prefácio 2. 3. 4. 5. 6. A importância do youTube…………. O YouTube e a mídia de massa . 11 13 1. A cultura popular do YouTube…… — A rede social do . A política cultural do YouTube — YouTube . Os caminhos incertos do 7 35 61 85 105 133 O que aconteceu antes do YouTube? – Henry Jenkins 143 Utilidades do YouTube: alfabetização digital e a expansão do conhecimento – John Hartley 165 Glossário . Notas Referências — — índice remissivo 191 203 235 SUMÁRIO 187 Conciliando pensar e fazer com o YouTube, ou “a fábrica de presentes” Por Mauricio Mota e Suzana Pedrinho Desde 2005, quantos “presentes” vindos do YouTube você recebeu ou enviou?

Pare para pensar quais foram os 10 vídeos que voce mais g PAGF 36 YouTube você recebeu ou enviou? Pare para pensar quais foram os 10 videos que você mais gostou nesse tempo todo; e quais ão veria nunca mais. Vindos de amigos, parentes ou colegas de trabalho, você acabou repassando-os, se empolgando, fazendo seus próprios vídeos e – seguindo o subtítulo do portal (Broadcast yourself) – transmitiu-se em presentes por aí. E olhe aonde o YouTube foi parar.

Após um evento no MIT, em novembro de 2008, Joshua Green – coautor deste livro – enviou um e-mail cujo assunto era “A present for you” / “Um presente para você”. APRESENTAÇAOAEDIÇAOBRASILEIRA 8 O conteúdo do documento era empolgante. Pela primeira vez, tanto no mercado quanto na academia, alguém se debruçava obre o YouTube, que já não era mais a coqueluche do momento, e sim uma plataforma integrada ao dia-a-dla das pessoas. Tratava-se do resumo de um estudo que mais tarde se tornaria este livro.

Um grande presente que precisava chegar ao Brasil, já que o mercado brasileiro, na área de internet, tem ditado tendências, e não só as seguido. Joshua é um australiano de humor londrino que lidera um dos mais respeitados ThinkTanks do mundo: o Convergence Culture Consortium do MIT, ou C3 para os mais íntimos. Lá, pensadores de todo o mundo estudam a interseção entre conteúdo, mídias, marcas e fãs. E foi lá que erminou a ideia de uma análise mais detida sobre o YouTube.

A nossa surpresa ao ler o estudo, e depois o livro, se deu por se tratar de uma ótima mistura entre o Pensar e o Fazer. Nasceu completamente influenciado pelo livro Cultura da Convergência, do mentor e I e o Fazer. Nasceu completamente influenciado pelo livro Cultura da Convergência, do mentor e líder de Joshua no C3, Henry Jenkins – a parte do pensar; mas também concretizou a convergência do público em torno dessa fascinante e polêmica ferramenta que é o YouTube. Colocou em prática a análise de comportamento, mesclando conteúdo, tecnologia e pessoas. Essa foi a parte do fazer.

E por meio deste livro você poderá pensar e fazer, pois ele oferece dados, exemplos de situações reais e cases de conteúdo que podem ser aproveitados por qualquer leitor: • • • • o empresário que deseja criar um novo canal de divulgação de seu pequeno negócio; professores que buscam novas maneiras de envolver seus alunos e aprimorar suas aulas; criadores de conteúdo que querem ampliar seu público, players do mercado de mídia e entretenimento que não queiram repetir os erros de seus pares nos EUA e na Europa; Apresentação à edição brasileira m dos fundadores do YouTube, que afirmou que a internet mataria a TV – o livro mostra justamente o quanto um veículo ajuda o outro e vice-versa. Os autores contextualizam o YouTube na política de cultura popular participativa, apontando questões importantes de como e por quê esse Slte é considerado o maior aglutlnador de midia de massa da internet no início do século 21. Ressaltam ainda que o site é uma cocriação de diferentes atores que, pela própria natureza da internet e da ferramenta, se confundem e entram em choque de interesses.

Nessa ers ectiva, a desigualdade de participação e a voz de rgem como questões 6 desses atores emergem como questões fundamentais à luz das novas midias, bem como as tentativas de controle de “qualidade” e conteúdo por parte de anunciantes ou patrocinadores do modelo. As próximas páglnas comprovarão plenamente a cultura da convergência: pessoas de áreas diferentes (tecnologia, mídia, entretenimento, comunidades de fãs, artistas, educadores) trocando e construindo um dos maiores cases de cultura participativa do mundo. um fenômeno que ainda não justificou seus quase dois bilhões de dólares quando comprado pela Google, mas que já provou ter mudado para sempre a nossa elação com a propriedade intelectual, o entretenimento e o conteudo audiovisual. E as questões relativas à propriedade e ? pnvacidade anda estão aí e não foram esgotadas.

O YouTube e todos os portais de vídeo on-line que o seguiram transformaram definitivamente a nossa maneira de absorver conteúdo. O momento agora não é de aguardar o próximo YouTube, Twitter ou Facebook, mas de descobrir o que essas ferramentas farão daqui para a frente e o que poderemos fazer com elas. O fascínio da imagem atinge seu ápice quando nós somos a propria mensagem. Talvez por isso o YouTube seja um irresistível local essa enorme ágora virtual que, independentemente dos seus problemas e formatos, permite a cada um ser a própria mídia, celebridades do nosso cotidiano. 10 Maurício Mota – Chief Storytelling Officer, é cofundador da empresa The Alchemists.

Nos últimos cinco anos esteve envolvido em projetos de convergência, inovação e conteúdo para clientes como Danone, Unilever, Nokia, Bradesco, Vivo, Banco Real e Volksw PAGF s 6 inovação e conteúdo para clientes como Danone, Unilever, Nokia, Bradesco, Vivo, Banco Real e Volkswagen. Foi o primeiro latino-americano a participar e palestrar no projeto do MIT Massachussets Institute of Technology) sobre o futuro do entretenimento; é membro do board mundial do Medici Institute de fomento à inovação, nascido em estudo sobre o Renascimento desenvolvido em Harvard; foi o jurado latino- americano no Festival of Media, em Valencia, Espanha. Iniciou sua carreira como empreendedor aos 15 anos de idade, quando desenvolveu com a escritora Sonia Rodrigues uma plataforma para criar histórias em formato de jogo e software.

Presente em mais de 4 mil escolas, o produto foi licenciado oito vezes e utilizado como ferramenta de facilitação para inovação e riatividade por empresas e instituições como onu, Krakt, Petrobras, IG e Oi. Coordena até hoje o blog “Os Alquimistas Estão Chegando… ” (www. oalquimista. com). Suzana Pedrinho, pesquisadora e jornalista com pós-graduação em Mídias Digitais, trabalha como empreendedora e consultora na internet desde 1996. Foi responsável pelo planejamento e disponibilização de mais de 60 projetos na internet brasileira, incluindo sites como o da ABRANET — Associação Brasileira de Provedores (1998 – 2002), o da ABIFA – Assoclação B asneira de Fundição (1997 ? 2009) e do CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo 2004-2005).

Criou, implantou e coordenou o Núcleo Web, um conceito de difusão da cultura digital que permite a estagiários de diferentes classes sociais estudar, apreender e dar retorno na produção de projetos de mídia on-line para a instituição que apoia o empr retorno na produção de projetos de midia on-line para a instituição que apoia o empreendimento. Atualmente é editora do site marketing. com. br, e desde 2008 participa do projeto “Ligado na Saúde”, da Faculdade de Farmácla da UFF-Niterói, atuando como diretora de planejamento da comunicação digital e na implantação de todas as ações no meio on- ine. Seus contatos: http://www. suzanapedrinho. com. br; contato@suzanapedrinho. com. r Quer você o ame, quer você o odeie, o YouTube agora faz parte do cenário da mídia de massa e é uma força a ser levada em consideração no contexto da cultura popular contemporânea. Embora não seja o único site de compartilhamento de vídeos da internet, a rápida ascensão do YouTube, sua ampla variedade de conteúdo e sua projeção pública no Ocidente entre os falantes de língua inglesa o tornam bastante útil para a compreensão das relações ainda em evolução entre as novas tecnologias de [dia, as indústrias criativas e as políticas da cultura popular. O objetivo deste livro é trabalhar algumas das ideias muitas vezes contraditórias sobre o que é o YouTube e se ele será útil, ou não, no futuro. O valor do site – para que o YouTube se mostrou “útil” até agora – é cocriado pela YouTube Inc. agora de propriedade do Google, pelos usuários que fazem upload de conteúdos para o site e pela audiência atraída por esse conteúdo. Os PREFÁCIO 14 colaboradores constituem um grupo diversificado de participantes – de grandes produtores de midia e detentores de direitos autorais como ca , empresas esportivas e PAGF 7 6 autorais como canais de televisão, empresas esportivas e grandes anunciantes, a pequenas e médias empresas em busca de meios de distribuição mais baratos ou de alternativas aos sistemas de veiculação em massa, instituições culturais, artistas, ativistas, fãs letrados de mídia, leigos e produtores amadores de conteúdo.

Cada um desses participantes chega ao YouTube com seus propósitos e objetivos e o modelam coletivamente como um sistema cultural dinâmico: o YouTube é um site de cultura participativa. O fato de o YouTube ser uma cocriação nem sempre ? evidente para a YouTube Inc. ou para os participantes que atuam em seu sistema. Na verdade, como discutiremos ao longo do livro, muitos desses diferentes participantes se envolvem com o YouTube como se o site fosse um espaço planejado especificamente para eles e que, portanto, deve atender aos seus interesses particulares, muitas vezes sem reconhecerem o papel desempenhado por outros. Essa é a fonte de muitos dos atuais conflitos sobre o modo como o YouTube, na posição de site de cultura participativa, deve seguir seu caminho evolutivo.

Nos capítulos a seguir, analisaremos as origens do YouTube e a ré-história dos debates que o cercam, contextualizando-os no âmbito das políticas da cultura popular, especialmente em relação ao surglmento de uma nova midia. Desenvolvendo uma análise sobre o conteúdo mais popular do site, descobrimos algumas das maneiras de utilização do YouTube, instalando essa discussão para gerar uma reflexão sobre as implicações das práticas da participação cultural que se desenvolvem ali e suas relações com os debates de longa data sobre o espaço da mídia n PAGF 8 6 se desenvolvem ali e suas relações com os debates de longa data sobre o espaço da mídia na vida cotidiana.

Transpondo capacidades das tecnologias digitais e seu potencial de viabilização de uma participação cultural ativa, o YouTube também nos apresenta uma oportunidade de confrontar alguns dos maiores problemas da cultura participativa: a disparidade de participação e de expressão; as aparentes tensões entre interesses comerciais e o bem comum; e a contestação da ética e das normas sociais que ocorre quando sistemas de crenças, interesses e diferenças culturais entram em conflito. Nos capítulos finais, concentraremo-nos em alguns dos mais importantes e atuais debates acerca das indústrias criativas, da ova midia e da nova economia: inovações geradas por usuários, produção amadora e questões trabalhistas; as aparentes tensões entre a conectividade global e os monopóllos comerciais; e as definições da alfabetização na nova mídia.

No final do livro há dois ensaios especialmente encomendados, um de Henry Jenkins e outro de John Hartley. Ambos extrapolam nosso estudo detalhado sobre o YouTube, fundamentado no momento atual, para oferecer uma visão mais abrangente dos desafios e oportunidades que empreendimentos como o YouTube representam para algumas das principais áreas de atenção a midia e para os estudos culturais nos contextos passado, presente e futuro. Jenkins nos convida a relembrar a pré-históna do YouTube, muitas vezes subestimada, calcada em minorias, ativismo e midia alternativa, para que possamos entender melhor o potencial e os limites do YouTube como plataforma de diversidade cultural.

O possamos entender melhor o potencial e os limites do YouTube como p ataforma de diversidade cultural. O capítulo final de John Hartley desdobra uma rede ainda mais ampla, situando o YouTube na históna da midia de longue durée, na alfabetização popular e junto ao público. Ele aborda a questão da capacidade e extensão na qual a expressão autônoma criada por usuários é capaz de ser “extrapolada” para contribuir com o surgimento de uma esfera de cultura pública mais inclusiva e com o aumento do conhecimento. CAPÍTULO A importância do YouTube Fundado por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, ex- funcionários do site de comércio on-line PayPal, o site YouTube foi lançado oficialmente sem muito alarde em junho de 2005.

A inovação original era de ordem tecnológica (mas não exclusiva): o YouTube era um entre os vários serviços concorrentes que tentavam eliminar as barreiras técnicas para maior ompartilhamento de vídeos na internet. Esse site disponibilizava uma interface bastante simples e integrada, dentro da qual o usuário podia fazer o upload, publicar e assistir vídeos em streaming sem necessidade de altos níveis de conhecimento técnico e dentro das restrições tecnológicas dos programas de navegação padrão e da relativamente modesta largura de banda. O YouTube não estabeleceu limites para o número de vídeos que cada usuário poderia colocar on-line via upload, ofereceu funções básicas de comunidade, tais como a possibilidade de se conectar a outros usuários como 18

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