Gestão do conhecimento

Categories: Trabalhos

0

Gestão do conhecimento: Construção e avaliação das qualidades psicométricas do GC Leonor Cardoso, A. Duarte Gomes e Teresa Rebelo* Resumo O presente artigo focaliza o processo de construção e avaliação das qualidades psicométricas do GC, instrumento que visa a avaliação organizacional de processos relacionados com a geração e gestão do conhecimento.

Apresentam-se, assim, os procedimentos adoptados na sua construção, bem como aqueles que conduziram à avaliação das suas qualidades psicométricas, designadamente as suas validades de conteúdo e de constructo e fiabilidade (consist e, ainda, a interpret emergente da anális do modelo conceptu instrumento de medi OF19 Swipe nentp mensóes). Analisa- tradimensional alizada no quadro construção deste PALAVRAS-CHAVE: Avaliação organizacional; construção de instrumentos de medida; avaliação de qualidades psicométricas; gestão do conhecimento; processos organizacionais.

Introdução No presente artigo damos conta do processo de construção e avaliação das qualidades psicométricas do GCI , instrumento que tem vindo a ser utilizado em diversas investigações2 no âmbito das quais se tornava necessária a avaliação organizacional de um onjunto de processos relacionado com o conhecimento, com a sua geração e gestão.

Neste contexto, explicitaremos o processo de construção do referido instrumento de medida, apresentando os estudos realizados para avaliar as suas qualidades psicométricas, procedimentos através dos quais se procurou garantir a sua posterior uti -lal Studia utilização em contexto organizacional com um adequado grau de confiança. O GC foi Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Membros do NEFOG – Núcleo de Estudo e Formação em Organização e Gestão (nefog@fpce. . pt). A correspondência relativa a este artigo pode ser endereçada para Icardoso@fpce. uc. pt. 1 GC é o acrónimo de “Questionário de Gestão do Conhecimento”. 2 A este respeito pode consultar- se: Brito (2003), Brito, Gomes e Cardoso (2005), Cardoso (2003) e Cardoso (2005). analisado em termos da sua validade (de conteúdo e de construct03) e fiabilidade (consistência interna das suas dimensões). O objectivo aqui prosseguido tem em vista (… oferecer tanto ao “mundo da investigação” como ao “mundo das organizações” instrumentos fiáveis que permitam, no rimeiro caso, realizar estudos sobre uma mesma temática, de forma a cumulativamente contribuir para a sua explicação e compreensão e, no segundo, possibilitar um melhor conhecimento de aspectos particulares de uma dada organização, através da sua avaliação, de forma a orientar a tomada de decisão e a intervenção” (Rebelo, Gomes e Cardoso, 2005, p. 91). Finalizaremos este trabalho analisando a interpretabilidade da estrutura tetradimensional emergente da análise factorial exploratória realizada no contexto do modelo conceptual adoptado aquando da construção deste instrumento de medida.

Construção do GC e sua validade de conteúdo No processo de construção deste instrumento foram respeitadas as etapas sugeridas por Hill e Hill (2000 desi nadamente: (a) realização de entrevistas; (b) elaboração o prévia do questionário; 2 OF Ig entrevistas; (b) elaboração de uma versão prévia do questionário; e (c) verificação da sua adequação numa amostra de sujeitos pertencente à população do estudo (pré-teste). A revisão da literatura efectuada foi ainda essencial nesta fase, na medida em que constituiu um elemento orientador fundamental do conteúdo do instrumento construíd04.

Etapa 1 (entrevistas) Foram realizadas seis entrevistas, de carácter exploratório, junto de peritos (no caso concreto, empresários/ gestores de topo de organizações industriais do distrito de Podemos considerar três tipos de validade: de conteúdo, de constructo e de critério. A validade de conteúdo reporta-se ? representatividade e adequação dos itens de um questionário face à variável que pretende medir, bem como à adequação desses mesmos itens à população a que se destinam, em termos de clareza e compreensibilidade.

A validade de constructo procura avaliar o grau em que os resultados obtidos com um Instrumento são reveladores dos constructos teóricos que lhe estão subjacentes. A validade de critério (não avaliada) centra-se na comparação dos resultados obtidos com um determinado instrumento com critérios externos considerados medidas independentes do que o instrumento procura medir (Nunnaly, 1978; Fink e «secoff, 1985; Hill e Hill, 2000). Neste contexto, sistematizámos e articulámos os contributos teóricos emergentes da literatura revista num modelo que denominámos “Para uma conceptualização e operacionalização da gestão do conhecimento”, no qual sustentámos, do ponto de vista onceptual, a construção dos itens do GC e que pode consultar-se em Cardoso, Gomes e Rebelo (2005). 3 2 Viseu), com o objectivo d 30F Ig consultar-se em Cardoso, Gomes e Rebelo (2005). Viseu), com o objectivo de recolher informação potencialmente relevante para a elaboração dos itens do questionário, nomeadamente ao nivel da sua adequação à população a estudar.

Estas entrevistas tiveram um carácter semi-estruturado, assente num guião por nós elaborado, que compreendia questões abertas relativas ao tema da gestão do conhecimento. Optámos pela modalidade semi-estruturada da entrevista, pelo acto de esta se adequar aos nossos objectivos, designadamente no que concerne à possibilidade que oferece de serem apresentados os mesmos tópicos aos diferentes entrevistados, permitindo-nos aceder a dados potencialmente comparáveis (Cardoso, 1996; 2000).

As entrevistas foram realizadas após o desenvolvimento de todos os contactos prévios indispensáveis à sua calendarização, tendo cada uma a duração média de uma hora. Após a obtenção da autorização de todos os entrevistados, foram na sua totalidade gravadas em fita magnética, e, posteriormente, integralmente transcritas, tendo sido respeitadas odas as garantias de confidencialidade. A técnica utilizada para o tratamento dos dados recolhidos foi a análise de conteúdo, tendo sido efectuada uma análise temática baseada nas propostas de Festinger e Katz (1974), Bardin (1979) e gogdan e Biklen (1994).

A aplicação das regras em questão neste caso concreto podem, sinteticamente, expressar-se da seguinte forma: (a) leitura integral de todas as entrevistas com o duplo objectivo de, por um lado, captar o seu sentido global e, por outro, a especificidade de cada entrevista em particular; (b) definição das unidades de nálise: unidade de registo (U. R. – foi consid AGE 4 OF Ig entrevista em particular; (b) definição das unidades de análise: unidade de registo (U.

R. — foi considerada como unidade de significação a codificar o mais pequeno segmento de texto, pelo que a proposição coincide aqui, com a unidade de registo), unidade de contexto (considerámos cada uma das entrevistas efectuadas, na sua globalidade, como a unidade de contexto que melhor auxiliaria a clarificar a unidade de registo, por exemplo, podermos saber quantos sujeitos referiram determinado aspecto), unidade de 3 enumeração (U.

E. ?? coincide com a unidade de contexto, ou seja, corresponde à entrevista); (c) definição de categorias e subcategorias: o processo de categorização foi efectuado tendo por base as analogias de significado das unidades de registo.

Assim sendo, o sistema de categorias é o produto final da progressiva classificação analógica das unidades de registo, pelo que a sua designação conceptual definitiva ocorreu somente no final deste procedimento; (d) teste de validade do sistema de categorização: no sentido de garantir o rigor do processo, submetemos à apreciação de alguns dos elementos da nossa quipa de investigação a análise de conteúdo efectuada, desde o processo de codificação até à definição de categorias.

Os objectivos que nortearam a realização destas entrevistas foram globalmente alcançados, na medida em que nos permitiram, por um lado, aceder à atribuição de sentido efectuada pelos nossos entrevistados ao tema em análise e, por outro, nos facilitaram a tarefa de adequar a linguagem utilizada na construção dos itens do questionário à população a estudar.

Apresentam-se seguidamente os resultados obtidos com a análise efectuada aos conteúdos Ig Apresentam-se seguidamente os resultados obtidos com a análise efectuada aos conteúdos emergentes das entrevistas individuais realizadas, indicando-se as unidades de registo e de enumeração no contexto das quais foram analisados os diversos indicadores que originaram o sistema de categorias elaborado (cf. Quadro 1). Quadro 1 Gestão do conhecimento Categorias Conhecimento do conceito Sim Não Vagamente Total Categoria Importância atribuída Muito importante Importante Total Categoria É importante genr o conhecimento em prol dos objectivos da organização Departamentos diferenciados que prendem coisas diferentes O conhecimento deve ser posto em prática O conhecimento organizacional é importante para todos Estamos muito preocupados com toda a área da informação Total Categoria Fluidez do conhecimento Promoção de uma visão mais alargada e sistémica Instrumentalidade Melhoria da qualidade do trabalho das pessoas Total Categoria Gestão do conhecimento das pessoas Aproveitar o melhor possível os conhecimentos de acordo com as necessidades Não há possibilidade de gestão económica do conhecimento Utilização de técnicas para gerir o conhecimento Gestão das competências geradas a partir o conhecimento Exercer actividades nas áreas onde se tem melhor conhecimento Total Categoria Reuniões para transmitir informações e aprendizagens Troca de conhecimentos (para, por ex. , evitar erros e expandir conhecimentos individuais) Divulgação e disponibilização do conhecimento Abertura para expor ideias Partilha e disseminação do Criação de veículos na Intranet conhecimento Recursos Humanos como veículos privilegiados de transmissão do conhecimento Contactos diários face a face D 6 OF Ig como veículos privilegiados de transmissão do conhecimento

Contactos diários face a face Divulgação do conhecimento por escrito (e. g. , jornal da empresa) Transferência via chefias departamentais Subtotal Formação dentificação e aquisição de conhecimento importante/útil para a organização Participação em colóquios/seminários Melhoria e adaptação dos conhecimentos de base Criação/Aquisição do conhecimento Participação em sessões de apresentação Participação em acções de sensibilização (em pequenos grupos) Divulgação das fontes de informação Leitura de revistas Subtotal Conhecimento pode ser rmazenado em suportes magnéticos Memória organizacional subtotal Total categoria Total Tema Indicadores UR. U. E. 3 2 2 1 1327321211 2111 11432111 1141146 Determinantes da sua importância Sentido atribuído Processos Verificamos que o conceito de “gestão do conhecimento” começa a integrar a prática discursiva destes gestores, uma vez que dos seis sujeitos entrevistados, quatro a ele aludiram (três deles de um modo preciso e um de uma forma mais vaga), sendo a informação detida acerca desta temática decorrente, sobretudo, da leitura de revistas da especialidade. Assim sendo, a análise qui apresentada focaliza o discurso destes quatro gestores que constituem as quatro unidades de enumeração no âmbito das quais se 5 analisaram as proposições registadas e fizeram emergir o sistema de categorias a este respeito elaborado . com excepção das categorias “instrumentalidade” e “memória organizacional” onde se registaram apena excepção das categorias “instrumentalidade” e “memória organizacional”, onde se registaram apenas três e uma unidades de enumeração, respectivamente).

Constata-se que é grande a importância atribuída à gestão do conhecimento por parte estes gestores, na medida em que a ela se referem como “muito importante”, e “importante”, sendo sobretudo valorizada no âmbito da necessidade sentida de gerir o conhecimento em prol dos objectivos organizacionais. A importância que lhe é atribuída decorre anda da consciência que os gestores têm de que, por vezes, departamentos e estruturas funcionais distintos aprendem coisas diferentes, importando “concertar” e orientar o aprendido, bem como da imprescindível orientação para a acção de que é portador o conhecimento e que se traduz na preocupação expressa, em termos discursivos, pelos entrevistados, uando referem que “este deve ser posto em prática”. A análise de conteúdo efectuada possibilitou a categorização da instrumentalidade da gestão do conhecimento (emergente de 3 U. R. e de 3 U. E. , permitindo concluir que, na óptica destes gestores, este processo permite a fluidez do conhecimento por toda a organização, a promoção de uma visão mais abrangente e sistémica por parte de todos os actores organizacionais e a melhoria da qualidade do seu trabalho. Do discurso dos quatro entrevistados emerge uma atribuição de sentido ao conceito em questão em que este surge associado à gestão do conhecimento etido pelos Indivíduos, bem como das competências a partir dele geradas, no sentido de melhor o rendibilizar em função das necessidades organizacionais; é ainda associada à gestão do conhecimento a ideia de que é possibilitadora de um maior in 80F Ig organizacionais; é ainda associada à gestão do conhecimento a ideia de que é possibilitadora de um maior investimento organizacional nas áreas onde se detém maior know-how.

Um dos sujeitos inquiridos enfatizou, neste contexto, a impossibilidade de se gerir economicamente o conhecimento. 6 O discurso dos entrevistados permitiu identificar práticas u actividades relacionadas com o conhecimento, no âmbito das quais emergiram aquelas que categorizámos em torno dos processos de partilha e disseminação, criaçao/aquisiçao e memorização. Apresentado em primeiro lugar, porquanto reúne a maioria das unidades de registo a este respeito produzidas (34), o processo de partilha e disseminação do conhecimento surge como aquele que mais preocupa estes gestores ou que mais vulgarmente se associa ao conceito em análise.

No caso concreto, operacionaliza-se em termos de um conjunto de actividades, formais elou informais, directamente relacionadas com a ecessidade de disponibilizar e partilhar informações, conhecimentos e aprendizagens, no sentido de se evitar a prática recorrente de erros já cometidos e de se expandirem as “boas práticas”. No entender destes gestores, é necessário que exista um clima de abertura a novas ideias e, considerando os recursos humanos os veículos por excelência de transmissão do conhecimento, entendem que o seu contacto diário (presencial) se torna fundamental para a concretização do processo em questão. Neste âmbito, é ainda referido o papel essencial das chefias intermédias. Em segundo lugar (reunindo 23 U. R. , surge o rocesso de criação/aquisição do conhecimento, no contexto do qual a prática discursiva dos gestores se orientou, maio conhecimento, no contexto do qual a prática discursiva dos gestores se orientou, maioritariamente, para a questão da formação, permitindo concluir que, pelo menos aparentemente, se trata do processo que é percepcionado pelos sujeitos como principal fonte de criação/aquisição de conhecimento. Constata- se ainda que a valorização do processo em questão (criar/adquirir conhecimento) surge no entanto associada à instrumentalidade (utilidade e importância) do conhecimento a adquirir, sendo esta onsiderada como critério determinante da sua aquisição; neste âmbito é também referida a necessidade de permanentemente melhorar e adaptar os conhecimentos individuais/organizacionais de base.

A divulgação das diversas fontes de informação relevante a todos os actores organizacionais, bem como a sua participação em eventos 7 diversos, tais como sessões de apresentação, de sensibilização, colóquios/seminários e a consulta de revistas da especialidade, são ainda actividades enfatizadas pelos gestores como meios indispensáveis à criação/aquisição do conhecimento. Por último . com 1 U. R. 1 U. E. ), surge a categoria que operacionaliza o processo relacionado com a memória organizacional, percepcionado como forma de armazenar conhecimento importante e que deve estar disponível para todos os actores organizacionais que dele necessitem. Pode dizer-se que existe aqui uma alusão, ainda que implícita, ao processo de recuperação do conhecimento. Etapa 2 (versão prévia do GC) Os itens do GC foram elaborados tendo como referência os resultados a este respeito obtidos na análise de conteúdo das entrevistas realizadas, bem como os diversos processos relacionados com a gestão do con 0 DF 19

Trabalho final do curso competencias básicas

0

INTRODUÇÃO A prioridade na transparência da prestação de contas e em todo processo de tomada de decisões e gestão dos

Read More

Estudo de caso desenvolvimento organizacional

0

Desenvolvimento Organizacional A empresa KL Papelaria, empresa comercial especializada em venda de material escolar, possui 30 funcionários, 2 diretores proprietários,

Read More