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Educação em saúde: objeto de estudo em dissertações e teses de enfermeiras no Brasil Maria Vilaní Cavalcante Guedesl; Lucia de Fatima da Silvall; Maria Célia de Freitasll ‘Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. professora da Universidade Estadual do Ceará. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Educação, Saúde e Sociedade (GRUPESS) IIEnfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Estadual do Ceará. Enfermeira do Hospital de Messejana. Líder do GRUPESS IllEnfermeira. Doutora em Enfermagem.
Professora da Universidade Estadu Frota. Pesquisadora sociedade (GRUPESS) E-mail do autor: vilan RESUMO o Instituto Dr. José ucação, Saúde e PACE 1 or16 to view nut*ge Objetivou-se levantar o quantitativo de dissertações e teses produzidas por enfermeiras sobre educação em saúde, identificando e analisando seus passos metodológicos. Pesquisou-se nos 1 7 Catálogos de Informações sobre Pesquisas e pesquisadores do CEPENABEn, publicados de 1979 a 1999. A amostra constituiu-se de 105 dissertações e 15 teses sobre a temática.
Destacaram-se como objeto: doenças crónicas, CICIO gravídico-puerperal, educação em saúde, gerenciamento e situação perioperatória. Foram populações: adultos, profissionais de enfermagem, mulheres, crianças e adolescentes. A entrevista foi a técnica mais utilizada. Os autores apontam necessidade de melhoria das práticas educativas e consideraram que educação em saúde motiva mudanças no estilo de vida. Concluiu-se haver necessidade de fortalecerem-se pesquisas sobre o cotidiano da Enfermage Enfermagem no contexto histórico-social.
Descritores: educação em saúde; pós-graduação; enfermagem 1 Introdução A educação em saúde é uma estratégia direcionada para as ações básicas de promoção, prevenção, cura e reabilitação. Assim, deve facultar aos cidadãos conhecimentos não só para manter sua saude sob controle, mas também para identificar as causas do adoecimento, compreendendo que sua ocorrência não é somente falta do seguimento de orientações ou ensinamentos dos profissionals de saúde. No Brasil, a educação em saúde tem dois pressupostos.
O primeiro refere-se às medidas preventivas e curativas que visam a obtenção da saúde e o enfrentamento das doenças; o segundo, às estratégias da promoção da saúde como construção social da saúde e do bem-estar. O pressuposto das estratégias preventivas curativas de obter saúde e enfrentar a doença é coerente com os princípios que regem as atuais sociedades e culturas, ou seja, são baseados na produção incessante e sempre renovada de vanados serwços, fundamentados na ciência e na tecnologia, oferecidos para o consumo das pessoas(l ).
A promoção da saúde, entendida como o processo participativo de toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não apenas das pessoas sob risco de adoecer, quando almeja a obtenção das condiçóes de vida da população, abrange, entre outros propósitos, excluir ou minimizar a ocorrência de doenças ecorrentes da ausência destas condições.
Deste modo, atinge as causas e não apenas evita a manifestação de tais agravos(l prevenção, por sua vez, é considerada como toda medlda tomada antes do surgimento de dada condição mórbida ou de um seu conjunto, com vistas a que tal situação surgimento de dada condição mórbida ou de um seu conjunto, com vistas a que tal situação não ocorra com pessoas ou coletividades ou, pelo menos, se vier a ocorrer, que isso se dê de forma mais branda ou menos grave.
Garantida por políticas públicas e ambientais apropriadas, a educação em saúde tem por objetivos a reorientação dos erviços de saúde e o entendimento de saúde como o resultado de condições de educação, emprego, renda, segurança, moradia, lazer, acesso aos serviços de saúde, entre outras. Assim, ela deve se orientar por meio de propostas pedagogicas libertadoras voltadas ao desenvolvimento da solidariedade e da cidadania.
Portanto, o processo educativo em saúde deve almejar ações para além da prevenção e cura das doenças, em uma perspectiva de despertar o cidadão para o controle das desigualdades sociais, de modo que as torne mais solidárias. A educação em saúde implica, pois, uma alternativa de udança coletiva da sociedade na busca de caminhos passíveis de redescobrir e valorizar a atenção primária, transpondo a terciária, tão valorizada e presente nos dias atuais.
Esta, porém, não tem dado conta de impedir o reaparecimento de doenças supostamente controladas ou erradicadas, as quais, em caso de reincidência, trazem profundo sofrimento para a população e pesados custos para os cofres públicos. por conseguinte, mesmo diante da complexidade inerente à prática educativa, compete aos profissionais de saúde empreender esforços no sentido de conquistar a população tendida para assumir boas práticas no seu estilo de vida.
Estes profissionais devem capacitar indivíduos e grupos a se auto- organizarem para desenvolver ações a partir de suas prioridades, consum grupos a se auto-organizarem para desenvolver ações a partir de suas prioridades, consumindo, a depender dos seus anseios e necessidades, os serviços que oferecem atenção, promoção, prevenção e reabilitação da saúde(2). portanto, fazendo com que a educação em saúde transcenda campanhas educativas e orientações normativas, tanto as individuais como as coletivas.
Ao se considerar a educação em saúde como uma estratégia ndispensável para pessoas e comunidades alcançarem saude e bem-estar. Os enfermeiros brasileiros têm se utilizado desta possibilidade na sua prática profissional cotidiana, seja como práticas educativas, desenvolvidas nas atividades diárias de trabalho, nos mais variados contextos do cuidado, seja em programas voltados para o ensino às pessoas de quem cuidam. Por isso, o presente estudo voltou sua atenção para a análise da utilização da temática educação em saúde nas pesquisas desenvolvidas nos programas de pós-graduação stricto sensu em Enfermagem no Brasil.
Isto por considerar que tal interesse, por erto, trará mais conhecimentos acerca de práticas/programas de educação desenvolvidos por estes profissionais, demonstrando, assim, seu interesse por esta estratégia de cuidado. Dessa forma, ao realizar esta investigação teve-se como objetivos levantar o quantitativo de dissertações e teses produzidas pelas enfermeiras envolvendo a temática educação em saúde; identificar focos de interesse no campo da educação em saúde e analisar os estudos produzidos em relação ao tipo de estudo, população, técnica de coleta de dados e conclusões. Metodologia Trata-se de um estudo retrospectivo, caracterizado como a busca e informações em documentos e registros(3). 16 estudo retrospectivo, caracterizado como a busca de informações em documentos e registros(3). O material analisado originou-se nos Catálogos de Informação sobre Pesquisas e pesquisadores, produzidos e organizados pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem(CEPEn), da Associação Brasileira de Enfermagem(ABEn). Foram examinados os 17 catálogos produzidos no período de 1979 a 1999. Neles, foram encontradas 1. 304 dissertações e 503 teses.
Destas, 428 teses de doutorado, 63 de livre-docência e 12 envolvendo a carreira acadêmica, concurso para professor catedrático, itular, adjunto, assistente e licenciado. A amostra compôs-se de 120 trabalhos selecionados a partir da leitura dos resumos, tendo sido escolhidos aqueles em cujo titulo ou texto constava o termo educação em saúde. Deste grupo amostral, 105 eram dissertações de mestrado, 13 teses de doutorado e 2 de livre- docência. Os resumos foram lidos por cada autora separadamente e classificados. Em seguida conferidos os resultados para avaliar a coincidência.
A classificação idêntica ocorreu em 93% dos casos. Os 7% restantes foram discutidos pelas autoras até o alcance dos 100% dos trabalhos. As variáveis estudadas foram objeto e tipo de estudo, população, técnica de coleta de dados, conclusões e grau acadêmico obtido, registrados em uma planilha preparada, especificamente, para o estudo. Por terem sido as informações extraídas de documentos, procurou-se manter preceitos éticos, na medida em que não está explicitada a origem dos dados. Do mesmo modo, não há possibilidade de identificação dos estudiosos produtores dos resumos estudados. Resultados e discussão Diante da diversidade de cenários nos quais o exercício estudados. Diante da diversidade de cenános nos quais o exercício da Enfermagem é praticado, o comum e esperado é que, ao desenvolverem suas pesquisas, as enfermeiras busquem, nestes contextos, objetos de estudo, assim como as populações que viabilizarão a compreensão dos seus questionamentos investigativos. A estas profissionais interessa melhor compreender seu processo de trabalho, a realidade em que ele se insere e a clientela cuidada, com vistas ao alcance da excelência da prática de cuidar.
Os propósitos das pesquisas são responder questionamentos e soluções de problemas. No âmbito da Enfermagem, é muito freqüente a utilização de estudos que descrevam fenômenos elativos à profissão e que busquem explorar as dimensões destes fenômenos, procurando explicá-los, prevê-los e controlá- los(4). De acordo com a análise dos estudos, em nÁJel de pós-graduação stricto sensu, realizados por enfermeiras, se concentram entre aqueles classificados como descritivo (45,84%), exploratório- descritlvo (1 9,17%) e expermental (14,17%).
Os estudos são ditos descritivos quando procuram relatar, pormenorizadamente, situações não plenamente conhecidas a serem apreendidas, requerendo, portanto, do pesquisador o interesse por buscar informações acerca do objeto de estudo, delimitação de técnicas, étodos e teorias capazes de orientar a coleta e a interpretação dos dados(3). As descrições permitem o acréscimo de sua experiência em torno de uma questão qualquer, compreendendo uma exploração do problema, ampliando a familiaridade de suas características.
Já os estudos experimentais são realizados nas condições em que seja possibilitada a randomização, controle e PAGF experimentais são realizados nas condições em que seja possibilitada a randomização, controle e manipulação(5). Estes estudos se voltam para o esclarecimento de objetos de estudo adequados a estes cuidados, portanto mais diretamente elacionados às ciências naturais, logo, aos fenômenos mensuraveis. Boa parte da prática profissional de Enfermagem pode ser analisada sob este prisma do conhecimento e tem sido muito necessária para conferir caráter científico à Enfermagem.
Tal como referido, as enfermeiras encontram em suas práticas de cuidar os objetos para suas investigações e, como demonstrado na tabela anterior, isto se comprova. As pesquisas em Enfermagem dizem respeito a atividades de promoção de estilo saudável de saúde; pesquisas relativas ao processo de enfermagem ou julgamentos clínicos a grupos de risco, com roblemas específicos de saúde ou minoritários; a obediência a programas prescritos de tratamento e descrição de situações holísticas de Enfermagem(4).
Ao se analisar os estudos de dissertações e teses das enfermeiras, conforme se percebe, seus objetos de investigação se voltam para o contexto de suas práticas, tais como a aplicação do processo educativo em saúde nas situações de promoção da saúde, prevenção de doenças e adoecimento, especialmente de adoecimento crônico.
O predomínio de pesquisas com foco nos doentes crônicos pode se dar pelo fato da incidência estas doenças e seus índices de morbi-mortalidade serem uma crescente, desde o século XIX, com maior expressão nos últimos anos, em virtude da mudança nos perfis epidemiológicos dos determinantes de adoecimento e fatores de risco para a ocorrência destas. Nestes contextos, os profissionais de saúde, adoecimento e fatores de risco para a ocorrência destas.
Nestes contextos, os profissionais de saúde, neste caso particular as enfermeiras, tentam compreender o processo de adoecer destas pessoas e parecem encontrar, na estratégia de educação em saúde, a possibilidade de modificar hábitos não saudáveis raticados por estes grupos populacionais. Encontrar o grupo de mulheres em diversas fases do ciclo reprodutivo como uma das populações mais estudadas por estes profissionais pode estar relacionado à grande ênfase recebida por esta clientela das diretrizes das políticas de atenção à saúde coletiva.
Isto porque as mulheres, particularmente nas faixas etárias mais jovens, devem receber informações relativas a planejamento farmliar, riscos de gravidez na adolescência, cuidados com pré-natal e aleitamento materno e riscos de contraírem DST/HIV. Neste sentido, a fase do ciclo gravídico- uerperal é um momento de possibilidade de aproximação desta clientela e oportunidade de estabelecer estratégias de educação em saúde.
Os estudos envolvendo a educação em saúde e sociedade mostram as preocupações das enfermeiras em compreender as principais questões sociais que influenciam as condições de saúde da população e mais, como questões relacionadas com a participação popular no SUS. Sensibilizar a clientela dos serviços de saúde para exercer o controle social passa necessariamente pela estratégia de educação em saúde.
Nestes serviços, a enfermeira tem assumido funções de gerenciamento as preocupações com a educação em saúde. A integração destas duas vertentes de trabalho da enfermeira é fértil para a compreensão das necessidades de criar condições de desenvolvimento das ativi compreensão das necessidades de criar condições de desenvolvimento das atividades educativas, conformando-as como parte do processo de trabalho em saúde e, em particular, da Enfermagem.
As necessidades de aprendizagem de pacientes no período perioperatório, diante da realidade de serem submetidos a procedimentos cirúrgicos, quando precisam de mais atenção e orientações, configuram uma oportunidade da enfermeira ispensar-lhes ensinamentos para o enfrentamento do medo, da ansiedade e mesmo da dor. Educar em saude, nestas situações, contribui para a redução dos riscos de complicações pós-operatórias dando, de certo modo, ao paciente, controle da sltuação em relação aos acontecimentos do ato operatório e do período após este evento.
De acordo com o que observamos a população e a amostra provêm de diferentes grupos de interesse, assim denominadas por fazerem parte da investigação, validação dos resultados e serem agentes ativos em todo o processo de pesquisa. População ? um conjunto bem definido com certas propriedades específicas. Pode ser composta de pessoas, objetos ou acontecimentos e constitui-se desde pequenos grupos até um grande contingente(5). A amostra é um recorte da população, por meio da qual se estabelece ou se estima a característica da população alvo da investigação.
Assim, a amostra deve ser definida pelo pesquisador de acordo com a determinação de critério de inclusão(S). Diante destas considerações, é possível perceber que as populações escolhidas pelas enfermeiras, em suas teses e dissertações, encontram-se especialmente nos grupos de adultos, rofissionais de Enfermagem, mulheres em várias fases do ciclo vital, cnanças e adolescentes e doentes crónicos. de Enfermagem, mulheres em várias fases do ciclo vital, crianças e adolescentes e doentes crônicos.
Isso mostra que as enfermeiras são profissionais que contribuem amplamente para o desenvolvmento das ações definidas nos protocolos das políticas do setor saúde. Também se preocupam com os modos de fazer da equipe da qual é líder. A escolha e elaboração de instrumentos de coleta de dados é uma tarefa desafiadora no processo de pesquisa. Mas, dos instrumentos e das técnicas de coleta de dados depende a ualidade dos resultados e, até mesmo, das conclusões de um estudo(4). A natureza da investigação, de certo modo, direciona esta escolha.
Quanto aos métodos de coletas de dados na Enfermagem, vanam em quatro importantes dimensões, quals sejam: estrutura, capacidade de quantificação, envolvimento do pesquisador e objetividade(4). A preparação de um instrumento de coleta de dados requer do pesquisador organização criteriosa para a obtenção dos dados necessários ao alcance dos objetivos propostos. Deste modo, a definição da técnica e elaboração do instrumento não são ações isoladas nem arbitrárias. Estas escolhas na realidade são definidas desde o momento da formulação do problema a ser investigado.
Segundo encontrou-se, os estudos elaborados utilizaram a entrevista em 68 trabalhos. Esta é um instrumento de largo uso na Enfermagem e por sua natureza permite investigar temas complexos que requerem profundidade. adequada para a obtenção de informaçóes acerca do que pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam(6,7), podendo ainda ser considerada “a técnica mais adequada para a revelação de informações sobre assuntos complexos, [… ] ou para verificar sentimentos subjacente