Cerrado
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA Curso: Ciências Biológicas Professor: Celso J. Rubin Filho Alunos: Ana Carolina Rapacci Anne Fabiele Silva Isabela Caroline Pascoli Ano: 2012 Ra: 51292 Ra: 53188 Ra: 51857 Mariana Domingos Gonçales Ra: 52531 to view nut*ge REVISÃO BIBLIOGRÁFICA CERRADO “Nem tudo que é torto é errado..
Veja as pernas do Garrincha as árvores do Cerrado” Nicolas Behr “Poesilia” bioma (EITEN, 1972) Segundo Lenza (2006), a destruição dos ecossistemas que constituem o Cerrado continua de forma acelerada. As taxas atuais de desmatamento variam entre 22. 00 e 30. 000km2 por anos superiores àquelas da Amazônia. A riqueza de espécies de aves, peixes, répteis, anfíbios e insetos é igualmente grande, embora a riqueza de mamíferos seja relativamente pequena.
As taxas de desmatamento no Cerrado têm sido historicamente superiores às da floresta Amazônica e o esforço de conservação do bioma é muito inferior ao da Amazônia Características do Solo e Relevo Com o começo da Era Cenozóica e, em seu período Terciário, movimentos tectônicos formaram a Cordilheira dos Andes e soerguem o Planalto Central Brasileiro, a partir dai, os rios que tinham drenagem endorréica, modificaram seu curso e passaram a correr em uma drenagem exorréica, gerando mudanças consideravelmente importantes para a região.
O clima então se modificou, deixou de ter a característica desértica que possuía no final do Cretáceo; o solo se empobreceu, passando a ter poucos nutrientes, assim há 35 milhões de anos (BARBOSA 2003) foram reunidas as características essenciais para a formação do mais antigo dos ambientes da Terra: O Cerrado. O relevo do cerrado é predominantemente planáltico, plano e suave-onduláo, estendendo-se pelos chapadões centrais da América do Sul e pelos baixos chapadões da Amazônia (AB’SÁBER. 977). Cerca de 50% de sua área encontra- se em altitudes que ficam entre 300 e 600 m acima do nível do mar; apenas 5,5% vai além de goo m. Sendo que as maiores elevações são o Pico do Itacolomi com 1. 797 m, na Serra do Espinhaço, o Pico do Sol com 2. 070 m, na Serra do Caraça, e a Chapada dos Veadeiros, que pode atingir 1. 676 m. O bioma do cerrado possui cerca de 1 . 100 m acima disso, encontram-se os s interflúvios campos rupestres. O cerr PAGF 30 de água e adsorção de fosfatos.
A capacidade de retenção de água é relativamente baixa, a superfície tem pouca capacidade e absorver água. Entretanto, por baixo deste solo de antiga formação, está uma grande reserva de água. Hidrologicamente, o Cerrado mostra-se como o reservatório hídrico da América do Sul, em termos populares, é a caixa d’água do sub-continente. Berço das nascentes de importantes afluentes, sub-afluentes e tributários das maiores bacias da América, é o frágil mantedor desses sistemas hidrológicos. ? no Cerrado que nascem vários tributários da margem direita (Xingu, Madeira e Teles Pires) do maior rio do mundo, o Amazonas; é no Cerrado que nascem os dois principais nos da importante acia do Tocantins-Araguaia; é no Cerrado que nascem os rios (Paranaíba e Grande) que formarão o mais importante rio(economicamente) do país, o Paraná; é no Cerrado que nasce o Rio da Integração Nacional, o São Francisco.
Isso tudo porque o cerrado abriga três grandes aqüíferos em suas terras: Guarani (Botucatu – considerado o maior do mundo), Urucuia e BambuL Esses aqüíferos é que são responsáveis pela alimentação das nascentes dos rios que corre a partir do Cerrado (Figura 2). [pic] Figura 2 – Bacias Hidrográficas do cerrado Os solos do Cerrado apresentam características morfológicas astante variadas, tendo cores que variam entre vermelho escuro a amarelo são classificados predominantemente como Latossolos (46%) seguido dos e Neossolos ( EMBRAPA, 1999).
A maioria dos solos desta região constitui-se de Latossolos altamente intemperizados e Podzólicos, com sérias limitações ? produção de alimentos, no ue diz res eito à baixa fertilidade natural do solo. São solos resentam baixa (Goedert, 1987). Mais recentemente, Adamoli et al. (1986) elaboraram um resumo da ocorrência das principais classes de solos na região dos cerrados, o qual está apresentado na Figura
Figura 3- Tabela das principais classes de solos do cerrado O teor de matéria orgânica de tais solos é pequeno, ficando geralmente entre 3 a Como o clma é sazonal, com um longo período de seca, a decomposição do húmus é lenta. Sua microflora, micro e mesofauna são ainda muito pouco conhecidas. Contudo, elas devem ser bem características ou típicas, o que, permite-se falar em “solo de cerrado” e não apenas “solo sob cerrado”. Quanto as características químicas, o solo é bastante ácido, com ph que pode variar de menos 4 a pouco mais de 5.
Esta forte acidez deve-se, em boa parte, aos altos niveis de AF, o que os orna aluminotóxicos. Níveis elevados de ions Fe e de Mn também contribuem para sua toxidez. Baixa capacidade de troca catiônica, baixa soma de bases e alta saturação de Alg caracterizam esses solos profundamente distróficos e, por isso, impróprios para agricultura. Correção do pH e adubação, tanto com macro quanto com micronutrientes, podem torná-los férteis e produtivos, para a cultura ou de grãos ou de frutíferas.
Em partes dos cerrados, o solo pode apresentar concreções ferruginosas – canga – formando couraças, carapaças ou bancadas lateriticas, que dificultam a penetração da água de huva ou das raízes, podendo, ás vezes, impedir ou dificultar o desenvolvimento de uma vegetação mais exuberante e a própria agricultura. Quando tais couraças são pequenas e contínuas, vamos encontrar sobre essas su erfícies formas mais pobres e mais abertas de cerrado. 0 alumínio, mais caracterizadamente pseudoxeromórficaé a vegetação.
O nome desse fenômeno é “xeromorfismo aluminotóxico” (GOODLAND, 1979). As duas teorias, levam há um mesmo fator limltante que a vegetação do Cerrado em nada se caracteriza pela escassez de água, como poderia-se creditar à Caatinga no Nordeste do Brasil. A estrutura do cerrado compreende basicamente dois estratos: o superior, formado pelas árvores e arbustos; e o inferior, composto por um tapete de gramíneas. Características Climáticas O clima predominante no domínio do cerrado é o tropical sazonal, de inverno seco.
A temperatura média anual fica em torno de 22-230C, e as médias mensais apresentam pequena estacionalidade. As máximas absolutas mensais nao variam muito ao longo dos meses do ano, podendo chegar a mais de 400C. Já as mínimas absolutas mensais variam bastante, atingindo valores próximos ou até abaixo de zero, nos meses de maio, junho e ulho. A ocorrência de geadas no domínio do cerrado não é fato incomum, ao menos em sua porção austral. Em geral, a precipitação media anual fica entre 1. 200 e 1. 00 mm. Ao contrário da temperatura, a precipitação média mensal apresenta uma grande estacionalidade, concentrando-se nos meses de primavera e verão (outubro a março), que é a estação chuvosa. Curtos períodos de seca, chamados de veranicos, podem ocorrer em meio a esta estação, criando sérios problemas parar a agricultura. No período de maio a setembro, os índices pluviométricos mensais reduzem-se bastante, podendo chegar ? ero. Disso resulta uma estação seca de três a cinco meses de duração.
No Início deste período, a ocorrência de nevoeiros é comum nas primeiras horas das manhãs, formando-se grande quantidade de orvalho sobre as plantas e umedecendo o solo. Já no período da tarde, os índices de umidade relativa do ar caem bastante, podendo baixar a valores ráximos de 15%, sobretudo nos meses de julho e ago PAGF s 0 Conseqüência disto é a deficiência hídrica apresentada pelo estrato herbáceo-subarbustivo, cuja parte epigéia se desseca e morre, embora suas partes hipógeas se mantenham vivas, esistindo sob a terra às agruras da seca.
Vários experimentos já demonstraram que, mesmo durante a seca, as folhas das árvores perdem razoáveis quantidades de água por transpiração, evidenciando sua disponibilidade nas camadas profundas do solo. Muitas espécies arbóreas de cerrado florescem em plena estação seca como o ipê-amarelo, demonstrando o mesmo fato. A maior evidência de que água não é o fator limitante do crescimento e produção do estrato arbóreo-arbustivo do cerrado é o fato de aí encontrarmos extensas plantações de Eucalyptus, crescendo e produzlndo plenamente, sem necessidade de irrigação.
Outras espécies cultivadas em cerrado, como mangueiras, abacateiros, cana-de-açúcar, laranjeiras etc. fazem o mesmo. A termoperiodicidade diária e estacional parece ser um fator de certa importância para a vegetação do cerrado, particularmente para o estrato herbáceo-subarbustivo. Geadas, todavia, prejudicam bastante as plantas matando suas folhas, que logo secam e caem, aumentando em muito a serapilheira e o risco de incêndios Ventos fortes e constantes não são uma característica geral do domínio do cerrado.
A atmosfera é geralmente calma e o ar fica, muitas vezes, quase parado. Em agosto, costumam ocorrer lgumas ventanias, levantando poeira e cinzas de queimadas a grandes alturas, em redemoinhos que se podem ver de longe. Ás vezes, elas podem ser tão fortes que até mesmo grossos galhos são arrancados das árvores e atirados a distância. Figura 4 – Diagrama climático de três localidades situadas no domínio do cerrado. A radiação solar no domínio do cerrado é geralmente bastante intensa, podendo reduzir-se em virtude da alta nebulosidade verão.
Por essa possível nos meses excessivament cerrado, não possui uma fisionomia única em toda a sua extensão. Trata-se de uma vegetação bastante diversificada, presentando desde formas campestres bem abertas, como os campos limpos de cerrado, até formas relativamente densas, florestais, como os cerradões. Entre esses dois extremos fisionômicos, encontra-se toda uma gama de formas intermediárias, com fisionomia de savana, ás vezes de carrasco, como os campos sujos, os campos cerrados, os cerrados sensu stricto.
Quando falamos “cerrado stricto sensu” estamos nos referindo apenas às formações savânicas, já o termo “cerrado lato sensu” abrange, as formações campestres até os cerradões, incluindo as savanas. A maior ou menor densidade de árvores e arbustos diferencia os tipos de cerrado: ?? Cerrado – Apresenta vegetação retorcida de até 05 metros, revestida de casca espessa, galhos baixos, e copas assimétricas. [picl Figura 5 – Vista geral da vegetação do Cerrado – Chapada dos Guimarães – MT. ?? Cerradão – é uma formação florestal com aspectos xeromórficos, caracterizado pela presença de espécies que ocorrem no Cerrado sentido restrito e também por espécies de mata. Do ponto de vista fisionômico é uma floresta, mas floristicamente é mais similar a um Cerrado. Apresenta dossel predominantemente contínuo e cobertura arbórea que pode oscilar em torno dos 70%, com altura média do estrato arbóreo ariando entre oito e quinze metros, propiciando condições de luminosidade que favorecem a formação de estratos arbustivo e herbáceo diferenclados, com espécies de epífitas reduzldas.
Figura 6 – Vista ger PAGF 7 30 eeetaçao florestal Vista geral da vegetação de Campo Limpo – Serra da Canastra MG. O bloma do cerrado apresenta-se como um mosaico de formas fisionômicas, alternando o tipo de vegetação. Ao percorrer as áreas do cerrado é possível encontrar todas essas diferentes fisionomias. Essa diversidade de vegetação é decorrente do tipo de solo, que pode ser rico ou pobre em nutrientes. Além disso, outro fator que contribui para a formação da vegetação característica desse bioma é a irregularidade e o regime de queimadas de cada local (frequência, época, intensidade).
Assim, embora o bioma do cerrado distribua- se predominantemente em áreas de clima tropical sazonal, os fatores que ali limitam a vegetação são outros: a fertilidade do solo e o fogo. O clímax climático do domínio do cerrado não é o cerrado, mais sim mata mesófila de interflúvio, sempre verde, embora hoje só existam pequenas áreas, sobre solos férteis, tipo terra roxa legitima. As diferentes formas de cerrado são, portanto, edoclímaces, pedocl(maces ou piroclímaces, dependendo de ser o solo ou o fogo seu fator limitante.
Certas formas abertas do cerrado devem esta sua fisionomia ás derrubadas feitas pelo homem para a obtenção de lenha ou carvão. Figura 9- O ecocl[nio floresta-campo do Brasil Central estratos: o superior, formado pelas árvores e arbustos, denominado lenhoso; e o inferior, composto por um tapete de gramíneas, denomnado de herbáceo. Ao contrário do caso de uma floresta, o estrato herbáceo, aqui, não é formado por espécies de sombra, umbrofilas, dependentes do estrato lenhoso. O sombreamento lhe faz mal, prejudica seu crescimento e desenvolvimento.
O adensamento da vegetação lenhosa acaba por eliminar, em grande p herbáceo. pelo seu comportamento em relação à seca, ao fogo. A vegetação arbórea e arbustiva do cerrado é caracterizada por troncos e ramos tortuosos, súber espesso, macrofilia e esclerofilia. O sistema subterrâneo, dotado de longas raízes pivotantes, permite a estas plantas atingir 10, 15 ou mais metros de profundidade, abastecendo-se de égua em camadas permanentemente úmidas do solo, até mesmo na época de seca.
Entre as árvores características dos cerrados destacam-se: Lixeira (Curatella americana), Pau-terra de folhas grandes ou miúdas (Qualea grandiflora e Qualea parviflora), Pequi (Caryocar brasiliensis), Pau-santo (Kielmeyera coriacea), Ipê (Tabebuia caraiba), Peroba-do-campo (Aspidosperma tomentosum). A vegetação herbácea e subarbustiva, formada também por espécies predominantemente perenes, possui órgãos subterrâneos de resistência, como bulbos e xilopódios, que lhe garantem sobreviver a seca e ao fogo.
Suas raízes são geralmente superficiais, indo até pouco mais de 30 cm. Os ramos aéreos são anuais, secando e morrendo durante a estação seca. Formam- e, então, 4, 5, 6 ou mais toneladas de palha por hectare, um combustível que facilmente se inflama, favorecendo assim, a ocorrência e a propagação das queimadas nos cerrados. Neste estrato, as folhas são geralmente microfilas e seu escleromorfismo é menos acentuado.
Entre as gramíneas, as mais comuns, temos o capim-flecha (Tristachya chrysotryx), o barba-de-bode (Aristida pallens) e diversas espécies do gênero Androgopon A flora do cerrado é considerada rica em número de espécies, embora ainda não seja completamente conhecida. Estima se que a flora do bioma do cerrado é constituída por cerca de 3. 000 espécies, sendo 1. 00 delas do estrato arbóreo-arbustivo e 2. 000 do herbáceo-subarbustivo. Como famillas de maior expressão destacam-se as Leguminosas (Mimosaceae, Fabaceae e Caesalpiniaceae), entre as lenhosas, e as Gramíneas (Poaceae) e Compostas (Asteraceae), entre as herbáceas.
Em termos de riqueza de es ácies, esta flora deve ser superada apenas pelas flo icas e pelas florestas são afetados pela fragmentação do cerrado é a dispersão de sementes, processo este, crucial para a reprodução das plantas, pois a semente deve chegar a um local propício para germinar, suficientemente longe da planta-mãe, a fim de escapar da ompetição com ela e de predadores de sementes, sendo que desta forma a dispersão de sementes em pequenos fragmentos é mais afetada.
Por esta razão, unidades de conservação, com áreas significativas, deveriam ser criadas e mantidas nas mais diversas regiões do Domínio do Cerrado, a fim de garantir a preservação do maior número de espécies da flora deste Bioma, bem como da fauna a ela associada. Após uma observação dos frutos e sementes dessa região foi possível determinar algumas estratégias de dispersão.
Os diásporos foram classificados de acordo com as características ue definem seu modo de dispersão, em zoocóricos, quando possuem características próprias para dispersão por animais; anemocóricos, ao apresentar características de dispersão pelo vento e autocóricos, quando o diásporo não apresenta adaptações nítidas para nenhuma das outras formas de dispersão.
As espécies de cerrado, como aquelas de outras formações sob climas estacionais, apresentam variações sazonals no que diz respeito à produção de folhas, flores e frutos, que representam adaptações a fatores bióticos ou abióticos. Estas adaptações se dão por características estruturais ou funcionais e odem ser vegetativas ou reprodutivas. Tais adaptações podem ser estudadas pela fenologia, analisando-se o periodismo da vegetação.
Fenologia é definida como sendo o estudo da ocorrência de eventos biológicos, a influência dos fatores bióticos ou ablóticos nestes eventos e as relações entre as fenofases de espécies diferentes ou de uma única espécie. Estes eventos estão relacionados a um ou mais 3 fatores ecológicos e representam estratégias adaptativas que possibilitam a determinada população superar um problema. O estudo dos adrões fenológicos é importante para a comp mica de comunidades