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EMPIRISMO LÓGICO DO CÍRCULO DE VIENA E FALSIFICACIONISMO DE KARL POPPER Ricardino Jacinto Dumas Teixeira Geneviene António Melaco veivimelaco@hotmail. com 1. Introdução Entre os séculos XVI a XVIII, uma das questões fundamentais que se colocava na agenda cientifica era a da verificabilidade do método científico.

Na virada do século XIX para o século XX, anda encontramos marcas profundas dessa concepção de ciência, entendida ela como a maneira ou a lógica que nos guiam de forma controlada par ela, um conjunto de entre outras formas, nomotéticas e ideogr Essa contraposição d 25 clá-= Swipe to v s esperados e, com que se manifesta, re as clenclas são de Windelband. necessidade de uma discussão mais aprofundada sobre o próprio conceito de ciência moderna.

Dentro desse quadro geral tentar-se-á analisar, neste trabalho, a concepção de ciência do Círculo de Viena, comparando-a a seguir com a perspectiva falsificacionista de Karl Popper. Para exposição do tema, inicialmente faremos uma reflexão do desenvolvimento das diferentes concepções do positivismo, particularmente as da tradição francesa do século XVIII. Posteriormente far-se-á uma tentativa de análise das questões entrais colocadas pelo “empirismo lógico” do Círculo de Viena.

Por último proceder-se-á o estudo da teoria de ciência de Karl Popper e as considerais finais. Como o “empirismo lógico” não é uma corrente filosófica homogênea da teoria da ciência precisamos conciliar um conjunto de questões levantadas e de dar maior clareza e coerência ao tema aqui proposto. Para tal, tomemos como o ponto de partida a concepção amplamente aceita e compartilhada pelos membros do Circulo de Viena, segundo a qual a ciência baseiase na verificabilidade experiêncial dos fatos comprováveis empiricamente.

Com este recorte analítico, o argumento central que será defendido no decorrer deste trabalho é o de que Popper rejeitou o verificacionismo proposto pelo empirismo lógico do Círculo de Viena, como o critério de demarcação entre o conhecimento “cientifico” e “não-científico”, mas, ao defender o falsificacionismo, Popper não parece superar os limites do controle rígido do conhecimento tradicional que precede o verificaclonlsmo.

Argumentamos, ainda, que mesmo tendo criticado todo e qualquer tipo de conhecimento empírico, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da metodologia qualitativa no campo as ciências sociais, o falsificacionismo de Popper acaba por estabelecer, em outras formas, um conjunto de procedimentos que valida o trabalho científico. Mas antes de proceder-se com a análise do tema, é o nosso interesse aqui fazer algumas considerações das interpretações do positivismo da tradição francesa, a fim de ressaltar uma das bases no qual o empirismo lógico do Círculo de Viena construiu ou tentou construir o seu conceito de ciência. . Positivismo(s) Nas ciências sociais, o conceito de filosofia positiva, tal como o conhecemos hoje, remonta nos escritos de Condocert. Este formula a idéia de que a ciência da sociedade deve tomar o caráter de uma matemática social, ser objeto de estudo numérico, preciso e rigoroso. Considerava que a ciência positiva da sociedade deveria funcionar como as ciências físicas, neutras de interesses e paixões, pois es 2 OF as sociedade deveria funcionar como as ciências físicas, neutras de interesses e paixões, pois estes deturpam o conhecimento cientiTico baseada na experiência factual.

O segundo expoente do positivismo é Saint-Simon, ele foi o primeiro a utilizar o termo ciência positiva, pretendeu formular uma ciência da sociedade egundo o modelo da biologia. A nova ciência da sociedade, nessa acepção, deveria se chamar filosofia social. O terceiro expoente é Augusto Comte, pai da terminologia sociologia. Ele formulou a Idéia de que o estudo da sociedade seria uma fisica social, e teria por objetivo o estudo dos fenômenos sociais, considerados no mesmo âmbito que os fenômenos astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos.

Para ele os fenômenos sociais estariam submetidos a leis naturais e Invariáveis (Wacquant, 1996: 593). A principal contribuição de Comte a filosofia positiva, que aparece o século XVIII, consistiu no estabelecimento de uma hierarquia para as ciências, ao defender a reorganização das instituições sociais como a forma de garantir a ordem e o progresso e evitar a desintegração da sociedade como um todo (Benton, 1977:82).

Com base nessa idéia de progresso social contra o trauma politico causado pela Revolução Francesa, a filosofia positiva de Comte pode ser grosseiramente resumida em três fases principais de evolução: teológico, metafisico e científico. 2 Cada fase pressupõe certos estágios distintos e lineares de desenvolvimento do conhecimento e do espírito humano. Assim, a primeira fase, o teológico, é a mais primitiva de conhecimento. Nesta, os fenômenos sociais são explicados tomando por base o sobrenatural.

A ligação entre natural e sobrenatural, visível e invisível é muito próximo. Podemos encontra essa forma de conheci as natural e sobrenatural, visível e invisível é multo próximo. Podemos encontra essa forma de conhecimento nas sociedades tribais “primitivas” africanas ou indígenas americanas, “sem conhecimento científico”, de acordo com a historiografia racionalista eurocêntrica. A segunda fase, Comte denominou de metafísico. Aqui, ao contrário do primeiro, os fenômenos sociais são explicados a partir de entidades ocultas e abstratas.

Entende-se por abstrato o conhecimento especulativo através de pura reflexão, sem nenhum pendor empírico positivo. Já a terceira e última fase, proposta por Comte, é a positiva, a fase do amadurecimento do conhecimento científico, quando ele defende a reorganização da sociedade e restauração da ordem social francesa (Halfpenny, 1982). Observa-se, dai, que as sociedades e todas as formas de conhecimento, para Comte, evoluem a partir desses dois primeiros estágios e se completariam no ?ltimo.

A negação de todo e qualquer tipo de conhecimento fora de controle sensivel e a tentativa de afirmação da unidade do método científico, exaltando a ciência moderna como o único meio capaz de resolver todos os problemas humanos e sociais que até então havia “atormentado o mundo”, são aspectos do legado do positivismo de Comte que caracterizam grande parte do pensamento positivista do final do século XIX, especialmente com a mediação feita indiretamente por Ernest Mach entre o pensamento de Comte e Circulo de Viena, no princípio do século XX (Halfpenny, 1982).

Halfpenny (1982), num estudo sobre o positivismo de Comte, assevera que a filosofia Comteana pode ser vista como um esforço de síntese de teses do conhecimento científico através da observação empírica dos fenômenos da experiência humana. Com essa idéia de síntese de teses cie 4 as da observação empírica dos fenômenos da experiência humana.

Com essa idéia de síntese de teses científicas, o positivismo de Comte pretendia fundar uma ciência naturalista da sociedade capaz de explicar o passado da espécie humana e predizer o futuro da sociedade e da humanidade como um todo (Abbagnano, 1982). A idéia defendida por Comte, segundo a qual a sociologia deve procurar o conhecimento na experiência, na observação neutra e sistemática (daí o princípio da neutralidade axiológica) das regularidades sociais, será retomada em outras formas por Émile Durkheim. Durkheim (1858-1917), por sua vez, tinha como uma das preocupações centrais a atribuição de um estatuto metodológico e teórico à sociologia. Em sua obra As Regras do Método Sociológico, Durkheim buscou demonstrar que a sociologia é uma ciência que tem como propósito estudar os fenômenos sociais como realmente são, possui um objeto de pesquisa utônomo, com plena condição teórica e metodológica de explicar o funcionamento da sociedade utilizando-se um método sociológico “especifico” (Benton, 1977; Halfpenny, 1982).

Dessa forma, Durkheim propõe uma forma bem particular de explicação da sociedade, e, com ela, um conjunto de regras para orientar o desenvolvimento da sociologia, entendida ela como a “ciência das realidades” a partir da observação dos “fatos sociais” como coisas (Durkheim, 1999). Como podemos entender um “fato social” de igual modo como os “fatos naturais” se comportam? Como explicá-los independentemente da própria pessoa que a experiência?

Durkheim responderia que a exterioridade coercitiva do social é absoluta e autônoma porque impõe uma regulação normativa da conduta humana passível da investigação observacional e empírica. Benton (1977) acresc s OF as normativa da conduta humana passível da investigação observacional e empírica. Benton (1977) acrescentaria que a sociologia de Durkheim é uma combinação de “realismo” e “empirismo”: a) é realista porque o mundo social existe a priori independentemente da consciência de que o conhece.

Durkheim estabelece uma rígida separação entre o conhecimento científico as ideologias (Benton, 1977:100). Essa distinção leva-nos em admitir que exista um mundo “real” lá fora que pode ser conhecido em SI e para si, através da “experiência empírica”. O apela à realidade última constitui, assim, o critério básico da ciência para Durkheim. Uma outra interpretação da sociologia de Durkheim foi desenvolvida por Halfpenny (1982), num estudo sobre os diversos significados que marcaram o desenvolvimento do positivismo no decorrer da história.

Este autor notou que o positivismo de Durkheim, apesar de ter abandonado a substancia da filosofia de Comte, emprestou dele três temas rincipais, a saber: o empiricismo, o sociologismo, o naturalismo, o cientificismo e o reformismo social, embora Durkheim se esforçasse a se distanciar de Comte. Um exemplo, apenas para ilustrar esse argumento de Halfpenny, são as continuidades e rupturas nas obras de Comte e Durkheim. Segundo Benton (1977) os dois autores apelaram para reforma social da sociedade francesa e criação de uma ciência social positiva.

No entanto, a sociologia de Comte, para Benton, não passava de uma reflexão filosófica do social, contrariamente a sociologia cientifica defendida por Durkheim. Contrariamente a Benton e Halfpenny, Braynt (1985) afirma que Saint- 4 Simon é uma referência importante para a análise do desenvolvimento do positivismo francês. Isso porque seu trabalho já apontava para a 6 as análise do desenvolvimento do positivismo francês. Isso porque seu trabalho já apontava para a construção de uma ciência social positiva.

Grosso modo, as conclusões de Comte e Durkheim, conforme expostas acima, insistindo na continuidade lógica entre as ciências naturais e ciências sociais e na aplicação à sociologia do principio de causalidade natural foram indiretamente desenvolvidas e sistematizadas pelo positivismo do Círculo de Viena, com a finalidade de articular uma síntese de empirismo humano, positivismo comteano e análise lógica fundamentada no conhecimento empiricamente experienciado (Wacquant, 1996).

Feitas essas considerações introdutórias, e tomando em consideração que o presente texto não tem como propósito uma análise do desenvolvimento histórico do positivismo, em suas diversas conceituações e significados, consideramos suficientes as duas abordagens positivistas da tradição francesa para o tema aqui proposto, que é o de analisar a concepção de ciência do Circulo de Viena e de Karl Popper. 3. Círculo de Viena e a Ciência Empírica A expressão “empirismo lógico”, desenvolvida no Círculo de Viena, conheceu o seu apogeu na primeira metade do século XX. uando filosofo-clentistas, como Moritz Schlick (1882-1936), Otto Neurath (1882-1945), Rudolf Carnap (1891-1970), Carl Hempel, Hans Hahn (1879-1934), Herbert Feigl, Friedrick Waismann (1896-1959), entre outros, desenvolveram reflexões relacionadas à filosofia da ciência e o reconhecimento da importância da lógica, linguagem, matemática e fisica teórica na construção de teorias cientificas (Halfpenny, 1982:46; passmore, 1994:367). romando por base a concepçao o empirismo canônico, segundo a qual todas as sentenças científicas devem necessariamente ser confirmáveis canônico, segundo a qual todas as sentenças científicas devem necessariamente ser confirmaveis através da experiência empírica, a única base real do pensamento científico, os membros do Círculo de Viena julgavam insatisfatória a concepção da matemática e da lógica como sistemas de proposições gerais.

Seguindo a metafisica atomista, que ganhou expressão com Wittgenstein, do Tratado, para os empiristas lógicos do Círculo de Viena. …. toda proposição é significativa, fornece alguma nformação acerca do estado atual do mundo, na medida em que afirme a ocorrência ou não ocorrência de certos fatos atômicos e exclua a ocorrência de outros.

Assim, o valor de uma verdade de uma proposição deve ser determinado a partir do conhecimento da ocorrência de fatos atômicos envolvidos (Wittgenstein Apud 5 Com esse argumento de que o mundo determina-se por fatos atômicos, Wittgenstein imaginava-se uma linguagem capaz de exprimir cada fato atômico, onde toda proposição significativa poderia ser reduzida a uma combinação de proposições atômicas mediante funções de verdade das proposições atômicas omponentes. Adotando esse critério, três tipos de proposições seriam irrelevantes para a metafísica atomista de Wittgenstein.

O primeiro tipo seria das verdades lógicas, cujo valor de verdade independe da ocorrência ou não de qualquer fato; ou seja, são tautológicas. O segundo tipo de proposições seria o das verdades matemáticas, que Wittgenstein acreditava ser vazias de conteúdo. Já o terceiro e o último tipo de proposições não significativas seriam do tipo filosófico, sem nenhuma função teórica e científica (Wittgenstein; Apud Schlick-Carnap:1980: XIII). Isso porque, no ntendimento de Wittgenstein, do Tratado, o conhe 8 OF as Schlick-Carnap:1980: XIII). so porque, no entendimento de Wittgenstein, do Tratado, o conhecimento parece esgotar nas ciências naturais, não restando à filosofia nenhuma função independente ou capacidade explicativa. Essa conclusão foi decisiva para a formulação posterior do “princípio de verificabilidade” e defesa da idéia de uma ciência unificada pelo Círculo de Viena (Halfpenny, 1982). No trabalho de Moritz Schlickl, o verificacionismo havia sido proposto exatamente como uma forma de se entender a idéia clássica de que a erdade de uma frase consiste em sua correspondência com o fato. Assim, para Schlick (1980:81-84): … correspondência pode ser analisada como um procedimento verificacional constituida da comparação entre o conteúdo de uma hipótese e a experiência perceptiva que a verifica. Se houver identidade entre o conteudo de ambas, a hipótese é verificada, caso contrário, ela é falseada… , localizando essa correspondência dentro de um sistema de contextos linguísticos. Estes são os pressupostos reis do conhecimento cientifico. Aceitação ou rejeição dos conteúdos lingüísticos correspondentes. Assim, a verdade de um conteúdo, para Schlick, consiste em sua correspondência com o fato, com a sua aceitação.

Schlick defendeu que a correspondência pode ser analisada de forma verificável a partir da comparação entre o conteúdo de uma frase e a experiência perceptiva que a verifica. Se houver correspondência entre o conteúdo e a experiência, a hipótese é verdadeira; caso contrário, ela é falsa. Isto seria possível, dizia Schlick, indicando as regras lógicas que permite transformar uma sentença (opinião) em uma proposição (objeto ou situação objetiva). Com base nessa idéia, e sob influência osterior de Wittgenstein, objetiva).

Com base nessa Idéia, e sob influência posterior de Wittgenstein, Já em sua obra Teoria Geral de Conhecimento, de 1918, Schlick voltava-se contra a tese Kantiana de juízo sintético a priori, já mencionado, enquanto que o Tratado Lógico Filosófico só foi publica três depois, em 1921 (in. schlick-carnap, 1980:VllI). 6 Schlick propôs que a eficiência da correspondência é uma evidência confirmadora da realidade do mundo das coisas dentro de um sistema contextual linguístico. Este argumento torna- se mais claro na sua crítica à teoria kantiana de conhecimento intético à priori.

Dizia ele: “não existem juízos sintéticos a priori capazes de explicar o mundo objetivo” (Schlick, 1980:20). Uma outra explicação do tipo verificacionista, a qual estabelece que o significado de uma proposição factual residia no método de sua verificação experiêncial, nos foi oferecido por Carnap. Já em sua tese de doutorado “O Espaço: Uma Contribuição à Teoria da Ciência”, de 1921, que servira mais tarde de base para a “Construção Lógica do Mundo”, de 1929, constitui a tentativa mais sistemática para sustentar à tese da ciência unificada. Como ele próprio ressaltou (1980:807) … istinção entre proposições significativas e não significativas, implicam necessariamente, a crença de que toda proposição científica pode, em última instância, reduzir-se a uma combinação de “enunciados protocolares” a partir de um sistema construcional. Como podemos ver, com a tese de que o significado de uma proposição consiste no principio da verificação empírica (sentenças protocolares) gerou, entre os partidários do Círculo, uma aparente sensação de consenso e segurança com os axiomas iniciais do empirismo lógico do Círculo de Viena. Os membros do Circulo s 0 DF 25

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