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VARIAÇÕES LINGUISTICAS (VARIAÇÃO REGIONAL) – ORIXIMINÁ CONTO CABOCLO TEXTO ORIGINAL Manduquinha era um homi panema, gamado na cumadre Florinda. Vivia cismando às fólis. Cumadre Florinda tinha um pé ruxo rébilou que vivia dando trocentas pizas no cuirão, à ufa! O cuirão saía na lapada. Tordia manduquinha pegou o cuiráo curado, ai meméura! Era só o pezinho que aquelezinho paresque queria. O nócego num foi de cismando, ispiando a ors Cumadre Flonnda ba manduquinha e, à val A cumadre cum a pe rece um tevardo r o tibinga. ina, caquiou de casco pra bóia. te da pitisqueira, egou a fulheta… as, o mura tico tariando o xirizão da Florinda que vinha no casco trazido da viração. Cuim feito! Mas araquando já! Era a camaradage que manduquinha com sua impusturice queria. E manduquinha meio trevés disse pra cumadre: _ não vô lavá o prato pra num lavá teu coração! VOCABULÁRIO TEXTO TRADUZIDO Manduquinha era um homem azarado, apaixonado por Florinda com quem pretendia enamorar. Florinda tinha um filho muito extrovertido e levado, batia muito no menino para repreender seu mau comportamento. Quando aproveitou-se da situação e contou que viu o garoto bêbado pelas uas da cidade.
Já na casa de Florinda, manduquinha, desajeitado por estar perto de sua amada, ficou a observar aquela senhora fatigada de tanto castigar o menino travesso. Cansada, Florinda agradeceu a manduquinha pela preocupação que teve com seu filho, e pediu a ele que ficasse para o jantar, pois seria servido tartaruga. Florinda, toda empoeirada da surra que deu no menino, foi até o armário e pegou o depósito de farinha… Enquanto manduquinha ficava a desejar a farofa que estava sendo preparada na carapaça da tartaruga, trazida da praia durante a pescaria.
Manduquinha havia conseguido a tão desejada aproximação. Após o jantar, manduquinha, meio desajeitado, disse a Florinda: não lavarei o prato em que me serviste para não lavar a bondade de seu coração! Homi: homem. Às fólis: expressão que dá idéia de exagero, demasia. Panema: mesmo que azarento, mole, sem energia, preguiçoso. Gamado: apaixonado. Cisma: pressentimento, cálculo, suspeita, pretender namorar. Pé-ruxo: filho. Rébilou: individuo adoidado, sem juízo, maluco. Trocentas: diz-se para muito, em alto grau, intensamente, em grande número.
Piza: levar uma surra, uma corsa, ser repreendido severamente. Cuirão: menino muito traquina, levado. À ufa! : O mesmo que estar à toa, esquecido, sem razão. Tordia: o mesmo que certo dia, anteontem. Curado: o mesmo que bêbado, embriagado. Aquelezinho: expressão irônica que exprime diminuição, trata PAGFarl(F3 que bêbado, embriagado. Aquelezinho: expressão irônica que exprime diminuição, tratamento de carinho, inferioridade. paresque: parece que. Nocégo: o mesmo que levado, travesso, garanhão. Dedurá: falar do outro, fuxicar, cagoetar.
Tevardo: atevardado, diz-se tevardo ao caboclo, ao caipira, matuto ou jeca, estar mal trajado. Ispiando: olhar, ver algo ou alguma coisa. Muquear: dar pancadas com pés, mãos etc. derrotar, vencer. Tibinga: o mesmo que levado, endiabrado, aquele que ofende a moral. Baqueado: o mesmo que adoentado, enfermo. Suvino: escasso, que não gosta de dividir alimentos ou objetos. Caquiar: conseguir por meios hábeis, mostrar-se hábil, jeitoso, dar um jeito pra melhorar algo. A validar: barrar, impedir, bem que. Bóia: comida. Rente: posicionar-se perto, ao lado, na lateral, superfície, parte.
Pitisqueira: o mesmo que guarda-louças, móvel utilizado para guardar objetos de cozinha. Fulheta: depósito de farinha que se coloca à mesa. Xirizeiro: o mesmo que muito bom, belo, bonito, caro, grande. Viração: acontece quando os pescadores vão à praia para pegar tartarugas ou tracajás, que sobem para desovar, colocando-os de peitos pra cima para carregá-los. Cuim feito: expressão que indica pena, dó. Araquando já: o mesmo que não, de jeito nenhum, que pena. Camaradagem: convivência de péssima qualidade, parceria desagradável aos olhos de quem vê. Impusturice: ver imposturar. PAGF3ÜF3