Características regionais
As características regionais e a identidade nacional brasileira Por Carolina Octaviano I [pic] IO Brasil é reconhecido como um dos países com maior diversidade étnica e cultural do mundo, apresentando uma população de 191,5 milhões de habitantes (dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat[stica – IBGE, em 2009), espalhadas em 26 estados Ide federação, mais realidades culturais, distinções Ise deve ao modo p por quem as colomzo doutor em ar 6 Swipe to page resentam rentes. Parte dessas ram colonizadas e o com Ruben Oliven, antropologia pela Universidade de Londres e autor da obra
A parte e o todo – a diversidade cultural no Brasil-naçáo , a extensão I territorial é um outro fator que explica esse fenômeno. “É natural que a população do Amazonas seja diferente da do Rio Grande do I ‘Sul, por exemplo”, comenta Oliven, que é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul I Entretanto, como um país de território vasto e com características regionais diferentes consegue manter uma identidade nacional de ponta-a-ponta ou, como diz usualmente, “do Oiapoque ao Chuff? Para Anne-Marie Thiesse, historiadora e autora do livro A criação das onstrução social e não de modo natural e espontâneo.
Os elementos básicos citados por ela para que isso ocorra são os ancestrais fundadores, a história, os heróis, o folclore, a língua, os monumentos I le certas paisagens. Aplicando este conceito ao Brasil, pode-se obter como exemplo: os índios que aqui viviam e Pedro Álvares Cabral l(ancestrais fundadores), a história brasileira, Tiradentes (um herói nacional), as danças folclóricas (manifestação do folclore), o português (língua), o Cristo Redentor e a Estação da Luz (monumentos) e as Cataratas do Iguaçu e a Floresta Amazônlca paisagens).
I Todos esses elementos são traços da identidade e da cultura brasileira, agindo como símbolos unificadores da nação. I Vale lembrar que a região, mesmo tendo características próprias, faz parte de um todo. ” O mundo atual está totalmente organizado em I Estados-nação, o que é fruto de um processo histórico. Não existe reglão sem nação completa Oliven. O Brasil passou por processo mais intenso e significativo de integração nacional a partir de 1930, tendo Getúlio Vargas como presidente da República.
I Antes disso, ele apresentava poucas estradas e um sistema de omunicação ineficiente — o telégrafo era o modo mais rápido e ágil para Ise comunicar. .Com Getúlio, passa a haver uma maior integração tanto económica, como polltica e de meios de comunicação. Além disso, I há o que é chamado de construção da brasilidade (uma imagem sociocultural que fosse o espelho do povo brasileiro)”, explica. Co m I isso, o Brasil viveu um pr egração nacional que faz bastante diversidade.
O pesquisador cita elementos bastante peculiares que compõem a identidade braslleira, que ajudam na unificação do país, como o samba, o futebol, o carnaval, e os meios de comunicação – que também desempenham um papel de destaque, uma vez que potencializam os lelementos de unificação. “O futebol foi inventado na Inglaterra e trazido para o Brasil. Ele se popularizou e hoje é um símbolo brasileiro. Com o carnaval também ocorre um processo semelhante. Ele surgiu na Europa e chegou ao Brasil como algo elitizado, mas, laos poucos, foi se popularizando e se tornando um elemento nacional.
O samba nasceu nas classes populares e hoje é identificado como luma manifestação cultural brasileira”, explica. IA língua como um elemento unificador Como afirma Thiesse em seu livro, um dos elementos mais fortes de unificação de um povo e de um país é a sua Íngua. Jean Baptiste I Nardi, doutor em história econômica, no artigo “Cultura, identidade e linguagem”, afirma que a língua portuguesa é um dos casos em Ique a linguagem passa a ser a expressão da união de um povo. “Portugal foi o primeiro país do mundo a unificar-se dentro de suas fronteiras atuais, no século XIII, e a existir como ‘nação'”, explica.
IO pesquisador completa ainda que a língua portuguesa falada o Brasil não pode ser considerada um dialeto da língua de Portugal, e I sim uma variante do portu u Brasil não pode ser considerada um dialeto da língua de Portugal, Isim uma variante do português, haja vista que ambas as línguas tiveram uma evolução separada a partir do século XVI, por uma série de I razões que fazem com que elas apresentem diferenças estruturais, tornando possível inferir que ambos são idiomas distintos.
Para ele, I lo fato da l[ngua falada aqui não possuir um nome próprio – brasileiro, por exemplo —, que contemple as características que a diferem Ida língua falada em Portugal e suas antigas colônias, acaba tendo um impacto negativo na identidade brasileira. “Não se definirá a I lingua brasileira sem que se determine, simultaneamente, a identidade nacional: ambas são estreitamente ligadas e a questão da lingual lé tanto um problema de linguística quanto de cultura e de sociedade”.
IGaúchos, um exemplo de identidade regional I Engana-se quem pensa que a identidade e a cultura gaúcha se resumem a determinados elementos como o chimarrão, o churrasco e os I trajes típicos, pois a população do Rio Grande do Sul apresenta raços identitários bastante expressivos. Como forma de compreender al questão da identidade desse povo é preciso ter em mente alguns fatores como a localização desse estado numa posição geográfica I fronteiriça (fazendo divlsa com o Uruguai ao sul e com a Argentina ao oeste), ocupando uma posição privilegiada, definida por guerras I históricas.
I Para afirmar o pertencim pulação como parte do Para afirmar o pertencimento dessa população como parte do povo brasileiro, foi preciso negar a influência castelhana na regiao, I ocupada pelos espanhóls graças ao Tratado de Tordesilhas, que ividia as terras não europeias “descobertas e a descobrir” entre I Espanha e Portugal. Em 1737, uma expedição lusitana foi enviada a região para garantir o domínio das terras para Portugal, expulsandol os espanhóis. A partir de 1825, a região volta a ser alvo de disputas.
Desta vez entre Argentina e o Império brasileiro, por causa do Idom(nio do Rio da prata. Esses inúmeros conflitos dos quais o Rio Grande do Sul fez parte são fundamentais para o entendimento da cultura, identidade e história locais. Desses, sem dúvida um dos mais importantes foi a Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (um grupo iderado por I Bento Gonçalves, em 1836, vence as tropas imperiais, proclama uma república independente, que em 1945 são retomadas pelo império), que hoje se configura como um dos principais símbolos da identidade e do orgulho gaúchos.
Além dessa guerra, o estado se envolveu em Iconflitos de abrangência nacional como a Revolução de 1930 e o Movimento pela Legalidade, em 1961 IA língua, os costumes, as manifestações religiosas e a identidade da população do Rio Grande do Sul são reflexos das diversas I culturas que compõem a sua sociedade. Por sua vez, a cultura esses grupos étnicos é indissociável da identidade do povo do Rio I I Grande do Sul, mesmo que a resentem características peculiares.
No artigo “A fo ntidade do gaúcho”, o artigo “A formação da identidade do gaúcho”, o mestre em história I I ibero-americana pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e professor da universidade Luterana do Brasil, I Carlos Renato Hees, afirma que “a cultura imigrante de origem europeia, a cultura das nações indígenas e dos negros constituem-se I neste todo como sub-culturas, que através da valorização as memórias étnicas coletivas têm procurado manter elou reconstruir suas próprias identidades.
As manifestações e revivências culturais, especialmente, dos negros e dos indígenas, apontam para uma I reconstrução de sua história e relevância na formação do Rio Grande do Sul, como de resto do país”. Agrupando-se todos os elementos I lacima, pode-se dizer que “o Rio Grande do Sul é um estado sui generis “, nas palavras de Oliven, da UFRGS. I Com tantos contrastes, o Brasil poderá se desenvolver? É possível a nação brasileira tirar proveito das diferenças ulturais, econômicas, sociais de cada região, em prol do tão sonhado I I desenvolvimento econômico?
Atualmente, o Brasil apresenta uma posição de destaque no cenário mundial, sendo considerado um país emergente ou em desenvolvimento. É conhecido por sua riqueza, mas apresenta problemas estruturais como a má distribuição de renda e al ‘desigualdade social. Na opinião de Oliven, os contrastes servem como um estímulo ao desenvolvimento brasileiro. “A diversidade I regional e cultural nao são um obstáculo para o crescimento do Brasil. Ao contrário, trata-se de um diferencial positivo”, conclui. I