Coerência – língua portuguesa
Coerência Segundo Ingedore Koch, a coerência diz respeito “ao modo como subjacentes à superfície textual constituem sentido na mente dos interlocutores”. Deve ser entendida como um princípio de interpretabilidade,”lgada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto”. Para haver coerência é necessário que haja a possibilidade de estabelecer no texto alguma forma de unidade ou relação entre seus elementos.
Esta relação pode ser semântica, pragmática ou entre os atos de fala (ações que se realizam no momento da ala). Um texto incoerente pode ser considerado “não-texto”. A ausência de continuidade em sua formulação pode garantir a ele esta condição. Se não é possível depreender sentido no que foi escrito, a informação pode ser interpretada como apenas um conjunto aleatório de elementos. Existem casos em que a descontinuidade do tópico discursivo é o elemento que garante a coerência. Em piadas, por exemplo, a quebra do tópico é muitas vezes o motivo do riso.
A coerência não se limita apenas ao mundo que conhecemos e fatos que aceitamos por reais. Fábulas, ficção científica e arrativas fantásticas apresentam coerência a partir do mundo que foi criado neles. Um menino voando sobre uma vassoura ou uma mulher de 200 anos não existe na nossa realidade, mas aceitamos dentro do contexto que o autor de suas fábulas o Inseriu. Tipos de Coerência Van Dijk e Kintsch (1983) utilizam os termos “coerência local” e -lal Studia global”, referindo-se respectivamente a coerência entre frases sequenciais e coerência no texto como um todo.
A coerência é resultado da interação de todos os seus níveis e da sua influência na construção do sentido do texto. A classificação dos niVeis abaixo foi feita por Van Dijk e Kintsch. Coerência semântica: é posslVel a partir da utilização de palavras que se combinem. Esta escolha de palavras pode aparecer apenas em algumas sequências de frases ou no texto como um todo. “Ladrão bom” em uma frase seria Incoerente, já que as duas palavras que compõem a expressão têm sentidos contraditórios. Coerência sintática: depende do uso correto de conectivos, pronomes, advérbios, etc. ? um aspecto da coesão que auxilia na coerência e expressa a coerência semântica. Coerência estilística: esta forma de coerência é obtida a partir de elementos linguísticos pertencentes ou constitutivos do mesmo estilo ou registro linguístico. Na verdade este estilo não gera problemas para a interpretabilidade do texto, apenas explica fenômenos de quebra estilística. Coerência pragmática: ocorre quando os atos da fala apresentam uma sequencia percebida como apropriada. Duas pessoas falando do mesmo assunto ou de assuntos relacionados havendo compreensão e continuidade por ambas.
Fatores de Coerência Koch e Travaglia (1999) dizem que “a construção da coerência ecorre de uma multiplicidade de fatores das mais diversas ordens”. Serão explicados os principais destes fatores. Elementos lingüísticos “Todo o contexto linguístico que contribuirá de maneira ativa na construção da coerência”. Estes elementos contexto linguistico que contribuirá de maneira ativa na construção da coerência”. Estes elementos não são responsaveis pela construção total do sentido no texto, mas são de grande importância para o estabelecimento da coerência.
Conhecimento de Mundo Não há compreensão do sentido se não há conhecimento sobre o assunto que o texto aborda. Temos de buscar o conhecimento que adquirimos e armazenamos no decorrer de nossas vidas. Nossa memória pode armazenar: • Frames – conhecimentos rotulados que nos farao lembrar do que se associa a eles. • Esquemas – fatos armazenados por sequencia ou causa • Planos – estratégias já utilizadas. • Scripts – ações típicas de uma determinada cultura, podendo incluir o modo de falar, os rituais religiosos. • Esquemas textuais — conhecimento a partir do contato e comparação de textos.
Conhecimento compartilhado O conhecimento do produtor e do receptor de um texto recisa ter pontos em comum para que este possa entender o que está lendo. Quanto mais os dois compartilharem conhecimento, menos informações o produtor terá de fornecer ao receptor. O que o receptor já conhece sobre o texto é chamado “informação velha”. A informação “informação nova” é o que ele adquirirá a partir da leitura. Tem de haver equilibrio entre os níveis dos dois tipos de informação, ou haverá desinteresse por parte do receptor.
Muita informação “velha” não é interessante por nao agregar conhecimento, assim como muita informação ova não seria processada por falta de bases. Inferências O que o texto efetivam 3 S é ape falta de bases. O que o texto efetivamente explicita é apenas parte do necessário para compreendê-lo como um todo. O restante dele depende da relação não explícita do receptor entre dois elementos do texto, a partir do seu conhecimento de mundo. A partir de uma frase é possível subentender diversas informações que poderão ser utilizadas para a interpretação de outras.
Algumas vezes a conclusão que o receptor chega não era a que o produtor pretendia ao elaborar o texto. Fatores de Contextualização Em determinadas situações comunicativas, os fatores de contextualização “ancoram” o texto. Temos por elementos contextualizadores o que possa nos situar no texto (data, local, assinatura, elementos gráficos, timbre, etc) • Fatores gráficos: disposição da página, ilustrações, fotos, etc • Fatores perspectivos ou prospectivos: avançam as perspectivas sobre o conteúdo do texto (título, autor) Situacionalidade Um texto coerente na situcionalidade pode não ser coerente em outros fatores.
Da situação para o texto: Este fator pode determinar em ue medida a situação comunicativa interfere na produção ou recepção do texto. Para o texto ser construido deve-se verificar o que é adequado para cada situação específica, como grau de formalidade, formalidade dialetal e tratamento a ser dado ao tema. Todos os dados situacionais na produção e na compreensão do texto. Do texto para a situação: O produtor cria em seu texto um novo mundo, que não corres onde ao que conhecemos por real, e a partir dele o texto adq dele o texto adquire coerência.
Informatividade Diz respeito ao grau de previsibilidade da informação ontida no texto. O aumento da informatividade é inversamente proporcional à previsibilidade. Focalização Os interlocutores agem como se estivessem focalizados semelhantemente. O produtor dá indícios do assunto que será focalizado e o produtor segue os indícios, a partir de seu conhecimento de mundo, para compreender o texto e seus termos específicos. Erros de focalização causam incoerência. Intertextualidade Consiste na interpretação ou produção de um texto a partir de conhecimento prévio de outros textos.
Intertextualidade de forma: Repetição de enunciados, trechos u expressões de outros produtores. Intertextualidade de conteúdo: Diferentemente da anterior, não é proposital. Textos do mesmo período, de mesma cultura, e mesma área de conhecimento interagem seus conteúdos de forma explícita ou implícita. Intencionalidade e aceitabilidade A intencionalidade está relacionada com a forma que os emissores utilizam o texto para alcançar suas intenções. A aceitabilidade é um fator extremamente subjetivo. Submetido a um texto com deficiência na coesão, o receptor dará sua própria coerência para o q acordo com seus S