Inetressante

Categories: Trabalhos

0

A SÍNDROME DE BURNOUT Ana Maria T. Benevides-pereiral NTRODUÇÃO A partir do artigo de Freudenberger em 1974, denominado Staff burnout, a Síndrome de Burnout começou a ser pesquisada, inicialmente nos Estados Unidos, passando a disseminar-se por todo o mundo. Na verdade, os trabalhadores já estavam sofrendo seus efeitos há muitos anos, faltava apenas identificá- la e Investigá-la adequadamente. O termo burn out ou burnout , “queimar até a exaustão”, vem do inglês e indica o colapso que sobrevêm após a utilização de toda a energia disponível. ? uma expressão utiliz Sheakespeare (Schau OF17 de rua, como para se feri, , Swipe v drogas. No contexto sido a de Maslach & J itos como o de sim como em giria consumiu pelas mais utilizada tem burnout é referido como uma síndrome multidimensional constituída por exaustão emocional, desumanização e reduzida realização pessoal no trabalho. O burnout é a maneira encontrada de enfrentar, mesmo que de forma inadequada, a cronificaçào do estresse ocupacional. Sobrevêm quando falham outras estratégias para lidar com o estresse.

A exaustão emocional caracteriza-se pela sensação de esgotamento emocional e físico. Trata-se da constatação de que não se dispõe mais de nenhum resquício de energia para levar diante as atividades laborais. O cotidiano no trabalho passa a ser penoso, doloroso. A desumanização (despersonalização na versão de Maslach & Jackson de 1986, posteriormente denominada de cinismo por Maslach, Jackson e Lei Swipe to next Leiter em 1996), revela-se através de atitudes de distanciamento emocional, em relação as pessoas às quais deve prestar serviços e os colegas de trabalho.

Os contatos tornam-se impessoais, desprovidos de afetividade, desumanos. Por vezes, estes profissionais passam a apresentar comportamentos ríspidos, cínicos, irânicos. Esta dimensão é considerada como o elemento defensivo da síndrome. A realização pessoal nos afazeres ocupacionais decresce, perdendo a satisfação e a eficiência no trabalho. Há um sentimento de descontentamento pessoal, o labor perde o sentido e passa a ser um fardo. Prof Associada Aposentada do Departamento de Psicologia, da Universidade Estadual de Maringá – PR, diretora da PSICO Centro de Formação e Desenvolvimento Pessoal. 36 De forma geral, toda e qualquer atividade pode vir a desencadear um processo de burnout, no entanto, algumas profissões tem sido apontadas como mais predisponentes por caracter[sticas peculiares das mesmas. As ocupações cujas atividades estão irigidas a pessoas e que envolvam contato muito próximo, preferentemente de cunho emocional, são tidas de maior risco ao burnout.

Assim sendo, têm-se encontrado um número considerável de pessoas que se dedicam à docência, enfermagem, medicina, psicologia, policiamento, etc. Como foi mencionado, o burnout sobrevém de um processo de estresse ocupacional. O estresse rompe com o equilbrio psicofisiológico do indivíduo, obrigando que o mesmo se utilize-se de recursos extras de energia, bem como inibe as ações desnecessárias ou incompatíveis com as estratégias de enfrentamento desencadeadoras deste contexto. Dependendo da intensidade e do tempo de duração d 20F enfrentamento desencadeadoras deste contexto.

Dependendo da intensidade e do tempo de duração deste estado, o individuo pode vir a sofrer conseqüências graves tanto em nível físico como psicológico, caso nao possa restaurar o contexto anterior ou desenvolver mecanismos adaptativos que lhe permitam restabelecer o equilíbrio perdido. No entanto, nem sempre as situações estressoras são negativas, às quais são denominadas de distresse, estas podem ser avaliadas também como positivas pela pessoa, eustresse, sem deixar de conter as características itadas acima.

Tome-se como exemplo uma situação de promoção no emprego, com conseqüênte aumento salarial e de responsabilidade. SINTOMAS Vários são os sintomas atribuídos à síndrome. Estes podem ser divididos, em 4 categorias, físicos, psíquicos, comportamentais e defensivos, que podem ser apreciadas no quadro a seguir: 37 Resumo esquemático da Sintomatologia do Burnout Benevides-Pereira (2002), pág. 44 Há que se considerar que As causas e os sintomas não são universais.

Dependendo das características da pessoa e das circunstâncias em que esta se encontre, o grau e as manifestações são diferentes. Benevides-Pereira, 2001, pág. 34). Desta forma, nem todos que estão com a síndrome apresentarão todos estes sintomas e estes podem se expressar de forma diferente em momentos diferentes na mesma pessoa. É importante ressaltar que a síndrome de burnout não traz consequências nocivas apenas para o indivíduo que a padece.

Com a perda na qualidade do trabalho executado, as constantes faltas, as atitudes negativas para com os que o cercam, assim como outras características eculiares, estas acabam por atin 30F negativas para com os que o cercam, assim como outras características peculiares, estas acabam por atingir também os ue dependem dos serviços deste profissional, os colegas de trabalho e a instituição.

Os transtornos devido à rotatividade, o absenteísmo, os afastamentos por doença além dos custos com a contratação e treinamento de novos empregados, oneram a folha de pagamento, além da queda de produtividade e de 38 qualidade que acabam por denegrir a Imagem da empresa. CAUSAS As causas do burnout também são multifatoriais. Trata-se da confluência de características pessoais, do tipo de atividade realizada e da constelação de variáveis oriundas da instituição onde o trabalho é realizado. Estes fatores podem mediar ou acilitar o processo de estresse ocupacional que irá dar lugar ao burnout.

As variáveis de personalidade, assim como as sócio- demográficas, não são em si deflagradoras da síndrome, mas diante de uma instituição comprometida, podem facilitar o desencadeamento da mesma. O quadro a seguir resume as principais características referenciadas por diversos autores (Benevides-pereira, 2002; Codo & Menezes, 1999; Firth, 1985; Gil- Monte & Peiró, 1997; Maslach, Schaufeli & Leiter, 2001; Schaufeli & Ezmann, 1998) entre vários outros que apresentam estudos sobre a sindrome. Resumo Esquemático dos Mediadores,

Facilitadores elou Desencadeadores do Burnout. (Adaptado de Benevides-pereira, 2002, pág. 69. ) 39 Desta forma, a maneira como estas características se combinam entre si, podem vir a postergar ou facilitar o processo de burnout. Por exemplo, uma pessoa com alto nivel de resiliência, em uma organização com características pre 40F uma pessoa com alto nivel de resiliência, em uma organização com características predisponentes ao estresse ocupacional, pode vir a resistir um maior tempo quando comparada a outro colega de trabalho.

No entanto, através do tempo, ou diante do aumento dos fatores negativos na instituição, ou vindo a ofrer dificuldades em nível pessoal, este equilíbrio pode se romper. Muitas vezes, um agente estressor, pode ser inócuo para uma pessoa e extremamente pernicioso para outra. Pior, o mesmo elemento gerador de estresse pode ser assaz lesivo em um determinado momento e totalmente neutro em outro, dependendo dos processos de vida que estão sendo vivenciados, o que implica em uma dimensão complexa e muitas vezes difícil de ser determinada.

NSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO O instrumento de avaliação do burnout mais utilizado mundialmente nos estudos sobre burnout tem sido o MBI Maslach Burnout Inventory, (Schaufeli & Ezmann, 1998). Publicado por Maslach & Jackson, teve sua a primeira edição em osteriormente, em 1986, após estudos que culminaram 1981. p na diminuição do número de itens e supressão da escala de intensidade, foi editada a segunda.

Trata-se de um questionário de auto-informe (auto-preenchimento), contendo 22 afirmações que devem ser respondidas através de uma escala do tipo Likert , indo de “O” como “nunca”, até “6” como “todos os dias”. Possui duas versões semelhantes, uma para profissionais da saúde (MBI-HSS, Human Services Survey) e outra para docentes (MBI- ES, Educators Survey), diferindo apenas nos itens relativos aos suários aos quais as atividades são direcionadas: pacientes ou alunos.

Com a constatação de que não só professores e profissio atividades são direcionadas: pacientes ou alunos. Com a constatação de que não só professores e profissionais da área da saúde poderiam via a sofrer de burnout, em 1 996 Maslach, Jackson & Leiter publicaram a 3a edição do inventário, denominado GS – General Survey, contendo apenas 16 itens e que pode ser empregado a todas as profissões, indistintamente.

Houve também uma alteração na denominação de duas das dimensões, despersonalização passou a ser designada de inismo e realização pessoal por eficiência profissional. Apesar de amplamente difundido, vários autores têm denunciado o fato de que algumas investigações têm demonstrado que o mesmo não vem apresentando os mesmos níveis de validez e confiabilidade dos estudos americanos (Gil-Monte & Peiró, 1 997, Schaufeli & Ezmann, 1998, entre outros). or outro lado, este instrumento não afere as 40 especificidades das profissões, como também não leva em consideração os fatores antecedentes e conseqüentes do processo (MorenoJiménez, Garrosa-Hernández, Gávez, González & Benevides-pereira, 2002). Várias foram as traduções e adaptaçóes do MBI para o Brasil (Benevides-pereira, 2001; Kurowski, 1999; Lautert, 1995), no entanto, o mesmo não está disponível para comercialização. Segundo a editora que detém os direitos autorais nos Estados Unidos, nao há interesse em repassá-los para editoras brasileiras.

Por outro lado, a Resolução do Conselho Federal de Psicologia no 02/2003 que regulamenta a utilização de testes psicológicos, dispõe que a partir do Edital no 02/03 do CFP, os psicólogos passaram a estar impedidos de empregar instrumentos de avaliação psicológica que não houvessem tido a aprovação do cons mpregar instrumentos de avaliação psicológica que não houvessem tido a aprovação do conselho, a menos que se destinasse a pesquisa, sendo que não há neste edital, nem nos subsequentes, testes destinados especificamente ao burnout. Outros questionários têm sido investigados para a síndrome.

No Brasil, há estudos com o IBP — Inventário de Burnout para Psicólogos, que afere o burnout em psicólogos (Benevides-Pereira & Moreno-Jiménez, ) o CBB – Cuestionário Breve de Burnout de Moreno-Jimenez (19) e o CBP-R – Cuestionário de Burnout para Profesores Revisado (MorenoJiménez, Garroza & González, 2000) ue estão sendo efetuados pelo GEPEB — Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Estresse e Burnout. No entanto, para que a síndrome possa ser avaliada, não há a necessidade de se utilizar o MBI ou outro teste exclusivamente destinado à avaliação do burnout.

Um psicólogo com conhecimento profundo neste tema, através de entrevistas . com o interessado, assim como com companheiros de trabalho e família), levantamento das condições organizacionais da instituição onde vinham sendo desenvolvidas as atividades ocupacionais, instrumentos que permitam uma avaliação extensa das condições psicológicas, como o Rorschach or exemplo, terá condições de fazer um bom diagnóstico e inclusive determinar um diferencial em relação ao estresse elou depressão, bem como para aquilatar a extensão e gravidade do caso.

INSTRUMENTOS JURíDICOS DISPONÍVEIS Diferentemente de outros países onde prosperam muitas pesquisas e estudos sobre o burnout, mas que até o momento não possuem uma lei que contemple esta síndrome como uma doença laboral, no Brasil o Decreto 3048/99, que regulamenta a contemple esta síndrome como uma doença laboral, no Brasil o Decreto 3048/99, que regulamenta a Previdência Social, ao tratar m 41 seu Artigo II dos Agentes Patogênicos causadores de Doenças Profissionais ou do Trabalho, aponta a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional como um agente etiológico ou como um dos fatores de risco de natureza ocupacional, tendo como causa o Ritmo de trabalho penoso (Z56. 31 Também encontramos Neurose Profissional (F48. 8), tendo como agentes deflagradores Problemas relacionados com o emprego e com o desemprego (Z56): Desemprego (Z56. 0); Mudança de emprego (Z56. 1 Ameaça de perda de emprego (Z56. 2); Ritmo de trabalho penoso (Z56. 3); Desacordo com patrão colegas de trabalho (Condições difíceis de trabalho) (Z56. 5); Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas com o trabalho (Z56. 6). Ritmo de trabalho penoso (Z56. 3).

Observa-se que estes mesmos estressares (e outros) são apontados por vários autores em relação à síndrome de burnout (Benevides-Pereira, 2002, Gil- Monte & peiró, 1997, schaufeli & Ezrnann, 1998), apesar de nao serem nesta lei relacionados ao mesmo. Este mesmo decreto prevê que durante o tempo que perdurar o afastamento, a instituição deverá continuar depositando o percentual relativo ao Fundo de Garantia e, uma vez retornando às suas atividades, é utorgado a estabilidade por um ano no emprego, fato que não ocorre caso o funcionário venha a ser afastado por estresse ou depressão, diagnósticos muitas vezes utilizados, mascarando a verdadeira condição – o burnout.

Para que tenhamos uma idéia da amplitude de recursos disponíveis entre os procedimentos previstos (e não adot 80F idéia da amplitude de recursos disponíveis entre os procedimentos previstos (e não adotados), o Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde concernente às Doenças Relacionadas ao rabalho (Brasil Ministério da Saúde (2001) orienta os profissionais da área, responsáveis elas perícias laborais, a estarem alerta a este evento pois O diagnóstico de um caso de síndrome de esgotamento profissional deve ser abordado como evento sentinela e indicar investigação da situação de trabalho, visando a avaliar o papel da organização do trabalho na determinação do quadro sintomatológico.

Podem estar indicadas intervenções na organização do trabalho, assim como medidas de suporte ao grupo de trabalhadores de onde o acometido proveio. (Brasil Ministério da Saúde, 2001, p. 194). Entretanto, apesar de possuirmos legislação que garanta o direito à assistência ao empregado, a mesma não é utilizada. Até o momento temos notícia de apenas um caso de afastamento tendo o burnout como causa. Voltando à comparação com outros países, na Espanha, por exemplo, apesar de não prevista em lei, já existem sentenças dando ganho de 42 causa a servidores, inclusive com ressarcimento por danos causados pela instituição onde eram prestados os serviços.

Entre nós, comumente justifica-se o não enquadre dos transtornos apresentados como relativos à síndrome de burnout devido à dificuldade em estabelecer o nexo causal e, desta forma o trabalhador deixa de se beneficiar dos direitos mencionados. MODELOS DE DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO Até o momento, não há um consenso sobre um modelo de desenvolvimento do processo no que diz respeito a esta síndrome. Diversos autores, em conte síndrome. Diversos autores, em contextos diferentes, empregando métodos distintos, obtiveram resultados diversos. A seguir são expostos alguns exemplos de representações da expansão da percepção, consciente ou não, dos desencadeantes do estresse culminando na síndrome de burnout.

O modelo de Golembiewski, Munzerider & Carter (1983), elaborado considerando as diversas fases de progressão da síndrome, está aseado na divisão das pontuações consideradas elevadas ou rebaixadas das três dimensões consideradas pelo MBI (Maslach Burnout Inventori). Composta por 8 níveis de graduação, começa apresentando graus baixos em exaustão emocional, desumanização e reduzida realização pessoal, até culminar em valores altos nestes três fatores. Segundo os autores, não necessariamente estes níveis se sucedem um a um, podendo haver um salto ou mais entre eles. Modelo de fases de de Golembiewski, Munzerider & Carter, 1983 A=Valor alto em relação à média ; B=Valor baixo em relação à média.

Entretando como pode ser observado, a primeira imensão a se produzir é a desumanização, o que não vem a corroborar o que em geral têm sido constatado pelos demais altores. Por outro lado, um único ponto pode representar uma grande diferença, fazendo com que um resultado considerado baixo passe para alto, alterando assim o nivel verificado. No modelo de Leiter (1993), a exaustão emocional é o primeiro ele43 mento a se manifestar, desencadeado pela carga e as exigências interpessoais do posto de trabalho. Com o aumento da exaustão, sobrevém a desumanização. Caso não disponha ou não venha a obter os resursos (tanto pessoais c 0 DF

Mito nº1 – preconceito linguistico

0

Mito no 1 “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente” O primeiro mito apontado por Marcos Bagno

Read More

Nomenclatura dos acidos

0

Pesquisar este blog ar 3 to view nut*ge on orkut on twitter on facebook on email More Sharing Services 11

Read More