Se ´preto´ é cor; ´negro´ é raça?

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” PRETO é cor; a “raça” é negra”? Alimentando o ovo da serpente. No combate ao racismo é imperiosa a desconstrução da linguagem de pertencimento racial. No espaço de uma semana, em dois tópicos, sucessivos e concorridos debates na internet sobre racismo no portal LUIS NASSIF ocorreu o uso abusivo em mais de duzentas vezes, da classificação racial dos pretos e pardos na condição racial de “negros” Cl 9/02, ‘ Preconceito sutil é mais forte e perpetua o racismo’; e 18/02, ‘O DNA dos “Negros” e Pardos brasileiros ,) http://www. dvivo. com. br/blog/luisnassif/preconceito-sutil-e-mais -forte-e-perpetua-racismo. Ficou obvio o uso da linguagem racialista que é fonte dos debatedores, se racistas. A maioria re bem exposto no text http://www. cartamai OF S. wp next page combater. O perfil as e ativistas não do racismo sutil, tão LVES . liseMostrar. cfm ? oluna_id=4967 denunciando o cartunista ZIRALDO, com provas textuais, da prática do racismo na linguagem que uniu, com o intervalo de um século, dois expoentes da literatura infantil: ZIRALDO do sutil ‘ Menino Marron’ resolveu sair às ruas no carnaval de 2011 determinado a propagar a defesa da odiosa pregação racista e eugenista de MONTEIRO LOBATO, mentor ntelectual de um plano de genocídio da raça negra proposto no livro ‘O Presidente Negro’ , a “solução final” para erradicar a “raça inferior’. http://pt. wikipedia. rg/wiki/O_Presidente Negro. Na condição de escritores para crianças, ambos utilizaram com maestria da poderosa -lal Studia Sv. ‘ipe to View next page poderosa arma da linguagem para a sedução às suas crenças, da fértil mente e frágil alma. ARISTÓTELES, em a Política, afirma: somente o humano é um “animal politico”, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais ossuem voz e com ela exprimem dor e prazer, mas o humano possui a palavra (logos) e, com ela, exprime o bom e o mau, o justo e o injusto.

Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política e, dela, somente os humanos são capazes. ” É isso: a linguagem capacita o homem, para o bem ou para o mal. A identidade política da ‘ raça negra , em vez da cor preta, expresso no slogan, é uso perverso e irresponsável da linguagem que consolida a crença racial, semente de mais e mais racismo. Qualquer identidade racial é odiosa. No combate ao racismo é essencial o pressuposto da gualdade humana a partir da única espécie humana. Consiste, ainda, na negativa, reiterada, de qualquer ‘ raça ‘ humana.

A espécie é única, formada por 6 bilhões de indivíduos diferentes. Por isso é assustador a naturalidade de quase todos, sem receio e sem respeito à linguagem, política e conceitualmente, corretas (LPCC), utilizarem-se da imposição arbitrária da alcunha racial “negros” para designação dos afro-brasileiros. Isso é alimentar o ovo da serpente. Essa designação racial não nasceu no meio e costumes dos afro-brasileiros. Ela foi construída na academia no éculo 20, sob a forte influência da eugenia, do racismo e da guerra-fria, influentes no meio intelectual.

Os afro-brasileiros jamais praticaram a definição de uma identidade política como pertencentes à raça negra. A noss 20F praticaram a definição de uma identidade politica como pertencentes à raça negra. A nossa narrativa histórica é de repudio a esse pertencimento racial. Basta ver, desde o século XVI , que a resistência e busca da liberdade não se fez por negros • . Não há registros de Quilombos ou Irmandades de “negros”. As terras ocupadas foram e ainda são “terras de pretos”.

Na organização social foram milhares de Irmandades, Igrejas e cemitérios de “HOMENS pretos”, “HOMENS pardos” e “Pretos Novos”. Na umbanda, a reverência é ao “preto- velho”. Nossos avós eram homens e mulheres de cor. Jamais foram “negros”. Essa é a verdadeira narrativa dos afro- brasileiros que merece respeito. Queremos e exigimos ações afirmativas para o combate às discriminações e a neutralização de exclusões injustas e almejamos a promoção estatal de oportunidades iguais, porém, sem o sacrifício do conceito da igualdade espécie humana e sem a violação da nossa propria dignidade. ?? isso o que pensam 2/3 dos afro- brasileiros conforme a única pesquisa específica realizada no Rio de janeiro em 2008 (CIDAN/IBPS), que por expressiva maioria de 63%, superior à que, sem questionamentos, elege lideres mundiais LULA. DILMA e OBAMA rejeitam leis raciais. http://www. ibpsnet. com. br/descr_pesq. php? cd=83 A CRIAÇAO DA ‘RAÇA NEGRA Em nossa língua histórica da palavra • negro significa o acatamento da classificação racial: o escravo era de • raça inferior e não significava a cor da pele.

O “negro” poderia ter qualquer cor, por acaso conjuntural, foram os pretos. Até 1755 os índios ram “negros da terra”. A palavra define a atribuição aos pretos do pertencimento a uma raça inferior, assim 30F terra”. A palavra define a atribuição aos pretos do pertencimento a uma raça inferior, assim designada pelo racismo no século 18. Todavia, os afro-brasileiros jamais acolheram a identidade “negra”. Contra essa linguagem há o império de princípio essencial da pesquisa antropologia: é que a narrativa do “nativo” nunca esta errada.

O observador não detém verdade superior para ser imposta: tem o dever de ouvir e, com humildade, respeitar e entender como verdade absoluta a narrativa e consciência do grupo nativo. É a doutrina da neutralidade absoluta exigido na coleta de narrativas, palavras e expressões características da mentalidade do grupo para a compreensão da sua visão do mundo. O que a academia tem feito ao nos classificar como raça negra é violar tal princípio para impor aos afro-brasileiros auto-declarados pretos e pardos uma falaciosa classificação racial de “negros” que historicamente não narramos.

Se, portanto, a condição de “negro” não tem a origem na narrativa do grupo é uma Imposição exterior, artificial, falsa, uma fraude intelectual. Não se trata aqui, de simples questão semântica. Nem se trata de super dimensionar a chatice da LPCC. Trata-se de reconhecer a linguagem como edificadora ou demolidora da pretensão politica de ideais mais nobres e, os escritores, em especial os que semeiam para jovens, de LOBATO a ZIRALDO, cientes disso.

JOAQUIM NABUCO, no prefácio de ‘0 Abolicionismo’ (1863) anuncia a sua aspiração maior: “Quanto a mim, julgar-me-ei mais do que recompensado, se as sementes de liberdade, direito e justiça, que estas páginas contêm, derem uma boa colheita no solo ainda virgem da nova geração” (p. 2; abril de 1. 86 40F ontêm, derem uma boa colheita no solo ainda virgem da nova geração” (p. 2; abril de 1. 863). A oposição ao racialismo estatal exige que na articulação de políticas públicas de combate ao racismo é preciso considerar essa poderosa força da linguagem.

Nas referidas centenas de comentários no portal, os afro- brasileiros foram designados por negros • para milhares de leitores que reproduzirão a falsidade. Se legitimada essa linguagem, o racialismo estará institucionalizado. Na Internet, esses debatedores representam bem a síntese do Brasil mais lúcido, esclarecido e ativista, o que é agravante: são ormadores de opinião e, pelo perfil, estão quase todos empenhados na edificação de uma sociedade mais justa e igualitária. Entretanto se utilizam de uma linguagem racista viciada pela designação imposta pelos ideais do racismo.

Hoje, em qualquer trabalho acadêmico e nos reiterados discursos de defensores da raça estatal, manipulam-se as estatísticas e no grupo racial de “negros” está contida a arbitrária soma de brasileiros que se definem perante o IBGE como pretos e pardos. A tal “raça negra” é decisão burocrática distintas da narrativa. O grave disso é que está consagrado na Lei 12. 88/10, ‘ Estatuto da Igualdade Racial’. Sobre o tema, DEMETRIO MAGNOLI denuncia: . Com que direito o Estado rouba-lhes a voz (de pretos e de pardos) e as declara “negros’? Há uma armadilha na linguagem.

Ela consiste em batizar os indivíduos com o nome de uma raça. A prática, repetida à exaustão, cria a ilusão de que existem raças “branca” e “negra”, tanto quanto as montanhas, rios, lagos e espécies biológicas (http://noracebr. blogspot. com/2009/11 /o-que-ha-num-nome . html). E rios, lagos e espécies biológicas . (http://noracebr. blogspot. com 12009/11 /o-que-ha-num-nome. html). Entrementes, no livro, Uma Gota de Sangue ‘ (2009), MAGNOLI a despeito da convicta motivação de combate ao perigoso racismo estatal, nos designa como população “negra” com o atenuante de manter a palavra sob aspas.

Como visto ao utilizar a linguagem racialista mesmo que seja com a saudável intenção de repúdio ao racismo, mesmo quem deseja destruí-lo, apóia-se, por descuido, na lógica semântica do racismo conceitual que alimenta a própria crença racial e sua hierarquia implícita. Outro exemplo disso ocorre na literatura acadêmica ou não. Nos livros, traduz-se as palavras designativas da identidade dos fro-americanos, black people ou afro-americans, como se fosse a população ‘ negra • , palavras que não são sinônimas nem no inglês ou em português.

Em nenhuma resenha se faz uma crítica para o erro crasso. Afinal, a palavra ‘negro ‘ foi escolhida pelo racismo para definição da raça inferior pelo seu relevante e sinistro significado. Tem a mesma raiz etimológica de nekrós (sem vida, morte, cadáver = necro, necrotério, necrose, necrofilia etc) definidoras do que não tem vida, nao tem luz ou é relativo ? morte. “Negro” designava o escravo em geral, reservando aos ?ndios serem “negros da terra” até o édito “Directório do Índio” (1. 755) de Marquez do Pombal. Então, proibia a escravidão indígena e vedava sua designação por “negro”.

O ato visava sua inclusão na sociedade civil e atendia a interesses do Rei, porém, Já se fundava nas teorias do iluminismo sobre a origem e fundamento da igualdade humana (APEB, m. 603, fl. 20v) http://www. histedbr. fae. unicamp. br 6 OF e fundamento da igualdade humana (APEB, m. 603, fl. 20v) http://www. histedbr. fae. unicamp. br/navegando/artigos_frames ‘artigo_073. html. Ao mesmo tempo a designação dos pretos pela lcunha de “negros”, servia ao racismo para restringir a força dos ideais iluministas não contemplando com direitos humanos essa “raça” inferior.

Aliás, em nome do combate ao racismo exige-se da academia um esforço na correição disso: essa linguagem tem sido fonte do neo-racialismo que exige tanto esforço para ser contido. Não são os pretos e os pardos que se auto designam ‘ negros’ . Primeiro foi o racismo em seu nascedouro. Depois o Estado acolheu, no auge da divisão racial dos humanos, através do ‘ Directório’ explicitando em seu artigo 10: ‘negro • é designação Indigna, nfamante e degradante, proibida de ser empregadas aos índios, a quem S.

Majestade reconhecia a inteira humanidade, pois reservada aos ‘pretos’ da Costa de África, diz a letra da lei pombalina. Até então os africanos traficados, eram humanos da cor preta, de quem o racismo vem retirar a humanidade e lhes atribuir a condição de raça negra, a raça inferior. Um dos primitivos sentidos da palavra “negro” era “escravo”. Por isso a palavra é ofensiva em países africanos e Estados Unidos, onde é empregada a palavra black que literalmente corresponde ? palavra preto, ao invés de niger (negro).

O ‘OVO DA SERPENTE• A parábola do Ovo da Serpente’ , consagrada em filme, refere-se ao período entre a 1a e 2a guerra mundial, em que as potências ocidentais flertaram e conviveram com a ameaça do nascimento do nazismo. Os ovos das serpentes são transparentes e basta colocá-los de frente à luz do sol, para ver os nazismo. Os ovos das serpentes são transparentes e basta colocá-los de frente à luz do sol, para ver os filhotes em formação: o nazismo e seu racismo estavam sob a luz do sol.

A academia, após a 2a guerra e os desafios do combate ao racismo nazi-fascista, foi quem introduziu nos livros, nas teses e as pesquisas o ‘negro’ como um objeto racial. A academia não o fez por mal, quase sempre. O fez, numa época em que se acreditava em raças e até mesmo que o pertencimento racial poderia ser uma manifestação politica positiva. Florescia a guerra fria e a disputa entre os aliados vencedores da 2a guerra. O império capitalista e o império comunista disputavam corações e mentes.

FLORESTAN FERNANDES, marxista, considerava a identidade • racial’ para compreensão da questão da exploração de Raça & Classe “preconceito e a discriminação raciais estão resos a uma rede da exploração do homem pelo homem e que o bombardeiro da identidade racial é o requisito da formação de uma população excedente destinada, em massa, ao trabalho sujo e mal pago… ” (Florestan, 1989, p_28). CLOVIS MOURA, comunista, importante sociólogo afro-brasileiro, ideólogo do MNIJ nos anos 1970, acreditava na identidade racial para a consciência pol[tica de luta dos “negros”.

No século 21, o antropólogo “BENGUELE MUNANGA e outros intelectuais abandonam a lição primaz da antropologia consagrada na absoluta neutralidade, contrariam a arrativa histórica dos afro-brasileiros, induzindo o equivocado entendimento da imposição da identidade racial, municiando ativistas do neo-racialismo estatal, alterando identidades censitárias e tripudiando sobre a mestiçagem, para se contrapor ? verd 80F alterando identidades censitárias e tripudiando sobre a mestiçagem, para se contrapor à verdade sociológica de Gilberto Freyre: a nossa mestiçagem é cordial.

A doutora FATIMA DE OLIVEIRA, médica, afro-brasileira e militante contra o racismo, é categórica: “O BRASIL É UM PAÍS mestiço, biológica e culturalmente… No contexto da mestiçagem, ser negro ossui vários significados, que resulta da escolha da identidade racial que tem a ancestralidade africana como origem (afro- descendente). Ou seja, ser negro, é, essencialmente, um posicionamento político, onde se assume a identidade racial negra. (Ser negro no Brasil; http://historiaemprojetos. blogspot . com/2008/11 Ineste-texto-mdica-feminista-ftim a-de. html. As universidades, através do uso irresponsável da linguagem racial, produziram uma monstruosidade: uma geração de afro- brasileiros militantes da raça estatal, alguns bem intencionados, brincando com a metáfora, alimentar o ovo da serpente através o uso politico de uma identidade racial fraudada, sementes de ódios raciais. ara isso os defensores da identidade racial desconsideram a sabedoria do saudoso MILTON SANTOS, para quem, nos diferenciando da sociedade norte-americana, afirmava, assustado com os rumos tomados pelo movimento negro: “a nossa miscigenação e tolerância relativa é algo virtuoso e deveria ser um ponto de partida para os afro-brasileiros, o que não pode ser desprezado; nao gosto do tratamento separado; quero ser apenas brasileiro como outro qualquer… “. h ttp://www. outube. com/watch? v=xp9_fPuYHXc PRETO ÉCOR;a ‘raça’ é NEGRA? Ao contrário do que pensam os racialistas, o combate ao racismo não tem vínculos ideol contrário do que pensam os racialistas, o combate ao racismo não tem vínculos ideológicos com a luta de classes sendo, portanto, desnecessária a tal ‘identidade racial’ oriunda de guerra fria. Não há mal algum na designação da cor dos humanos• preto, branco ou pardo, é simplesmente a cor da pele.

Isso não é raça. Se a pessoa de pele branca é designada ‘ branca ‘ , por que não ‘preta’ a pessoa da cor preta? O que não pode continuar é o uso dessa linguagem racial reprodutora da classificação racial, endo praticado por quem, de fato, queira destruir a crença racial. Essa verdade está contida, de forma inversa, na campanha racialista conduzida por ONG’s de afirmação racial: ‘ preto’ é cor; a ‘ raça’ é negra.

Essa campanha e outras, apoiadas nos vícios da academia e financiadas por Foudacion s norte americanas, negam a humanidade da cor de pele e visam impor aos afro- brasileiros o pertencimento a uma identidade racial ‘ negra dissidente da narrativa do próprio grupo social. O fato é que HUMANOS DE COR é afirmação da humanidade. A atribuição da condição de “negro” é classificação racial onegadora da nossa condição humana, o que configura na violação da própria dignidade humana.

Estudos respeitáveis confirmam a nossa desconsideração racial. Em 1953, ORACY NOGUEIRA (Tanto preto Quanto branco, IJSP) já constatava a nossa identidade pela apenas pela cor (marca) e, em 2009 na Una, para desencanto dos defensores da identidade racial e da própria autora, a doutora FRANCISCA CORDÉLIA (Brasileiros não reconhecem sua identidade racial) chegava à mesma conclusão em suas pesquisas de doutorado. Nós, brasileiros, pretos e pardos, não temos e nao queremos nenhuma i 0 DF 13

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