Fichamento do livro “o que é realidade”

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“Cai na real” “Muitas ciências – especialmente as chamadas ciências humanas – trabalham com o conceito realidade, incorporando-o ao seu jargão característico. Estudantes e profissionais da psicologa quase sempre embatucam quando se lhes propõe que expliquem o termo realidade que empregam em suas falas e dissertações. Em geral tais pessoas respondem com frases feitas empregadas pelo senso comum, como: “realidade é como o mundo é”, ou “realidade é aquilo como as coisas são. (p. 8-9) talvez não devêssemos falar de realidade, e sim de Swipe to page realidades, no plural. ada vez que mudam a nossa intenção ele filosófica dir-se-ia qu segundo as diferente org S”ipe tc com uma nova face obre ele. Conforme linguagem atutos distintos alidade humana. Segundo as diferentes tormas de a consci ncia se postar frente aos objetos. ” (p. 11) “Realidade, portanto, é um conceito extremamete complexo, que merece reflexões filosóficas aprofundadas.

Afinal, toda construção humana, seja na ciência, na arte, na filosofia ou na religião, trabalham com o real, ou têm nele o seu fundamento ou ponto de partida (e de chegada). trata-se, em última análise, e se questionar o sentido da vida humana, vida que, dotada de uma consciência reflexiva, construiu seus conceitos de realidade, a partir dos quais se exerce no mundo e se multipl multiplica, alterando a cada momento a face do planeta. ” (p. 12) o homem é o construtor do mundo, o edificador da realidade. (p. 12) As forças naturais não são criadas pelo ser humano, mas a maneira de percebe-lás, de interpretá-las e de estabelecer relações com elas, sim. ” (p. 13) A realidade desvelada pela ciência é uma “realidade de segunda ordem”, ou seja, construída sobre as relações do dia-a- ia que o homem mantém com o mundo. ” (p. 14) a questão da realidade (e da verdade) passa pela compreensão das diferentes maneiras de o homem se relacionar com o mundo.

Todavia, em nosso cotidiano, a atitude filosófica, a científica, a artística ou a religiosa são espécies de parênteses que abrimos em nossa forma usual, rotineira, de vivermos a vida e cuidarmos de nossa sobrevivência.. ” (p. 15) – “No principio era a palavra” “Através da palavra o homem pôde “desprenderse” de seu meio ambiente imediato, tomando consciência de espaços não acessíveis aos seus sentidos. A consciência animal não vai lém daquilo que seus órgãos dos sentidos trazem até ele.

O animal está indissoluvelmente ligado ao aqui. ” (p. 18) “Por isso que se diz que o animal possui um meio ambiente, enquanto o homem vive no mundo. Só pela palavra podemos ter consciência, encerrar em nossa mente a totalidade do espaço no qual vivemos: o planeta Terra. A vida animal, ao contrário, está sempre e apenas ligada ao espaço que existe em sua volta, o seu meio ambiente. ” (p. 18-19) Mundo é o con espaço que existe em sua volta, o seu meio ambiente. ” (p. 8-19) Mundo é o conjunto ordenado de tudo aquilo que tem ome. ” (p. 22) Aquilo que não tem nome não existe, não pode ser pensado. A linguagem é o sistema fundamental e primordial de criação e significação do mundo, mas além dela foram desenvolvidos outros, como o da matemática, da química, das artes, etc. ” (p. 23) “O ser humano move-se, então, num mundo essencialmente simbólico, sendo os símbolos lingüísticos os preponderantes e básicos na edlficação deste mundo, na construção da realidade.

Assim, o real será sempre um produto da dialética, do jogo existente entre a materialidade do mundo e o sistema de ignificação utilizado para organizá-lo. ” (p. 23) – “A edificação da realidade” “O setor da realidade que me é mais claro e conhecido pode ser chamado de “não-problemático”. Se, contudo, um problema Inusitado aparece neste cotidlano, procuro resolvê- lo a partir do conhecimento já cristalizado pelo meu dia-a-dia, buscando integrar esta nova realidade problemática àquela não- problemática. ” (p. 0-31) Nossa interpretação do mundo fundamenta-se nesta linguagem: procuramos sempre compreender outras esferas da realidade a partir dela. As experiências que vivenciamosa em utros campos de significação delimitados (como a arte e os sonhos) são por nós “traduzidas” para a lingaguem rotineira. ” (p. , a construção da realidade depende da maneira como o conhecimento é disposto na sociedade, o que fornece da realidade depende da maneira como o conhecimento é disposto na sociedade, o que fornece a ela uma estrutura.

A estrutura social é basicamente construída sobre a gama de conhecimentos de que se dispõe socialmente. ” (p. 36) “Esta estrutura social está assentada no cotidiano tipificação, processo este que impõe padrões de interação entre ndivíduos. ” (p. 37) A realidade, consttuída socialmente, é smepre reificada, ou seja, transformada em coisa: adquire o mesmo estatuto das coisas naturais, dos objetos físicos. A instituição é soberana, os homens devem adaptar-se a ela, cumprindo os papéis já estabelecidos. ” (p. 2-43) Em linhas gerais pode-se notar que este processo possui três momentos: 1) a conduta humana é tipificada e padronizada em papéis, oq eu implica o estabelecimento das instituições (a realidade social é um produto humano); 2) a realidade é objetivada, ou seja, percebida como possuindo vida própria o produto – a realidade – “desliga-se” de seu produtor – o homem); 3) esta realldade tornada objetiva determina a seguir a consciência dos homens, no curso da socialização, isto é, no processo de aprendizagem do mundo por que passam as novas gerações (o homem torna-se produto daquilo que ele próprio produziu). (p. 44) O primeiro conhecimento que temos, relativo à ordem institucional, está situado a nível pré-teórico, no sentido de não ser um conhecimento alaborado mais abstratamente em torno dos “porquês”, e sim praticamente com relação ao “como”. ” (p. 46) “O segundo nível PAGF bstratamente em torno dos “porquês”, e sim praticamente com relação ao “como”. ” (p. 46) “O segundo nlVel de legltimação contém proposições teóricas, mas ainda em forma rudimentar. (p. 46) “No terceiro nível de legitimação encontram-se teorias explícitas que legitimam uma instituição em termos de um corpo diferenciado de conhecimentos, isto é, conhecimentos específicos e com um nível maior de abstração. ” (p. 47) “O quarto e útimo nfi,’el de legitimação da ordem institucional denomina-se universo simbólico. ” (p. 47) a ideologia é uma explicação com respeito a instituições e atos sociais que esconde seus verdadeiros porquês. (p. 49) “De certa maneira os universos simbólicos, ou mecanismos conceituais de integração e explicação da realidade, pertecem a um desses quatro tipos: mitológicos, teológicos, filosóficos ou científicos. ” (p. 52) “É preciso notar-se assim o poder realizador das teorias, isto é, sua capacidade potencial de tornar reais os seus conceitos, no sentido de fazê-los retornar, do universo simbólico onde foram produzidos, à vida cotidiana dos indivíduos. (p. 53) “A manutenção da realidade” Para que as instituições funcionem ordenadamente, de orma previsível, faz-se necessáno este jogo de papéis, que retira das pessoas a possibilidade de condutas baseadas apenas em seus desejos individuais. ” (p. 57) é impossível ao indivíduo sozinho manter uma concepção discordante do universo si uie está. Sozinho universo simbólico em quie está. Sozinho ninguém constrói uma (nova) realidade.

Alternativas a um determinado universo simbólico apenas são possíveis quando sustentadas por m grupo de indivíduos divergentes, que mantêm e compartilham entre si esta diferente visão da realidade. ” (p. 58) Os mecanismos de manutenção dos universos simbólicos (e das instituições) são de dois tipos: terapêuticos e aniquiladores. ” (p. ‘ todos esses mecanismos e procedimentos são uma forma de controle social, uma forma de se assegurar que os menbros da instituição ou sociedade em questão compartilhem da mesma interpretação da realidade. (p. 63-64) é preciso que se verifique como a realidade é conservada com relação aos indivíduos, na vida cotidiana. Neste nível pode- se distinguir entre dois tipos gerais de conservação da realidade: uma rotineira e outra crítica. ” (p. 0-71) o meio mais importante na manutenção da realidade é a conversa, ou seja, através dela o mundo é Incessantemente reafirmado. ” (p. 72) – “A aprendizagem da realidade” “O processo de aprendizagem da realidade é denominado socialização.

Por ele tornamo-nos humanos, aprendemos a ver o mundo como vêem nossos semelhantes e a manipulá-lo prática e conceitualmente através dos instrumentos e códigos empregados em nossa cultura. A socialização pode ser divldida em duas fases: a primária e a secundária. ” (p. 78) “Na socialização primária, que ocorre essencialmente no interior a família, de par com a evolu ao neurofisiológica vamos adquir essencialmente no interior da família, de par com a evolução neurofisiológica vamos adquirindo a consciência que a linguagem nos permite e que nos “hominiza”. ” (p. 8) ” pela socialização secundária interiorizamos “submundos” institucionais (ou baseados nas instituições) que compõem a nossa sociedade. ” (p. 80-81) “Enquanto a socialização primária vem plasmada de alta dose de afetividade, a secundária dispensa esta carga de emoções e se dá de maneira mais racional e planiicada, onde o conhecimento é presentado em seqüências lógicas e pedagógicas. ” (p. 81) “As alterações mais profundas operdas na realidade subjetiva “aquelas que atingem o mundo básico da socialização primária) recebem a denominação particular de alternações. (p. 83) “A alternação implica, desta forma, uma reinterpretação do próprio passado do indivíduo à luz do novo universo simbólico por ele assimilado. ” (p. 85) “A realidade científica” “‘Atualmente tendemos a acreditar apenas naqueles fatos que sejam cientificamente provados, mesmo que nao entendamos nada do que vem a ser ciência. ” (p. 89) ciência (ou pelo menos o mito que se construiu em torno dela) ocupa na moderna civilização o lugar outrora ocupado pela teologia. ” (p. 0) “O poder da ciência na definição da realidade deriva-se do seu enorme poder para transformar o mundo e até reduzi-lo a pó. ” (p. “Assim, os modelos da ciê iras de construir o real de seu âmbito particular Tais modelos vão sendo, ao Içongo da história, substituídos por outros mais abrangentes e explicativos e, portanto, a realidade que a ciência constrói vai sendo transformada paulatinamente. Aquilo que hoje é tomado como verdadeiro (aquele modelo que hoje funciona) manhã poderá deixar de sê-lo (deixara de funcionar). ” (p. 3) “As ciências naturais do mundo inanimado têm na matemática, ou seja, na quantificação, o seu principal instrumento de conhecimento. São chamadas de “exatas” porque apresentam elevado grau de exatidão e previsibilidade. ” (p. 95) “A realidade como um todo jamais poderá ser objeto de estudos de uma única ciência, pois que não há uma realidade uma e indivisível, e sim tantas quantas são as ciências que as constroem. ” (p. 99) “A definição do real, ou melhor, do conceito humano de realidade ão é tarefa para ciências específicas, e sim para a filosofia.

Ao cientista cabe manipular setores dterminados da realidade, construindo-lhes modelos representativos e explicativos, enquanto o filósofo se ocupa da compreensão de como o homem percebe e compreende o mundo, instaurando a sua realidade (dentro da qual está a própria ciência). ” (p. 99-100) a realidade que habitamos tem a sua definição ditada pelos grupos sociais e culturais q eu pertencemos, e uma orientação numa dada realidade pode parecer ilógica e mesmo insana se vista a partir de outra. ” (p. 101) PAGF8rl(F8

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