Resumo ócio criativo
Comecemos a falar do período da história de 70 milhões de anos atrás, quando se tem notícia dos primeiros sinais de vida na terra. Passemos depois para 700 mil anos passados, quando o homem aprendeu a se criar, a andar ereto, a cuidar da prole. Mais tarde, a descoberta do cérebro com seus 100 bilhões de neurônios, dos quais mais de 15 bilhões constituem o córtex cerebral, responsável pela racionalização, o pensamento lógico, que passou a ser, ao longo da própria história, o mais desenvolvido e valorizado.
Assim, o ser humano deixou de se importar com a estética, a beleza, o bem-estar, sendo apenas a lógica necessária ? vida. Também por isso, a maioria dos ambientes de trabalho ainda é horrível, com cores neutras, moveis e decoração do tipo hospitalar, nenhuma Depois do autodesen da semente, novas f aprender, o advento então, significava col w to view gosto, a estética. o a descoberta necessidade de , aprendizagem, até bjetivo de moldá-lo de acordo com os interesses do grupo de re erência. Filosofia era, segundo Francis Bacon um amontoado de tagarelices de velhos estonteados para jovens desocupados.
Vindo a ocorrer, mais tarde, um salto de época, ou mudança de paradigma, resgatando ovos valores para a ciência, a cultura, o aprendizado. Gerando novas epistemologias e novas formas de ver o mundo e os seus processos. Ultrapassando a import¿ncla do puro e simples trabalho manual – uma coisa feita para ma Swipe to víew next page macacos — bastando observá-lo por alguns minutos para aprender a fazê-lo e repeti-lo para sempre. Mudança de paradigma apenas acontece quando coincidem: novas fontes energéticas e novas divisões do trabalho e do poder.
A mudança de um ou de alguns destes aspectos é apenas inovação. Mudança só acontece quando todos mudam em ondas ou períodos) curtas, médias, breves ou longas. Vem depois o direito de propriedade, diferenciando substancialmente o homem dos outros animais e o trabalho é sistematizado, segundo Marx, para produzir coisas espirituais para os ricos e idiotices e imbecilidades para o trabalhador; culminando com a Encíclica Papal de João Paulo II, de que a caridade deve ser exercida pelos ricos, e, a paciência, pelos pobres.
Certos trabalhos, como os domésticos, se adequam à natureza das mulheres, criando-se assim, uma massa – uma mediocridade coletiva – que de acordo com Stuart Mill, que vem culminar com a elevisão como instrumento de dominação consensual, inclusive para facilitar a burocracia e dificultar a criatividade, intervindo na natureza humana para melhor dominá-la.
A passagem de uma economia de produção para uma economia de serviços faz com que paulatinamente os ricos se tornem menos e muito mais ricos e os pobres aumentem em número e em pobreza. O que muito influiu os partidos de esquerda que, difundiram que quanto mais fracos são os paises capitalistas, mais chances têm de chegarem ao poder; ou conquistando votos, ou estabelecendo alianças com forças da direita, pagando este poio com uma política conservadora.
Chegamos a ponto de que o único emprego remunerado dispon PAGF 33 Chegamos a ponto de que o único emprego remunerado disponível é do intelectual criativo. Aquele que não estiver preparado para isto, terá como futuro o desemprego. O trabalho de produção decresce numa dimensão geométrica, enquanto o criativo cresce numa proporção apenas aritmética e os operários braçais deixarão de ser uma força revolucionária. Tudo hoje é tecnologia. Até um frango tem mais tecnologia do que carne.
Enquanto isto, muitos economistas – conselheiros do príncipe – azem tudo para ocultarem esta dura realidade. Deveria ser melhor divulgado o número de empregos que são suprimidos e, não so, os que são criados. O futuro pertence aos que sabem usar mais a cabeça e menos as mãos. A pesquisa, a psicologia, o marketing, a arte, a educação, estas são as funções do futuro e não mais a guerra, o petróleo, a fabricação de parafusos e geladeiras.
Milhões de homens ainda conseguem os meios de sobrevivência estritamente necessários somente por meio de um trabalho cansativo e fisicamente desgastante, moral e espiritualmente deturpador e são obrigados a considerar uma orte, a desgraça de terem achado o tal trabalho. O atual modelo capitalista reflete paradoxos que são desonestamente ocultos por cientistas e sociólogos europeus e americanos. Como, por exemplo, a poderosa importância da tecnologia que não pode mais ser dirigida por indivíduos isolados.
Precisamos absorver os princípios fundamentais da sociedade pós-industrial: a) passagem da produção de bens para a produção de serviços; b) importância dos profissionais liberais e dos técnicos em relação aos o a produção de serviços; b) importância dos profissionais liberais e os técnicos em relação aos operários; c) a importância do saber tecnológico como um primado das idéias; d) gestão integrada do desenvolvimento técnico; e) criação de uma tecnologia intelectual: máquinas inteligentes e capazes de substituir o esforço racional humano.
Portanto, é a subjetividade que orientará a vida e o trabalho daqui para frente, como podemos refletir a partir do poema de Carlos Fuentes quando nos indaga: ‘Viemos aqui para chorar. Estamos por morrer ou por nascer? ‘ Como a geração dos revolucionários do passado, somos nós aqui a termos a responsabilidade de mudança. E devemos começar por nos mesmos aprendendo a não rejeitar antecipadamente o novo, o surpreendente, aquilo que parece ser radical.
O que significa afastar os destruidores de idéias, que, apressadamente, reprovam qualquer proposta nova como irracional. Eles defendem tudo aquilo que já existe como racional, independente do quanto possa ser absurdo ou superado. Isto significa lutar pela liderança de expressão, pelo direito de manifestar as próprias idéias e reinvindicar este processo de reconstrução antes que o totalitarismo retorne às praças, tornando impossfi. ‘el uma transição pacífica rumo à democracia o Séc. XXI.
Vamos ter de inventar algo novo, além da matéria similar, dos motores e da inteligência artificial; dos recursos materiais como o barro, o ferro, a fabricação de materiais; incluindo aí a subjetividade que é a satisfação de desejos de indivíduo para indivíduo e daí para os nichos de mercados. O homem sempre oscilou entre dois desejos: o d 3 indivíduo para indivíduo e daí para os nichos de mercados. O homem sempre oscilou entre dois desejos: o de distinguir e o de homogeneizar num processo de dois séculos de homogeneização absolutamente imposto pela indústria.
Hoje, a ecnologia nos permite diferenciar, e é o que estamos fazendo. Evoluímos da homogeneização para a diferenciação, o que nos referenda Toffler, quando nos fala da desmassificaçao da mídia, criando ambientes inteligentes armazenados pelo computador; trabalhando em casa, estabelecendo relações virtuais com amigos e parentes; conjugando o pequeno, o grande, o individual e o coletivo. O artesanato era pequeno e bonito, depois veio a indústria grande e feia.
Atualmente, conseguimos de forma distinta as duas dimensões, fazemos compras nos supermercados e encomendamos um móvel sob medida a um carpinteiro. As coisas mudam, confluem-se; o presente é o porvir, o coração da sociedade é a informação, o tempo livre e a criatividade científica jamais deram tanta importância à estética, fazendo o que é belo possuir sentido. A burocracia, uma doença endêmica, está dando lugar à saúde criativa, exigindo que não só nos oponhamos ao projeto do outro, mas, para sobreviver, teremos de ter um projeto próprio. A fabricação achata a diversidade.
Os poucos milhardários do mundo são mais ricos do que a metade da população planetária como um todo, o que, mais que um absurdo é um crime. As várias formas de co-globalização estão presentes e potencializam seus efeitos nefastos reciprocamente, são eles: a) conhecer e mapear o planeta; b) escambo – troca de mercadorias; c) colonização materi PAGF s 3 conhecer e mapear o planeta; b) escambo – troca de mercadorias; c) colonização material dos povos limitrofes; d) invasão dos mercados com as próprias idéias e moedas; e) globalização psicológica, sem dúvida, o efeito mais forte.
Vivemos em uma cidade e trabalhamos em outra, tiramos férias em uma terceira; tudo mescla certa fragilidade impotente erando uma competição cada vez mais opressiva entre concorrentes mais numerosos e mais aflitos com o perigo de perder o que está em jogo. A globalização aumenta os níveis de competitividade, provocando oscilação entre a euforia e o temor. Achatando cada vez mais a diversidade, num astuto plano de exploração e selvageria. Ao contrário, a civilização nasce do tempo Ilvre, do jogo, do sexo, do prazer. ?, portanto, impossível só trabalhar quando trabalhamos e só jogar quando jogamos, não misturando estas coisas e tendo como único objetivo desempenhar um trabalho e ser pago por ele. ó quando o trabalho estiver pronto que começamos o jogo, mas nunca antes, de conformidade com Henry Ford. Foi a indústria que separou o lar do trabalho, a vida das mulheres da vida dos homens, o cansaço da diversão e o trabalho assumiu uma importância desproporcionada, tornando-se a categoria dominante na vida humana em relação a qualquer outra coisa. “É melhor que a vida e o trabalho se separem… les têm lógicas e culturas diversas e a riqueza da existência está em combinar os tempos e os âmbitos de cada um. Segundo Aris Acornero, a justaposição de ambos é um mito a ser esconjurado. Meu parecer é justamente o oposto. Quanto mais a natureza do trabalho se limita a m PAGF 6 33 esconjurado. ” Meu parecer é justamente o oposto. Quanto mais a natureza do trabalho se limita a mera execução e implica em puro esforço físico, mais ele se pnva da dimensão cognoscltiva, da dimensão lúdica e da dimensão da flexibilidade. A plenitude da atividade humana apenas é alcançada quando se acumulam o estudo, o trabalho e o jogo.
Aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu tempo livre, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e sua recreação. Distingue uma coisa da outra com dificuldade. Almeja a excelência em qualquer coisa que faça, deixando aos demais a tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo. Ele acredita que está sempre fazendo as duas coisas ao mesmo tempo. A intelectualidade prescinde à habilidade manual, devemos usar mais a cabeça do que a força física e entre as habilidades intelectuais a mais apreciada é a criatividade e o aspecto técnico prescinde do estético. ? a estética que conduz à subjetividade. É preciso melhorar o produto e o processo da sua confecção, ssim teremos mais objetos e mais tempo livre para usufruir deles. Minimalismo do consumo; já temos muitos livros e muitos discos, é chegado o momento de desfrutá-los. Outros valores emergentes são a emotividade e a feminilidade. Devemos valorizar sem temor a esfera afetiva. A racionalidade permite-nos executar bem as nossas tarefas, mas sem a emotividade não é possível criar nada de novo. ? chegado o fim do ‘homossexualismo masculino’ intelectual ou separatismo machista das dimensões intelectuais entre os homens. Já faz parte do passado PAGF 7 3 separatismo machista das dimensões intelectuais entre os homens. Já faz parte do passado as mulheres, quase sempre semi-analfabetas, que ficavam confinadas em casa, em convivio com as escravas e entregues aos serviços domésticos, grosseiros, humilhantes e quase pueris. O que se referia à beleza, ? solidariedade, à natureza, à emotividade era relegado a um segundo plano e delegado à mulher, ao lado da criação dos filhos e do ensino.
E muitas delas ainda conduzem o machismo que, como a hemofilia, quem padece da doença são os homens, mas quem transmite são as mulheres, o que advem deste modelo machista de se viver. Partimos agora para uma sociedade andrógina, sem papéis ierárqucos rígidos para homens e mulheres. Hoje são as máquinas que realizam as funções cansativas e repetitivas, deixando para os humanos de todos os géneros, e, sem distinção, as atividades flexíveis, intuitivas e estéticas. A sociedade deve facilitar a riqueza da pluralidade, com poder de decisão tanto de mulheres quanto de homens.
Os homens estão perdendo a hegemonia e adotam medidas femininas: cuidando do corpo, usando adornos e cores vistosas, demonstrando amor, afetividade, cuidando da casa e das crianças. As mulheres estão se desenvolvendo na vida pública, com mais acesso às poltronas o poder. O nascimento de um filho altera a vida dos dois: pai e mãe. E ao desejo e a busca da plenitude dá-se o nome de amor, e, não mais, de autoritarismo e competição. Somos nômades e começou a era do horror ao domicílio fixo. Primeiro fomos nômades, depois, sedentários. O nomadismo difuso leva à elasticidade mental para lidar depois, sedentários.
O nomadismo difuso leva à elasticidade mental para lidar com novas pessoas, momentos e lugares, vendo a sociedade por ângulos diversos. Mudar de lugar estimula a criatividade, viaja-se com a mente mesmo que o corpo não se mova. Contudo, o excesso de recursos de hoje em dia, zera o número de pessoas que não se movem, para o quê, precisamos de uma maior autonomia e independência. Quem não dispõe de pelo menos dois terços do próprio dia é um escravo, não importando o que seja no resto: homem de Estado, comerciante, funcionário público ou estudioso; recobrando aqui uma citação de Nietzsche.
Necessitamos de uma redução mais que drástica dos horários de trabalho e acabar com a força supérflua, tanto dentro quanto fora da empresa. Proponho cinco ou seis horas por dia, de três a quatro dias por semana e três semanas por mês de trabalho. ? errada a convicção de que quanto mais o empregado permanecer na empresa mais produzirá, pois o que se pede hoje ao trabalhador são idéias e não coisas. Quanto mais se fica na empresa, preso, como num aquário, menos se tem estímulos criativos. Esta forma torna a organização um amontoado de regulamentos inúteis à sua eficiência e danosos à sua produtividade.
A ordem é expulsar o “overtime”, sendo o tempo ideal de trabalho vinte e oito horas semanais e três semanas por mês. As pessoas devem aprender a curtir mais o tempo livre e usá-lo para si. Ficar no emprego mais tempo que o necessário só serve para nventar coisas prejudiciais e aumentar gastos e custos para as empresas que são habitudinárias como paquidermes e repetem a vida inteira as mesmas custos para as empresas que são habitudinárias como paquidermes e repetem a vida inteira as mesmas coisas sem que percebam a sua inutilidade.
Bertrand Russel, em O elogio do ócio afirma que é possível garantir para toda a humanidade um nível razoável de qualidade de vida, desenvolvendo e equilibrando a capacidade de trabalho, evitando que quem tem trabalho morra de trabalhar, enquanto o restante morre de fome, o que ele chama de “o antagonismo do bsurdo” ou “o sistema do caos”. As organizações têm uma compulsão ao conservadorismo e para expulsá-la, pequenos retoques já não bastam.
Precisamos ousar mais, incluindo o teletrabalho, a semana brevíssima, melhorando a organização, as formas de trabalhar e a vida das pessoas que passarão a planejar um fim de semana com três ou quatro dias, a repensar seus relacionamentos, a cuidar melhor do jardim, da casa, das crianças e da sua própria emotividade, para assim poderem curtir melhor o tempo livre que passarão a ter, com o quê, automaticamente, melhorarão o mundo. Vamos ter que mudar toda a existência da organização e a vida do empregado dentro e fora dela.
Agora, com a Internet, tudo pode ser modificado com muito mais facilidade. Devemos evitar que o individuo, uma vez liberto, depois de décadas continuas, não saiba lidar com esta nova situação, tendo dificuldades para enfrentar este impacto de liberdade. uma pessoa que não tem tempo livre há anos precisará de uma reeducação para aprender a utilizá-lo, é lógico. As gerações atuais são muito mais fluidas, móveis e centradas em interesses rápidos e transitórios, enquanto a ideologia social continu