Relato de caso: intervenção cognitiva em paciente com síndrome de asperger
FERNANDA ELIAS CARRASCO RELATO DE CASO: INTERVENÇÃO COGNITIVA EM PACIENTE COM SINDROME DE ASPERGER orag to view nut*ge obtenção da aprovaç requisito para uperuisionado Específico em Psicologia Clínica A-ll do Curso de Graduação da Faculdade de psicologia da pontificia universidade Católica do RIO Grande do Sul. Supervisora: Ilana Andretta TEORIA DA MENTE 17 5. 4 TECNICAS EMPREGADAS 19 5 PROCESSO DE ATENDIMENTO 22 6. 1 EVOLUÇÃO 22 6. COMPREENSÃO TEÓRICA E CONSIDERAÇÕES FINAIS 25 7 RELATO 28 7. 1 RELATO DE ATENDIMENTO MARÇO 201128 7. 2 RELATO DEA ENDIMENTO JUNHO 2011 30 APRECIAÇÃO CRITICA E AUTO AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE 36 g REFERÊNCIAS 38 I INTRODUÇÃO Esse trabalho é parte da disciplina Estágio Supervisionado Específico em Psicologia Clínica A-II. A intenção é integrar a teoria à prática dos atendimentos realizados por uma estagiária na Bitácora Centro de Neuropsicologia. ara isso, relato o acompanhamento do caso de S. , diagnosticada com síndrome de Asperger. O objetivo do presente trabalho é uma consideração a respeito dos atendimentos, aprofundando a compreensão do caso através de alicerces teóricos. Entre os aspectos teóricos erão abordados tecnicas comportamentais, treino cognitivo, desenvolvimento de habilidades de cunho laboral, entre outros. 2 DADOS DE IDENTIFICAÇAO 2. 1 ESTAGIÁRIA PAGF 20 horas semanais 2. EQUIPE DE TRABALHO A equipe de trabalho é composta por duas psicólogas supervisoras, um psicólogo responsável pela Casa Bitácora e quatro estagiários de psicologia, sendo dois da PUCRS, uma da UFRGS e um da UFCSPA, além de uma secretária. 2. 5. 1 SUPERVISÃO LOCA Juciclara Rinaldi (07/16127) Thirzá Baptista *ison (07/10642) Atividades supeMsionadas: Atendimento a pacientes neurológicos Avaliação Neuropsicológica e Reavaliação de Pacientes Reabilitação Cognitiva, acompanhamento e orientação aos familiares dos pacientes em atendimento Reunião Cientifica Seminário Teórico Supervisão de Casos Clinicos 2. 5. SUPERVISÃO ACADÊMICA Ilana Andretta (CRP 07/11576) neuropsicológica, terapia de reabilitação cognitiva individual e em grupo, psicoterapia na linha cognitivo-comportamental, consultoria na área de Neuropsicologia, grupos de estudo, cursos sobre Neuropsicologia e palestras abertas à comunidade. No que se refere à prática da reabilitação cognitiva o centro oferece, lém do atendimento individualizado no consultório, o espaço “Casa Bitácora”, que replica um pequeno apartamento, tendo ambientes como sala de estar, cozinha, quarto de dormir, entre outros, onde o paciente treina e estimula suas habilidades cognitivas.
Cada paciente tem um plano de reabilitação individualizado, estruturado a partir de avaliação neuropsicológica completa e atendmento dos familiares, visando às necessidades de cada um, com o objetivo de diminuir as limitações acarretadas pelo transtorno neurológico (como por exemplo, transtornos do desenvolvimento, traumatismo craniano, acidente vascular ncefálico, tumor, epilepsia, entre outros distúrbios). Após a constatação da existência de déficits adquiridos por lesão neurológica, é possível realizar intervenções que visam atenuar, compensar a intensidade dos déficits cognitivos adquiridos.
São exemplos de atividades realizadas na casa: organização do quarto, dobra de roupas, trabalhos no computador e Internet, preparo de alimentos, atividades corriqueiras, reaprendendo as habilidades para readaptar-se ao ambiente. Escolaridade: Pós-graduação completa 4. 2 GENOGRAMA [pic] Legenda: – paciente identificada = homem mulher coabitação = homem morto = mulher morta 4. 3 MOTIVO DE BUSCA DE ATENDIMENTO A paciente S. foi encaminhada ao psiquiatra com avaliação neuropsicológica que apontava dificuldades de socialização, inflexibilidade mental, inabilidade em compreender regras sociais e em tarefas relacionadas de abstração.
Junto ? PAGF s OF outro paciente, também com a duração de 3h. O atendimento conjunto se deu há três meses, visto que um dos principais objetivos do tratamento tem sido o desenvolvimento de habilidades soclais. O foco do tratamento é a construção de uma rotina de tividades que amplie a adaptabilidade social da paciente através do estímulo do raciocínio crítico, percepção de si no mundo e dos outros e organização do discurso.
Também são trabalhadas atividades de cuidado pessoal, pois muitas vezes a paciente apresenta comportamento de risco, ligado à dificuldade de compreensão e aceitação de regras sociais. 4. 4 IMPRESSÃO GERAL TRANSMITIDA A paciente S. é uma mulher que aparenta mais do que sua idade cronológica, altura acima da média e peso elevado. Não faz contato visual com o interlocutor. Tem cuidados com sua aparência, sem ser extremamente vaidosa. Conta muitas histórias, mas mudando o foco de si mesma para o outro.
Tem discurso prolixo e é desinibida, desde o primeiro contato relatava sobre a sua vida sexual. Durante as atividades, resmunga quando não obtém êxito, demonstrando, na maior parte do tempo, um comportamento irritado – o que não aparecia nos primeiros meses de atendimento, apesar da queixa dos pais, pois, nas sessões, fazia esforço para aparentar bom relacionamento com os pais e uma vida social não condizente com a realidade. PAGF 6 71 anos e é desembargador aposentado, a mãe tem 68 anos e ? procuradora estadual aposentada, tendo se mudado diversas vezes devido à profissão dos pais.
Seu irmão é promotor da Justiça. A gestação de S. foi sem intercorrências médlcas, nasceu a termo de parto normal com o uso de fórceps. Foi amamentada com o leite materno até os dois meses. Engatinhou só depois de começar a caminhar, o que aconteceu aos 18 meses. Aos quatro anos S. começou a frequentar uma escola maternal e não apresentou dificuldade de adaptação, no entanto, realizou acompanhamento psicoterápico, por ter sido observado seu isolamento das outras crianças. Das lembranças de sua infância, S. elata que seu irmão, quando bebê, tinha a cabeça muito grande e a paciente adorava abraçá-la, pois parecia uma bola, mas não apertava com força porque sabia que poderia machucá- lo. Também relata quando usou uma cadeirinha para alcançar um pão com veneno de rato que sua mãe havia preparado como armadilha para os roedores, tendo que ir ao hospital às pressas e fazendo lavagem estomacal. S. cursou o ensino fundamental e ensino médio em escolas particulares de Porto Alegre. Teve uma reprovação no segundo ano do ensino médio, por ter dificuldades em Matemática.
Lembra de si no período como sendo uma pessoa tímida, que não se juntava aos grandes grupos – “Sempre fui muito retraída, não tinha iniciativa” (sic). Ao concluir o ensino médio, realizou exame vestibular para Química e foi aprovada na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PIJC/RS. A paciente conta que escolheu o curso devido ao encantamento pelo seu professor de Química no colégio, mas depois de dois semestres, percebeu que não gos PAGF 7 encantamento pelo seu professor de Química no colégio, mas depois de dois semestres, percebeu que não gostava da área, ransferindo-se para o curso de Letras.
A paciente levou dez anos para graduar-se, estando de 1989 a 1999 na faculdade, época na qual teve sua primeira relação sexual, com um colega de curso com o qual não havia tido nenhum relacionamento anteriormente. Além da faculdade de Letras, S. fez um curso de pós-graduação na Universidade Ritter dos Reis, na área de revisão de texto. Entre 1 990 e 2000, S. trabalhou no Tribunal de Alçada como Auxiliar Administrativa, cargo indicado pelo pai – “Nepotismo, tomara que não me achem! ” (sic), relata a paciente sobre as indicações.
Diz que foi um período de bastante crescimento, pois trabalhava sua timidez ao lidar com pessoas. Prestou vários concursos públicos nesse mesmo período, não sendo aprovada em nenhum. Entre 2001 e 2006, trabalhou na Assessoria de Comunicação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, como revisora de textos do Jornal da Assembleia. Atualmente, S. está desempregada desde que foi demitida da Assembleia (assunto sobre o qual evita falar) e mora juntamente com seus pais, com quem tem um relacionamento conturbado, principalmente com a mãe.
Faz curso de Inglês duas vezes por semana pela manhã, companhamento psiquiátrico uma vez por semana, além das duas vezes na semana em que frequenta a Casa Bitácora. Menciona que gostaria de trabalhar como revisora de texto, não sabendo explicar o motivo pelo qual não investe nessa área. 5 REVISAO TEORICA 5. 1 SÍNDROME DE ASPERGER Em 1944, Hans Asperger descreveu um grupo de crianças com distúrbios sociais simi Em 1944, Hans Asperger descreveu um grupo de crianças com distúrbios sociais similares aos do autismo, porém com linguagem e inteligência geral relativamente preservadas.
O termo “síndrome de Asperger foi usado pela primeira vez por Wing (1981). NO DSM-IV-TR (APA, 2003), Asperger é descrito como um transtorno invasivo do desenvolvimento, sendo descritos os critérios para diagnóstico dessa síndrome incluindo comprometimento significativo na interação social; padrões de comportamento restrito, repetidos ou estereotipados; funcionamento social restrito; ausência de atraso significativo da linguagem ou do desenvolvimento cognitivo. A.
Comprometimento qualitativo da interação social, manifestado por pelo menos d01S dos seguintes quesltos: (1) Comprometimento acentuado no uso de múltiplos omportamentos não verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social. (2) Fracasso ao desenvolver relacionamentos apropriados ao nível de desenvolvimento com seus pares. (3) Ausência de tentativas espontâneas de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (p. ex. não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse a outras pessoas). (4) Ausência de reciprocidade social ou emocional. B. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades manifestados por pelo enos um dos seguintes quesitos: (1) Insistente preocupação com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesses, anormal em intensidade ou foco. (2) Adesão aparentemente inflexivel de interesses, anormal em intensidade ou foco. (2) Adesão aparentemente inflexível a rotinas e rituais específicos e não-funcionais. 3) Maneirismos motores estereotipados e repetitivos (p. ex. , dar pancadinhas ou torcer as mãos ou os dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo). (4) Insistente preocupação com partes de objetos. C. A perturbação causa comprometimento clinicamente mportante nas áreas social e ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento. D. Não existe um atraso geral clinicamente importante na linguagem (p. ex. , utiliza palavras isoladas aos dois anos, frases comunicativas aos três anos). E.
Não existe um atraso clinicamente importante no desenvolvimento cognitivo ou no desenvolvimento de habilidades de autocuidados próprios da idade, no comportamento adaptativo (outro que não na interação social) e na curiosidade acerca do ambiente na infância. F. Não são satisfeitos os critérios para outro transtorno global do desenvolvimento ou esquizofrenia. APA, 2003, p. 111) Ryan (1992), colaborou para a especificação mais detalhada das características diagnósticas da síndrome de Asperger.
Relata que a aquisição da linguagem em pacientes com síndrome de Asperger é retardada, pessoas com a síndrome podem ter dificuldades com gramática e substituição pronominal a vida inteira. O conteúdo da linguagem pode ser pedante e repetitivo. Piadas complexas não são compreendidas e a linguagem aparece sempre de forma recitada, algumas vezes inapropriada, como se fosse uma leitura. Também em relação à comunicação verbal, costuma-se notar a existência