As rodas cantadas e o desenvolvimento da capacidade expressiva e comunicativa nas crianças

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Universidade dos açores Pólo Ponta Delgada Ano lectivo: 2008/2009 Curso de Educação Básica 10 Ano 29 de Novembro de OF8 Universidade dos aço s p Trabalho realizado por: Maria Silva Natália Pedro Raquel Costa INTRODUÇAO O seguinte trabalho fala-nos das “Rodas Cantadas” e em que são grupos de crianças elou adultos que formam uma roda de mãos dadas ou não, formando com a voz sons variados e melodias podendo executarem ou não coreografias.

Através destas cantigas (que ao longo do tempo vão sofrendo adaptações/transformações, geralmente causadas por mudanças ulturais) as crianças poderão experimentar momentos de bem- estar, utilizando a voz como principal instrumento e tomando consciência de movimentos mais organizados. Assim sendo, a voz, o corpo e a possibilidade de utilizar instrumentos formam um todo, sendo a criança solicitada a utilizá-los de forma integrada, harmoniosa e criativa.

Segundo Câmara Cascudo (1 988), as Rodas Cantadas referem-se a brincadeiras de folclore cantadas e dançadas apresentando melodias e coreografias simples. Em relação às outras modalidades de canções populares, as Rodas Cantadas destacam-se pela sua constância ” (… apesar de serem cantadas umas dentro das outras e com as mais curiosas deformações das, letras, pela própria inconsciência com que são proferidas pelas crianças. ” (ibid, p. 676).

Elas são transmitidas oralmente, abandonadas em cada geração e reerguidas pela outra “numa sucessão ininterrupta do movimento e do canto quase independente da decisão pessoal ou do arbítrio administrativo. ” (Ibid. P. 146). As manifestações folclóricas nascem dos impulsos criadores, tanto individuais como colectivos. O valor desta modalidade ultrapassa largamente o ângulo do uncionamento nacional, compreendendo muito mais, uma afirmação ou ampliação do emocional. ” (… A identidade quer pessoal quer social, é sempre socialmente atribu[da, mantida e transformada O processo de identificação é quer social, é sempre socialmente atribuída, mantida e transformada O processo de identificação é um processo de construção de imagem, e o suporte fundamental é a memória, através da qual se obtém informações, conhecimentos, experiência e, por isso mesmo, a possibilidade de dar lógica, sentido, inteligibilidade aos vários aspectos da realidade. Meneses, apud. Garcia, Souza e Silva e Ferrari, 1989, p. 14). Assim, ocorre que, cantando e dançando em grupo, a criança traz elementos do passado da humanidade para o seu presente. “Neste processo a criança tem a possibilidade de transformar o desconhecido em conhecido, o inexplicável em explicável e reforçar ou alterar o mundo. Pode levantar questões, discutis, inventar, criar, transformar. ” (Heller, apud. ibid. ,p. 14). 2.

A CRIANÇA EA MUSICA Desde muito cedo a criança é sensível aos estímulos sonoros, visto que estes chegam misturados com outros de ordem visual omo os gestos, movimentos e ainda de ordem afectivos como o sorriso, contactos, beijos, há que julgar cuidadosamente para ver quais as respostas que são realmente motivadas por estimulos sonoros. A criança logo no momento em que nasce começa a gritar. O grito é a sua primeira manifestação sonora, os sons que produz são Indiscriminados e não intencionais. Durante semanas o grito é a sua única manifestação sonora e logo após a este período aparece o balbuciar.

Nem o grito nem o balbuciar se podem considerar musicais, mas pode-se dizer que estamos perante as primeiras manifestações de cantarolar. A criança faz tudo isto de forma espontânea, mas também de forma insistente, entregando-se a um jogo que lhe agrada muito em que 3 espontânea, mas também de forma insistente, entregando- se a um jogo que lhe agrada muito em que todos os aspectos psicolinguísticos concordam em valorizar como exercício dos órgãos fonéticos, sem esquecer o seu potencial valor comunicativo, e também como preparação para a futura expressão musical da criança.

As noções básicas para a formação musical da criança giram à volta do ritmo, da educação auditiva, da educação da voz e dos instrumentos. Todas as crianças devem ser iniciadas na formação musical, independentemente das suas qualidades específicas e da sua vocação posterior. A canção, a dança, a dramatização são jogos que incluem muitas outras actividades e até simples exercícios, habilmente apresentados, que adquirem cariz lúdico. Assim, a canção, a dança e a representação formam um conjunto presidido pela música que dá grande satisfação e prazer à criança.

A partir dos cinco anos a criança já se encontra, geralmente, com uma notória maturidade linguística e psicomotora, já tem grande capacidade e coordenação do ritmo e da melodia e, é por isso, o momento propício para trabalhar as brincadeiras dramáticas e de iniciar a criança nas danças a partir das próprias canções. 3. IMPORTÂNCIA DAS RODAS CANTADAS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA As Rodas Cantadas tornam-se em algo muito importante para o desenvolvimento holístico da criança, e assim sendo, vamos analisar de que forma o aspecto corporal, sonoro e verbal se integram no tema do trabalho. ?? Aspecto Corporal Nas Rodas Cantadas o aspecto acima mencionado desenvolve- se com variações coreográficas e de movimentação, onde cada articipante é convidado a participar por exempl 4DF8 coreográficas e de movimentação, onde cada participante é convidado a participar por exemplo, a rodar:”… roda, roda, roda caranguejo que peixe é… ” ; a rebolar: ” rebola pai, rebola mãe, rebola filho que eu também quero rebolar… “; a mover a cabeça e o pescoço: olhai pró céu, olhai pró chão, pró chão, pró chão… “; se ajoelhar: para todos se ajoelharem… “; para pular: “Ora vai pulando, ora vai pulando até parar… ; para correr: o tempo passou a correr, a correr, a correr… “; para gritar: do berro, do erro que o gato deu MIAU!!! , e outras variações mobilizadoras do corpo todo e, por consequência, também da emoção. Muitas rodas cantadas apresentam em sua dinâmica convites, implícitos ou explícitos, para que os participantes, por exemplo, se abracem: ” e abraças quem quiseres… “; se beijem: da morena mais bonita quero um beijo e um abraço. O contacto corporal e a troca de afectos, tão necessários ao pleno desenvolvimento infantil, ocorrem de forma natural e simples dentro dos limites das próprias brincadeiras.

São várias as danças que também têm em sua dinâmica um espaço especial para a anifestação da singularidade de cada criança, por exemplo quando a criança escolhe outra criança para ser seu par: ” sozinha eu não fico, não hei-de ficar, porque tenho a . para ser meu par! “. Por todos os aspectos corporais acima mencionados, as rodas cantadas tornam-se excelentes pretextos para a realização do “grounding’ – termo da psicoterapia corporal e que denota uma função terapêutica que “permite o rebalanceamento do tônus muscular, o enraizamento da postura e a auto segurança”. Boadella apud. Chagas 1997, p. 19) • Aspecto S o enraizamento da postura e a auto segurança”. Boadella apud. Chagas 1997, p. 1 9) • Aspecto Vocal Nas Rodas Cantadas o cantar ocorre de forma natural, canta-se em geral em coro, havendo margem para as diversas explorações de dinâmica, timbre, registos vocais e para a auto-expressão pessoal e de grupo. Música, corpo e emoção integram-se impulsionando-se entre si.

Estas possuem características musicais particulares que se caracterizam por alguns aspectos que se encontram de acordo com os parâmetros musicais – ritmo, melodia e harmonia. A simplicidade e o carácter essencial que figuram nestes três parâmetros reflectem os traços bio-psico- usicais típicos da etapa infantil. Os intervalos e os caminhos melódicos típicos destas cantigas coincidem com os motivos de experimentação melódica mais natural desta etapa. Além disso, também, rítmica e estruturalmente falando pode-se observar diversos aspectos coincidentes.

São constantes no universo infantil a predilecção pela repetição, de uma forma geral, e o próprio prazer na vivência do ritmo marcado e cadenciado, este que reflectindo a procura da segurança e da continência, aspectos que são fundamentais para um bom desenvolvimento físico e mental numa etapa da infância em que se está passando e um estado de experimentações desordenadas quanto ? coordenação dos movimentos a um controle voluntário do uso do corpo (Chagas, 1990, p. 86) • Aspecto Verbal Veríssimo de Melo (1985) distribuiu as cantigas em cinco grupos de acordo com o espírito e o estado de ânimo: amorosas, satíricas, imitativas, religiosas e dramáticas. Nas canções “amorosas” temos o lado afectivo, contendo declarações imitativas, religiosas e dramáticas. declarações de amor: quem gosta de mim é ela, quem gosta dela sou eu!. .”; contendo também expressões de saudade e falta de ser amado, etc.

A satírica também ocorre das formas mais variadas, algumas vezes através de um toque de crueldade, outras gozando com os problemas alheias, mas sempre com humor, como exemplos das cantigas satíricas temos: “atirei o pau ao gato… “; “Chora, mariquinhas chora.. “; “Lagarta pintada”, etc. As cantigas imitativas são talvez, de todas, as mais simples, em geral, com elas arranjam-se várias propostas de movimento, a partir das quais os participantes imitam, por exemplo, animais: “Passarinho da lagoa se tu queres voar voa, voa ja. “; profissões: „ os soldados fazem assim, assim, assim…

Contendo referências a elementos ou imagens da religião, como em: “… vamos ver a barca nova que do céu caiu no mar, etc. Nas cantigas dramáticas Machadinha”, que poderá surgir de situações de conflito ou de ameaça. Assim, o crescimento e desenvolvimento das crianças têm uma grande relação com as oportunidades, vivências motoras e, principalmente, com o ambiente que a criança interage. Vivenciar práticas corporais também contribuem para a formação da sua identidade cultural bem como ajudam a adquirir um conjunto de conhecimentos sobre o corpo em movimento.

A dificuldade em comunicar tem consequências e afecta as pessoas em todas as situações da vida em qualquer idade. Para uma criança no período pré verbal, as dificuldades de comunicação afectam a interacção com as pessoas que cuidam dela e perturbam ou imped de comunicação afectam a interacção com as pessoas que cuidam dela e perturbam ou impedem o processo de socialização natural. ” (Von Tetzchner, Martinsen, 2000, pág 17) CONCLUSAO Dançar, cantar, sentir, pensar, compartilhar, transformar…

Quantos não são os movimentos vitais contidos nas Rodas Cantadas? As Rodas Cantadas tem as suas raízes nas relações rimárias do desenvolvimento humano, representam a forma mais simples do jogo musical, perpetuam tradições folclóricas e têm por finalidade dar à criança um primeiro desenvolvimento corporal e r[tmico, além de favorecer a socialização, desenvolver o gosto pela música, educar a voz e contribuir para o desenvolvimento das coordenações sensório-motoras.

O facto é que tudo isto não altera em nada o teor valoroso intrínseco às Rodas Cantadas. É uma modalidade que continua contendo símbolos fecundadores de toda a vida subjectiva, e continua funcionando como meio para a criança experimentar o seu orpo, a linguagem, e para descobrir-se a si própria ao mesmo tempo revelando-se ao outro e inserindo-se no convívio social.

Do ponto de vista pedagógico, estes jogos infantis são considerados completos porque a criança ao brincar de roda exercita naturalmente o seu corpo, desenvolvendo o raciocínio e a memória, e ainda estimulando o gosto pelo canto. Assim, poesia, música e dança unem-se numa síntese de elementos imprescindíveis à educação global. BIBLIOGRAFIA • NOVA PRESENÇA, Enciclopédia de Educação Infantil; • ECM EDIÇÕES CONVITE À MÚSICA • Wikipédia, a enciclopédia livre (NET) ANEXOS 8

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