Doralice inocencio-entre cura religiosa

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INTRODUÇÃO Resenha do artigo de Doralice Inocêncio, que versa sobre a postura médica frente à cura religiosa, e traça uma perspectiva histórica da religiosidade com as práticas médicas, e como os profissionais da saúde reagem frente ao “fenômeno da cura religiosa”, e a importância do estudo de tais práticas na medicina, buscando uma harmonia entre as abordagens, de modo a criar- se um processo mais humano de abordagem do processo saúde/ doença, e possibilitar a inserção de meios alternativos como terapia médica, em certos casos.

Entre a Ciência e aC religiosa. A evolução da medici or6 to view nut*ge frente à cura no seio, de forma indissociável, uma faceta m tica e m stica, que tem permeado as mais diversas culturas através dos séculos. A vivência do processo de saúde e doença, sempre foi acompanhada por diversos ritos e crenças, bem como ação sobrenatural, quando desde os primórdios, os homens se adotavam dos mais diversos meios para se proteger da “ira dos Deuses”, tais como amuletos e ritos sagrados.

Como denota Nunes (1983), apesar de cada contexto histórico e cultural, respeitando as peculiaridades de cada povo ou ociedade, observamos que a ligação com o sagrado no processo de adoecimento e morte está presente em todas elas. São castigos, punições, ações dem Swlpe to vlew next page demoníacas ou de maus espíritos, sinal de ira divina em razão dos pecados mundanos, dentre outras representações.

Historicamente, ao que tudo indica, o surgimento da medicina se baseia na apropriação das terapias e procedimentos de cura populares, destarte, se busca a contextualização da evolução da medicina e como as crenças e terapias populares acompanharam esse processo evolutivo, e a postura médica diante de tais erapias na contemporaneidade. Henry Eye (1981 ) aponta um pensamento médico pronto para dissociar a religião da ciência médica, expurgando o misticismo e os pensamentos mágicos de cura.

Nessa linha a autora nos mostra o caráter intrínseco da religião com a medicina no processo evolutivo da práticas médlcas, Analisando a situação médico e paciente, na qual de um lado temos um individuo angustiado, suscetível a qualquer ação que solucione seu problema e extirpe seus males, e do outro um profissional que busca solucionar tais infortúnios se utilizando e técnicas e procedimentos coerentes, viáveis, adquiridos no decorrer de sua formação profissional.

De um lado o paciente apela a subjetividade e aos simbolismos, ao passo que o médico se volta para um saber técnico, fundamentado e mensurado. A pesquisa abordou a posição médica diante da adoção de terapias populares ou alternativas, sua atitude diante de diagnósticos imprecisos, e sua posição quanto a cura religiosa, e também, s atitude diante de diagnósticos imprecisos, e sua posição quanto a cura religiosa, e também, se recomendam ou não, que os seus acientes se façam valer de tais alternativas.

Notamos na primelra questão sobre a crença em um ser transcendente, uma unanimidade na afirmação. O homem, desde o principio sempre se viu impelido a explanar o desconhecido através de mitos e crenças transcendentes, isso está diretamente ligado às nossas limitações, temos a fé como uma herança cultural de nossos ancestrais, ainda que inespecificamente, a maioria crê. A crença é própria dos indivíduos dada a evolução sempre permeada por elementos místicos, como tem demonstrado a história da medicina na relação do homem com o rocesso de saúde/doença.

Embora na pesquisa os médicos tenham afirmado que a fé pode curar, notamos que não dito levianamente. Explica-se como uma das possibilidades desse processo, a mobilização do individuo pela fé para lutar contra a patologia, e isso, aliado às terapias médicas, levaria a cura. Leva-se em conta também um equilíbrio emocional e psíquico que poderia ser produto da fé, levando ou contribuindo para uma maior defesa do organismo.

O grupo masculino adota essa visão, onde a fé é íntima, e esse processo parte de dentro pra fora, as mulheres são de opinião contrána, tribuindo ao poder de Deus, a cura. Vemos ainda, a total ausência de uma abordagem de práticas populares de cura na formação PAGF3rl(F6 a cura. populares de cura na formação acadêmica dos entrevistados, o que reforça a realidade de uma medicina cada vez mais precisa, objetiva e científica, mas que também pode, de certo modo ser um pouco desumana, no que diz respeito à abordagem da problemática do paciente.

Certa parcela dos pesquisados é consoante em afirmar a importância de tais terapias populares associadas ao tratamento médico tradicional, onde senão fosse ossível a cura, traria sgnificativa melhora na qualidade de vida do paciente. Diante do questionamento da sugestão de métodos alternativos de cura, diante de diagnósticos imprecisos, os homens dizem não. Ressaltando que tais meios poderiam até mesmo prejudicar os pacientes, causando efeitos colaterais.

Temos mais uma vez, o grupo feminino na outra ponta, que crê nas terapias populares e as indica em diagnósticos imprecisos, essa veia benevolente e mais mística, talvez se dê em face da educação recebida pelas mulheres. Notadamente, vemos que muitas vezes a tênue divisão da fé e a ciência reside na crença do profissional da saúde em um ser transcendente. Desse modo, mesmo que não fomentados pela ciência, ou não integrantes da formação acadêmica, recomendam as terapias alternativas, pois muitas vezes se deparam com a impotência e a falência da medicina.

Admite-se em certos casos que os tratamentos tradicionais PAGF atuem em paralelo com práticas populares, salvaguardadas as peculiaridades de cada caso, dado que tudo aquilo que extrapola o conhecimento do profissional da medicina, suscita questionamento. E muitas vezes por razões éticas e legais, os édicos se abstêm de sugerir tais terapias, embora, pessoalmente tenham uma relação com o sagrado. A postura dos médicos quando os pacientes afirmam ter adotado meios alternativos de cura, como a religião, não é muito precisa, a maioria afirma serem tais meios ilegítimos, e não abandonariam as práticas médicas tradicionais.

Vemos nesse quadro, uma necessidade íntima dos médicos de sanar a doença, que se vêem meio que obrigados a adotarem algum procedimento de cura. Diante de todo o exposto, percebe-se que diante da doença, normalmente o individuo se redimensiona, se questiona de aneira mais subjetiva, como é natural de todo ser humano, é mais natural ainda que o mesmo, diante da impotência da ciência, busque uma cura religiosa.

Doença traz solidão. E solidão demanda aconchego, seja este na medicina tradicional ou nos templos, estas situações nos conduzem a entendmentos nem sempre palpáveis, como afirma a autora, o que nos impele ? buscas e redimensionamentos de nossa própria existência, muitas vezes quase incompreensíveis. Ao analisar a evolução da medicina j própria existência, muitas vezes quase incompreensíveis.

Ao analisar a evolução da medicina juntamente com o abordagem ística do processo de saúde doença, observamos a necessidade desse tema na formação dos profisslonais, não para que os mesmos se valham a qualquer tempo dos meios populares de cura, abandonando as praticas medicas certificadas, mas para que os mesmos tenham uma maior compreensão da realidade dos pacientes, dada a relação do coletivo com o sagrado. Infere- se que os médicos tenham uma visão mais mista da abordagem no processo de cura, pois cada paciente é único e traz consigo uma longa relação de fé, que por vezes pode auxiliar no processo de recuperação.

Ainda que não tragam a cura, esses conhecimentos conduziriam à uma relação mais humana, mais próxima entre médico e paciente, dado que o segundo é leigo, mas não desprovido de crença e carga cultural, e o médico sem abandonar o processo técnico de abordagem, poderia associar por vezes á terapia, meios na melhora da qualidade de vida dos pacientes, tanto no que diz respeito ás patologias mais correntes, seja para trazer conforto diante da morte. INOCeNClO,Doralice. Entre a ciência e a crença: A postura médica frente a cura religiosa. Revista Âncora, ISSQN: 1980-9824. vol. Ill- Ano 2. novembro de 2007, p. 30-49

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