Historia da lingua portuguesa
História da língua portuguesa Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Trecho de poesia Imedieval portuguesa I Das que vejo Inon desejo ‘outra senhor se vós non, le desejo tan sobejo, mataria um leon, Isenhor do meu coraçon: fin roseta, Ibela sobre toda fror ‘fin roseta, Inon me meta len tal coita voss’am I João de Lobeira to view nut*ge A história da língua portuguesa é a história da evolução da língua portuguesa desde a sua origem no noroeste da península ibérica até ao presente, como língua oficial falada em Portugal e em vários países de expressão portuguesa.
Em todos os spectos – fonética, morfo ogia, léxico e sintaxe – o português é essencialmente o resultado de uma evolução orgânica do latim vulgar trazido por colonos romanos no século III a. C. , com influências menores de outros idiomas. O português arcaico desenvolveu-se no século V d. C. , após a queda do Império Romano e as invasões bárbaras, como um dialecto românico, o chamado galego-português, que se partir do séc.
WI, com a expansão da era dos descobrimentos, a história da língua portuguesa deixa de decorrer exclusivamente em Portugal, abrangendo o português europeu e c português internacional. Em 1990 foi firmado um tratado internacional com o objetivo de criar uma ortografia unificada, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, assinado por representantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné- Bissau, Moçambique,Portugal e São Tomé e Príncipe. Índice [esconder] II Proto-história (séc. III a. C. – séc. XII) 1. 1 Substratos pré-romanos | 1. 0 latim: base linguística (III a. C -V d. C) | 1. 3 0 românico de influência germânica sueva e visigótica 1. 4 Influência árabe 12 Português arcaico (séc. XII – séc. XVI) 2. 1 0 galego-português 12. 2 Divergência do português e do galego 3 português moderno (séc. XVI – séc. XXI) 13. 1 Normatização: as primeiras gramáticas no Renascimento 3. 2 Expansão com os Descobrimentos 3. 3 Base dos primeiros estudos linguísticos fora da europa 4 Registos mais antigos 15 Ver também 16 Referências PAGF 7 Bibiografia 18 Ligações externas [editar]Proto-história (séc.
III a. C. – séc. XII) [editar]Substratos pré-romanos [pic]Ver artigo principal: Línguas paleo-hispânicas, Língua galaica, língua lusitana [pic] [picl Mapa das línguas pré-romanas da península Ibérica O português tem um substrato céltico/lusitano,[l] originado nas ínguas faladas pelos povos pré-romanos que habitavam a parte ocidental da península. Várias escritas testemunham a existência de línguas paleo-hispânicas. Em Portugal destaca-se a escrita do sudoeste dos séculos VII e V a. C. o Baixo Alentejo e Algarve. Não há acordo entre os especialistas sobre a origem destes sistemas de escrita, que poderá estar no alfabeto fenício ou no alfabeto grego, provavelmente relacionados com os contactos comerciais destes povos. Da língua lusitana, uma língua indo-europeia céltica [2] [3] ou relacionada falada entre o Douro e o Tejo, apenas se onhecem cinco inscrições tardias em alfabeto latino, incluindo as de Cabeço das Fráguas[4], a inscrição do Penedo de Lamas[5] e de Arronches. 6] Da língua galaica,[7]também uma língua ou um grupo de línguas e dialetos aparentados com o celtibero, conhecem-se numerosas palavras e frases curtas registadas em inscrições latinas de Oviedo e Mérida, ou glosadas por autores clássicos, que permanecem até hoje para nomear locais, rios ou montanhas. A ós séculos de contacto com o latim estas línguas das, [10] mas deixaram num dialecto determinante na evolução das línguas portuguesa e galega.
A influência celta na língua portuguesa [1 1] pode ser detectada em várias palavras como abrunho, barra, bico, vidoeiro, bilha, barba, braga, brio, cais, caminho, camisa, canga, canto, carro, cerveja, choco, colmeia, crica, curro, embaixada, gorar, légua, lousa, menino, minhoca, peça, rego, tojo, tranca, vassalo,[1 2] manteiga e tona (galaico-português: pele, odre);[13] os topónimos de origem céltica em Portugal destacam-se pelo elemento “briga”, que significa “fortaleza”, com em Conimbriga, Arcóbriga (antigo nome de Arcos de Valdevez), Lacóbriga (antigo nome da cidade algarvia de Lagos) Brigantia (Bragança); o elemento “dunum”, que significa “cidade” e surge no topónimo Caladunum (cidade antiga em Trás-os- Montes); frequentemente é também considerada de origem celta a etimologia do nome Portugal, de Portus Cale, sendo Cale um desenvolvimento de “Gall-“, com a qual os Celtas se referiam a si próprios (como em “Galiza”, “Gália”, “Galway”) e o do rio Douro (Durus em latim), do celta “dwr”, que significa água. [14] [edltar]O latim: base linguística (III a. C – V d. C) [pic]Ver artigo principal: Latim e Latim vulgar [PiC] Inscrição em latim nummarco miliário da Via Nova, que igava Braga a Astorga,Terras de Bouro, Portugal Em 218 aC, os romanos iniciaram a invasão península ibérica, onde viriam a fundar a província romana dal_usitânia, atual centro e sul de Portugal. Quase 200 anos depois, terminadas as guerras Cantábricas, foi constituída a Galécia, atual norte de Portugal e Galiza.
A romanização afetou muitas áreas da vida, incluindo a língua. O latim, língua oficial do I o, passou a ser usado na em todo o império, [15] foi difundido por soldados, colonos e mercadores vindos de várias províncias e colónias romanas. Estes estabeleceram-se em cidades perto de povoações ativas, mantendo frequentemente os mesmos nomes. Falar latim era mais um privilégio do que um dever, e começou pelas camadas mais altas da sociedade, que tinham de lidar com a administração romana. [16] A evolução do latim no território correspondente a Portugal ocorreu a dois ritmos:[17] no centro e sul, na Lusitânia, foi adoptado cedo, acompanhando a rápida romanização e maior cosmopolitismo.
A norte, na região da Galécia, a tardia romanização, o carácter rural e o isolamento resultaram numa menor assimilação cultural e linguística, que levou ao desenvolvimento de uma variedade de latim com nfluências da lingua 91 A adesão ao cristianismo, introduzido nas cidades da Hispânia a partir do século e tornado religião oficial do império em 380 pelo imperador hispano Teodósio l, contribuiu para popularizar o latim. O uso das línguas paleo-ibéricas foi decrescendo, primeiro através do bilinguismo nos centros de ocupação romana, depois limitando-se às regiões isoladas. As línguas pré-romanas nativas acabaram por desaparecer, [20] mas supõe-se que o seu contacto com o latim contribuiu para o desenvolvimento de diversos dialetos nas diferentes regiões da Hispânia.
Mesmo a elite educada de hispano-romanos parece ter tido um sotaque peculiar: entre outros, o imperador Adriano, de origem bética, foi alvo de riso ao discursar no senado romano pelo “pronuntians agrestius”, um sotaque rústico que o levou a aperfeiçoar o latim. Para alguns autores o facto da Lusitânia e Galécia estarem incluidas na Hispania ulterior (a “hispania afastada” na primeira divisão da península), sob influência da Bética, uma província antiga colonizada pela aristocracia senatorial, explica o PAGF s OF sob influência da gética, uma província antiga colonizada ela aristocracia senatorial, explica o latim conservador, que preservou formas arcaicas (como (passer) e “comer’ (comedere) em vez de formas latlnas mais recentes ave (avicellus) manger/mangiare (manducare), e que pode explicar parte das diferenças entre o castelhano e o português. 23] Um dos fenómenos mais antigos nesta diferenciação é a “troca dos b pelos v”, ou betacismo[24], provavelmente sob a influência das línguas pré-romanas, com o lv/ muito mais usado no português. No latim clássico não existia o actual som [v]: “via” pronunciava-se “uia” (semelhante ao W inglês). A partir do século I o latim vulgar transformou o / w/ em ,’P/, que se manteve no espanhol, e que evoluiu para ‘v/ no português. Exemplos antigos de betacismo incluem a grafia de Nabia/Navia, deusa da mitologia galaica e lusitana. [251 O processo de diferenciação dos dialectos que levou ao desenvolvimento de diversos traços individuais das línguas ibero-românicas terá ocorrido ainda no período romano. [26] [27][28] Origem de todas as línguas românicas, o latim terá contribuido para quase 90% do léxico do português. editar]O românico de influência germânica sueva e visigótica piclVer artigo principal: Línguas ibero-românicas, Línguas galaico-portuguesas, Língua gótica, Latim medieval Pormenor do Códice Albeldensis visigótico, c. 976, reprentando Martinho de Dume, com a inscriçãoMartinus episcopus bracarensis. A partir de 409, [29] com o Império Romano em colapso, a península Ibérica foi ocupada por povos de origem germânica, a que os romanos chamavam bárbaros. O território foi então cedido a alguns destes ovos comofoederati: em 410 os suevos estabeleceram ino Suevo, primeiro reino PAGF 6 OF Galécia o reino Suevo, primeiro reino cristão, (410-589). Na Lusitânia seriam os visigodos a dominar (411-711). Estes povos adoptaram em grande parte a cultura romana, incluindo as leis, o cristianismo e a língua latina.
Com as invasões desapareceram todos os quadros do estado, mas manteve-se de pé a organização eclesiástica, que os suevos adoptaram ainda no século V, seguidos pelos visigodos, e que foi um importante instrumento de estabilidade. Como a maioria da população hispano-romana era cristã, a governação sueva – que se estendeu até Aeminium (Coimbra)- baseou-se nas paróquias, descritas no Parochiale suevorum de c. 569. O latim escrito, com influências germânicas e românicas, manteve-se na Europa como lingua franca, litúrgica e jurídica: o latim medieval. No reino Suevo da Galécia, região correspondente ao norte de Portugal e Galiza, destaca- se na liturgia a partir da arquidiocese de Braga, e no direito visigótico.
Foi dessa liturgia, por iniciativa de Martinho de Dume – para reforçar a ortodoxia face a tendências pagãs e heréticas do priscilianismo earianismo- a origem do português ser a única lingua românica que usa a terminologia eclesiástica de numeração ordinal para os dias da semana, de segunda-feira a exta-feira, com registos desde 618. 130] No entanto, uma vez que as escolas e administração romanas acabaram, o latim vulgar falado perdeu uniformidade, evoluindo de forma diferenciada nas comunidades isoladas. Acredita-se que por volta do ano 600 já não era falado na Península Ibérica, [31] substituido pela evolução das línguas românicas. Na Galécia, ganhou caracteristlcas locais levando ? evolução de uma forma primitiva de galaico-português. A presença germânica, sobretudo os três séculos de domínio visigótico, deixou numerosas palavras na língua portuguesa, sobret stica: nomes
PAGF 7 numerosas palavras na língua portuguesa, sobretudo naonomástlca: nomes como Rodrigo, Afonso, Álvaro, Fernando, Gonçalo, Henrique, Adães; toponímia Baltar, Gondomar, Ermesin de,Esposende, Tagilde, Gumarães, Tresmonde, Trasmil; o sufixo – engo (em solarengo, mostrengo) e palavras em regra poéticas ou guerreiras:guerra, elmo, bando, guardar, agasalhar entre outras. [32] Também a letra ç (cê cedilhado) no português moderno, teve origem na escrita visigótica, resultando da evolução do Z (3) Visigótico [editar]lnfluência árabe Mapa cronológico mostrando o desenvolvimento as línguas do sudoeste da Europa desde o ano 1000 até ? actualidade, entre as quais o português. pic]Ver artigo principal: Língua moçárabe Em 71 1 tropas muçulmanas vindas do Norte de África ocuparam a península Ibérica, terminando oreino visigodo e rapidamente atravessaram o Douro. Às suas investidas escapou um grupo de visigodos acantonado no reino das astúrias a partir de 718. Os muçulmanos assenhorearam-se do território designado em língua árabe como AI-Andalus, que governaram por quinhentos anos no caso português e oitecentos no espanhol. Com a invasão da península, a l[ngua árabe foi adoptada omo língua administrativa nas regiões conquistadas. Contudo, a população continuou a falar dialectos românicos, conhecidos colectivamente como moçárabes.
A principal influência árabe foi no léxico: o português moderno regista 954 palavras de origem árabe,[35] especialmente em relação à agricultura, comércio e administração, sem cognatos noutras línguas românicas, com excepção do castelhano. A maioria das palav PAGF 8 OF as de origem árabe é artigo definido árabe o) ou od- (que significa rio). Embora aquelas em que al não forme uma snaba possam ter uma raiz istinta (casos de Alexandre e Alentejo). Entre estas açúcar, alface, laranja, arroz, alfândega, armazém, bairro, almanaque, álgebra, almirante. A influência árabe é também visível na topónimos árabes em Portugal, principalmente no sul do país, tais como Algarve e Alcácer do Sal e Odemira. E que foram assimilados à medida que a reconquista foi avançando pelo que atualmente é o centro-sul de Portugal. [editar]Português arcaico (séc. XII – séc.
XVI) [editar]0 galego-português [pic]Ver artigo principal: íngua galego-portuguesa Apocalipse do Lorvão, manuscrito iluminado de 1180 aseado no Comentário de3eato de Liébana, Mosteiro de Lorvão Entre 740 e 868 a região a norte do Douro foi reconquistada pelos cristãos hispano-góticos, que aí estabeleceram os seus reinos. O documento medieval com traços românicos mais antigo da península Ibérica data de 775, o Diploma do rei Silo das encontrado na Galiza e preservado no arquivo da catedral de Como este, muitos documentos escritos em latim medieval contêm palavras românicas. [39] Em Portugal, os mais antigos textos com traços de galego-português são a Doação à Igreja de Sozello, de e a Carta de Fundação e Dotação da Igreja de S. Miguel de Lardosa, de 882. [41] A Notícia de Torto (c. 1214? ) e o Testamento de Afonso II (27 de junho, 1214) são já galego- português.
Na Galiza, a documentação legal em galego-português remonta a 1231, data de um di lama de venda procedente do mosteiro de Melón, no Mi tanto, o documento provavelmente mais antigo (c. 1228). [43] Os primeiros textos poéticos datam de c. 1195 a c. 1225. Entre os séculos XII e XIV o galego-português teve um papel especial nos reinos cristãos medievais da península ibérica como língua literária, semelhante ao contemporâneo occitano. Foi, quase sem exceção, a única língua usada na composição da poesia lírica trovadoresca dos reinos de Leão, Castela, Galiza, eportugal. A sua importância foi tal que o chamado trovadorismo é considerado a segunda mais importanteliteratura medieval europeia.
O rei de Leão e Castela Afonso X, o Sábio (1221-1284), mecenas do movimento trovadoresco e ele próprio trovador e poeta da língua galego- portuguesa, escreveu ou mandou escrever o cancioneiro sacro Cantigas de Santa Maria em galego-português, que reúne 430 composições musicadas para monofonia. [editar]Divergência do português e do galego pic]Ver artigo principal: Diferenças entre o galego e o português Pergaminho Vindel em galego-português, com cantigas de amigo de Martim Codax. (Pierpont Morgan Library, New York) Em 1143 0 reino de Portugal foi formalmente reconhecldo pelo Reino de Leão e Castela, no qual o Reino da Galiza estava então incorporado. Em 1290, concluída a reconquista portuguesa, o reiDinis de Portugal decretou que a “língua vulgar” (o galego-português falado) fosse usada em vez do latim na corte, e nomeada ” Ortu uês”. O rei trovador, neto e tradutor de Afonso X O Sá ma l[ngua própria para