O envolvimento parental após a separação conjugal

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Redalyc Sistema de Información Cientifica Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, Espana y Portugal Grzybowski, Luciana Suárez; Wagner, Adriana O envolvimento parental após a separação/divórcio Psicologia Reflexao e Critica, vol. 23, núm. 2, 2010, pp. 289-298 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil Disponible en: http://redalyc. uaemex. mx/src/inicio/ArtPdfRed. jsp 8815256011 Psicologia Reflexao e prcrev@ufrgs. br Univ ¿Cómo citar? Número completo oriá íti idad o resa): 0102-7972 Más información del articulo Página de la revista www. redalyc. g Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso ablerto disponível em www. scielo. br/prc O Envolvimento Parental Após a Separação/Divórcio Parental Involvement After Separation/Divorce resultados evidenciam maior envolvimento materno do que paterno com os filhos após o divórcio, tanto direto (cuidados, interação) quanto indireto (monitoramento, preocupação). A coabitação com a mãe mostrou ser uma variável significativa associada ao maior envolvimento dela em atividades no espaço privado/ doméstico, enquanto os pais tiveram maior envolvimento no espaço público/social.

Características contextuais (coabitação, freqüência de visitas) e características dos pais (ocupação, escolaridade, questões afetivo-conjugais) mostraram-se fortemente associadas ao envolvimento parental após o divórcio. Palavras-chave: Práticas parentais; Envolvimento parental; Divórcio; Pais; Mães. Abstract Based on the ecological- contextual model and on the concept of parental involvement, this article proposes to discuss the parental practices of separated/divorced fathers and mothers towards their children.

In order to do so, 234 subjects (1 17 fathers/117 mothers) with hildren at school were interviewed via the Parental Practices Inventory. Such instrument evaluated the parental involvement in 5 areas: affective involvement, didactic involvement, social involvement, disciplinary involvement and, responsibility. The results showed greater maternal involvement with children after the divorce: direct (care, interaction) and indirect (monitoring, preoccupation).

The cohabitation with the mother revealed itself as a significant variable associated to her greater involvement with activities in the private/domestic environment while fathers had greater involvement in the public/social space. Contextual characteristics (cohabitation, greater involvement in the public/social space. Contextual characteristics (cohabitation, frequency ofvisits) and characteristics of the parents (occupation, education, affective and conjugal issues) showed to be strongly associated with the parental involvement after divorce.

Keywords: Parental practices; Parental involvement; Divorce; Fathers; Mothers. As mudanças nas relações entre pais e filhos decorrentes das transformações pelas quais a família vem passando têm levado a um crescente questionamento sobre o papel dos pais e das mães a educação dos filhos. A importância da interação parental e das práticas educativas utilizadas pelos pais sobre o desenvolvimento de cnanças e adolescentes tem sido tema de diversas pesquisas nas ultimas décadas (Baumrind, 1966, 1997; Endereço para correspondência: Rua Mal.

Floriano Peixoto, 545/105, Jardim Itália, Chapecó, SC, Brasil, 89801-500. Tel. : (49) 3328 3820; 8402 0088. E-mail: lugrzybowski@unochapeco . edu. br Este artigo é parte integrante da Tese de Doutorado em psicologia da primelra autora, defendida em maio de 2007, na Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS), com olsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior (CAPES). Chen, Lju, & Li, 2000; Darling & Steinberg, 1993; Maccoby & Martin, 1983; Oliveira, Frizzo, & Marin, 2000).

Na revisão da literatura sobre o tema pode-se identificar duas dimensões distintas na interação de pais e filhos: as práticas educativas e os estilos parentais. As práticas educativas parentals referem-se às estratégias utilizadas pelos pais para atingir objetivos específicos em diferentes domínios referem-se às estratégias utilizadas pelos pais para atingir objetivos específicos em diferentes domínios (acadêmico, social, fetivo) sob determinadas circunstâncias e contextos (Hart, Nelson, Robinson, Olsen, & McNeilly-Choque, 1998).

Visam orientar o comportamento dos filhos no sentido de fazer com que eles adquiram certos comportamentos e, também, para suprimir ou reduzir outros comportamentos considerados socialmente inadequados ou desfavoráveis (Grusec & Lytton, 1988; Mussen, conger, Kagan, & Huston, 1990; Newcombe, 1999). 289 Psicologia: Reflexão e Crítica, 23 (2), 289-298.

Nos anos 60, a partir de investigações a respeito do tema, Hoffman (1960) considerava a existência de duas maneiras elas quais os pais podem utilizar o seu poder para alterar o comportamento dos filhos: a primeira, através de uma disciplina indutiva, que objetiva uma modificação voluntária no comportamento da criança (através da indução, da lógica, da explicação acerca dos valores morais, do estímulo da empatia); e a segunda, através de técnicas que reforçam e reafirmam o poder parental, como práticas coercitivas (aplicação direta da força e poder dos pais, como punição física, ameaças e privação).

Estes postulados ainda hoje sustentam e orientam muitas investigações sobre essa temática. Já o estilo parental refere-se a um conjunto de práticas que constituem um padrão global de interação pais- filhos em diversas situações, gerando um clima emocional que perpassa as atitudes dos pais e cujo efeito é alterar a eficácia de práticas disciplinares especificas, além de influenciar a abertura ou predisposição dos filhos à socialização ( específicas, além de influenciar a abertura ou predisposição dos filhos à socialização (Costa, Teixeira, & Gomes, 2000; Darling & Steinberg, 1993).

Estilos parentais é uma classificação das práticas familiares que também surgiu na década de 50, proposta or Baumrind (1966), e que posteriormente foi ampliada por pesquisadores da Psicologia do Desenvolvimento (Lamborn, Mounts, Steinberg, & Dornbusch, 1991), cujo instrumento para sua avaliação foi adaptado ao português por Costa et al. (2000). Os estilos parentais são avaliados a partir de duas dimensões: responsividade e exigência parental. A dimensão responsividade refere-se às atitudes parentais que favorecem a individualidade e auto-afirmação dos filhos através do apoio e da aquiescência.

Já a exigência, refere-se às atitudes parentais que requeiram supervisão e disciplina e que podem provocar onfronto diante de desobediência. A partir dessas dimensões, os estilos parentais foram classificados em quatro grandes tipos: autoritário, autorizante, indulgente e negligente (Maccoby & Martin, 1983). Assim, pais com escores altos em ambas as dimensões são classificados como autorizantes; aqueles com escores baixos em ambas recebem a classificação de negligentes.

Pais com escores altos em exigência, mas baixos em responsividade são denominados autorltános; por sua vez, palS com escores elevados em responsividade e baixos em exigência são considerados indulgentes (Costa et al. , 2000). Além desses odelos de compreensão das práticas educativas parentais (Baumrind, 1966; Hoffman, 1960), destaca-se o Modelo de Belsky (1 978, 1979, 1980, 1981, 1984, 1990; Belsky, Steinberg, & D 1960), destaca-se o Modelo de gelsky (1978, 1979, 1980, 1981, 1984, 1990; Belsky, stenberg & Draper, 1991).

Este modelo propõe um sistema capaz de integrar diferentes pontos de vista na explicação deste fenômeno, integrando três instâncias fundamentais: as características dos pais, as características dos filhos e as características do contexto social. Belsky (1984) afirmava, já no início dos anos 80, que do contexto fazem parte a ede de apoio 290 social (como a escola e os amigos, por exemplo), a relação conjugal e as experiências ocupacionais dos pais, sendo que estas questões influenciam diretamente na funcionalidade da parentalldade e no desenvolvmento infantil.

Este modelo baseia-se na ecologia do desenvolvimento humano proposta por Bronfenbrenner (1979/ 1996). Além de ser um modelo integrador, ele tem sido considerado como tendo um caráter preventivo. Isso porque algumas relações entre as três dimensões (pais/ filhos/ contexto) auxiliam no desenvolvimento de competências psicossociais, que protegem e reduzem a vulnerabilidade de rianças e adolescentes (Reppold, Pacheco, Bardagi, & Hutz, 2002). elsky (Belsky et al. , 1991; Belsky, Domitrovich, & Crnic, 1997), ao destacar a importância das características individuais dos filhos, possibilita ampliar a visão do fenômeno educativo, geralmente centralizado nas características dos pais. Assim, passa a ter importância os diferentes padrões de interação entre pais e filhos e seus efeitos sobre o desenvolvimento dos mesmos, em diferentes contextos sociais.

Ele enfatiza a necessidade de se investigar a satisfação conjugal, a satisfação profissional dos pais a sua necessidade de se investigar a satisfação conjugal, a satisfação profissional dos pais e a sua rede de apoio social. Dessa forma, ele traz um modelo de parentalidade multi-determinado, que foge da simplificação de alguns modelos teóricos, e realiza uma análise mais complexa e rigorosa das práticas educativas e de socialização da famllia.

Compreender essa complexidade é fundamental para dar suporte e orientação adequados às famílias na educação de seus filhos (Rodrigo & Palácios, 2003), uma vez que o processo de socialização da criança é resultado a interação de diversos níveis ou fatores que necessitam de abordagens multidimensionais do contexto familiar (Benetti & Balbinoti, 2003). Passadas duas décadas da atualização do modelo, novas formas de compreensão da parentalidade vêm sendo propostas.

Tem se falado em envolvimento parental (Lamb, Pleck, Charnov, & Levine, 1 985) e atitude parental (Karpinski & Hilton, 2001). O envolvimento pode ser de natureza direta, referindo-se a todas as formas de interação direta com a criança, nas formas de cuidado em geral, brincadeiras ou tempo livre com ela, ou de natureza indireta, através da acessibilidade da responsabilidade pelo bem-estar da mesma (saúde, escola, sustento). Já a atitude parental é concebida como resultado de três componentes: o cognitivo (crenças dos pals), o afetivo e o comportamental (interação).

O envolvimento parental tem sido mais utilizado para se referir ao envolvimento paterno, a partir de uma análise qualitativa da participação dos pais (homens), a qual foi, durante muito tempo, estudada numa perspectiva quantitativa, sem atentar para o conteúdo dessa foi, durante muito tempo, estudada numa perspectiva quantitativa, sem atentar para o conteúdo dessa dimensão (Pleck, 1997). A ideia, que nasceu em função do aumento do número de divórcios, era verificar o quanto os palS não-residentes reduziam sua participação na vida Grzybowski.

L S. & Wagner, A (2010). O Envolvimento Parental Após a Separação/Divórcio. dos filhos. Porém, a partir do final da década de 90, deu lugar ao interesse pela qualidade e pelo conteúdo do envolvimento paterno. Nessa perspectiva, este estudo objetiva investigar as práticas parentais de pais e mães separados/dlvorciados com seus filhos. Ao enfocar especificamente a família com pais divorciados, buscou-se conhecer como se dava o envolvimento u engajamento do pai e da mãe na vida da criança.

Nesse sentido, pesquisas têm indicado que a mulher é a maior responsável pelos filhos após o divórcio, ficando sobrecarregada, e muitas vezes, solitária na tarefa de educar os filhos (Grzybowski, 2002; Marjn, 2005; wagner, 2002). por outro lado, estudos atestam que um padrão comum para os pais não-residentes (que são a maioria no divórcio, pois a guarda é maciçamente da mãe) é se tornarem desapegados de seus filhos, desenvolvendo uma relação de visitantes, baseada em recreação e contatos sociais (Thompson & Laible, 1999).

Dessa forma, é plausível pensar que o status conjugal pode ter implicações no relacionamento pais- filhos, com consequências nas práticas educativas utilizadas nas famílias (Marin, 2005). O uso de práticas educativas parentais pode variar em diferentes contextos, sendo importante investigar as eventuais diferenças nas práticas educa PAGF variar em diferentes contextos, sendo importante investigar as eventuais diferenças nas práticas educativas maternas e paternas em famaias divorciadas.

Poucos são os estudos que têm se preocupado em examinar as práticas educativas em dlferentes configurações familiares. Entretanto, a ausência de um dos pais (como no caso da separação) pode levar a diferenças nos níveis de autoritarismo ou negligência dos progenitores ou, ainda, nos índices de envolvimento e supervisão parental (Biblarz & Gottainer, 2000; Marin, 2005). Pretende-se, então, conhecer quais são as práticas utilizadas, o tipo de envolvimento parental exercido e as possíveis diferenças de envolvimento do pai e da mãe com seus filhos.

Para fins de análise, utilizou-se como referência principal o Modelo de Belsky (1984) e o conceito de envolvimento parental (Lamb et al. , 1985), referidos na literatura. Método Participantes Participaram deste estudo 234 sujeitos, sendo 117 pais e 117 mães separados/divorciados . com ruptura do vínculo conjugal, independentemente do status civil), com pelo menos um dos filhos em idade escolar (6 a 12 anos). Instrumento Os pais e mães divorciados deste estudo responderam o instrumento “Inventário de Práticas Parentais” (Benetti & Balbinotti, 2002).

Este inventário (IPP) foi construído para avaliar as práticas parentais, considerando o envolvmento afetivo, a didática (educação), a disciplina, os aspectos sociais e a responsabilidade do envolvimento parental. O Inventário completo possui 29 itens de avaliação, que se constituem em frases afirmativas, que devem ser respondidas numa escala tipo Lickert de 5 pontos (muito fr frases afirmativas, que devem ser respondidas numa escala tipo Lickert de 5 pontos (muito frequentemente, frequentemente, algumas vezes, raramente, nunca).

Este instrumento teve suas propriedades psicométricas consideradas satisfatórias no estudo conduzido por Benetti e Balbinotti (2003), da mesma forma que no estudo piloto realizado para esta pesquisa (Grzybowski, 2005). Com os dados desta pesquisa, foi calculado o alfa de Cronbach, ue teve um coeficiente de 0,903, evidenciando a confiabilidade do mesmo. Neste estudo optou-se por utilizar a versão completa, uma vez que ela inclui a dimensão responsabilidade, que avalia aspectos do envolvimento parental indireto, considerado importante categoria de análise no estudo das práticas parentais.

Juntamente ao Instrumento, os pais e mães preencheram uma ficha de dados biodemográficos, que investigava diversas variáveis consideradas associadas ao fenômeno pela literatura: idade, ocupação, classe social, escolaridade, tempo de separação, tipo de separação, auxílio financeiro do ex-companheiro, valiação da relação com o ex-companheiro, recasamento, quantidade de filhos, idade dos filhos, coabitação, freqüência de visitas, outros filhos de outros relacionamentos e apoio no cuidado dos filhos.

Procedimentos de Coleta dos Dados Os pais e mães divorciados participantes foram selecionados em escolas estaduais e particulares de Porto Alegre e Região Metropolitana, bem como identificados pessoalmente pelas pesquisadoras, conforme contato por conveniência, utilizando método nao- probabilístico. Todos foram informados e esclarecidos sobre o estudo e as questões éticas envolvidas

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